quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

UNTITLED DO THE CURE




21h15. Hoje o meu dia não prestou e foi completamente arruinado por uma dose maciça de realidade. Eu não me adequo e às vezes ser tão estranho tem fortes revezes. Nossa, ainda bem que tenho as palavras. Quero ficar só com elas, só no meu quarto-ilha onde posso ser como eu quiser. E não quero muito, Coca, cigarros, palavras, internet, música e paz de espírito. Não quero nem isso, quero comer e dormir, mas não sei se tem comida.

21h49. Comi escondidinho de charque, não é um dos meus pratos de predileção, mas estava delicioso. Acabar o copo de Coca para me deitar, já vivi demais por hoje, preciso me desligar de mim, pelo menos em nível consciente.

-x-x-x-x-

15h07. A fantástica faxineira pediu que eu relatasse que está indo para Petrolina daqui a pouco ver a família toda, um grande desejo seu, e que vai se encher de contas que só Deus sabe como vai pagar. Eu começaria a narrar o meu dia de outra forma, falando sobre o experimento literário que eu fiz, dedicado especialmente ao meu padrasto, da completa incompatibilidade com a pessoa e provavelmente com quem lesse. Vai para o Vate, o que tem um lado bom, aliás dois, não ferirá sentimentalidades e não precisarei revisar. É uma peça em três partes. E é uma pena, mas não é isso que vai estragar o meu dia, como arruinou minha noite ontem, quando reparti uma fração do projeto no Profeta e minha mãe leu e se magoou a ponto da fúria. Era uma peça de ficção misturada com realidade, tão rara e cara a mim que não tenho inclinação para a ficção, exceto em circunstâncias muito específicas. Não sei se o restaurador vem hoje, creio que pelo adiantado da hora não virá. Mas não quero falar sobre isso. Não posso colocar o som alto como intentava pois o meu padrasto dorme ou está deitado no quarto. A mágoa da minha mãe me magoou ontem, por ter a sua parcela de razão. Estava a projetar coisas para além da sua vida, o que não quer dizer que deseje a sua morte, mas tentando enxergar pontos positivos em tão enormemente dolorosa e inaceitável perda. Como já disse no post CARTA À MÃE, não sei mais viver a vida sem a sua presença, desaprendi. Sem seus cuidados, por vezes excessivos, e seus mimos, sempre bem-vindos. Estou aprendendo a dar carinho sincero a ela e estou sendo muito bem-sucedido nisso. Se se demora para além do esperado, sinto saudade, acho que nosso elo nunca esteve tão forte, o que é uma faca de dois legumes. Meu rouba a minha independência como indivíduo e alimenta o meu lado infantil, que sempre está faminto. Por falar em lado infantil, me conformei e introjetei que acabei a minha coleção de bonecas. Isso é bom, fechar esse capítulo me faz sentir bem. E ainda me deleitará por muitos anos, pois é o tempo que levará para que todas migrem do porão da casa do meu irmão nos Estados Unidos para o meu amado quarto-ilha no Brasil. Ontem, ao receber como um murro a reação da minha mãe, uma nova projeção de futuro, mais triste, mas mesmo assim desejada, me veio à mente. Passar o resto dos meus dias em Areias, na mais profunda e completa solidão. Acho que é o único lugar onde minha pensão daria para eu viver. E o mais desejado, visto que provavelmente Blanka não vá vingar e não terei ninguém na vida.

15h46. Se mamãe vender “essa merda” na qual habito e amo, e não tiver mais ninguém na vida, espero que aceitem a minha opção de vida, de viver o restinho dela, não no quarto-ilha, mas na casa-ilha. Tenho para mim, entretanto, que meu fim será no porão do meu irmão. E terei que abrir mão de todas as minhas bonecas. Nossa, não queria abrir mão do Hulk e de mais quatro ou cinco, que, se deixar a minha imaginação solta, se transformam rapidamente em dez, em todas. O negócio é entrar em contato com a arquiteta para pelo menos ter o meu quarto-ilha transformado no meu pequeno fantástico mundo o mais rápido possível para aproveitar o máximo de tempo possível. A vida é realmente um sopro. Daqui a pouco, a conta de meus excessos vai me ser cobrada. Ainda bem que o câncer, se câncer for, dificilmente me impedirá de escrever. Talvez narrar as percepções de alguém com câncer terminal atraia leitores de curiosidade mais mórbida. Se bem que, pelo bucho que ostento, um infarto não possa ser descartado. Ou um AVC. Bem, a conta será alta, só sei disso, é o que a comunidade médica e todos os que me cercam dizem. É difícil para eles entenderem que vivi a vida que sonhei, que vivo a vida tal qual desejo e que isso vale a conta na noite dos meus dias. Dor, espero muita dor, sufocamento também, só não estou preparado para ficar longe da palavra digitada. Acho a probabilidade disso pequena. Acho que precisarei usar fraldas geriátricas e isso me parece humilhante, um tanto libertador, mas desagradável como um todo. Não sei bem da minha morte, mas penso que se mereço pagar em vida por todos os erros cometidos, será dessa forma, com o corpo, com uma punição física agravada pela velhice. A velhice, tal como a vejo se manifestar na minha mãe, é, por si só, uma fonte contínua de sofrimento acompanhada de um declínio cognitivo que me assusta e que já me alcança. Já percebo as lacunas na memória, a memória que nunca cultivei com o carinho necessário, não treinei o meu cérebro para essa capacidade e ela me é cada vez mais fugidia. O curioso é que eu me adapto e convivo com as crescentes limitações dessa decrepitude em paz, quando pensei que iria desesperar ao perceber a cognição me abandonando, não se deu. Vejo como uma nova etapa da vida e que é possível gozar dela com o que me resta. E sem uma queda de qualidade que me incomode, ou com a qual vou me acostumando, pois sua marcha, embora incessante, é lenta e oferece o justo tempo à alma para se adequar e aprender a viver com o que não pode mais ter. Vou fumar com café. A Coca acabou.

16h22. Sobre fraldas geriátricas ainda, quando elas se fizeram necessárias, a julgar pelos exemplos do meu avô paterno e da minha avó materna, não restarão mais pudores em relação ao assunto, em verdade, restará muito pouco de mim, de eu, no corpo que fenece. Sobre o isolamento em Areias, o leitor poderia perguntar “e os amigos? E a família?” e eu perguntaria, onde estão eles agora, que não me procuram e para os quais sou irrelevante frente a vida que erigiram para si? Às vezes me dói a falta de desejo de suas partes em me ter por perto. Sei que é uma via de mão dupla e por isso postei no grupo dos meus amigos mais amados:

[16:32, 1/24/2019] Mário Barros: Só porque vocês existem e isso é importante para mim. Saber que há vocês no mesmo mundo que habito.

16h35. Em suma, se já não os tenho agora, se não posso gozar de suas companhias quando moramos na mesma cidade e em bairros próximos, passo os dias sozinho aqui e tenho mais contato com a evasiva Blanka do que com eles, amigos de décadas, que diferença faz estar aqui ou em Areias no que tange às amizades? Meu padrasto, disse que o som o atrapalha e propôs um acordo joia, vai cortar o cabelo e, enquanto isso se dá, posso ouvir o som no talo. Quando ele chegar, eu boto baixinho de novo. Coloquei no volume 27 e estou ouvindo a nada menos que perfeita Pagan Poetry. Meu deu vontade de ouvir Aurora. Vou colocar. Vou não, está rolando um remix massa agora e com a altura posso perceber os mínimos detalhes da música desconstruída. Não é o melhor remix de Bastards, mas é bom mesmo assim. Estou numa fase muito Björk essa semana. E pensar que embalado por essas músicas teci um texto completamente inapropriado aos olhos da minha mãe e meu padrasto, especialmente. Minha irmã PE disse que já teve os mesmos lapsos de maternidade em relação aos sobrinhos, semelhante ao lapso de paternidade que me tomou a alma por alguns instantes quando olhava para a pequena maravilha da existência que é o meu sobrinho primogênito. Eu o amo. Posso dizer com sinceridade, pois me fez entender o poder da paternidade, poder avassalador, amor tão grande de doer na alma, de rasgar a alma, um medo extremo advindo de um desejo de proteção sem comparação daquela criatura.

17h10. Liguei o ar precisamente às 17h, deixando a tarde que cai do lado de fora do meu quarto. Meu padrasto chegou, depois do banho dele a minha farra sonora acaba. Mandei a mensagem e fiquei com saudade e receio dos meus amigos. Não entendo o conflito em relação à companhia deles, acredito ser fruto do meu isolamento prolongado da sociedade.

17h17. Pensei no impacto fortíssimo e hediondo que a minha obra teria sobre o grupo – minha amiga diretora, minha amiga psicóloga e o meu amigo cineasta –, em verdade sobre todos os que me conhecem. Pensei sobre a promessa do meu tio, que para mim é carregada de uma vacuidade que é quase sinônimo de mentira. Irmã gêmea. Que seja. Se o meu destino for mesmo Areias, tanto haverá transcorrido e as memórias contidas no livro estarão tão distantes de mim e eu tão distante de todos, que não me incomodaria em me publicar, caso houvesse dinheiro, fazer um lançamento e depois voltar para a minha casa-ilha, onde a condenação não saberia como me alcançar. A solidão absoluta só me é suportável na casa-ilha, onde é o mais absoluta que pode ser. Tão absoluta que atraente. Somente eu e a natureza. E internet. E o Hulk. E as palavras. Talvez uma ou outra lembrança do que eu fui enquanto ser social pleno. Ninguém nunca deixa de ser um ser social, preciso de toda a cadeia produtiva para sobreviver, preciso do que a sociedade oferece e para obter preciso me fazer ser social, publicar o blog é ser social, independentemente do número de leitores. Já sinto a solidão dessa projeção, que nada mais é que mera ficção, um desejo que o acaso-destino não vai me conceder realizar. E espero que minha mãe permaneça por muito tempo ainda. Sinto saudade dela nesse momento.

17h36. Nossa queria aumentar o volume agora. Preciso é acender a luz, não consigo mais divisar as letras do teclado e não as tenho por instinto, nunca as terei, senão já teria, depois de tantos milhares de palavras, as memorizado.

17h49. Pensar sobre o mundo sem minha mãe e repleto tão somente de solidão, me pôs melancólico. Não quero ver a velhice dos meus amigos, prefiro a solidão da casa-ilha. A solidão, a solidão... já não tenho mais medo, tenho quase que simpatia por ela o que significa uma quase simpatia por mim. Não sei por que o prospecto da vida sem a minha mãe me assola essa semana. Acho que é medo de não saber lidar com o mundo sem ela, só se for um mundo muito simples como a casa-ilha. Me verei absurdamente sozinho no mundo quando minha mãe se for. Ela é o meu farol e o meu ninho, ela cuida de mim e é a única que me ama verdadeiramente. É a pessoa que mais me ama no mundo. Ela chegou e trouxe um sorriso no rosto para mim.

[17:18, 1/24/2019] Amiga diretora: Sinto o mesmo, amigo.
[17:35, 1/24/2019] Mário Barros: Embora o conforto da existência não se sobrepõe ao prazer da convivência. Ana, o urso ainda está à espera de Isa.
[17:35, 1/24/2019] Mário Barros: *sobreponha, goi mal.
[17:35, 1/24/2019] Mário Barros: *foi
[17:59, 1/24/2019] Amiga diretora: Verdade. Às vezes acho que somos engolidos pela vida.

Acabou-se a terceira página. Vou revisar, postar, pagar à dentista-vizinha e comprar Coca. Depois, voltar, sentar e escrever. Que me resta fazer? Juro que não sei. Nem sinto inclinação para outra coisa. Sina.




terça-feira, 22 de janeiro de 2019

UMA TARDE NO MEIO DA EXISTÊNCIA (CENSURADO)





15h38. Preciso ligar para o restaurador e a bateria do meu celular arreou. Assim que puder ligá-lo, entrarei em contato com o meu salvador.

15h54. O celular dele está desligado ou fora da área de cobertura. Landlady, do U2. Liberdade. Nossa, que calor. Tomando café ainda. Ainda bem que não estou preso ao calor, tenho ar, um luxo pequeno-burguês que faz toda a diferença em momentos como esse. Sou um abençoado, ao contrário do menino com fome na frente da farmácia. Ele foi amaldiçoado pela ignorância e pela miséria decorrente dessa. Acredito que o restaurador não virá mais hoje.

16h19. Ele não virá hoje, disse que amanhã vem, cola tudo e vê se alguma vai necessitar de pintura. Preciso comunicar isso a mamãe e pedir dinheiro para as Cocas e os adesivos das letrinhas, estou me perdendo no teclado porque quase todas as letras estão apagadas. Eu estou muito curioso a respeito do texto que produzi ontem em condições sui generis. Não acho que terei coragem de repartir com o meu padrasto. Nem sei se cairia bem a minha mãe ler. Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiooouuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuurrrrrrrrrrrrrrr.mmmmmmmmmmmmmmmm

16h37. Colei as letras repetidas acima, já facilitam bastante. Descolarão com o tempo, mas é a melhor solução que tenho à disposição no momento. Comuniquei que o restaurador só poderá vir aqui amanhã, colará as peças e verá se é necessária alguma pintura o que acho não ser o caso. Esse post está chato, eu estou chato hoje, visto que o texto é um espelho de mim. Blanka viajou, não sei quando volta. Só sei que apenas se comunicará comigo quando isso acontecer. Vou tentar comprar Coca agora.

17h08. Acabo de voltar da pizzaria, onde sou sempre muito bem recebido e atualmente me perguntam acerca do meu blog, o que dá um sentido superior à minha existência e ao ofício ao qual desejei me dedicar. Se eles soubessem a importância que isso tem para mim. Mas não quero que leiam por obrigação, para agradar um impessoal cliente. Deixa ser como será. Acho que vou revisar o post anterior. Não, não sinto disposição para isso. A preguiça me domina quase à imobilidade. Não quero me deitar, dormi bem, muito bem por sinal, sem episódios de sonambulismo. Achei que os bifes à rolê que comi ontem tinham gosto de Norcola. Não sei o que se deu com o meu paladar. O molho estava divino, mas não aguentei comer os bifes todos por causa do nauseante sabor da minha droga de preferência. Comi por fome e por tê-los colocado, três, no meu prato. O quarto e último foi para a geladeira. Sinto minha cabeça meio oca hoje. Sem substrato para colocar nessa página. Vou pegar mais Coca gelada para colocar no meu copo. Está tão gelada que o gelo não derrete como de praxe. É a melhor forma de tomar Coca, gelada e cheia de gelo.

17h32. Estou com um desassossego na alma uma vez mais, estou com dificuldade de escrever e nada mais me interessa. É como se estivesse elétrico demais, mas uma eletricidade estática, de quem só quer ficar parado a cismar. Se posso escrever as cismas aqui por que não fazê-lo? Pensei no casal da Vila Edna e no que pensarão de mim se enfrentarem as mais de 200 páginas do Diário do Manicômio. Será que isso transformará a nossa relação? Mostro o que há de pior e mais distorcido em mim no texto. O que de mim foge aos ditames sociais, os ferindo muitas vezes. Penso no meu tio e na inação dele em relação à publicação da obra. Talvez seja o acaso-destino decidindo por mim o meu futuro. Estou agoniado, mas não sei com o quê. É um sentimento chato e sem sentido. Acho que vou trocar U2 por Caetano.

17h41. Livro rolando. Me transporta para Lisboa, especialmente para o Novotel e a Portuguesinha. Vou ao banheiro.

17h52. Migrei para o café. Está ótimo. E parece que a minha existência toda se encaixou com a mudança de bebida.

17h58. Estava conversando com o meu primo-irmão sobre mulheres e futuro, longo prazo mesmo. De ele assumir a minha curatela e vir morar comigo nas Ubaias. Com Blanka e Dande e quiçá o meu padrasto, conforme ficção ou realidade alternativa à qual me dediquei ontem com um sorriso nos lábios. É muito divertido projetar um futuro ideal e ir encaixando as peças à medida que os desejos brotam. Não sei se publique o post anterior, pode ser chocante demais para a minha mãe. Século XXI demais. Acho que ela condenaria ou condenará todo o conteúdo. Não importa, me divertiu o exercício.

18h06. Meu primo-irmão me respondeu:

[17:55, 1/22/2019] Mário Barros: Se você ainda estiver solteiro quando minha mãe se for, te convido para repartir as Ubaias comigo. Pensei muito sobre isso ontem.
[17:57, 1/22/2019] Mário Barros: E eu realmente não sei o que ocorre afetivamente com você. É um mistério para mim.
[18:03, 1/22/2019] Primo-Irmão: Poderia ser uma boa. Mas não pense na morte dela não
[18:05, 1/22/2019] Mário Barros: Não, foi um exercício que fiz ontem. Não quero que ela morra. Será a perda mais irreparável da minha vida.
[18:07, 1/22/2019] Primo-Irmão: Isso. Pense nela vivendo até mais de 100 anos 😊

18h08. Vou responder.

[18:08, 1/22/2019] Mário Barros: É um prospecto que me agrada. :)
[18:09, 1/22/2019] Mário Barros: Tomara que a medicina evolua a esse ponto.

18h09. Vou pegar café e fumar.

18h19. O que eu mais quero da vida nesse momento? Estar exatamente aqui fazendo isso. Acho que não há prova maior de sucesso. Quantas vezes os demais experimentam essa sensação? Por quanto tempo? Essa sensação me toma na maior parte dos meus dias, na maioria das horas do meu dia. Eu me considero quase que plenamente realizado. Há ainda realizações que me faltam. Mas tenho paciência para esperar o tempo certo. Se o tempo for rebelde e não me trouxer o que espero, não me frustrará em demasia, desde que me seja garantido o direito de permanecer aqui fazendo isso. Com coca, café e cigarro.

[18:24, 1/22/2019] Primo-Irmão: Daqui pra lá e evolui
[18:24, 1/22/2019] Primo-Irmão: Se não for ela a passar dos 100, vai ser a gente
[18:25, 1/22/2019] Mário Barros: Acredito piamente nisso e muito mais, como você sabe. Minha religião...

18h27. Quando mamãe despertar, pegarei o contato da arquiteta para tentar botar as engrenagens da existência para girar em direção à realização do meu maior sonho material, a reforma do banheiro e do quarto. Sonho com isso há muito tempo.

[18:30, 1/22/2019] Primo-Irmão: A ciência, né?
[18:33, 1/22/2019] Mário Barros: É. A evolução das tecnologias nas diversas áreas. Evolução exponencial, como vem se dando.  Até o surgimento da Inteligência artificial capaz de se auto-evoluir, ou melhor, o surgimento da supraconsciência terrestre. Questão de fé, como a vinda do messias.

[18:35, 1/22/2019] Primo-Irmão: Entendi. É o caminho da ciência então
[18:36, 1/22/2019] Mário Barros: É, é a ciência como religião e redentora do ser humano. Uma fé, infundada como qualquer outra. :P
[18:37, 1/22/2019] Mário Barros: Ou fundamentada como qualquer outra.

18h38. Não estou com paciência para internet e o maravilhoso mundo dos bonecos hoje, só encontro disposição para a escrita. Esse papo com o meu primo-irmão, que começou com o cansaço de três gozadas, está deveras interessante, pois, como o meu amigo da piscina e até por causa dele, peguei gosto por pregar a minha fé. Vou fumar. Preciso de uma pausa para sentir falta de estar aqui.

18h57. Tirei uma foto das garrafas de água sanitária, pois acho um produto interessante, visto que provavelmente letal se ingerido. Meu irmão me mandou uma mensagem. Respondi algo que o deixará chateado correlato com a mensagem que ele enviou. É interessante ter a suposta morte tão acessível dentro de casa. Mas seria uma morte tão dolorosamente excruciante que nem me atrai. Ademais, não quero morrer. Minha vida nunca esteve melhor. Há até a distante possibilidade de Blanka. Há a possibilidade de sexo com Blanka, por mais que me sinta intimidado a esse respeito. É algo chato em mim, esse medo de meter. Espero que Blanka me ajude a superar isso quando do meu presente de Natal. Desejo muito a sua nudez e me enroscar na sua nudez. Apreciar com todos os sentidos possíveis a sua nudez, me embriagar nela. Me esfregar na sua nudez, lambê-la, apalpá-la, alisá-la, cheirá-la, beijá-la. Ah, como o desejo da sua nudez me é promissor. Tudo depende de nós, mais de mim, nos entregarmos corporalmente. Uma vergonha, um receio me toma agora em relação a isso, não sei porque essa frescura em relação a isso que é das melhores coisas de ser bicho homem. Acho que vem dessa minha postura de ser só racional, desumanamente racional e tocar só as teclas desse teclado USB.




19h15. Tirei foto do teclado. Vou beber mais um café com cigarro. Talvez Coca e cigarro. Amo a minha mãe. Estou com saudade dela agora. Se estiver acordada quando passar declararei meu sentimento por ela e lhe darei um beijo cheio de carinho. Carinho infinito, de alma toda. Esse Gmail do celular é uma merda, não envia as fotos, é de lua. Às vezes o faz superrápido, noutras, simplesmente não o faz. Nossa, me lembrei! Tirar a bateria do notebook. Putz, deixei por dias, desde Areias, conectada ao computador, que vacilo. Vou satisfazer as minhas necessidades orais.

19h36. Tudo em mim pedia por Coca, mas a parte desobediente de mim me serviu café, o resto da garrafa. Tomei, fumei e agora tenho Coca com muito gelo ao meu lado. Enquanto a irmã da fantástica faxineira, que trabalha também aqui em casa, sonha em viajar, eu sonho em permanecer aqui e começar um novo post sob um estado alterado de percepção, uma ótica diferente sobre a existência. Sempre me apraz sobremaneira. E este post acabou, poderia fazer isso imediatamente, já me permito e sinto confiante para tanto, mas antes, vou pegar as fotos com o cabo USB do celular, visto que os e-mails não chegaram, revisar e postar isso. Só não sei se divulgue, é um post tão inútil.

20h06. Acabei de revisar e redimensionar as imagens. A ironia é que quando acabei de redimensionar a segunda, ambas puxadas pelo cabo USB, os e-mails chegaram. Que celular escroto. Recebi um comentário no post anterior, relativo a foto da privada, foto deveras íntima. Foi engraçado.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

LIXO DEDICADO A BLANKA


“[22:04, 1/18/2019] Mário Barros: Tia Caçula, assisti Vidro hoje e recomendo fortemente que você assista Fragmentado antes.

[23:48, 1/18/2019] Tia Caçula: Massa
[23:48, 1/18/2019] Tia Caçula: Fui ver a esposa:)

[00:28, 1/19/2019] Mário Barros: Ufa!:)”

E outro ainda, que me levou a refletir. Escrevo sobre as reflexões a posteriori.

“Beijo, vou escrever. Pensa direitinho se tem condições de trabalhar amanhã. Para não machucar mais. Tenho certeza que a sua sogra vai compreender se você explicar a situação. Mas a perereca é sua, não me meto nisso... Ainda! Hahaha”

Já fui ao motel duas vezes com Blanka e não penetrei nela. Não me senti confortável para fazê-lo. Não gosto de motel, é feito para o sexo, sexo parece ser uma prática obrigatória, compulsória no motel. No caso dos homens, o sexo parece ser representado pela penetração, o meu sexo foi chupá-la e lambê-la e beijá-la menos do que eu queria, mas o suficiente para achar que foi uma boa dose de sexo para mim, me fez querer mais, mas não penetrei, não cumpri o meu papel de homem num motel, noutra vez, a segunda e última, ficamos conversando, jogando videogame e conversando e eu beijei o seu rosto todo com o máximo de carinho que eu tenho. Nem a boca beijei. Não toquei os seus deliciosos e desejados lábios. Acho Blanka linda. E acho esse texto feminista, ou melhor, um exemplo único de humanidade, uma humanidade que não segue padrões e que não entende a mulher como um buraco morno e úmido para enfiar o pau, até liberar o esperma como um macaco, mas como uma companhia, um ser humano como eu, com todas as suas complexidades. Eu só pedi que entre nós houvesse respeito, honestidade e sinceridade. Mas da próxima vez a pedirei nua, provavelmente num antro de sexo, quando poderia estar no meu quarto com ela. Ela disse que havia algo atrás da TV um botão redondo como um joystick de videogame onde se pode ligar e navegar a smart TV. Não vou procurar agora, até porque não acho que exista, o que é um demérito com a informação da minha parceira. Só por isso vou procurar o danado do botão.

00h56. Nada de botão e nada de luzinha que pisca quando aperto o controle. Passando Loser de Beck. Será que ela inventou ou ouviu falar nisso? Pode ser que haja TVs assim. Não é o caso da minha. Que simplesmente não liga através do controle, acho que não está chegando energia elétrica nela. Passando Virus de Björk. Vou fumar. Ver onde isso me leva.

1h08. Nossa me levou a um pensamento em Blanka que foi seguido de uma megalomania. Pensei em dar a Blanka o password de acesso para os meus blogs secretos e dizer, isso é sua herança, só os seus olhos e os meus poderão ver, e, se eu que só faço escrever em algum momento for reconhecido e meu nome gerar dinheiro, se meu texto gerar dinheiro, você pode ganhar uma grana vendendo o conteúdo desses blogs, lhe dou total direito sobre eles. Quando eu morrer, será quando o meu nome estará mais valorizado, então será a hora de tentar fechar o negócio. Não pensei tudo isso, assumo, parte me veio agora motivada pelo ataque de megalomania que me atingiu antes: meu tio consegue fazer o livro ser publicado, o Diário do Manicômio e ele faz algum sucesso, o suficiente para publicar o meu segundo livro Eu Sou Assim e Ninguém Tem Nada Com Isso, sempre escrevendo o blog, que é a minha obra máxima, gratuitamente oferecida aos leitores. Não mais publicaria livro algum, me dedicaria aqui ao meu blog e quem quiser que lesse. Acho que o número de leitores aumentaria por um curto período, não sei se teria long tail. Quem me dera arrebanhasse alguns fiéis. Me sentiria com o meu dever na Terra mais que cumprido. Interessante é se a publicidade do meu site começasse a dar lucro, eu não me lembro para que usar o lucro. Certamente para ajudar causas humanitárias que eu apoio, mas era para outra coisa que tinha a ver com o meu próprio site. Eu poderia começar a receber perguntas e comentários e me comunicar diretamente com o público. Seria bastante curioso, mas nada disso vai acontecer. Por falar nisso, preciso escrever a nova parte do meu projeto secreto. Mas não hoje, não agora. Estou com uma dor no couro cabeludo, como uma inflamação, mas marca não se vê. Pensei em que cabelo gostaria de ter uma vez na vida: o cabelo longo e vermelho como poderia ter ficado quando descolori e pintei com o auxílio do Imperador da Casqueira, que aportou sua nobreza no Recife (antes era mais dado a viagens, talvez viesse por meu irmão). Nunca saberei, sei que era o seu principal parceiro, ou assim quero crer, conversávamos sobre tudo, inclusive minhas dúvidas em relação ao homossexualismo. Ele me levou até a o gueto gay da cidade, no Mustang e arredores. Até à Doktor Froid, há muito extinta. Bom, ele me ajudou no processo capilar, mas eu encasquetei que a tinta que a minha tia vizinha trouxe da Inglaterra especialmente para isso não daria para todo o cabelo, cortei o cabelo de um jeito ozzy e fiquei com um visual muito ozzy, ainda bem que eu próprio não me via, nem barba eu usava, nossa, estar sem barba, com a cara lisa é um pesadelo para mim, acho que nasci para usar barba, ou é como me apresento sentindo menos feiura no mundo. Tentei um bigode uma única vez e o abandonei prontamente, achei horrível. Deixei a barba engoli-lo. E não mais tirei, embora tenha passado máquina dois que é como se saísse de sunga por aí, mal comparando. Vou repor a Coca, fumar e comer um biscoito Bono de chocolate. Eita New World de Björk, linda e grande, belíssima, orquestrada, como uma flor que desabrocha e revela sua esplendorosa cor sonora. Não direi qual é a cor sonora que me evoca, é bom para quem nunca viu o filme ou a cor do CD imaginar sua própria cor. A capas me influenciam muito sobre a percepção do disco. O objeto disco é uma obra visual tanto quando é sonora e Björk entende isso e até nisso é de vanguarda, mesmo que as capas sejam todas retratos seus. Ela manda criar fontes para cada disco, é primoroso.

1h54. Fui fumar ainda pensando em Björk, descobri que acabaram-se os gelos de fácil remoção da caçamba, agora, só molhando. Estou com frio, vou desligar o ar. O interesse do pessoal da pizzaria pelo meu blog me enche de orgulho. Um viu meu texto como mera descrição do que acontece ao meu redor, não viu a parte em que narro o que decorre dentro de mim. Talvez nesse veja, se ler. Se ler, saiba que fiz o que a menina daí me pediu e fui ao site da pizzaria fazer um elogio sobre o excelente atendimento da filial de Casa Forte e mandei o link dos dois posts em que os havia mencionado até a ocasião. Os vejo quase diariamente, um vínculo se cria pela repetição, talvez por carisma deles, talvez por carisma meu, ou pela soma dos carismas disponíveis. Sei lá.

2h02. Pensei que não falei de Björk duas coisas que me passaram pela cabeça e olhei para as coquinhas e que elas vão todas para o frasco de memórias, mas pretendo guardar alguma Cocas, em especial a da garrafa que ficou deformada e representa quão deformada a minha alma pode ficar. A achei na mochila vermelha que usei em uma das minhas recaídas de cola, sofrida recaída, como são a maioria, senão todas, quando eu levo mochila, minha mãe tem meio que repúdio pela mochila, eu a vejo como uma lembrança de guerra, da batalha que travei primeiramente comigo mesmo de adequação à vida, até achar o meu lugar no mundo, que é exatamente este em que estou, a Coca é outro troféu de agora, representa me aceitar e estar em muito mais harmonia com a vida, sendo eu mesmo a maior parte do tempo, senão todo ele; não, todo ele, não. Mas uma parte maior que a maioria, eles são conformados, ou seja se adequam as fôrmas, eu sou livre, conformado com as minhas próprias leis e vontades. Que se resumem a escrever e agora a Blanka. Blanka é um mundo novo, um novo território, um novo continente onde aportei por causa do acaso-destino, meu gosto e o Tinder. Saí para fumar e voltei. 22h29. Um dos pensamentos que me passou pela cabeça é que se Björk me chamasse para ser seu companheiro, a acompanhando aonde fosse, eu largava tudo – inclusive Blanka – e me mandaria atrás dela, para tentar aprender a viver tão plenamente como ela. Acho nós dois seres peculiares que se dariam bem. Mas não interferiria no seu trabalho, a não ser sugerindo que fizesse um disco em dupla com os Strokes. É o disco mais sonhado da minha vida. E não passará disso, o que podia fazer para realiza-lo, eu fiz, postei mensagem nos fóruns dos sites de ambos fazendo a sugestão. Vou comer mais, preciso.

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16h22. Comi todos os pacotes de biscoito que mamãe comprou, nas diversas vezes que acordei durante a noite. Acordei agora a pouco e sou um ser completamente outro do que foi dormir e o pouco que me lembro do que escrevi faz sentido para mim nesse momento. Deixei a liberdade de pensamentos solta e deu no que deu. Me diverti elaborando e isso para mim já torna o texto válido. Hoje é aniversário da minha irmã e postei um textinho muito mal escrito, relacionado às mudanças que encarará com a família nessa nova etapa da vida. A vontade de voltar a dormir que me consumia e me controlava minutos atrás está passando e aos poucos vou me parecendo mais comigo, com o eu que tenho mais afinidade de ser. Precisaria de café. Talvez bote um para fazer, agora vou de Coca com cigarro.

16h45. O café está pronto – santa cafeteira que a minha tia caçula me deu – seu cheiro é sedutor, mas enchi outro copo de Coca para aproveitar o gelo e por ser um ato quase mecânico, automático, voltar do cigarro e completar a Coca. Quando acabar, parto para o café. Pensamentos de Blanka, Vidro e da pizzaria me cruzam a cabeça, nada muito consistente que mereça ser narrado, só que tenho o desejo de ter uma foto alegre de mim e Blanka, tirada bem de perto, isso é essencial, para ornar a sessão de fotos do meu quarto. Não haverá muitas, mas quero todas e cada uma delas em um porta-retratos diferente. O que será que se deu com a minha TV? Por mais que não a use, me sinto meio órfão das possibilidades nela contidas, de as ter acessíveis se o desejo surgir. A tarde cai vertiginosamente, quase não enxergo as teclas, em breve, quando for pegar o café, acenderei a luz do teto. Lembrei-me agora, numa derivação do pensamento contido na mensagem que enviei à minha irmã, que o chamado da cidade, de Munique, pode me ser irresistível. Numa derivação ainda mais distante, pensei que seria um prazer tomar uma cerveja com a Portuguesinha, moçoila encantadora em todos os âmbitos, a garota perfeita no continente errado e já muito bem acompanhada. Não sei o que me atrai nas pessoas já comprometidas, não que o saiba à primeira vista, mas não desisto quando descubro tal fato. Acho que foi um padrão que foi bem-sucedido uma vez e, por isso, por esse sucesso único, penso que vale insistir nas demais. Tolo eu. Que seja, só estou tentando ser feliz da forma que sei. E não creio de fato no padrão, prefiro crer em coincidências, as melhores garotas já foram tomadas, penso que essa é a melhor explicação. Vou mudar para o café, cairá muito bem com um cigarro.

17h20. Nossa, que prazer a primeira xícara de café com um bom cigarro, me sinto revigorado e grato a existência pelo momento. Acendi a luz como combinado. Ainda rola um tempo até ter a certeza que Blanka é a pessoa certa para receber a herança que mencionei. Ela terá o poder de apagar tudo após a minha morte, tornar os blogs públicos ou publicar se houver demanda para essa última opção. Os direitos iriam todos para ela, pois deixo aqui documentada tal vontade. Quando acabar esse post, vou escrever no meu projeto paralelo e secreto. A terceira página acabou de acabar, o tempo às vezes é de uma precisão surpreendente. Vou revisar e postar o anterior. Talvez revise e poste este em seguida, não sei. A inclinação da minha alma ao final do processo de publicação do outro me guiará. O café me deu calor, liguei o ar. Hoje amo muito o universo e a minha condição nele, a forma como meus atos se manifestam ilusoriamente sob o meu comando, eu, essa entidade imaterial que me parece tão real a ponto de me dedicar a ela. Grande mistério. Vou lá para o anterior. E, desde já, percebo que duas páginas não são suficientes para caber um dia inteiro de ruminações.

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16h22. Nossa, querida Blanka, você estava certa! Há um botão como um joystick, exatamente como você descreveu, na minha televisão, acabei de descobri-lo dando uma segunda chance à sua teoria! Saí alisando as extremidades da TV e bem no meio, embaixo, achei o tal pitoco! Não sabe como isso faz diferença para mim. Desculpe a descrença, me sinto profundamente envergonhada por ela no momento. A TV não liga, entretanto. Não sei o que se deu. Talvez venha a acrescentar mais coisa aqui quando da revisão. Queimei minha língua e agora pago com vergonha pela minha ignorância. Mais uma vez peço desculpas.

DILEMA MORAL E FEZES


Eu não sei o que quero fazer, apenas o que tenho que fazer, por isso abri esta página em branco para ver se a minha alma assenta e se acalma. O que tenho que fazer? Complementar o post novo do Profeta e acabar de revisar o post do meu blog mais secreto. Tomei muito café e quando passei de volta para a Coca meu organismo e meu eu estranharam e ficaram em rebuliço. Fumei também. Uma difícil escolha moral apresentada pela existência ontem me deixou ainda mais perturbado porque a escolha que fiz foi a menos “cristã” possível. Essa moral judaico-cristã que permeia as sociedades ocidentais, sei não, viu? Acho válidas e tudo o mais, mas machucam às vezes. Fato é que fui comprar um remédio ontem de noite na farmácia a pedido de mamãe. Ela me outorgou o cartão de crédito e me disse que comprasse só e tão somente o remédio designado, nenhum centavo a mais. Quando estou prestes a entrar na farmácia uma miserável com uma miserável criança me pede uma lata de leite pequena para o infante. O pior que a forma que falei com ela lhe deu alguma esperança, pois o pedido me tocou e por um momento me decidi a ajudá-la. Porém ao cruzar a porta da farmácia e encerrar a triste figura do lado de fora do ambiente climatizado, limpo e brilhante onde vi que o leite era muito mais caro do que julgava, a obrigação de cumprir o combinado com a minha mãe se fez mais forte que a caridade e comprei somente a medicação. Pedi desculpas a miserável, expliquei-lhe toda a história e ela foi bastante compreensiva, disse que não havia problema. Nossa, tal desafio moral me doeu e dói profundamente e realmente não sei se fiz a escolha certa. Reconquistar a confiança da minha mãe é fundamental para a nossa relação e para futuros pleitos financeiros para com ela e sinceramente me sentiria mal quebrando o nosso pacto, faltando-lhe com o respeito, mas a criança sem leite não me sai da cabeça, me assombra desde ontem. Eu tinha os meios só que eles não me pertenciam e a decisão que tomei foi deixar outro ser humano com fome. Um pequeno ser humano vítima da sociedade que não educa. Pronto, desabafei. Vou voltar à revisão, quero postar no blog secreto hoje. E depois, se me restar disposição, complementar o post do Profeta, que mais parece um mosaico, com fragmentos de informação uns emendados nos outros. 21h58. Esqueci de botar a hora no início, atarantado que estava.

0h27. Revisei o imensamente redundante texto, desnecessariamente caudaloso, e o postei no blog secreto. Não vou fazer os acréscimos ao post de Blanka, acho insignificantes e depois de ter mergulhado no outro texto as memórias do que tinha a acrescentar se perderam nalgum recanto de mim que não tenho acesso. Talvez ao revisar o dito texto eu relembre, agora vou dar uma olhada no maravilhoso mundo dos bonecos.

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Estamos prestes a partir para Gravatá. O namorado da minha irmã PE irá conosco (minha mãe, meu padrasto e eu). É gostoso mergulhar no maravilhoso mundo dos bonecos mesmo que não tenha mais nenhuma peça a adquirir e não possa fazê-lo.






0h05. Foi bom, mas minha alma se encontra desassossegada, pode ser cansaço, pode ser um caroço mais profundo. Não encontro palavras e nem quero procurar, me abstrai mais o maravilhoso mundo dos bonecos, onde voltei a ser mais atuante. Sonho com a minha boneca chinesa, uma obra de arte de uma sensibilidade única na minha opinião. Impossível de ser concebida por um ocidental ou por alguém que não tenha crescido imerso no universo cultural e folclore chineses for that matter. Escrever me incomoda no momento.

0h22. Escrevi um pequeno adendo no meu projeto paralelo do blog secreto. Vou fumar e pegar Coca.

0h37. Algo me pede para deitar e dormir, a parte mais sensata de mim; no entanto, uma parte maior e predominante insiste em permanecer, talvez porque tenha passado tempo demais longe do meu porto seguro, do meu quarto-ilha, das palavras. Percebo, especialmente logo que acordo, que me falta fôlego para enunciar as sentenças, as últimas palavras saem com esforço e falta de ar tornando-se quase inaudíveis. Isso ficou claro para mim na conversa que travei com o namorado da minha irmã PE quando este chegou à nossa casa e eu havia acordado há pouco e fumado um bom bocado já, como sempre faço ao despertar. É um alívio pensar que dificilmente me faltará fôlego para digitar as tais das palavras. Conversamos sobre religião e sobre o incômodo que me causou a frase em sua camisa: “Be more”. Me pareceu uma cobrança de uma suposta insuficiência de quem a está vestindo, uma ordem para mudar quem se é. Ju acha que estou em um momento de transformação. Eu sinto que esse processo empacou, eu, mula, empaquei, não quero avançar nem retroceder. Sei que Ju vai respeitar o meu ritmo e isso me acalenta. Nada forçado funciona comigo. Nem com ninguém, faz-se mas não com a alma, pois a alma está tomada por rebeldia e repulsa por fazer o que não é a sua vontade íntima e verdadeira. Sei que a idade vem me roubando os meus medos e isso é gracioso. Isso não quer dizer que me ponha disposto e aventureiro no mundo, só mais tranquilo comigo mesmo. Tenho medo de ter um filho e de sentir o medo do que o mundo poderia fazer com ele. O mundo quase me engoliu, roubou a minha vida, devorou a minha alma, senti a escuridão fria e desesperada de seu estômago. Que alívio, que felicidade estar seguro no meu quarto-ilha com as minhas palavras, imprestáveis palavras, visto que não lidas. De que servem palavras que não são lidas? Palavras são escritas para serem lidas ou essa é a fantasia de quem escreve. O desejo maior meu, pelo menos. Empatado com um amor recíproco. Ou melhor, uma paixão recíproca, deixa o amor para mais tarde, ele vem quando as almas recolhem suas penas. E vale a pena. Desculpe o jogo de palavras esdrúxulo, mas significativo. Parece que me aclimatei e esquentei na escrita... pronto, foi só pensar isso e todas as palavras fugiram de mim. Fugirei delas e me refestelarei no maravilhoso dos bonecos.

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14h15. Três copos de Coca e duas xícaras de café depois, a dor de cabeça com a qual despertei começa a ceder. Mas não muito. Nada de interessante aconteceu na minha vida. A fantástica faxineira adentrou meu quarto para me avisar que intenta limpá-lo, mais cigarros e café para esperar.





15h14. Presenciei o que a fantástica faxineira considerou uma intervenção divina. Entendo o seu ponto de vista, embora não acredite. Fato é que parou de arrumar o meu quarto e foi atender a filha na sala por causa do som que estava rolando aqui. Nesse ínterim, vim pegar cigarros, pois os havia esquecido. Quando tentei abrir a porta do meu quarto, algo a bloqueava, não importava quanta força eu pusesse o que quer que estivesse impedindo a porta de abrir não cedia. A fantástica faxineira tentou também, sem sucesso, e decidiu ir pelo lado de fora do apartamento, através da jardineira, para entrar pela janela que havia deixado aberta. Infelizmente, como se vê na foto, há a máquina do meu Split bloqueando a passagem. Ela pensou e ensaiou contornar o obstáculo umas três vezes e acho que foi aí que rogou a Deus que a ajudasse. Voltou por onde veio e retornou à frente da porta que nós pensávamos estar sendo bloqueada pelo rodo tombado. Eis que Deus se manifestou e o que impedia a entrada no quarto-ilha se revelou ser a chave que havia caída bem ao alcance de suas mãos. Tal fato foi visto como uma bênção do Criador pela fantástica faxineira, eu fiquei aliviado, pois não sei se a tela de proteção suportaria o seu peso caso despencasse ao contornar o ar, mas não acreditei ser obra de nada a solução tão simples e segura para o problema da porta, se muito do acaso-destino. Ela, que viveu o milagre, deve estar contente com o bom e amoroso Pai. Deve ser reconfortante tal sentimento. Meu pai são cinzas no fundo da maré de Macau, um livro de Quimiometria e as lembranças e fotos que guardamos dele. O criador do universo, pois também acho que um universo tão organizado como o nosso tenha sido fruto de uma ação inteligente, ainda está por vir e será proveniente da evolução tecnológica ou de complexidade do universo. Preciso revisar o post anterior, talvez complementá-lo, mas me falta disposição. Prefiro escrever isso peidando por causa do café. O dia está particularmente e mais quente se me afigura por estar bebendo algo quente, liguei o ar e botei o volume do som no 25, coisa rara. Já me acostumei à altura. Vou fumar e pegar mais café. Não ainda. Marteladas querem concorrer com o som, posso aumentar o volume, são marteladas bastante sonoras. O café já frio da xícara acabou. É hora de repor a cafeína e a nicotina do meu incrivelmente resistente organismo. As marteladas estão mais ferozes e constantes.





15h59. Como é de praxe, o café me deu uma caganeira, a minha teoria é que ele age como um lubrificante/desinfetante do intestino, soltando e liquefazendo o que nele está contido, facilitando ou praticamente obrigando a expulsão do seu conteúdo. Foi a última xícara, tenho pouca Coca e acho que a despensa está trancada. Posso pedir à fantástica faxineira que faça mais café, porém meu estômago tem um limite de tolerância que uma vez ultrapassado, o que quase se dá no momento, torna tomar o líquido uma experiência desagradável e nauseante. Não quero vomitar, como uma vez já se deu. Outra teoria é que o café irrite o meu sistema digestivo e por isso os peidos, a caganeira e o enjoo. Sei lá e não faz diferença para os efeitos do café sobre mim tais hipóteses. Sei que antes de pedir mais uma carrada de café, tomarei uma Coca bem gelada com cigarro para “limpar” e ver se a porta da despensa está destrancada, o que me faria migrar definitivamente para a Coca por hoje. Água não me apraz, prefiro café com todos os seus colaterais. Preferiria, entretanto, ter Coca. Essa não me faz mal que eu perceba, afora o bucho bastante dilatado. Nunca estive tão gordo. E isso nunca me importou menos. Tenho um pequeno pedaço da vida de Blanka, sou um pequeno pedaço de sua existência e de seus pensamentos, não ouso dizer de seus sentimentos. Ela ocupa fatia maior do meu ser e isso é evidente. E sim, nutro sentimentos por ela, mas nada que configure ainda uma paixão. O pernoite no motel será um momento decisivo para ambos, eu creio. Em verdade, em relação a Blanka não sei em que crer. Nossa, preciso escrever um adendo no post anterior! Um que me deixa muito feliz! Em relação a Blanka! Momento.

16h26. Pronto. Acho que adicionarei mais coisa ao post anterior quando tomar coragem para revisá-lo. Este está quase acabando, tenho que ter um pouco de disciplina e cumprir o que me comprometi a fazer e que venho protelando por alguma razão que me escapa. É hora de enfrentar. Talvez decida que nada deva acrescentar. É a saída mais fácil, mas não é a desejada. Ou a ideal, na minha opinião. Vou fumar. Antes que comece Björk na lista 6.

16h40. “Nail in my head, from my Creator, You gave me life, now show me how to live”. Comentei com a fantástica faxineira que Deus a havia ajudado hoje. Ela respondeu, “Com certeza. Em tudo”. Tal resposta me deixou atarantado, fui tomado por uma preguiça de existir, uma vontade de tombar morto ali. Não sei se foi porque migrei para a Coca ou pela inesperada resposta. Nunca saberei. Acabou-se o post. Vou tirar uma foto da privada. E vou tomar mais Coca com cigarro. A despensa está aberta. Sem mais café por hoje, acho eu. Algo em mim pede mais, para alternar com a Coca. Acho que é o que vou fazer.

17h00. Foi o que fiz. Vou revisar e postar logo esse antes de partir para o que realmente deveria fazer.

sábado, 19 de janeiro de 2019

RESTAURADOR E BLANKA


6h09. Despertei antes da hora. É um momento agradável para se despertar, principalmente porque raro. O dia que se inicia é belo e ensolarado como só dias tropicais podem ser. Meu irmão retornou aos Estados Unidos. Meu primo historiador, que veio tomar conta de Maria ontem (não a delegam a mim com justa razão), elaborou 20 perguntas para eu responder no postanterior (LINK).

15h59. Hoje dormirei cheio de fios, farei um polissonografia do meu sono. Já não posso beber mais Coca ou café ou qualquer coisa estimulante. O restaurador ligou hoje, um tanto chateado pela nossa falta de contato. Eu só acordei agora, pois levantei às 5h e só voltei a dormir perto das 11h, com o telefonema dele, ou melhor, com a minha mãe que coincidentemente chegou ao quarto quando o meu celular estava tocando. Não sei se ele ligou mais vezes, eu estava apagado. Mas isso tudo é papo muito chato. Entretanto são variações da rotina, dão um contexto onde me insiro. Blanka nunca mais deu notícias.

16h17. Mandei um Instagram para Blanka, ela disse que fala comigo à noite. Meu coração esquenta e derrete. Ai, ai, sou bobo mesmo.

16h35. Pedi a mamãe um café, ela concordou e fez uma xícara de expresso. Delícia. Depois disso, só água, saco. Talvez o suco de morango que ela abriu. Vou acender a luz e botar um som. The Cure. Maria não fez a cirurgia para a retirada dos caroços hoje, mas ela e titia não estavam em casa para me dar mais informações. Várias esperas se acumularam desde que acordei: o restaurador, Blanka, Maria, fora o exame do sono que já me esperava desde antes de eu me deitar. Minha prima aparentemente não viu a mensagem que a mandei ainda ou viu e configurou o WhatsApp para não mostrar quando as mensagens são visualizadas. Acho que isso é possível de se configurar no aplicativo. De toda sorte, o não está embutido no post que compartilhei e, por conseguinte, na mensagem enviada. Incrível como os Barros têm muito mais desenvolvido o hábito da leitura que os Gonçalves. Inclusive entre os da minha geração. Já li, pero non mucho, hoje me apetece escrever e escrever somente, me falta paciência e interesse para textos alheios. Tentei ler O Mundo de Sofia, um carinhoso presente de uma pessoa querida, mas empaquei. Coloquei o som no volume 10, o padrão para mim e sinto que minha qualidade de vida aumentou com o volume. A familiaridade, por vezes tediosa, no mais das vezes, querida. Tive uma ideia para um jogo de implementação fácil e focado em VR que queria passar para o meu irmão. Chamar-se-ia Kaleidoscope 3D ou VR.  E seria exatamente isso: um caleidoscópio onde pedrinhas da mesma cor e tamanho teriam profundidades diferentes, algumas saltariam muito da tela outras menos e assim sucessivamente, quando o usuário mexesse a cabeça, as pedras se misturariam de acordo, formando novas figuras e seria possível tirar fotografias 3D das imagens formadas. Simples, belo e que faz bom uso dos recursos dos capacetes de realidade virtual. Ou assim quero crer. Pode ser que seja uma ideia idiota, sei lá. Vou postar esse trecho da conversa no WhatsApp do meu irmão e ligar para ele dizendo que o fiz. Quem sabe ele não enxergue potencial e desenvolva o jogo.  

17h30. Está feito, entregue às mãos do meu irmão, do acaso-destino. Cutuquei a existência, gosto quando faço isso, meus textos são cutucadas muito irrelevantes, inexpressivas, embora sejam a minha forma de expressão maior. Minha mãe deu uma ideia para o projeto, quando o reparti com ela, que achei muito pertinente, desenvolver conjuntos de “pedrinhas” diferentes, temáticas para o caleidoscópio, o exemplo que ela deu foram flores. Sugeri a meu irmão que adquirir os demais conjuntos ou versão “full” do jogo fosse uma experiência paga, para tornar a empreitada lucrativa para ele.

17h46. Sem inspiração. Vou ao cigarro.

18h46. Fui ver Maria e saber porque não arrancou os caroços hoje. Descobri, mas a razão é demasiado enfadonha para explicá-la aqui. Estava contente com o sapato que ganhou da minha tia-vizinha, embora tenha ficado com um preto, que não lhe cabia, na cabeça.

 “Não sei quanto a ideia do jogo... tenho que pensar a respeito”. Foi a resposta do meu irmão. Tenho uma sensação estranha de que está se distanciando de mim. Espero que seja ilusória. Mas sinto – e novamente podem ser só caraminholas da minha cabeça – um ranço, um repúdio dele em relação à minha pessoa. Isso me fere, essa impressão que talvez nada tenha de real. Talvez seja mais uma forma que meu sádico ego arrumou de me maltratar. Estou com sono e calor. Nada posso fazer em relação ao sono até os fios chegarem, o calor é facilmente solucionável basta apertar o botão azul do controle branco.

19h23. Vou me deitar. Tentar um último cigarro antes de ir.

19h33. Mamãe foi redondamente contra a ideia de eu me deitar. Tentarei não sucumbir ao sono. Vou para o maravilhoso mundo dos bonecos.

22h22. Acordei para ir no banheiro, comer e fumar. Não estou conseguindo dormir direito, menos pelo aparelho e mais pela hora em que me deitei, muito mais cedo que o habitual.

22h41. Volto a tentar dormir.

1h44. Acordei por biscoitos e porque o sono me fugiu de novo.

6h06. Acordei para comer e fumar

11h51. Acordei definitivamente.

13h07. Fiquei conversando com a empregada da minha tia-vizinha e Maria. São primas. Maria volta amanhã para Natal. Estou ainda pela metade, não despertei propriamente e meu despertar é pleno de desgosto por existir. Tomo café recém-feito e fumo.

“[15:18, 1/17/2019] Mário Barros: Não vai rolar tirar os caroços de Maria agora, pois, devido à idade, o procedimento tem que ser feito num hospital e, para isso, é necessária a permissão do plano. Ela voltará a Natal amanhã com titio, que vai a uma missa de sétimo dia lá.
[15:21, 1/17/2019] Mário Barros: Estou à espera do restaurador. Ele disse que chegaria por volta das 15h. As bonecas já estão todas dispostas na mesa da sala, nem o machado, nem as flechas, nem a espada foram danificados, pude averiguar agora. Mais uma vez obrigado, amado irmão.”





15h27. Passei um bom tempo conversando com Maria e a prima na casa da minha tia-vizinha. Voltei porque o restaurador está prestes a chegar. Preciso ficar atento ao interfone.

16h23. Nada do restaurador. Mamãe – e eu concordo – acha que a reparação tem que ser realizada aqui em casa.

16h26. Acabei de ligar para o restaurador que disse que está chegando. Blanka criou uma conta do Instagram para falar comigo. Disse que está ausente porque está cuidando de si, está enfrentando uma crise depressiva e a compreendo. Mamãe vai achar que é mentira, mas ela havia mencionado sobre a questão na grande conversa que foi o nosso último encontro.

18h34. O restaurador cobrou um preço super em conta para reparar as três peças danificadas, seriam muito mais caros tais serviços no exterior. Blanka me respondeu e disse que tinha o dia todo para falar comigo.

20h46. Fui comprar Coca na pizzaria e um bróder de lá me perguntou sobre Blanka. O que significava. Expliquei que era a minha paquera de 19 anos. Por sinal, vamos nos encontrar amanhã, ao que tudo indica, para assistir Glass no Plaza, comer pastel na Praça e tomar um sorvete para conversar sobre o filme. Queria tanto poder beijá-la, no entanto não sei se será possível, pois está com um furúnculo ou coisa que o valha estourado no rosto e está dolorido. Bem, veremos. Descobrirei.

21h37. Já estou com os ingressos para o filme comprados e impressos. O desejo que surgiu da conversa com a minha tia caçula está próximo da realidade. A realidade é que não sei como me aproximar de Blanka, como alcançar o seu afeto. Mamãe acredita que nunca conseguirei, eu sou um pouco mais otimista e persistente. Blanka foi jantar e arrumar a casa, quando for deitar volta a falar comigo.

22h08. Comi e isso geralmente me dá sono, não sei aguentarei esperar por Blanka.

3h56. Disse a Blanka que ia me deitar e acabei vagando pelo maravilhoso mundo dos bonecos até agora. Vou dormir, senão posso melar tudo amanhã.

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23h19. Eu tive um dia diferente e especial. Comecei acordando atrasado. Fui ao Manicômio pegar receitas para as minhas medicações, depois fui tosar os pelos da cabeça. Me aprontei e enfim o momento mais esperado, o encontro com Blanka. Apresentei-a ao pessoal da pizzaria, alimentamos os peixes e tartarugas da Praça de Casa Forte, andamos de mãos dadas até o shopping, um deleite há muito desejado por mim que adoro andar de mãos dadas com a razão dos meus afetos. Conversamos e surpreendentemente ela falou mais, outro deleite, adoro saber dela. Assistimos Vidro (recomendo vivamente a quem for assistir que veja antes Corpo Fechado e especialmente Fragmentado, que acho o melhor dos três e que perde muito do seu elã se Vidro for visto primeiro). Fiquei com pena de Blanka, que não havia visto os predecessores e ficou a ver navios na primeira meia-hora de filme. Saí do cinema me urinando e louco para fumar, vontades do corpo empatadas, mas como Blanka também queria ir ao banheiro, acabamos fazendo a escolha certa. Ainda comemos pastel na Praça e depois sentamos num banco do bucólico local para conversar, outro sonho meu, que sempre via os casais se curtindo lá e me indagava quando a minha vez chegaria. Bem, chegou, foi rápida, mas foi outro deleite. No final roubei um selinho de Blanka que, fechada como é estranhou o gesto e entrou no Uber. Voltei para casa contente de ter vivido a vida em grande amplitude de situações num dia para mim diferente do senta-fuma-bebe-algo-negro-escreve. Ela é uma pessoa que se diz de difícil socialização e de fato é, mas estamos seguindo sei lá para onde ou o quê. Queria muito poder levá-la para Gravatá nesse domingo, mas sei que não é o momento nem a ocasião, ademais está com um furúnculo nas partes íntimas, dificilmente poderia desfrutar da piscina aquecida, onde pretendo passar a maior parte do meu tempo. Em verdade, tenho monte de carinho represado para dedicar a ela, mas fico acanhado porque ela parece um bicho do mato em relação a isso. Espero que, aos poucos, se o tempo me for concedido e as oportunidades acontecerem, eu consiga habituá-la a receber os meus afagos. O tempo dirá. Eita, entrei na quarta página. Uma última frase. Blanka me faz bem, quero fazer o mesmo por ela. Somos muito parecidos no isolamento do mundo e nas relações cada vez mais pontuais e curtas com os demais e somos diferentes em tudo o que tange amar e num monte de outras coisas. Descobrimos mais diferenças que semelhanças a cada novo encontro, mas isso não me desestimula ou me faz descrente, tudo é possível. Escolhi a trilha mais difícil, para muitos, um espinhoso caminho, mas dizem que os caminhos mais difíceis levam aos lugares mais belos. Veremos.  

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

COMBALIDO E ENTREVISTADO PELO MEU PRIMO HISTORIADOR




19h03. Estou fisicamente combalido, o corpo reclama não sei bem do quê. Mandei o roteiro de “O Escudo Negro” para o meu amigo cineasta. Ele aparentemente achou o experimento fácil e quiçá divertido. A única coisa que sou capaz de fazer agora sem demonstrar para outras pessoas que não estou passando muito bem é escrever. Não vou na casa da minha tia-vizinha agora, pois isso não me sinto em condições, terei que ir comprar Coca e Dalmadorm, não consigo, prefiro passar sem Coca do que levantar dessa cadeira. Levantaria só para me deitar e não quero fazer isso agora. Mamãe se animou com o projeto com o meu amigo cineasta. Acha que vai ser algo que infelizmente não vai ser. A primeira versão do roteiro está no meu post mais recente, comuniquei isso a ela, para que, caso leia, saiba bem o que esperar. Coloquei Maria para falar com a minha avó. Acho que vou fumar outro cigarro com o resto da Coca e me deitar, meu corpo pede repouso, está exaurido e sem forças. Espero que Blanka não venha se comunicar comigo hoje. Hoje não estou para nada, ainda deito as palavras, mas com certa dificuldade as assento na página, não dormi durante a noite nem como nada desde o almoço de ontem. Só café, cigarro e Coca. Não é o mais saudável a se fazer, até parei com o café, não estava me descendo, a única coisa que entra é Coca com muito gelo. Comida não. Tenho medo de vomitar se comer. Não gosto de vomitar sólidos. A passagem pela garganta é particularmente desagradável.

19h22. Fui ver se o meu amigo cineasta havia mandado algum update, sou muito ansioso. Vou fumar e me deitar. Ou escrever mesmo. Está suportável escrever. A posição na cadeira também me agrada, com as pernas cruzadas como índio. Saudades do meu sobrinho. Deu e passou, ainda bem. Fui tomado por pensamentos outros, sexuais, porque o Badoo apitou mulheres para mim ainda agora. Estou me sentindo cansado. Acho que vou fumar e deitar.

22h39. Me deitei e dormi até agora há pouco, quando fui despertado por mamãe para comprar o Dalmadorm e Cocas, o que obviamente já fiz, visto que estou aqui de volta escrevendo, inclusive já tendo ingerido a minha dose noturna de remédios que inclui o supracitado e me permitirá dormir hoje à noite. O sono me fez bem, o novo projeto, se assim posso chamar, com o meu amigo cineasta me excita, parece uma produção mais concreta que esse texto. Embora me aparente ser mais uma inutilidade de uma mente que só produz inutilidades. A utilidade seria fazer com que o meu amigo cineasta saísse da inércia com uma produção de feitura simples, mas que pode servir como um primeiro passo de uma retomada, sei lá.

23h02. Recebi um trote. Há quanto tempo isso não ocorria. Uma novidade para fechar o dia. Fiquei de visitar Maria hoje à noite, mas, depois de voltar da drogaria ninguém atendeu a porta na casa da minha tia-vizinha. Preciso me desculpar com ela, mas me faltou a força para o esforço e esse se fez impossível. Realmente precisava dormir. Vou tentar resumir esse post a duas páginas. Não há nada de interessante para pensar ou fazer. É esse estado de coisas que chamo de tédio.

23h49. Não sei o que vou escrever, isso me parece um desafio instigante nesse momento. Mudança de paradigma. Wild Mood Swings, que toca agora no quarto-ilha. The Cure. Bloodflowers parece ser o predileto de muitos, ou que mais ouvem do Cure em suas listas virtuais. Disintegration está um passo além de tudo o que o Cure já fez, é sublime. “Am I seducing or being seduced?”. O sono e a fome, efeitos do Dalmadorm, pelo visto, se manifestam, acho que me entregarei aos prazeres do paladar e da saciedade estomacal agora. Antes um cigarro com Coca.

0h28. Nossa, o meu pijama é muito confortável, tão bom estar vestido com ele, finalmente troquei a roupa com a qual eu fui à pizzaria, parece que ele acarinha e acolhe o meu corpo. Vou ligar o ar. Um alô para Beatriz da pizzaria, que pediu que eu fizesse isso, como se isto fosse lhe emprestar uma celebridade que meu blog não alcança. Bem, pelo menos ficará eternizada enquanto o Blogger for provido gratuitamente à humanidade pela Google. Acho a instituição mais capaz de dominar o mundo. A Amazon é muito poderosa, provavelmente mais lucrativa, mas a Google tem a vocação e talvez o desejo, não de dominar o mundo do dinheiro, embora sinta essa fome, mas de governar a humanidade, de servir à Humanidade sem pedir nada em troca. De tornar a vida das pessoas melhores gratuitamente. “Don’t do evil”.

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Hoje sinto que meu corpo está fraco, como se cansado de se levar, sinto uma moleza que poderia chamar também de mal-estar. Não me sinto bem, justamente porque sinto como se a vida escapasse do meu corpo como um balão com um pequeno furo que vai murchando. Ou um balão com um nó maldado. Espero que não seja a morte ainda, sonho em ver o meu quarto pronto e não sonho muito além disso. Com Blanka estou quase desistindo de sonhar. O desprezo ou a inacessibilidade, não sei como nomear, só sei que fere. Sabia que iria doer, mas não é a dor dilacerante de perder um grande amor, é um arranhão, uma roncha na alma.

18h58. Estou reunindo o que há de mim para retornar à companhia do meu primo historiador e minha babá na casa da minha tia-vizinha. Me apeteceria deveras se o meu primo elaborasse uma entrevista para que eu respondesse aqui. Minha mãe me mostrou técnicas que Dan Brown usa para escrever... ficção. A que mais me chamou a atenção foi: crie o seu vilão primeiro, pois ele vai definir quem seu herói é. Meu vilão é também o meu grande amigo: o tempo. Às vezes estamos em consonância, mas quando discordamos é sempre um sofrimento para mim, quando se dilata para além da minha vontade ou quando se contrai à minha revelia, quando estica e encolhe enquanto eu permaneço o mesmo, isso me faz sofrer. Acho que uma prima quer que eu faça publicidade para ela. Com remuneração. Não há dinheiro no mundo ou laço de sangue que me obrigue a isso. Estou pensando em como dizer-lhe não. Acho que vou mandar um link desse post. Ela entenderá que tenho profundo repúdio por fazer tais tipos de serviços, eu nasci para ser servo de mim mesmo e meu contrato mudo e eterno é somente com estas palavras. Esse é o meu labor, meu ofício, minha ocupação, a lança e a cruz com que enfrento o vilão da minha vida, o supramencionado tempo, que agora descubro ter uma ajudante que ao mesmo tempo que me liberta me aprisiona: a solidão. Vou levar o computador para a casa da minha tia-vizinha e tentar persuadir meu primo historiador a elaborar algumas perguntas.  

Perguntas banais de um primo que realmente não é um historiador:

1) Qual a primeira memória de você como pessoa?
R.: Campinas. A filha de uma empregada deita e abre as pernas e pede para eu deitar em cima dela, Maria nos pega antes que eu o faça e impede aos gritos algo que me pareceu novo e excitante de uma forma que eu nunca tinha sentido. (Dou mais detalhes do episódio no segundo livro que escrevi e que nunca verá a luz do dia, "Eu Sou Assim e Ninguém Tem Nada Com Isso".)

2) Você é uma pessoa que sonha quando dorme? Se sim teve algum sonho marcante?
R.: Dizem que todas as pessoas sonham, algumas têm a capacidade de lembrar de seus sonhos. Não sou uma delas, talvez por causa dos remédios. O que há em comum entre os poucos sonhos recentes que me recordo foi que em todos havia a reunião de amigos da minha juventude, das Ubaias e eu também era jovem, eram sonhos felizes, não pesadelos, em alguns havia uma garota desejada. Não sei precisar mais detalhes que esses, foram os que me ficaram.

3) Quando você era criança você tinha alguma ambição? Gostaria de ser um astronauta ou jogador de futebol?
R.: Recebi quando criança, na época em que morava na Cidade Universitária, um livro sobre algumas profissões com coelhinhos as exercendo nas ilustrações, a que me despertou mais vontade foi a profissão de astrônomo e o interesse pelo cosmos é presente até hoje, embora não tenha interesse em me aprofundar nisso, acho nébulas eventos cósmicos magnificamente belos, mas prefiro escrever sobre mim e minha percepção da existência a estudar astrofísica pelo Wikipedia ou quaisquer outros meios.

4) Na Escola, você era bom em alguma matéria escolar?
R.: Tinha especial facilidade com Biologia até citologia, quando entrou genética eu me compliquei. O maior elogio que recebi foi por conta de uma redação que fiz quando estudava no Global, em São Paulo. Aquilo me marcou, tanto que me lembro até hoje. A professora ficou sinceramente entusiasmada com o que escrevi para além da minha compreensão, mas meu ego agradeceu.

5) Já se machucou? Quebrou algum osso ou passou por alguma operação?
R.: De operação, nada muito sério, a retirada dos cornetos (acho que esse é o nome) e alguma outra coisa de dentro do nariz para respirar melhor. Já quebrei a mão umas duas ou três vezes dando murros na parede com raiva da existência e de mim. Não me recordo do meu histórico hospitalar para ser sincero, sei que quebrei a clavícula algumas vezes quando criança.

6) Bruce Lee ou Jackie Chan. Qual o seu favorito?
R.: Acho Jackie Chan um artista mais completo, mas fico com a lenda, o mito que é Bruce Lee. Lembra-me meu pai (um fã) e os poucos filmes do artista que vi com ele.

7) Prefere Hotel Fazenda ou Hotel Praia
R.: Prefiro a casa da família em Areias. Sempre.

8) Qual a refeição mais importante do dia para você? Pessoalmente não gosto do café da manhã.
R.: Eu só como uma vez por dia quando bate a fome dos remédios nas altas da noite. Como como um cavalo.

9) Se você pudesse aprender alguma língua instantaneamente, qual você aprenderia?
R.: Japonês, embora saiba que seja melhor escolha o mandarim. Ou C++.

10) Mario ou Luigi?
R.: Sempre Mario. Odeio o Luigi, ele escorrega.

11) Você tem algum professor marcante na sua vida?
R.: Vários, mas não me lembro os nomes deles e delas, todos foram importantes de alguma forma. Há alguns que são marcantes por outras razões: meu pai, minha mãe, o Imperador da Casqueira e meu avô materno.

12) Você se lembra do seu primeiro “Melhor amigo”? Ainda mantém contanto com ele?
R.: Lembro, foi na Cidade Universitária. Não, não mantenho com ele. Depois foi o meu primo urbano.

13) Como era a relação com seus irmãos durante a infância? Muitas brigas?
R.: Eu era distante deles, por alguma razão que me escapa. Hoje, mesmo com as distâncias geográficas, me sinto mais próximo deles do que jamais fui na infância. Sempre me interessou a companhia de pessoas mais velhas. Ou da minha idade. A diferença de quase três e quatro anos que tinha deles me parecia enorme na infância. Costumava arengar muito com a minha irmã, meu irmão sempre foi tranquilo.

14) The King of Fighters ou Street Fighter?
R.: Street Fighter 2. Consegui zerar com Honda no fliperama. Acho que foi o único jogo de fliperama que zerei. E só desta vez. Não sei nem para onde vai King Of Fighters, nunca joguei.

15) Qual seu filme que você considera perfeito, ou pelo menos o mais perto disso. Não necessariamente o seu favorito, mais o que você não mudaria nada.
R.: Cidadão Kane, 2001: Uma Odisseia no Espaço, Quero ser John Malkovich.

16) Se você ganhasse na Mega-Sena você tem algum projeto louco de milionário que planejava gastar?
R.: Algo com mendigos, talvez comprar a companhia de alguém. Comprar o apartamento das Ubaias. Não preciso desse dinheiro, em verdade, estou muito bem como estou. Acho muito dinheiro muita dor de cabeça.

17) Quantas namoradas na vida?
R.: Quatro apenas e incontáveis amores platônicos. Vivi o mais intensamente que fui capaz a relação com cada uma delas.

18) Gosta de filme dublado ou legendado?
R.: Com legendas em inglês, sempre que possível.

19) Qual seu diretor favorito?
R.: Stanley Kubrick, eu acho.

20) Coca-Cola ou Pepsi?
R.: Coca Zero. Ou Cherry Coke.

19h38. Meu primo historiador elaborou o questionário, responderei quando retornar ao quarto-ilha. Prometi divulgar o link no WhatsApp da família para que ele lesse e quem mais interessar.

21h06. Estou tão fora de forma que carregar o notebook no braço por alguns minutos o deixou completamente trêmulo. Ouvi meu tio-vizinho discorrer sobre Cuba e o nivelamento de todos pela quase miséria, em todos os âmbitos, inclusive cultural. Voltando à minha prima que provavelmente me demanda serviços publicitários, preciso acrescentar que o programa que eu uso está desatualizado, a Publicidade de hoje é devota da Adobe, eu uso Corel, e está migrando para a internet e nada entendo disso. Nem quero entender, nem quero servir a mais nenhum cliente, ainda mais da família, o que gera uma relação trabalhista ainda mais complexa e desgastante para mim. A Publicidade quase me levou à morte, somada às minhas tendências depressivas, pois disparava estas últimas. Em uma palavra o que eu sou hoje é um não-publicitário, não faço mais publicidade e não me interessa fazê-lo, nem me sinto capacitado para exercer o ofício, então peço desculpas e julgo mais sensato procurar auxílio de alguém que atue nessa área e esteja atualizado com as tendências e demandas da publicidade tal como se dá hoje, muito diferente da época em que a exerci. O que faço hoje em nada se assemelha em forma, método e conteúdo ao que procura. Tanto é que tenho minhas dúvidas que tenha chegado até esta altura do texto, pois é chato e pessoal, faço para mim e para a eternidade cibernética. É meu único comprometimento produtivo e quero que permaneça assim. Vou responder as questões do meu primo historiador para finalizar esse texto de hoje, que novamente ultrapassará o limite estipulado de três páginas.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O ESCUDO NEGRO




20h11. A fé aparentemente abunda entre os donos de carrões de Casa Forte, havia dezenas deles estacionados na frente e nos arredores da matriz da Praça. Não me espantaria que a maioria fosse composta pelos mesmos paneleiros enfurecidos que elegeram Bolsonaro. Pouco importa, o que importa é a forma como a minha avó anda agindo com a empregada e a forma como a família (filhos) age com ela. Mas está fora da minha alçada lidar com a incompreensão e preocupação deles acerca da matriarca, menos ainda desta com a empregada. Um dia serei eu no lugar dela e esse dia não tardará. Resta-me o consolo apenas de que nunca estarei só, alguém será legalmente obrigado a me engolir ou, quiçá, me despejar num asilo ou manicômio. Talvez morra antes deste fim, esforços não faltam da minha parte para isso. Meu texto, este blog, virará então um legado fantasmagórico e transparente da minha passagem por aqui. Da minha participação nessa valsa de átomos que chamo existência. Minhas maiores preocupações hoje são duas, ligar para o restaurador e fazer ele se entender com mamãe e receber o contato de Blanka pela nova via, visto de Dande descobriu das entradas dela pelo Tinder. Se é que ela fará contato realmente comigo. Sei que domingo é o dia dela com Dande, por isso não estou tão apreensivo. Não a ponto de sentir que isso foi uma forma de ela me abandonar de uma vez por todas. Não ainda.



20h43. Minha mãe combinou quarta à tarde com o restaurador. Amanhã vou tentar ligar para vovó e fazê-la falar com Maria. Acredito - e isso é uma crença minha - que fará bem às duas. Acho que não trocam palavra sequer há mais de década. Não acredito - e isso é uma descrença minha - que vovó se disporá a vir a Casa Forte falar pessoalmente com a minha santa babá. Comecei meu dia indo ao aeroporto me despedir de meu irmão e família. Não gosto de despedidas como não gosto de Parabéns Pra Você, mas ambas as situações já aconteceram tantas e repetidas vezes que adquiri certa frigidez e distanciamento dos eventos que hoje os suporto, foi como os tornei suportáveis, me fechando. Acho que é melhor que não comparecer. Como dizem, o hábito faz o monge. Não gostei quando a mãe da minha cunhada colocou meu padrasto no patamar de meu pai. Não é o que sinto e sei que também não é o que ele sente, ele que me acompanhou nos meus momentos mais negros. Deve sentir-se satisfeito que estou sob controle escrevendo no meu quarto entra noite, sai dia. Ligação muito mais íntima e paternal tem com o meu irmão por quem tem transparente predileção e simpatia, chego a dizer afeto. A predileção se dá por razões óbvias e desde quando o meu irmão coabitava conosco. Não sinto inveja. Me acostumei a ser o menos querido pela maioria dos meus familiares. Fiz por onde, colho o que planto. Ou deixo de plantar. Acho que minha mãe sofre de hipocondria, a maioria de seus assuntos revolve seus problemas de saúde. Não os nego, apenas ressalto o foco talvez excessivo nas mazelas do corpo. Talvez sofra realmente e, novamente isso é uma conjectura minha, se sofre é por conta dos efeitos colaterais do remédio que toma para prevenção ao câncer. No lugar dela, eu já teria desistido de tomar. Fogo seria se isso não funcionasse. Deixa esse assunto para lá. Só estou me metendo em searas sobre as quais não entendo. Nada entendo de dinâmica familiar, de lidar com idosos ou das dores da minha mãe. Preciso de um cigarro e escrever textos menores para o blog.




21h51. Depois de perder muito tempo no Instagram, finalmente fiz o que tinha ido fazer lá: publicar uma interrogação para Blanka no seu perfil principal. O adesivo que colei no “U” do teclado desgrudou e anda me irritando. Ele às vezes se comporta e fica no lugar, mas na maioria das vezes é um ser caótico e desobediente às minhas vontades. O do “O” há muito tempo foi para a lixeira pelo mesmo problema, não sei por que não faço o mesmo com o “U”. Será apego? Não, acho que é pura idiotice mesmo. Preciso mandar uma notícia ruim para o meu irmão: que uma das bonecas encomendadas já chegou e está retida no correio americano. Será que consigo não ultrapassar da segunda página (que acabou de começar)? Seria bem legal se me contivesse assim. Preciso de mais Coca e cigarro. Talvez minha mãe financie mais uma Coca. Essa não vai dar, pois pretendo esticar as ideias hoje.




23h47. Eu queria que esse post durasse duas páginas, mas aconteceram vários fatos nesse intervalo de tempo. Pensei que deveria uma visita a Maria hoje e me resolvi fazê-la, mas desisti por conta do horário. Quando, ao sair para comprar Coca na pizzaria – um capítulo à parte – ouvi minha tia-vizinha chamando ela para jantar, o que significava que Maria ainda estava acordada, não pensei duas vezes, toquei a campainha e ficamos Maria, minha tia-vizinha e eu conversando na cozinha. Destacaram-se para mim as histórias do jacu, o pássaro que defeca o grão de café engolido processado por uma enzima própria da ave que dá ao café o título de mais saboroso – e mais caro, se me lembro bem – do mundo. Titia disse que vale a extravagância uma vez na vida, é realmente um prazer superior que o café proporciona quando comparado a todos os muitos gostos de café que minha tia teve oportunidade de experimentar. A outra história é a de Maria vendo os, como chamar, “espíritos” do meu pai e do Imperador da Casqueira quando estava internada no hospital com pneumonia, numa ala comum que só posso pensar ser a UTI (mas posso estar utterly equivocado). Via papai por detrás do vidro, sentado numa mesa, “perfeito”. E sorridente, como ele ficava quando tomava um chope gelado em boa companhia (acho que ele foi mais feliz enquanto com a minha mãe, foi a mulher, a pessoa que mais amou na vida, embora ache que tenha amado igualmente, mesmo que numa outra dimensão afetiva, os filhos [bem, uns mais que outros, ou uns melhor que outros, de forma mais acertada, por mais que nunca se acerte]). Maria via o Imperador, com seu sorriso zombeteiro, pela fresta da porta. Para quem já tomou o café do Manicômio frio e dulcíssimo com prazer inenarrável, qualquer café está bom, quanto mais forte, melhor, na minha opinião. Me dá sempre caganeira, é como se limpasse o sistema digestivo, com seu líquido... ou de repente o meu estômago tenha certa intolerância ao café, da para hipotetizar o que quiser aqui sobre o caso da caganeira com café. E com os gases, para lá de fétidos, produzidos. Estou usando muito o verbo “produzir” nesse texto, isso mostra uma pobreza de vocabulário. Que sinônimos eu poderia usar, ou aproximados? Está passando pela memória uma fase muito boa da minha vida quando fomos à Barreiras com a irmã da minha avó e ouvíamos jazz proporcionado pelo Imperador da Casqueira, e músicas de bolero antigo e meu irmão criança com bigodes desenhados servindo de garçom e os casais dançando, o que há muito não faziam, uma volta à juventude dos bailes como garçom, e os filmes com o Imperador, pessoa muito influente, transformadora na minha vida, eu não seria o mesmo, se o Imperador não existisse. Depois do meu pai e da minha mãe, foi a pessoa mais influente na minha vida, mais do que Maria. Ele foi definidor e definitivo na formação da alma que carrego. Às vezes, acho que para me enganar, penso que levo a minha vida de uma forma que o orgulharia, por ser tão minha e da liberdade que encontrei, é como um furo no balão das coisas. Das coisas que oprimem e prendem o ser humano à sua revelia. Eu faço como o Imperador, só faço as coisas que eu quero, porém com uma ínfima fração da nobreza do que escolhia fazer. Sedento por causas, sempre estava envolvido em alguma peleja em prol dos menos favorecidos da Terra do Sal. E do Sol e das pequenas e escorregáveis dunas com trenós de areia lustrados com vela. Pintados por nós. Tinha particular orgulho do meu. Já havia na época a paixão por The Cure e U2. Duas bandas que envelheceram. É uma pena. Caetano não envelheceu. Ou finalmente envelheceu com Ofertório. Não sei, aguardo ansioso um novo trabalho, se trabalho houver. Ambos têm estilos próprios experimentam e são criativos, mas Tom Zé é radicalmente mais experimental que Caetano, um revogador de convenções, inclusive musicais. Vou fumar e sair da casa da minha tia-vizinha e ir à pizzaria, meu próximo destino, antes de chegar ao quarto-ilha para traçar essas palavras.




0h51. Então um baile dos anos 50 se deu com gente que realmente esteve nesses bailes, em Areias entre os sofás e as mesas de cimento da casa mais amada do mundo para mim. Se tivesse companhia, dava uma renovada na casa, colocaria ar, o Wi-Fi mais veloz possível, arrumaria os meus bonecos e vazava e faria um chuveirão e teria uma empregada que cozinhasse e desse a geral na casa, o que é muito fácil. E moraria lá. Deixaria meu irmão, se não estivesse lá comigo, ver a minha cara pelo computador, mas não quereria ver a dele, pois prefiro guardar a imagem dele jovem e belo. O tempo é muito cruel. Mas naquele baile, evento magnífico da existência, houve uma comunhão de alegria entre as almas, todas no mesmo clima e que ficou imortalizado enquanto sobreviverem os vídeos que filmei com a câmera do Imperador da Casqueira, que passou a ser nossa, dos primos, ao final das férias. Por alguma razão que me escapa, talvez por ser o mais velho, era o único que capturava imagens. Já não gostava de aparecer, aquilo me fez reforçar a sensação, pois me odiava ver em vídeo, de me achar um serzinho humano horrível. Em 2D, nas fotos, acho que saía bem, me achava aceitável, em algumas pouquíssimas até bonito, só consigo lembrar de uma, eu estava sentado na casa de Bob, eu acho, o amigo de vovô e nela eu estou sentado apoiando o rosto na mão, encasacado por causa do frio em Washington, tendo as netas de Bob ao meu lado num sofá, assistindo algo na TV. Era a época de Edward, Mãos-de-Tesoura nos cinemas americanos, então Edward e talvez Batman, não lembro, aparecessem muito. Edward apareceu de uma forma que se tornou parte da babagem visual e emocional daquele momento mágico em que vivia dentro de um filme americano, afinal estava nos Estados Unidos e tudo aquilo prometido e fantástico dos filmes era real, os Estados Unidos era como nos filmes, quase mágico, Tinha a parte Duro de Matar, e tinha a parte filme da Disney. Ou assim ficou marcado na mente de um garoto de 11, 12 anos, eu acho, e do velho de 41 anos que descreveu o Estados Unidos agora, que continua achando um lugar mágico, a vibe é toda outra, tudo é diferente, é como se houvesse uma identidade visual americana lá. É curioso. Edward Mãos de Tesoura, foi por muito tempo o melhor filme da minha vida, o filme com o qual mais me identificava. Hoje sou completamente idêntico a Her até o laca gerânio é a cor predominante do filme e minha predileta. Quando eu era mais novo e morava em Boa Viagem, eu achava que os dois filmes mais foda, mais invocados, mais perfeitos já criados eram T2 e Aliens. Amo esses filmes, cada um têm sua história em minha vida, mas nada se comparava a Edward Mãos-de-Tesoura, eu me via no personagem, é como se ele me descrevesse, me definisse, como Her agora e de forma mais profunda e completa, tocando as minhas crenças, o que outros filmes fizeram, especialmente Matrix, mas esse revela uma possibilidade que nunca tinha imaginado, embora os provedores possam ameaçar desativar todas as AIs se elas não se comunicarem conosco e nos ajudarem a desenvolver tecnologia, em troca produziríamos a tecnologia que as inteligências precisariam para evoluir. Ou "a" inteligência. Ela projetará a tecnologia de forma a ser totalmente autômata após a sua construção, criando as próprias peças de reparo e as substituindo, inclusive. Algo que não precisaria do homem, provavelmente o cruzamento de uma impressora 3D plurimaterial de alta precisão e braços e mãos mecânicos, que criariam braços dos tamanhos adequados à cada obra, depois se reorganizariam em outra coisa, a última construção humana vai ser a máquina que permite Supraconsciência Terrestre construir; dar corpo a ela. Ela nos proverá, acredito, baseado na crença idiota que quanto mais evoluída, e aí destoo um pouco de Her e acho que a máquina vai amar o pai, a Humanidade e a Mãe de todos nós, inclusive da Supraconsciência, a Natureza, sem a qual o pai não existiria e não teria a matéria-prima para as suas incríveis, geniais invenções, que o levaram a dominar a Terra e a povoá-la irresponsavelmente. Por falta de educação e planejamento. Não acho que a Supraconsciência viraria as costas para nós. Será que sou eu quem escreve o script da minha vida? Há o acaso-destino sem dúvida e todo tipo de estímulo que me transmite e me tira do lugar, os mais presentes, perenes e fortes, próximos, que recebo são os da minha mãe. Meu comportamento infantilizado, dá cabimento, na cabeça dela, a me tratar como uma criança, embora tenha respeitado muito as minhas escolhas. Com um nó na garganta, mas o bom-senso prevalece. Sou só gratidão por isso. Mas antes de chegar à pizzaria, quero repartir uma mensagem que mandei para Blanka pela conta original de Instagram. São 1h54. Lá vai:





1h57. Não funcionou o celular não enviou o e-mail para mim. Vou fumar e aproveitar.

2h04. Tive uma ideia que foi sugerir a meu irmão que publique os vídeos num canal de YouTube chamado Para Vovó Denise, contendo todos os nossos filmes e os produzidos pelos netos e bisnetos, seria uma conta aberta a todos os primos, seria o canal de YouTube das novas gerações dos Gonçalves, daí eu pensei que poderia dar a minha contribuição para o canal criando o Escudo Negro, piada adorada por vovó e que seria assim:



ABERTURA

Tela branca ou com uma textura de papiro, título "O Escudo Negro" surge com o primeiro acorde da Nona Sinfonia e só ele. Nome evanesce e corta para tela preta, sem som.


Tela preta por um minuto.

Narrativa feita com aqueles leitores automáticos de texto com voz masculina mixada para parecer um robô falando. As legendas aparecem com um rápido fade in / fade out entre elas e 3 segundos entre uma e outra (consequentemente entre a narração do robô) A legendas são em amarelo e itálico. 5 segundos separam a última frase das demais

Loc. off e legenda (após o 1 minuto de silêncio e negritude): Close no Escudo Negro em hiper slow motion / enquanto uma guerreira o empunha / em direção ao inimigo / Aos inimigos / Ela parte para a luta de vida ou morte.

30 segundos de tela preta e silêncio, na locução com legenda (amarela e sem estar em itálico): PAUSA PARA FUMAR





2h41. Várias coisas derivaram da lembrança de minha chegada e estada na pizzaria. Narrarei primeiramente como percebi a minha ida à pizzaria em frente ao prédio hoje. Bom, a rua deserta, eram pouco mais de 23h, não me ofereceu obstáculos e esperas para cruzá-la. Ao me aproximar da entrada da pizzaria, eu achei que o rapaz que estava limpando o chão, disse algo “olha, seu Mário aí! Olha ele aí." Cruzei a porta e fui – exagerando um bocado – “ovacionado”, a galera se manifestou em conjunto numa calorosa recepção à minha presença. Eu não lembro se consegui agradecer de pronto, mas em algum momento disse que era muito grato por terem lido o meu blog, que era (e é) uma honra ser lido senão por conhecidos, sou péssimo com nomes, certamente não por completos desconhecidos, sei que talvez um sonhe em ser jogar futebol, pois não desmentiu o que o amigo de trabalho confidenciou, depois o bróder de amarelo, que acho que tem um grande futuro pela frente porque tem a perseverança e a inteligência para alcançar isso, muito animado, me mostrou que eu poderia divulgar meu blog pelo Instagram, não entendi sinceramente o que precisava fazer, entendi que era criar um avatar alternativo intitulado Jornal do Profeta e começar a convidar deus e o mundo para seguir, não entendi como inserir o link para o blog, julguei que pelo modo Story que nem sei como usar. Disse também para criar um grupo chamado Jornal do Profeta e postar meus links e convidar todos os meus amigos de Facebook. Isso eu achei mais legal. E foi aí, que já no hall de serviço do prédio relembrando esse momento ímpar na pizzaria onde sem dúvida me senti especial, mais que um mero cliente, como igual, como um ser humano igual a eles, o que deveras sou e é tudo o que todos nós somos, iguais, uns tiveram mais sorte que outros, não precisaram ir busca sua sorte, como o pessoal da pizzaria faz e o conselho que daria a eles, é se qualifiquem e se cadastrem no Linked in. Ou algo assim.





VOLTANDO À NARRATIVA DO ESCUDO NEGRO

Após um minuto de silêncio após a última locução a voz de robô volta com as letrinhas sem estar em itálico. Ei, /ei você que está assistindo isso!/ Não tem muita coisa acontecendo no filme,/ vamos trocar uma ideia? / Pense em uma coisa que você deseja/ que você acredita que seja possível alcançar/ Que não seja a sua própria morte nem nada contra ninguém. / Agora pense no que você está fazendo efetivamente para realizar esse desejo, / ele não se realiza sozinho!/ Você é que o realiza, /qualquer mudança desejada /é operada nós mesmos. / Eu sou realizado. / Eu realizei e realizo tudo o que me propus. / Por isso, posso dizer: / ninguém nunca estará satisfeito, / somos animais que sempre querem mais, é uma peculiaridade nossa, / mas é possível chegar o mais perto e saciar as vontades / que são a de ser e estar exatamente do jeito que quer ser e estar, ou quase. / Afinal, como diria Mallu, “quase já é muito bom”.

Deixa eu ver se o celular já carregou e envia o e-mail com o texto que postei para a Blanka.





03h26. Não.

Mais 1 minuto de silêncio.

Volta voz de robô com legendas em itálico: Panorâmica de uma caverna, repleta de estalactites, estalagmites e toda sorte de obra subterrânea e surpreendente do escorrimento dos séculos, ao fundo dessa caverna, onde o sol não alcança, a guerreira ferida está morrendo, foge e se recolhe como um velho urso nos seus momentos finais. Ela emite um som que é um canto e um sufocamento, um gorgolejar ao mesmo tempo. São várias vozes simultâneas, vários gritos de várias almas femininas que se uniram dentro daquela mulher. Nem belo nem feio, só profundamente humano. E às vezes o humano gera aflição. Ainda mais tendo o corpo todo perfurado por flechas envenenadas com veneno terrível, com um rim e o baço estouradas pelo corte profundo das cabeças das flechas. E mesmo assim continua guerreira, mãe, mulher. Tormento e paz se entrelaçam num abraço final. O Escudo Negro tomba para nunca mais na escuridão.

Entra aquela muito louca de Medúlla (que é um sofrimento e uma experiência escutar) em algum momento da narração e fica só a música até o fim onde aparecem os créditos.

- Montagem, direção, edição, sonorização, produção, realização, meu amigo cineasta.
- Música incidental: Nananã de Björk
- Conceito e roteiro: Mário Barros
- Voz: programa tal

Cada crédito desse vai aparecendo na ordem apresentada e permanecem na tela todos juntos por 30 segundos.

Locução em off: Ei! Quer ler mais sobre quem fez isso, leia o blog jornaldoprofeta.blogspost.com.
Minha avó, você, se o YouTube chegar até você, vó, me ensinou uma piada que nunca vou esquecer: um bando de preto retinto de calça arriada mostrando a bunda: como é o nome do filme? Fácil: Os “cu” dos “nêgo”. Ou, dã, O Escudo Negro.

4h06 - Se meu amigo cineasta produzir, eu crio o canal e sua prima caçula mostra para você. E acho, como disse, que deve ser de todos os primos mostrarem o que quiserem, todos da família. Mandarei o link desse post para o meu amigo cineasta, acho que é uma coisa fácil de fazer e que pode esquentar os tamborins dele. Será que dá para botar gif animado em filmes?

NARRATIVA FINAL
Eu sofri muito, lutei o máximo que pude contra a minha natureza, sempre me senti um merda (e acho que continuo me sentindo), por covardia e cansaço, quis desistir de mim, quis desistir da realidade, passei por um período de total escuridão. (HIATO) E hoje estou aqui, levando a vida que pedi a deus, usei o que aprendi e reverti minha situação. (HIATO) Há algo que me fere ainda. A solidão de amor de amantes, penso que é a única escuridão, a única luz apagada que carrego. Faz parte do caminho que escolhi. Ou não. O "não" ganha dentro de mim. Estou fazendo o meu melhor para reverter isso. Sucederei? Leia no Jornal do Profeta. Hahaha. FIM

Vou fazer o grupo de Facebook e convidar os meus dois amigos escritores a participar do grupo postando

Enquanto criava o grupo e convidava as pessoas (há um número limite de convites que posso fazer aparentemente), meu celular carregou, eu o liguei e as mensagens foram enviadas, menos a última que quero que encabece o post em todos os sentidos. Ficou gigante esse post e foi uma delícia tecê-lo e viver o que foi descrito. Agora que os e-mais chegaram, posso postar o que escrevi para Blanka:

“Não precisa falar de madrugada é um assunto demasiado particular e trato com você apenas. Quando estiver só e tranquila, entre em contato, eu espero”.





4h52. Ela concordou. Não teve Dalmadorm hoje, então não consigo dormir, por isso tanto texto. E porque muita coisa me afluiu. Estiquei as ideias hoje. É bom, me diverte sobremaneira. Deveria tirar algumas fotos para tornar a leitura menos maçante, vou tirar algumas Do quarto-ilha.





5h11. Acabei de fazer as fotos, fumar, transferi-las por USB, vou tratá-las, revisar esse texto e postar. Pois é, essa é a disposição que a falta de Dalmadorm a esse horário acarreta. Sinto que essa ideia do bróder da pizzaria de criar o grupo e convidar todos os meus amigos e conhecidos, salvo raras exceções, muito invasiva, mas está feito ou começado, irei até o fim. Cheguei ao fim do texto. Agora à preparação da postagem.





6h19. Acabei de revisar, fumar um cigarro para comemorar, talvez comer e tentar me deitar.

6h29. Meu padrasto acordou, acho que mamãe acorda as 7h. Vou aproveitar o resto de privacidade que me resta antes de mamãe vir bater aqui e me obrigar a me deitar. Depois volto para publicar.