sexta-feira, 30 de novembro de 2018

ALAGOANA


A alagoana voltou a dar sinal de vida e ao que tudo indica está disposta a passar uma semana comigo em Maceió. Blanka, por outro lado, parou de me responder, talvez esteja impossibilitada devido ao acidente com a mãe, que caiu e parece que vai ter que sofrer uma cirurgia. Bem na semana da festa de 15 anos que iríamos. Confesso estar meio desanimado a respeito dela, às vezes penso que inventou tudo isso para não ir e que vai ficar sem falar comigo até depois da festa. Veremos. Acabei de descobrir que a minha calça social não cabe mais em mim.

17h05. Reservei um flat em Ponta Verde que acho que está de ótimo tamanho e preço, posso cancelar até dia 14 de fevereiro se a alagoana der para trás. É a forma mais econômica e privativa de realizar essa aventura e todos dizem que a localização é ótima. Mandei fotos para ver se animam a alagoana a topar essa empreitada que para mim é primordialmente sexual. Claro que vou querer ir a um ou dois bons restaurantes, tomar uma cerveja na praia, tomar um banho de mar, mas o principal é desfrutar da delícia que é a alagoana. Dormir com uma garota, há quanto tempo não desfruto disso? Dez anos, quase onze. Queria muito, muito, muito que tudo acontecesse como estou planejando e desejando.

18h48. Voltei da cabeleireira, onde fui fazer a barba para o evento de sábado e Blanka me explicou toda a situação, a mãe vai fazer uma pequena cirurgia amanhã para pôr um osso no lugar, mas não disse se iria à festa ou não.

19h24. Estava desabafando com a minha amiga enfermeira sobre a minha enrolada situação. Nossa que confusão. E acho que acabarei de mãos vazias como comecei. Pelo menos tenho o alento das minhas bonecas. Espero que meu irmão tenha combinado com algum vizinho para pegar as correspondências, não quero que chegue coisas da MoAF e fiquem um mês pegando neve. Poderia causar sérios danos aos bonecos. Vou até me comunicar com ele a respeito disso.

21h24. Falei com minha amiga enfermeira e com Blanka até agora. É praticamente impossível que vá à festa, não há quem a renda no hospital. Mas, não sei por quê, guardo um pouco de esperança ainda; minha esperança é assim: quase imortal. Dei umas duras nela, pus algumas coisas em pratos limpos. Gostaria que mamãe não objetasse que ela viesse ao aniversário do meu irmão aqui no prédio.

22h09. Repassei a mamãe o que o havia dito a Blanka e respeito dela, acho que ela reagiu como se achasse que eu queria queimar o filme dela com a futura nora. Quando mencionei a festa de Paulo, que Blanka poderia e estava disponível disposta a ir, mas que isso violava a regra de ela não passar da portaria do prédio como estipulado por mamãe, ela começou dizendo que não tinha nada a ver com ela, era um espaço público, depois fechou reafirmando a sua regra, então fiquei sem entender se podia ou se não podia. Agora, na minha cabeça, trazer Blanka para a festa me parece um desafio social, quero crer que mais fácil depois da festa de Natal dos Barros, outro desafio social. Queria que meu irmão dissesse, “olá, Blanka, bem vinda à família, nesse caso, a dos Barros” e minha cunhada completaria, “Barbosa de Barros” pois o seu núcleo familiar estaria presente. O celular piscou e uma mulher no aplicativo está se oferecendo de esposa para ascender financeiramente, viver em melhores condições e mais confortáveis que a atual. Talvez até pudesse virar profissional do lar, dona de casa. Essa parte da dona de casa é muito atraente para estrangeiros, ter tudo limpo, cozinhado, a casa sempre em ordem, tudo comprado, menos as compras dele na Amazon; às dela já haveria feito. Dois consumistas como toda a humanidade, essa necessidade de ter mais que todos os homens têm. E que hoje evolui para ter o melhor possível, a melhor tecnologia. A Apple é em teoria a marca mais desejada, seus produtos são mais valiosos para quem os possui, pois, seguindo ouvi, é a marca mais valiosa do mundo. Vou comer, e tomar Coca e fumar.

23h46. Vesti o pijama, tão mais confortável

0h00. Mandei para a alagoana:

“Espero que nosso segredo, nossa pequena aventura particular por Maceió, cresça em você. Experimentar o novo, embora gere receio, eu também sinto, pode ser muito bom. Uma memória boa para guardar é o que sei que vai gerar, uma boa lembrança de um bom e curto momento que a vida deu”.

0h15. Meu intento com o texto acima? Que ela entendesse que é um segredo, ninguém além de nós (e minha mãe) vai ficar sabendo; que a compreendo e que vai ser uma coisa curta e boa. Não quero deixar espaço para culpa e medo. Nenhum receio. Vou fumar um cigarro e acho que vou me retirar.

0h31. Estou sem internet. Mais um motivo para dormir. Não vejo o meu pau como algo sexualmente desejável ou excitante, isso me consome. Vou fumar o meu último cigarro e ir dormir.

-x-x-x-x-

7h12. Madruguei hoje, fui fazer xixi, emendei com um cigarro com Coca e acabei despertando. Mamãe estava suspeitando que eu havia cheirado cola, ainda bem que me perguntou e desfez suas suspeitas, eu espero. Nem sabia que havia cola aqui e, mesmo se soubesse, não mexeria. Não quero mais me meter com cola. Eu estou focado nas garotas e na minha coleção. A minha última peça já foi enviada para o Brasil, encontrará forte rejeição de todos, o que me diverte, pois não quero agradar ninguém além de mim mesmo com a coleção. Minto. Quero que meu quarto seja um local curioso que desperte a vontade dos visitantes de conhecê-lo, se depararão com essa peça que foge completamente aos padrões, mas verão tantas mais encantadoras ou cool que o conjunto parecerá interessante, quiçá meio mágico, como um museu, um pequeno museu de pequenas maravilhas. Queria que todas ficassem ao alcance dos meus olhos em especial as garotas. Mas todas de 1/4, se possível. Todas, inclusive as de anime se possível, mas aí acho improvável. Espero que a arquiteta opere milagres. Estou com a cabeça muito mergulhada no maravilhoso mundo dos bonecos porque não há novidades no campo das garotas, acho que a alagoana não vai topar, mas vamos ver o que a vida traz. A semente foi plantada. Espero que daqui para lá mamãe já tenha aceitado mais Blanka e que libere o cartão para a viagem. E o preço do flat. Para ficar num lugar desconfortável e sem privacidade, melhor nem ir. A outra pousada que me encantei ficava isolada da cidade num lugar massa, era linda, mas teria que consumir tudo da própria pousada, o que acabaria saindo muitíssimo mais caro. O flat é perfeito. A maioria dos casais recomendou e a localização recebeu nota 9,4, o que é um grande ponto positivo para mim que quero fazer um pouco de turismo sem andar muito. Da varanda, não sei se a do apartamento que peguei, consegue-se ver o mar no final da rua. Poderei fumar na varanda, o que é outro plus, embora a pousada oferecesse varanda também, mas não a mesma privacidade. Bom, tenho até 14 de fevereiro para desmarcar sem custos, mesmo prazo que a alagoana tem para decidir se me acompanha ou não nessa aventura.

8h04. Voltei pensando nos comandos que mamãe me deu. Ela se tornou mais agressiva, impaciente, com a troca de remédios, mas se se sente bem, desde que não me agrida, ótimo. Pelo menos parece mais disposta e isso já é muito bom.

8h36. Fui levar umas coisas para a minha mãe ao carro e quando volto sou recebido por notícias de Blanka, sempre uma alegria. Queria muito que ela fosse para os 15 anos. A esperança resiste, mas é inútil. Mamãe já jogou agouro dizendo que as bonecas não vão caber todas no quarto. Se for o caso, tiro até a TV, mas não queria, por mais que não a use para muita coisa, nesses últimos dias, além de um pouco de Inside, para coisa nenhuma. Nem tenho vontade de usar. Mas para o caso Blanka ou qualquer outra que venha passar a noite aqui, a TV é essencial, com seus seriados e quiçá, a depender da pessoa, games.

8h46. A caveira já está no correio australiano. Nossa, minha mãe vai odiar. Disse a ela que completei a minha coleção. Mamãe não acreditou porque eu já disse isso várias vezes, segundo ela. Essa é a vez que sinto como a mais definitiva. Eita, entrou um Audioslave agora que eu estava precisando ouvir para instigar. Nail in my head from my creator, You gave me life now show me how to live”. Eu curto esse som. E penso na minha coleção e no agouro de mamãe. O desafio será lançado em fevereiro para a arquiteta. Há realmente uma pletora de bonecos, cerca de 15 anos colecionando, não é para menos. Queria continuar, mas estou satisfeito com o que tenho. Sério. Talvez venham a lançar algo que me encante, mas acho difícil. As duas peças que mais amo? O Hulk e a Harley Quinn, ambas da Sideshow. Dificilmente serão barradas, se a pintura da Harley Quinn realmente ficar tão boa quanto a do protótipo. Tenho muito medo disso. A pintura da Rebel Terminator, já revelada, me desapontou um pouco. Mas chega de falar de bonecos, né? Não há novidades no campo das garotas. Mandei mensagem para a Gatinha, talvez possa ir à festa comigo. Não queria. Queria Blanka. Ou ninguém. A Gatinha só seria legal para encontrar vovó. Tomara que ela tenha compromisso amanhã e não possa ir. A Gatinha visualizou as mensagens agora e nada respondeu. Acho que vou fumar um cigarro para a vida passar mais depressa.

9h28. Marteladas me rodeiam e eu com o som no talo, estou bem no meu mundinho, só um tanto ansioso. E sem saco para escrever. Vou dar uma passeada pelo fantástico mundo dos bonecos.

10h14. Vou fumar, acordei muito cedo, então o dia parece muito mais longo.

10h35. Última xícara de café fria. Minha tia, mãe da aniversariante, está inconformada porque não vai conhecer Blanka, como comuniquei no grupo. Repassei a mensagem para Blanka, vamos ver no que é que dá.

11h05. Até agora nenhuma mensagem do meu enroladíssimo rolo.

15h05. Em teoria, a operação da mãe de Blanka deve estar se dando agora. Ou sendo encaminhada. Acredito que não deva estar sozinha no hospital e que por isso não pode se comunicar comigo. Dormi cerca de duas horas. Acordei meio deprê, mas não há razão para isso. A vida continua bem, eu continuo bem. O que tiver que ser será e não há como escapar disso. Logo que acordei mergulhei no maravilhoso mundo dos bonecos que era o que estava aberto aqui no computador. E acabou-se a terceira página. Revisar e postar.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

COMPLETEI A MINHA COLEÇÃO!


1h41. Comprei a última peça da minha coleção. Agora posso me dar por satisfeito. Agora estou satisfeito. Era exatamente o que queria, acabar com algo totalmente diferente, criativo, impactante, fechei com chave de ouro. Será a peça mais odiada da coleção, a que assustará as crianças, mas que diz muito sobre mim. Essa sensação de completude que veio com essa peça é diferente de tudo o que experimentei no colecionismo. Eu sinto que agora não há mais nada, tenho todos os que quero. Não preciso de outra peça, esse é o fechamento que sonhava. Vou pegar mais um copo de Coca e dormir depois de fumar. Tranquilo, tranquilo. Saciado. E o melhor é uma peça que não ocupa muito espaço e que acho que vai ficar bem do lado do Hulk. O Superman, mudou de status para pre-order – paid, agora é rezar para o truque da MoAF funcionar.

-x-x-x-x-

15h08. Estou sem internet. No computador, ao menos, que é o mais importante. A sensação de completude de ontem me acompanha hoje. Mandei um oi para Blanka. Ela pode me responder pelo celular. Se quiser. É esquisito perceber que a cabeça não funciona mais como antigamente, que já começa a ter falhas cognitivas e de memória. Estava relativamente preparado para o apodrecimento do corpo, o do espírito me pegou de surpresa. Mas a vida também é aprender a lidar com limitações, seja elas interiores ou impostas de fora. Ainda estou na casa da minha tia-mãe, o cara da Norcola não apareceu lá em casa como era o esperado. Não sei se ficarei mais um dia aqui ou não. Não me faria mal algum ficar, só gostaria de ter internet.

15h33. Liguei para mamãe agora e ela disse para eu voltar de Uber para casa, mas não o farei agora, por mais que precise de internet, afinal estou tentando resolver o problema do eBay, quero me deixar aqui um pouco na casa da minha tia, me faz bem.

15h42. A dependência da internet está me fazendo repensar a duração da minha estadia aqui. Hoje não tem nada que eu queira conversar com Blanka, mandei um oi, só para marcar presença. O dia da nossa grande provação se aproxima. Mas não quero pensar nisso agora, me deixa ansioso. O que me relaxa? Coca-Cola com cigarro. Vou em busca disso, então.

16h09. Mamãe disse que pode vir me buscar, massa. É bom que vê a netinha da minha tia.

16h21. Mandei um bando de mensagens para Blanka. Acho que hoje ela não está para mim. Disse que estava sentindo cólicas alguns dias atrás, deve estar de TPM. Ou sem vontade de conversar com o babaca aqui. Vou pegar mais Coca e fumar. É tão bom poder fumar no quarto escrevendo. É uma liberdade tão boba e tão boa ao mesmo tempo.

16h45. Conversei um pouco com a minha prima sobre os prazeres e dores da vida, sobre as cruzes que cada um de nós tem que carregar, como ela muito bem pôs. Sinto que, por minha vida ser agradável e razoavelmente despreocupada (fujo de preocupações em verdade) que a minha cruz é leve ou que estou acostumado ao seu peso. Minha mãe não me deixou doar para o Freedom United, entidade que luta contra a escravidão moderna. Hoje, as doações teriam o seu valor dobrado. É uma pena, mas entendo. A conta do cartão vai vir pesada nos próximos meses, por causa da Rebel Terminator. O que me lembra que acabei a minha coleção e que isso me traz um prazer novo e delicioso para mim. É como um grande alívio. Meu único receio são os truques que apliquei na MoAF não funcionarem e eles quererem me cobrar a diferença. Bom o tempo é senhor de todas as coisas, digo e repito, e tudo um dia será passado. Um dia terei minha coleção toda no meu quarto-ilha. De onde, se deus me permitir só sairei para o caixão. Seria impossível transportar os bonecos para o exterior, caso fosse viver sob a tutela do meu irmão quando minha mãe se for. Me peguei com saudades dela, nosso vínculo é muito forte. Aprendi a amá-la e a perdoá-la por ter aberto um pouco mão da maternidade para perseguir a sua carreira. Entendo a escolha e sempre entendi, restava-me aceitá-la, hoje aceito e sei que cada um busca a felicidade à sua maneira, que a vida é uma só e não vale desperdiçá-la fazendo o que não é da nossa vontade. Eu faço isso e todo mundo faz isso. E é a única forma válida de viver. A vida é a eterna busca da satisfação do ego. Todos nós somos egocêntricos e egoístas, como já disse em outros posts, até a caridade é um gesto egoísta pois visa suprir uma necessidade do ego de se sentir bem ou aliviado da culpa de ter mais que o ajudado. É tudo para o ego. A única coisa que poderia ser uma exceção à essa regra seria a maternidade, acho que existe na maternidade qualquer coisa de superior ao ego, uma força da natureza maior, uma coisa ancestral e animal que transcende as neuroses e complexidades humanas, que transcende o ego. Nunca saberei. Nasci homem. Não sei se a paternidade é tão vinculante quanto a maternidade é para a mulher. Por falar em mulher, a minha garota não se comunicou hoje comigo. Não devo a cobrar por isso, nem tampouco sentir falta do seu contato e atenção. Mas sinto mesmo sem dever. Nisso estou equivocado. É de se supor que quando entrar de férias as comunicações se tornarão ainda mais esparsas, visto que ela estará ocupada na tentativa de ser feliz e acho que isso não me inclui. Certamente não me inclui ainda. Vou tomar um café e fumar um cigarro com a minha família.

17h20. A família se dissipou, minha prima foi cuidar da pequena no quarto e minha tia-mãe foi à padaria. Volto eu às palavras. Vou ver se a internet deu algum sinal de vida, mas não estou muito esperançoso.

17h22. Minha desesperança se confirmou. Nada de internet. Mas também a moça do eBay não deu mais sinal de vida. Vou pegar mais café.

17h29. A contagem regressiva para a festa de 15 anos da minha prima, para a estreia de Blanka no meu universo familiar, decai rapidamente. Não sei o significado de Blanka na minha vida ainda, acho que não está definido nem para mim nem para ela. Agora é a etapa da construção sobre os alicerces em que concordamos nos basear. Queria muito amar e ser amado de novo e de ela ser a pessoa a possuir e me dar afeto, mas vejo isso como algo vago e improvável. Espero que não resolva sumir antes da festa, seria uma frustração inesperada e dolorosa para mim. Novamente, entrego às mãos do tempo, ele sanará o que tiver que ser sanado e dará oportunidade de construir o que pode ser construído. A vida é breve, não durará muito, a única expectativa que tenho é ver o meu quarto-ilha completo e povoado pela minha coleção de personagens. Do resto guardo expectativas, mas nada tão sólido como esse sonho. Em relação a Blanka, para alcançar seu coração é preciso primeiro ultrapassar uma espessa couraça da qual se armou para tratar de tipos como eu. Não é uma tarefa fácil, mas não acho impossível tampouco. Não sei se sou capaz, mas sou capaz de tentar. Basta que me dê oportunidade para isso. Espero que me dê. Acho que escrevo tudo isso porque estou na expectativa de um contato dela. Que acredito que não virá hoje. Tenho dificuldade em me conformar, mas tenho que entender que não faço parte das prioridades de sua vida e que sou um segredo, um ser estranho ao seu universo, um inusitado penetra.

17h47. Minha mãe mandou mensagem dizendo que está saindo, ou seja, vindo me buscar. Não resisti e mandei outra mensagem para Blanka demandando sua atenção. Bobo e não me importo com a minha bobagem. Vou desligar e desmontar as coisas aqui. Continuo do meu quarto-ilha.

20h23. Estou de volta ao quarto-ilha, com internet. A garota de Alagoas voltou a se comunicar comigo. Confesso que ela me deixa excitado, tenho um tesão danado nela e, apesar de Blanka, que talvez não vá poder ir à festa de 15 anos porque sua mãe caiu e está internada com dor nas costas, eu vou tentar convencer a garota de Alagoas a ter uma semana de curtição comigo. Mesmo se estiver com Blanka, afinal a proposta é de um relacionamento aberto. Nossa, não sei porque a de Alagoas me desperta tanta sede de sexo. Tomara que tope. Tenho que convencer a minha mãe também.

21h37. As histórias são tão mais complicadas do que parecem...

21h56. Nenhuma das duas está online, eu mandei o CEP errado para o fabricante da minha última peça. Depois mandei errado de novo e, finalmente, mandei certo e pedi que ele me respondesse o mais rápido possível e nada também. Preciso conversar com a garota de Alagoas para tomar uma decisão o mais rápido possível. Seria muito bom vender algo do eBay por sinal. Mas não sei o que fazer para isso acontecer. O tempo anda contra mim. E acho que estou querendo coisas demais. Mas, juro, só de pensar na de Alagoas fico sexualmente excitado. Seria uma delícia e uma aventura passar uma semana numa pousada legal em Alagoas, fazendo muito sexo. Por Blanka eu me sinto atraído também, mas ela é algo mais romântico. A de Alagoas é algo mais selvagem, mais animal, eu não sei explicar por que ela me excita tanto, mas é fato e não posso me enganar a esse respeito. Valeria muito a aventura se ela topasse mesmo.

22h22. Vou me masturbar para botar a libido um pouco de lado e raciocinar melhor. O cara do CEP respondeu e disse que vai colocar o certo. Graças.

22h42. Nossa, estava precisando, mas não me fez mudar muito a minha opinião de que quero as duas coisas. Coloquei certas engrenagens para girar, mas há uma teia de interconexões que precisam se desenrolar o mais rápido possível. Inclui especialmente uma comunicação com a garota de Alagoas e a depender da resposta, se tivesse coragem de ouvir o que não quero, uma pergunta a Blanka. É tudo muito emaranhado. Mas são coisas que prefiro guardar para mim. Não há atividade na internet, elas dificilmente se comunicarão comigo a essa hora (23h02) e nem as demais respostas virão. Acho que esse post já deu o que tinha que dar. Preciso do Vate, onde posso falar tudo o que vai na minha cabeça. Abaixo a peça que fecha a minha coleção, ela diz muito de mim, que penso com as emoções e impulsos do espírito.


  

P.S.: falei com o meu amigo da Gantaku a respeito do cancelamento do Azure Dragon, que só conseguiria se vendesse os três itens restantes que tenho no eBay, o que é muito difícil. Ele não reclamou e me mandou uma resposta muito tranquila, tipo tudo a seu tempo. Os orientais realmente veem a vida sobre uma ótica diferente. Me agrada.

terça-feira, 27 de novembro de 2018

BLANKA, DÚVIDAS E DÍVIDAS


14h04. Blanka (pois é, de novo ela) me agrada porque, embora seja uma relação incomum que para os dela não pode ser revelada, é uma relação real, bem se tornará real à medida em que houver afeto. Não sei se seremos capazes de construir isso, não estou otimista nem pessimista, vou ver no que vai dar. Acabei de publicar o outro post e o mesmo limitado universo de assuntos toma a minha mente. O café me deixa mais esperto e um tanto mais agoniado, ansioso. Vou fumar. E pegar mais café.

14h19. É uma construção estranha esse meu relacionamento com Blanka, mas as construções de Gaudí eram estranhas e nem por isso eram menos belas e apreciáveis. Muitos, senão todos, estranharão a diferença de idade e deduzirão que ela não passa de uma oportunista, o que até o momento não é lá grande desvio da realidade. Cabe a mim, com a ajuda dela, que deve estar aberta para me acolher, mudar isso. Cabe em verdade ao tempo prová-los errados. Só o tempo pode operar tal transformação. Só o tempo pode solidificar essa relação ou destruí-la e me jogar no mais do mesmo que vivo. Não sei o que se dará, eu escolhi confiar nas pessoas, é da minha índole, embora o faça hoje com a grain of salt que a experiência acrescentou à receita de quem eu sou. Por causa disso, mantenho os pés no chão, sonho menos, crio menos expectativas. É esperar para ver. Me darei na medida que minha alma permitir. Espero o mesmo dela. Fato é que eu não sei como ela enxerga essa relação. Não sei quais as expectativas dela. Talvez queira respeitosamente me deixar o mais rápido possível e, nessa janela de tempo, eu tenho a missão de me mostrar alguém válido e querido em sua vida: conquistá-la, em uma palavra. Não sei se conseguirei e não estou me importando com isso agora. Não estou me importando com muita coisa no momento. Me importa café e cigarros. Vou saciar esses desejos.

14h48. Cada vez sei menos das coisas, da vida, das pessoas, dos carros, das pressas que os guiam, cada vez sei menos porque escolhi não saber, resolvi saber de mim e nisso também não sou muito bem-sucedido. Agora eu, rosa fechada que evita desabrochar, terei que me abrir para receber uma nova pessoa em minha vida, o despreparo é completo, farei o que me vier, não há nada de diferente que possa fazer. Acumulei muita poeira nesses dez anos de solidão, enferrujei e envelheci, não sei se saberei lidar com alma tão jovem, alma feminina. Uma desconhecida praticamente. Como o sou para ela. Embora da pior parte de mim já saiba. Sabe muito de mim, aliás. Espero que não me descarte após o dia 22 de dezembro. Há essa possibilidade. Estou escrevendo a esmo, nem sei direito o que digo, penso no que não posso dizer e não quero tornar esse um post do Vate. Cada pausa desperta em mim a vontade de fumar um cigarro. Me conterei dessa vez. Ou não, afinal a vida é uma só e deve ser vivida da forma mais agradável possível. Ninguém entende a minha forma mais agradável de viver e não preciso do entendimento deles. Já precisei, já dei importância indevida à opinião alheia. Não mais. Basta o que sou se me basta o que sou. Os outros não têm nada a ver com isso. Nem meu falecido pai, que volta e meia me assombra, tem nada a ver com isso.  O que diria a ele? “Vê, pai: escrevo. Como disse que queria e faria e como você me alertou, sem receber nada em troca, nenhum reconhecimento, seja o aplauso do público ou da crítica ou o dindim no bolso. Mas vê, pai: escrevo e isso me faz pleno, me faz ser e gostar e de ser. Se não te trago orgulho, se é vergonha o que tem do que me tornei, guarda para ti, pois não a quero, nem preciso desse peso”. Agora é um bom momento para fumar. E ligar o ar.

15h18. Deveria perguntar se tem Vila Edna hoje, mas não encontro disposição para nada a não ser para me deixar aqui, no meu quarto-ilha que agora que liguei o ar está com um clima bem mais agradável e se torna ainda mais aprazível de ocupar. Não há nada que queira a não ser colocar a culpa no café por esse estado. Gostaria que Blanka se comunicasse.

Minha irmã e eu no WhatsApp:

[05:36, 11/25/2018] Irmã: também te amo, irmão querido! Depois quero saber do teu rolo 😃
[15:30, 11/25/2018] Mário Barros: Chama-se Blanka e só nos vimos pessoalmente uma vez, o resto foi papo pela internet. A segunda vez vai ser no aniversário de Bia, sábado que vem. Ela tem 19 anos e a conheci no Tinder, aplicativo de paquera. Ainda estamos no processo de ver se há ou não química entre a gente. Ela vai pegar dois desafios pesados logo de cara, enfrentar os Gonçalves e depois os Barros, pois vai à festa de Natal no dia 22. Tento não criar expectativas, deixar rolar, estar aberto e me fazer afetivamente disponível. Se houver retribuição, tanto melhor, significa que podemos, sim, construir uma relação. Ela é uma pessoa bem legal. Vamos ver no que vai dar.

15h45. O dia passa voando, que voe. Quero falar com Blanka. Ainda me sinto desconfortável a respeito do Superman e o café já está ofendendo o meu estômago. Que dia morgado. Eita, hoje é domingo! Amanhã tem Ju. Amanhã é segunda. Acho que hoje estou excessivamente desmotivado. E preciso comprar Coca. Ter só um copo, copo e meio de Coca me deixa com um alerta no fundo da cabeça que me chateia.

16h04. Fui fumar um cigarro com Coca e não tive coragem de interromper o almoço do casal para pedir dinheiro para comprar Coca. O alerta permanece, espero que minha mãe venha falar comigo antes de se deitar que acho que seja o movimento óbvio que fará. Estou quase mandando cancelar o Superman, só não entendo por quê. Não farei isso. É cutucar onça com vara curta. E não vou conseguir o full refund que imagino. Deixa estar. Eu quero ter um Superman, é um personagem que faz parte da minha vida, um dos grandes e mais famosos personagens de todos os tempos. Certamente um que chamará atenção dos visitantes, pois todos o conhecem, gosto de pensar no meu quarto-ilha como um pequeno museu a ser visitado pelas pessoas que por este apartamento passem. Gosto da ideia de repartir a minha coleção com os demais. Acho que vou jogar Inside.

16h57. Fui interrompido por meu amigo da piscina que fez croissants e folhados que ficaram bons, porém com gosto excessivo de trigo, na minha opinião, e aproveitei para ir comprar as Cocas. Ele me chamou para descer mais tarde, mas não estou nem um pouco a fim. Estou bem aqui comigo mesmo. Vou tirar essa bermuda e botar o pijama.

17h09. Me perdi olhando fotos do Superman. E respondendo ao meu amigo sobre os croissants, bestando na internet. Queria que Blanka me respondesse, mas acho que só falará comigo amanhã. Acho que vou fumar outro cigarro. A Coca acabou, preciso repor, faço as duas coisas.

17h21. Voltei completamente desligado do texto, o que pensei foram desperdícios, prestei mais atenção nos sons da festa das amigas de Clementine que está rolando aqui do lado. Acho que vou tentar o Inside.

19h13. A internet está muito devagar porque coloquei três filmes para baixar. Joguei o game até uma parte muito chata e desisti. Criei um perfil para cada um dos meninos do meu irmão já deixando o game preparado para virar o presente de Natal deles. Estou com vontade de dormir. Nenhum sinal de vida de Blanka. Deve estar de saco cheio de mim.

20h05. Meu amigo da piscina me pediu cigarros. Acho que se Blanka for falar comigo será só tarde da noite, pois tem uma festa dos amigos para ir hoje. Será difícil cativar aquele coração. Não sei nem se possível. Vou tentar o meu melhor. Se não for suficiente, a vida, carregada pelo tempo, continuará passando. E a solidão reinará de novo em minha vida. Mas não devo ser tão pessimista. Eu não sou um lixo, sou apenas inútil. E gordo e velho. Sou impulsivo. Dizem que sou legal e me acho carinhoso. Amanhã vou ter que fazer exame de sangue. Não posso esquecer. Pelo menos Blanka me faz esquecer os indevidos platonismos. Embora ache que ela me vê com frieza emocional completa, com o distanciamento com que trata os demais.

20h25. Passei um bom tempo de olhos fechados alisando a testa e a franja e pensando sobre quase nada. Queria tirar um cochilo. Eu acho que vou.

0h04. Não tirei cochilo nenhum. Fiquei a zanzar pelo fantástico mundo dos bonecos. Perguntei sobre o tamanho do queixo e do nariz do Superman no grupo dos fãs da Sideshow e a maioria não viu problema, o que me deixou mais confiante na minha aquisição. Pretendo torrar o resto do meu dinheiro do Paypal em uma última aquisição que substitui à altura o Azure Dragon, é mais barato e diz muito sobre mim. Ficará interessante ao lado do Hulk. Estou esperando resposta dos fabricantes para fechar negócio, se possível. Se responderem. Eu sinto que desisti do Azure Dragon. É uma peça fabulosa, muito rica e bem característica da cultura chinesa, mas, por algum motivo desgostei dele. Não é que tenha desgostado, mas essa outra peça é bem mais impactante e reflete como sou, que penso com o coração. Pelo menos é assim que me vejo. É uma peça única, diferente de tudo o que tenho.

1h01. Minha mãe não tem jeito mesmo. Está muito esquecida. Eu disse a ela que Rebel Terminator seria lançada antes e que isso acarretaria três meses de sobretaxa fora a parcela final de envio em fevereiro. E que daí não haveria mais nada. Zero. Mas ela não lembra das coisas que digo e fica enfurecida quando vê ou quando lhe conto de novo. E eu levo o mesmo esporro duas, três, quatro vezes. É desgastante. Mas tenho que entender que é a idade e que vai ser assim daqui por diante. Pelo menos não depois de fevereiro, quando acabar de pagar a bendita boneca, o estresse com cartão vai acabar. Até lá será um esporro todo mês. Eita porra! Esqueci de contar que comprei a art print da Mystique para fazer par com a que tenho aqui da Spider Woman, uma de cada lado do quarto, possuem o mesmo estilo visual. Usei meus pontos da Sideshow e paguei senão metade, quase metade do valor, mas virão duas parcelas de valor muito menor que os da Rebel Terminator. Ela vai me engolir por causa disso. Nossa, como pude esquecer? Devia ter pedido a ela antes. Me fodi. Bom, em fevereiro acaba, graças. Minha coleção estará completa. Falta eu negociar com o cara da peça final, a substituta da Azure Dragon, que será inusitada e para muitos até repulsiva. Acho que ele não vai concordar. Mas quem arrisca não petisca.

-x-x-x-x-

12h50. Não recebi comunicação do cara da peça final e estou com pena do cara da Gantaku que tanto se esforçou por mim. Também tenho vontade de cancelar o Superman. Não sei o que fazer. O esporro de mamãe e os esporros subsequentes a cada nova parcela com sobretaxa da Rebel Terminator me incomodam. Ainda bem que em fevereiro acaba. O tempo é senhor de todas as coisas.

14h56. Voltei do exame de sangue.

18h06. Voltei da terapia. No interregno entre uma coisa e outra falei com Blanka, que me contou as novidades e me deixou feliz com a atenção. Na terapia, falei muito dela, que minhas expectativas oscilam e que estou mantendo os meus pés no chão. Falei que percebi mamãe mais agressiva, talvez pela alteração do medicamento, mas que eu estava bem por ela se sentir melhor, segundo me confidenciou. Isso faz bem para mim. Falei das festas às quais irei com Blanka...

22h53. Estou na casa da minha tia-mãe, minha mãe me trouxe. A internet está uma sofreguidão pois estou muito distante da base. Mandei uma mensagem de WhatsApp para mamãe dizendo as coisas em que me lembro que gastei dinheiro sem avisá-la. Não sei se esqueci algo, pois não lembro o que podia pagar com cartão e com PayPal. Vou revisar e postar isso, já está muito grande.    

domingo, 25 de novembro de 2018

BLANKA E SUPERMAN

12h43. Só falarei com Blanka amanhã, ela foi a Toritama e adjacências comprar roupas com o dinheiro que poupou para isso. Mamãe saiu para comprar portas. Me encontro intranquilo. Acho que é ressaca da Black Friday e o medo de entrar numa nova relação após dez anos. Torrei o dinheiro quase todo do Azure Dragon com o Sunperman da Sideshow, não resisti aplicar novamente o truque na MoAF e arrematá-lo com 30% de desconto. Comprei dois jogos para o Nintendo Switch também em promoção e não sei se foram debitados do meu PayPal ou do cartão de mamãe, escolhi o PayPal como meio de pagamento, mas a transação foi meio confusa. Tenho vontade de cancelar o Superman, mas, além de perder 15% do que investi, eles podem descobrir do Batman Branco, o que seria péssimo. Vou deixar as coisas como estão e seguir adiante. Queria voltar no tempo e desistir de tudo, de todas as engrenagens que coloquei em movimento. Não, não queria, não. Tenho que ter hombridade suficiente para encarar Blanka, é o tipo de relacionamento que eu sem saber desejei todos esses anos. Não posso amarelar agora. Ela é uma garota que me encanta. Sei lá, estou intranquilo. Sinto que coloquei mais peso do que consigo suportar. E pensando bem quem está colocando esse peso todo sou eu mesmo. Apenas troquei um boneco por outro e vou ter uma relação leve e descompromissada com uma garota jovem e encantadora. Não há nada a temer, é só uma questão de adequação a uma realidade nova, diferente da estagnação em que me encontro. Pode ser que ela caia nas graças de mamãe. Mamãe tem tudo contra ela. Vai haver o confronto inevitável no próximo sábado. Estarei ao lado de Blanka para que ela não enfrente a fera sozinha, o meu padrasto também vai querer interrogá-la, é provável. Vai ser a parte mais difícil para nós, o resto, espero, seja só alegria. Que ela seja acolhida pela minha família. Pelas minhas famílias materna e paterna. Tenho quase todos os bonecos que sonhei, isso também é reconfortante. Preciso relaxar, talvez tenha tomado café demais. Acho que o que vou tomar é um banho para ver se tiro essa quizomba de cima de mim.

14h11. Tomei banho e quando entrei no quarto o celular tocava com uma ligação de mamãe: chegara e queria que eu descesse para pegar o que havia comprado. Trouxe-me uma providencial Coca (normal) e me tirou um pouco do ânimo em que me encontrava. Estou mais tranquilo em relação a tudo. Estou mais em paz com o mundo embora ainda sinta pontadas de ansiedade. Descobri que o Tinder estava me cobrando mensalidades automáticas e a forma de desativar esse modo é complicada para os não iniciados. De toda sorte consegui desativar. Sacanagem. Eu só preciso do Tinder para me comunicar com Blanka, não procuro mais ninguém. Nossa, Coca é muito gostosa. Blanka também é uma delícia para os meus peculiares gostos. Não queria falar disso para não ficar sofrendo por antecipação.

14h29. Dei uma olhadinha no Tinder e tendo Blanka como parâmetro poucas me agradam. A verdade é que estou agradado dela, da pessoa, do todo, como se me apresenta. Inclusive o formato do relacionamento. Eu em vez ficar com medinho, devia meter os dentes numa oportunidade dessas. Oportunidade que construímos meio sem querer querendo. Processo muito curioso do acaso-destino que dificilmente se dará duas vezes. E eu fico querendo o que não posso ter, acabei de mandar uma mensagem para a garota de Alagoas que me tirou do WhatsApp. É ser muito tapado mesmo. Eu tenho Blanka, que mais eu posso querer? Ela é a garota ideal para mim, se ela não desistir de mim, poderei acompanhá-la crescer com pessoa, como mulher, espetáculo belo que não queria perder. Escrevo isso e sabe o que acabo de fazer? Colocar o Badoo para instalar para ver se contato a garota de Maceió por lá. Eu definitivamente não me entendo.

16h33. Não é que a de Maceió está online no Badoo? Mas não responde e não está à altura de Blanka. Dançou. Vou fumar um cigarro para tirar um cochilo.

23h01. O convite e as senhas, incluindo a de Blanka, chegaram aqui em casa. A coisa toda me parece cada vez mais inevitável. Depois do sono, dormi até as 21h30, me sinto mais tranquilo em relação a tudo, inclusive a Blanka. Achei o horário da festa um pouco tarde, 22h, mas o que tiver de ser será. Também ronda os meus pensamentos o Superman, a vontade de cancelá-lo e o medo de o Batman Branco ser desmascarado no processo. Acho que vou mantê-lo porque quero um Superman e este é definitivamente o melhor, embora não pareça legal de alguns ângulos (muito narigudo e queixudo, quase como uma caricatura) do ângulo frontal é soberbo. O Superman perfeito para mim, ele parece poderoso, belo e heroico e eu mereço ter um Superman no meu rol de super-heróis. Decidido, depois eu me entendo com a Gantaku sobre o Azure Dragon.

23h46. Menos educação, menos democracia. Menos democracia, mais corrupção. Logo, menos educação, mais corrupção. Não sei por que esse pensamento me veio, nem sei se tem lógica, mas está aí posto. Eu vou me sentir bem tendo Blanka como minha companheira na festa de 15 anos da minha prima caçula. Os meus primos todos com suas mulheres e eu, o mais velho, trago uma beldade de juventude e frescor exuberantes, maior que a de suas consortes. Essa prova de potência masculina, se posso chamar assim, me inebria de satisfação. Após dez anos de solidão, de vê-los todos casando e se reproduzindo eu chego com uma gatinha, legal, gente boa, com seus sonhos e convicções. Jovem, mas já bastante dona de si.

0h09. Nossa, como é bom chegar ao meu quarto-ilha algumas vezes. Como essa. Estou começando a ficar animado com Blanka e menos amedrontado. Será que dançaremos a valsa? Não falo ideia de como dançar, talvez ela consiga rapidamente me ensinar, não me acanharia, pelo menos tentaria. Os bonecos e o desejo de possuí-los me toma, não posso me descontrolar. Nem tenho verba para isso. Gostaria do Azure Dragon, não fora a Black Friday e o truque que apliquei na MoAF (que se não funcionar, demandarei full refund) seria a peça que fecharia com chave de ouro a minha coleção. Não vejo o Superman como um fechamento. Não vejo mesmo.

0h52. Mamãe esteve aqui e conversamos um pouco e ouvimos música. Foi bom. Ela disse que está se sentindo mais feliz, de bem com a vida, o que me faz feliz e de bem com a vida. Lembrei de Areias agora e me dei conta de como parece um cenário alienígena, especialmente quando a maré seca e se revela o lamacento mangue à frente. Andando para a esquerda o cenário é de ficção pós-apocalíptica com as máquinas de petróleo e a infinita solidão. Gostaria de voltar lá com o meu irmão e meu primo, quiçá Maria e Blanka. Não posso chegar revolucionando a rotina de Blanka para que não se gerem suspeitas sobre a minha presença em sua vida. Queria muito que levasse menos tempo para que mamãe a acolhesse aqui em casa e ela pudesse passar a noite ao meu lado. Nossa como sonho com isso. Adoro dormir acompanhado de quem eu desejo. Eu desejo Blanka, espero que desenvolvamos afeto um pela companhia do outro. Minha mãe tem forte preconceito em relação a como tudo se deu. Não lhe tiro a razão, é tudo meio torto, como costuma ser na minha vida, mas se me faz bem – se me fizer bem, em verdade resta descobrir, falta começar de fato –, ela deveria aceitar a realidade tal como é. É um relacionamento diferente, em mais aspectos do que cabe elencar aqui, mas válido se ambas as partes estão satisfeitas com ele. Estarão satisfeitas, afinal nosso relacionamento até agora se deu quase que exclusivamente no âmbito cibernético.

1h27. Estou mais aclimatado com a ideia do Superman. Estou mais aclimatado com a existência tal como se dá. Parte dela consequência das minhas escolhas e investimentos, do que fui buscar do mundo para o meu mundo. Blanka sendo a epítome dessa busca. Não sei do meu futuro, espero que tudo transcorra mais ou menos como espero.

-x-x-x-x-

11h34. Acordo e venho para as palavras como um vampiro em busca de sangue. Hoje menos faminto, talvez porque ainda no processo de despertar. Sempre um momento chato, mais difícil do que deveria ser, mas é dos meus processos metabólicos, das particularidades do meu corpo, ter essa dificuldade de ser e estar logo que acordo. Vou fumar.

11h51. Fui e volto com a minha alma toda voltada para a festa à qual irei com Blanka. Sentimentos misturados, mas a mistura resulta em uma sensação mais positiva que negativa. Quero exibir minha pouco ortodoxa conquista para os meus. Quero que ela seja bem tratada e respeitada. Que se sinta bem entre os meus. Estou a despertar, preguiçoso, com a mente vagarosa e ainda não plenamente desperta. Eita, lembrei do Superman e a imagem que me vem à cabeça dele é sempre a do pior ângulo. Não sei porque essa crueldade da memória, acho que porque me foi a imagem mais marcante. O tempo de me desfazer do Nintendo Switch se aproxima, preciso tentar avançar no Inside. Hoje talvez tenha Vila Edna, ainda estou despertando, não sinto ânimo para nada além do computador. E de cigarros com Coca e muito gelo.

12h21. A casa está vazia e já fico preocupado com a saúde da minha mãe. Não saberia seguir sem ela. Pelo menos num primeiro momento. Não quero perdê-la, não estou preparado para isso e não sei se jamais estarei. Vou ligar para ela e descobrir seus whereabou... ela irrompeu aqui no quarto, está animada, vai à piscina fazer exercícios aquáticos. Meu padrasto tentou me convencer a ir, mas declinei. Basta-me sabê-la bem. Eu me sinto bem. Só não tenho preparo físico nenhum. Não sei como farei para transar. Não sinto nem disposição disso. Não agora que estou ainda no demorado processo de despertar. Vou fumar.

13h08. Liguei para o meu irmão a pedido da minha mãe, ele ficou de ligar para ela mais tarde. Não tenho a mínima vontade de sair do meu quarto-ilha, exceto para fumar. Coloquei café para fazer. Não estou com vontade de fazer nada hoje que não seja estar aqui a escrever. O Superman não me sai da cabeça. Ainda estou em dúvida se fiz a escolha certa. Fiquei um pouco decepcionado com o acabamento da Rebel Terminator, mas acho que estou sendo muito picky. O olho “estrábico” da segunda cabeça não me incomoda, pois a exibirei com a primeira, são os outros detalhes. Pelo menos a pintura do Superman está impecável.


Ângulo que me desagrada.

Ângulo que muito me agrada!


13h21. É de cismar como posso me contentar com o Word e como tenho indisposição para todas as demais coisas do mundo. Acho que é uma questão de condicionamento. A cadeira que tenho é muito boa, mas já há uma parte onde o acolchoado está gasto pelo meu peso que fere, bom, terei que me virar com ela até março, no mínimo. Não sei o que dizer, o que é meio apavorante, pois é a única coisa que estou disposto a fazer e acabou-se a terceira página. Revisar e postar.

sábado, 24 de novembro de 2018

BLACK FRIDAY II E BLANKA



16h18. Ainda nem postei o outro, mas a vontade de escrever continua. Escrevo isso e a vontade se esvai, coisas desse eu contraditório e desobediente que sou. Me incomoda esse medo de Blanka, não posso mistificá-la nem mitificá-la. É uma pessoa extraordinariamente diferente de mim que o acaso-destino fez com que eu conhecesse e estabelecesse um compromisso inusitado. Mas estou com medo dela. De trocar os pés pelas mãos, de dar certo. Estou com medo de toda e qualquer possibilidade de desdobramento dessa história.

17h06. Às vezes sinto ânsia de voltar ao meu quarto-ilha, é definitivamente o centro do meu universo, meu útero fora do útero. Meu amigo da piscina sempre vem com inúmeras sugestões de atividades e rumos de vidas que deveria seguir, acha que eu deveria sair do Brasil para virar imigrante ilegal num dos países em que os meus irmãos moram, vivendo de subemprego. Essa foi a última dele. E algo que já repetiu algumas vezes para mim. Ontem redargui que vivo a vida que escolhi e elenquei como a melhor para mim, sei que as minhas escolhas fazem pouco ou nenhum sentindo para alma aventureira e irrequieta dele, mas estou seguindo o caminho que me faz mais bem ao espírito. É composto de muito pouco, mas para mim é o suficiente. Quanto à escolha de Blanka ele também é reticente, mas, pondo o medo à parte, é precisamente o que quero para a minha vida. Acho que a história toda se desenrola de forma muito esquisita e peculiar, mas eu sou esquisito e peculiar, combina bem comigo. Eu sou o ser que se escreve e não sou muito mais que isso. Aliás, sou muito mais do que isso, mas este eu que se diz é o eu que mais me satisfaz e mais me faz conectado com a vida, por mais contraditório que possa soar; é quando me sinto produtivo, mesmo que produzindo conteúdo inútil aos olhos alheios, mais pleno de mim e das minhas capacidades, mais vivo e em sintonia com o universo. Espero que Blanka venha acrescentar outra forma de plenitude à minha vida, uma completude que estranho e acho esquisita e assustadora porque há muito não experimento. Tenho mais receios que expectativas, o que me causa preocupação, a covardia frente o inevitável ou o que eu não quero evitar porque sei que essa criança chorona e acanhada não pode derrotar o homem que quero ser. Farei o que tiver disponibilidade de fazer. Vou fumar porque me sinto perturbado por esse assunto.

17h33. Pensei em ligar para Maria e desisti. Vou ligar. Péra.

17h51. Liguei, falei, a achei meio desencantada da vida, ela disse que é a velhice. Falei de Blanka para ela, mas ela não botou muita fé porque eu disse que ela era bem novinha. Se ela soubesse da missa o terço... Olhei minha aba de e-mails e só dá Black Friday, tenho medo de cair em tentação e acabar comprando o Superman com 30% de desconto e mandar o Azure Dragon às favas. Vou fumar um cigarro.

18h06. Fui tomado por um súbito prazer por estar vivo, posto dessa forma, nessas condições. Me veio do nada e para lá voltou, deixando-me apenas a memória e a gratidão que me tomou. Fico grato que tudo passa, que eu passo e um dia passarei em definitivo. Irrelevante como o meu passado, que é o meu presente e que só a mim importa, pelo menos importa a pessoa que realmente deveria importar, creio. Já tirei da cabeça, ou quase, pois esperança sempre há, fazer diferença para o mundo. Todos aspiramos ser heróis ou relevantes de alguma forma. A maioria não consegue, eu faço parte dessa maioria e isso não me desagrada ou incomoda. Já incomodou bastante. Eu acreditei por muito tempo na mentira de que eu tinha a obrigação de ser alguém grande para o mundo. Sofri muito por não conseguir. Hoje já não sofro, usufruo do que tenho e tenho tudo o que desejo. Seria impudico pedir mais. A relevância que não alcanço é compensada pelo prazer de estar vivo, vivendo a vida exatamente do jeito que desejo viver e isso é para poucos, sou nesse caso uma exceção, um felizardo. Obviamente há limitações, mas essas são tão poucas e tão pouco importantes diante dos meus desejos e prioridades que não incomodam. Há coisas que ainda desejo mudar, não muitas. A maior mudança, a qual peço à existência há muito mais tempo do que é sadio agora me mete medo: um relacionamento. Olha o que quase mando para Blanka: “Quero que me ajude a não ter medo de você”. Não mandei, mas ainda vejo pertinência em fazê-lo. Deixa para lá. Quero que ela me responda primeiro. Nossa comunicação é muito partida. Mas teremos oportunidade de conversar bastante quando nos encontrarmos pessoalmente. Sábado da semana que vem. Queria ter um encontro prévio, mas minha mãe não vai querer pagar motel para a gente, menos ainda recebê-la aqui em casa, como deixou deveras claro. Gosto da vida nesse momento. É tão bom gostar da vida, é a melhor coisa. Eu que passei muitos anos odiando a existência sei o valor que esse estar bem no mundo, estar bem consigo representa e é valioso. E ter uma gata de 19 anos, mesmo que numa relação aberta e torta, faz um bem enorme para o ego. Em verdade a relação ainda nem começou. Ou começou ciberneticamente. Se houvesse um exemplo de relacionamento moderno a ser colocado nalgum tipo de dicionário, o nosso seria o exemplo perfeito. Nunca imaginei viver algo assim, mas pensando bem, é exatamente o que buscava.

19h01. Meu amigo da piscina me chamou para fumar um cigarro na escada, onde me mostrou vídeos com vaginas e falou que fugiu de um encontro ao se deparar com a figura como realmente é, sem filtros. Uma das que dei match no Tinder falou comigo, não estou interessado em responde-la porque ela não me interessa e mora longe. Mas me sinto compelido a responder, acho indelicado o descaso.

19h06. Bom, respondi. Vamos ver no que vai dar. Disse-me escrevendo, não sei se ela vai respeitar o meu momento que está muito meu e muito bom assim, tanto que dispensei um encontro com meu amigo da piscina mais tarde.

19h14. Conversei com a moça do Tinder um pouco, ela parou de responder. Então estou de volta, já com vontade de fumar um cigarro e abrir a segunda garrafa de Coca. Será que minha mãe do médico foi ao shopping em plena Black Friday? Corajosa, se for o caso. Se não for o caso, está demorando bastante. Me dá ideias, mas acho que deixarei para a noite alta, prefiro assim. Não quero fazer exame de sangue amanhã e não sei se farei. Queria sair e tomar umas cervejas, mas prometi à minha mãe que só depois de o meu irmão ir embora. Então, cerveja para mim, só no ano que vem. Nossa, a Black Friday me atrai a gastar, muito. Ofertas impensáveis, tem uma loja de pôsteres que está vendendo tudo pela metade do preço, mas não sei se a minha ideia do “pendurador de pôsteres” na porta vai vingar. Fora que estou com a grana contada para o Azure Dragon. A tentação maior é o Superman, essa está quase irresistível. Gostaria que a garota do eBaymag me respondesse, mas aparentemente sumiu do mapa. Isso está prejudicando as minhas vendas quando deveria ajudar.

19h36. Sendo bastante contraditório com o que acabei de dizer postei o terceiro item no eBaymag na vã esperança de que os meus três itens sejam vistos em todos os eBay do mundo, o que não está acontecendo. Dane-se, são itens difíceis de vender.

19h46. Estava lá calibrando os fretes para outros locais do mundo, negócio chato. Vou fumar um cigarro. Estou meio sem saco de escrever no momento. Espero que, com o cigarro, a vontade volte. Minha mente é só Black Friday no momento.

19h56. Volto do mesmo jeito que parti, com uma boa dose de Blanka no meio. Não consigo entender o receio, esse medo covarde em mim. É uma coisa boa na minha vida, muito desejada e vai ser supertranquila. Não terei nem obrigação de penetrar. Posso acabar com a relação na hora que eu quiser. Não há problemas, é só uma garota que decidiu repartir uma parte do seu tempo comigo. Quando penso em levá-la ao cinema, minha alma serena mais. Queria ver Alita Battle Angel com ela. Nem sei se queria por causa desse medo que sufoca qualquer prognóstico bom que eu faça. Saco isso. Vou mergulhar na Black Friday, ver todas as gostosuras que a internet me oferece.

20h28. Cometi a loucura que estava louco para cometer, gastei quase todo o meu saldo do PayPal achando que com isso estava poupando dinheiro ao invés de gastar. A grande enganação da Black Friday. E de qualquer desconto. Gastar achando que se está poupando. Economizando. Economizar é não gastar. Espero que o truque da MoAF funcione realmente para o Batman Branco e para o Superman. Eu me descontrolei agora. Fui levado pelo impulso do desconto nunca dado antes. Economizei mais de duzentos dólares. Ou seja gastei dinheiro com algo que queria. Tenho que incluir o Superman na lista de bonecos. Agora terei um dos maiores ícones da cultura pop na minha coleção. Não me arrependi. Ainda. O Azure Dragon virou um sonho distante. Espero que mamãe não leia esse post, acho que não vou publicá-lo. Vou é fumar um cigarro e pensar no que fiz. Não me sinto excitado, diria que estou até um pouco decepcionado comigo.

20h53. Não fumei um, mas dois cigarros e não consigo me arrepender da decisão se o truque da MoAF funcionar. Eu nem estava mais tão interessado no Azure Dragon. Me arrependo de ter feito o cara da Gantaku fazer tudo o que disse que fez, no caso, reservar a versão exclusiva para mim. Troco o espaço de um pelo outro e acho que o Superman ocupa menos espaço lateral e de profundidade. Bom, está feito e não pode ser desfeito. Se vender um dos dois itens que pus à venda, os mais caros, pode ser que consiga o fôlego financeiro que preciso para o Azure Dragon, mas não vejo isso acontecendo. São itens muito difíceis de vender. Que seja, tenho Superman na minha coleção agora, foge menos dos padrões que o Azure Dragon, mas é um personagem que não poderia faltar. Nem ele, nem o Batman. Estou com um sentimento ruim.

21h15. Mamãe chegou e continuo com um sentimento ruim. Trouxe um lanche do McDonald’s, mas estou sem fome alguma, vai ficar para as altas da madrugada. Blanka me mandou uma mensagem, mas demorei a responder pois estava com a minha mãe e ela sumiu.

0h56. Conversei mais com Blanka e ela deu mais um sumiço, esses contatos fazem o medo diminuir. Ainda com o Superman na cabeça. É meu. Estará um dia nesse quarto, se tudo der certo.

-x-x-x-x-


8h53. Esperei Blanka me mostrar os vestidos o máximo que aguentei. Me veio com uma desculpa do porquê não o fez e eu tento acreditar. Pedi a ela apenas que, em não podendo fazer o combinado me avise de que não é possível para eu não ficar fazendo papel de besta a esperar pelo que não vai ocorrer, afinal isso é respeito, é o que uma pessoa que se importa com a outra faz. Mamãe já disse que não bota fé nesse relacionamento e que ela vir aqui em casa não se dará nem tão cedo. Mamãe deveria enxergar por outro prisma, ela é mais do que uma acompanhante terapêutica para mim, ela me suprirá todas as carências, então é, economicamente falando, um investimento campeão. Embora eu veja a coisa toda por um viés muito mais sentimental, acho que afeto pode surgir, mas será devagarinho. Ou não. Minha mãe acha que eu vou entrar numa pior se perder ela e talvez até entre, mas será muito melhor ter vivido isso que continuar apenas no ostracismo. Entrei na quarta página, vou revisar e postar. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

BLACK FRIDAY

Inusitado cotidiano.


19h04. Vou trocar a minha camisa, está impregnada pelo meu cheiro. Suor e cigarros. Não me desagrada e é confortável para dormir, mas para a maioria dos mortais é anti-higiênico passar tantos dias usando a mesma veste, mesmo que em casa. Meu uniforme de trabalho é o meu pijama, não poderia haver melhor e mais confortável vestimenta para levar os meus dias no quarto-ilha.

19h19. Troquei pela camisa que quero usar no meu funeral com o questionamento “quem eu serei?”, mas acho que já disse isso em outro post, coisas da idade, coisas que se multiplicam, tanto fisicamente quanto e principalmente cognitivamente. Não sei o que sinto em relação à Blanka. Sinto receio do novo, da mudança, sinto medo de não ter tesão por ela, sinto que precisamos adequar nossos beijos, sinto que podemos aprender muito um com o outro. Sinto que pode ser uma aventura divertida para ambos, mas mesmo assim o receio faz sombra. Não deveria ser tão covarde em relação às minhas construções, às mudanças que dou no rumo da minha vida. E é certo que se não der certo, eu posso acabar a relação. Mas algo menos pessimista dentro de mim quer que esse laço se estreite, que o carinho emerja de ambas as partes. Ela disse que falaria comigo ainda hoje. Tenho digitado muito mal quando me comunico com ela e tenho vergonha disso. É como se eu fosse tomado por uma afobação que me faz trocar as letras.

19h40. Tentei puxar papo com todos os matches que tenho.

-x-x-x-x-

20h24. Vou botar a lista 6 do começo, que desemboca logo em Björk visto que por ordem alfabética. O Bluetooth é uma tecnologia com lag mínimo, interessante. “Negligência, imperícia e imprudência, eu acho, são as três coisas que tornam um crime culposo”, ensinou-me o meu amigo da piscina, que contou de suas visitas a colônias penais, do respeito com que era tratado pelos criminosos na Defensoria Pública, onde trabalhou. Já trabalhou de pedreiro também, de mergulhador em profundidade, limpou cascos de navios, submerso naquelas águas turvas, esverdeadas, com equipamento de mergulhador, cara a cara com um imenso monstro de ferro e uma potente máquina que nem sequer posso imaginar. Eita, em teoria eu tenho um jogo de Switch para jogar. E o Mario de novo para zerar, mas quando se sabe todos os segredos perde a graça. Porém tenho o sucessor de Limbo para jogar. Pensei num desafio relacionado à luz e à escuridão para um game, mas seria chato. Nossa, como foi que me dispus a jogar Rayman (e desejo jogar o novo)? E desejo jogar o sucessor de Limbo, eis um jogo em que tenho interesse.

21h31. Estava comendo. Me perdi em várias ideias enquanto fumava. A respeito de Blanka.

21h34. Olha o que acabei de mandar para ela:
“21:34 - Não se aguentarei acordado até o seu retorno, me tente. Ao menos terei a alegria de acordar com uma mensagem sua. Significa para mim.

21h35. Muito meloso? Será que alguém lê os horários? Eu quando reviso não leio. Passa batido.

21h45. Fui fumar. Enquanto comia, agora que me lembrei, estava escutando o que meu padrasto assistia na TV sobre o governo Bolsonaro. Ele tem profundo interesse pelo tema. Eu acho que em breve eu vou me retirar, mas queria jogar o Insider ou Inside, se lá. Sei que videogames são a nova etapa do audiovisual, ou um desdobramento muito poderoso dele, no qual o expectador não fica passivo, ele determina o sucesso ou o fracasso do protagonista, ou de um exército, ou de sua vida pessoal alternativa, ou de uma civilização, utilizando uma série limitada de comandos. É possível, inclusive, usando quase todas as teclas do teclado, pilotar um Boeing de forma muito realista. Puxa, eu descobri que gosto e desgosto de viajar. Que antes desgostava mais. Acho que hoje estou mais sociável.

22h20. Fui à cozinha à cata do que comer, iogurte e mais biscoitos tortinhas de limão, e fumar um cigarro. Acho que vou me deitar ou tentar comer um pouco mais. Essa fome dos remédios, sei não, viu?

22h35. Comi torradas de pacote com manteiga. Quando acabar o copo de Coca me despeço de verdade. É a esperança de pegar Blanka quando voltar do show que me mantém aceso, vou olhar o maravilhoso mundo dos bonecos. Já com maquinações de solução da parte em que parei em Inside.

-x-x-x-x-

13h12. Meu humor quando acordo é péssimo. Uma coisa não me sai da cabeça. Duas. Mas não cabem nesse espaço. Parece que o cigarro logo que acordo me põe pior e mesmo assim tenho vontade voraz dele por ter passado a noite sem fumar. Vou fumar mais um, espero que o café tenha esquentado mais na cafeteira.

13h31. Não esquentou muito, mas está melhor do que a primeira xícara. Estou com medo de Blanka, de tudo o que enfrentaremos em dezembro, de não ter a atração devida por ela, de querer pular fora. Se bem que pular fora é a coisa mais fácil do mundo porque em verdade sou um problema para ela, um problema com que ela resolveu enfrentar e conviver, se sentiria talvez melhor sem a minha presença na sua vida. Por outro lado, posso estar fazendo projeções catastróficas e talvez possamos nos fazer felizes. Me decepcionei um pouco com as fotos do produto final da Rebel Terminator, mas acho que a maioria das coisas não vá ser perceptível olhando a figura e o que mais me incomoda, a visão completamente estrábica da cabeça alternativa, não vai ser um problema porque vou usar a cabeça original para exibi-la, mas que foi um vacilo da Sideshow, foi.

14h11. Postei o meu comentário sobre a Rebel Terminator no maravilhoso mundo dos bonecos. Black Friday hoje, sempre cheia de tentações que não pegarei. Peguei só dois jogos para Switch, o já mencionado Inside e Fortnite. Em teoria paguei com o meu PayPal. Meu amigo que mora no Canadá falou maravilhas de Inside e Fortnite é uma febre, botei mais pensando nos meninos do meu irmão. Havia uma promoção de 30% na MoAF, na verdade ainda há, vai até hoje, mas se comprar o Super-Homem que quero talvez o truque não funcione e certamente não terei verba para o Azure Dragon, então reprimi todo o meu desejo consumista, o que não foi tarefa fácil, e apostei no Azure Dragon. Espero que se concretize. Estou muito imerso no mundo dos bonecos, né? É a Black Friday, a época do ano em que o meu desejo consumista mais me consome. Acho que ainda darei uma chance para Inside hoje, empaquei numa parte que não deve ser difícil de solucionar, mas é realmente uma derivação muito similar a Limbo, me decepcionei um pouco. Mas é bonito e atmosférico como o outro, a única novidade é que o protagonista é impelido a progredir porque é perseguido enquanto em Limbo não havia uma motivação explícita do porquê seguir em frente. Para quem nunca jogou Limbo, acho que a experiência pareça muito impactante. Assim será para os filhos do meu irmão. Fico feliz de estar fazendo essa boa ação, boas ações são tão raras para mim. Crio poucas oportunidades de fazê-las, embora seja um ativista digital, por assim dizer, assinando petições sobre diversos temas que acho relevantes para o Brasil e o mundo. Vejo que há pouco engajamento, pois reparto as petições e ninguém assina. Faço a minha parte e é mínima. Doei 50 reais para a Anistia Internacional e fiquei com raiva da atendente, pois queria porque queria que eu fizesse doações mensais quando deixei expresso a ela que minha mãe não permite esse tipo de doação. Ela quase me bota como doador mensal mesmo eu dizendo que não, achei chato e desrespeitoso da parte dela. Espero que não o tenha feito. Ainda falando sobre videogames, acho que é a última vez nesse post, o amigo a quem emprestei o Switch apagou o meu jogo de Super Mario Odissey no qual havia pego mais de 850 luas, ou seja, no qual passei horas e horas e mais horas jogando, talvez por isso tenha querido me devolver o videogame antes, ciente do vacilo que cometeu. Confesso que num primeiro momento senti profunda frustração, quase uma raiva, muito perto disso, mas agora, com o fato frio na cabeça, penso que o que valeu foi tê-las capturado todas, se a marca da minha conquista está para sempre apagada da existência, resta a memória de quão divertido e desafiante foi alcançá-la. Melhor jogo da minha vida. E sempre será, visto que cada vez me dedico menos a videogames, não me apetecem mais. Mas quero ter a oportunidade aberta de jogá-los através do PS3 e do Wii U, este último também emprestado. Cantando agora In God’s Country percebo que meu fôlego não é mais o mesmo, sou um ser condenado desde já pelo cigarro, o qual vou fumar agora com um café.

14h48. Adoro as vezes em que adoro a reentrada no quarto-ilha. Faz-me bem ao espírito e tanto mais fará quando o quarto tiver toda a minha coleção. Sem dúvida queria que espaço restasse para mais duas ou três peças, pois adoro o colecionismo. Estou satisfeito com as que tenho? Sim e não, porque ninguém sabe o que vem por aí e pode ser fabuloso, por outro lado, não há agora, além do Azure Dragon, estátua que me dê o clique, o Superman é a que chega mais perto, mas consigo sobreviver sem ele, por mais que ache que minha coleção deveria ter personagem tão icônico e em versão tão bela como essa nova da Sideshow. Meu coração balança por ele, mas não é o momento ainda. Tivera eu vendido os três últimos itens que estão à venda no eBay consideraria dar o golpe dos 30% na MoAF, mas não foi assim que a vida se deu e me conformo um tanto inconformado com isso. 30% é um desconto que nunca vi antes e me dói perdê-lo, mas isso é só o consumismo falando, gritando para se manifestar no efêmero êxtase da compra. E já tive desse prazer demais na minha vida, agora, afora o Azure Dragon, viverei um bom tempo sem ele. Ou algo me toma e compro o Superman na fuleiragem com a MoAF e desisto do Azure Dragon. Me confesso dividido. Mas já combinei com o cara da Gantaku, fabricante, para me reservar a versão exclusiva, já está tudo encaminhado, não vou fazer essa desfeita e é uma peça única, um labor of love, é mais arte que o Superman. E se diferenciará deveras das demais peças da minha coleção. Gosto de ter peças inusitadas, de ser meio esquizofrênico em relação à minha coleção. Blanka falou comigo agora sobre o show que foi ontem. Repliquei o comentário que o meu amigo fez de que eu deveria tê-la acompanhado, mas acho que não devo me intrometer assim na vida dela, não é o momento, nem a situação permite. O rolo entre eu e Blanka é complicado. Rolo que ainda não teve o seu início ainda. Vou fumar com o restinho de café.

15h18. Meu padrasto chegou e não gostou da tontura que minha mãe diz passar e vai levá-la ao médico. Ela está muito sentimental, deve ser o medo de que sua condição só venha a piorar. Eu teria esse medo também, mas a primeira coisa que faria seria parar de tomar o remédio contra o câncer. Tenho para mim que ele seja a causa de todos os seus males. Mas nada entendo, sei que tudo parece menor quando penso na saúde da minha mãe. Consumismos são reduzidos às insignificâncias que são. Blanka falou comigo, cometi uma imprudência. Não deveria tê-lo feito. Nada demais por enquanto. Acabou-se a terceira página. Vou comprar a Coca e quando voltar reviso e posto.  



terça-feira, 20 de novembro de 2018

BLANKA III E UM POUCO DE BONECOS



6h50. Acordei para meu saque à cozinha e mamãe já estava acordada. Fumei um cigarro, tossi como um condenado (que sou por causa desse hábito) e isso me despertou. Queria um café. Acho que vou fazer.

7h05. Botei café para fazer e fumei mais um. Vou mandar uma mensagem para Blanka. Escrevi um e-mail para o meu irmão contando todos os pormenores dessa vindoura relação. Se vindoura for. Me perdi no maravilhoso mundo dos bonecos. Vou tomar um café e fumar.

7h34. Queria que Blanka me respondesse cedo. Se é que vai me responder hoje. Vou botar um Audioslave para me animar. Cochise para já começar na instiga. A enfermeira disse que o meu português é impecável. Ela seria a minha namorada ideal, tivesse eu alguma atração por ela. Mas não tenho. Seremos amigos. Por sinal, outra amiga de Tinder, essa uma gata de 18 anos que me atrai, disse que viria a Casa Forte tomar uma comigo se eu trouxesse um pedaço do bolo da festa de 15 anos para ela. E, pelo diálogo, a aparência é a de que vem mesmo. Já estou com vontade de mais café com cigarro.

7h52. Espero falar com Blanka hoje. Estou com vontade de ter a sua atenção. De saber dela. De pedir que não minta para mim. Não sei se mente. Mas acho que mentir faz uma parte tão integral da sua rotina que penso que tenho que estar sempre lembrando que não o faça comigo, nem as mentiras pequenas, nem as bobas. Não precisa, não há necessidade. Estou com a mente convoluta de pensamentos acerca de Blanka, da confissão que fiz ao meu irmão, de como ele digerirá o que disse, espero que aceite. Não sei quão mente aberta ele é a esse respeito. Espero que pelo menos a parte do sigilo ele possa assegurar. Minha mente também é tomada pelos bonecos, especialmente as femininas, meu deus, que bem me faz tê-las todas encaminhadas. Obrigado. Especialmente a minha mãezinha e à minha pensão que possibilitou que completasse a minha coleção, por ora. Espero que a arquiteta deixe espaço para duas ou três a mais. De todas a que eu salvaria de um incêndio ainda seria o busto do Hulk, criei um vínculo, uma intimidade com ele, por estar aqui ao meu lado, que dificilmente outra substituirá. Mas gosto de todos os que tenho. Os que não gostava vendi ou estão à venda. Tem umas quatro ou cinco aqui que venderia. Depois de I’m The Highway, eu vou fumar um cigarro.

8h26. A fantástica faxineira já chegou ao recinto e perguntou se eu tinha motivos para estar cantando, mas não tenho a não ser que ouvi uma música que amo e há muito não escutava e ela ficou na minha cabeça. Não foi por amor, não foi por Blanka. Eu acho. Mas que estou entusiasmado, na expectativa e um tanto receoso e amedrontado com o seu contato, estou. O que tiver de ser será. Estou com medo de ela mudar de ideia. Esse tempo sem contato pode ter feito ela rever e mudar a sua decisão. Serei otimista, entretanto. Custa-me pouco no presente embora seu preço aumente se o futuro me frustrar. O que mandei para Blanka hoje:

“07:06 - Bom dia, flor do dia. Madruguei hoje, não sei por quê.
09:06 - Toda mudança, o novo, traz expectativas e receios, né? Mesmo o que a gente quer. Com você acontece isso?”

9h08. Não mais mandarei mensagens, eu espero, até que ela me responda. Se responder. Mas intuo que vá. Estou fumando muito essa manhã. Vou lá fumar outro.

9h20. Me dá satisfação adentrar o meu quarto geladinho, nessa manhã quente com Audioslave tocando alto. Me sinto verdadeiramente no meu reino, na minha ilha particular e personalíssima, meu quarto-ilha, que espero que acomode toda a minha coleção. E um dia acomode Blanka também. Nossa, estou falando demais nesse assunto. Falei com o meu amigo cineasta e ele vai estar por aqui em dezembro, poderemos conversar sobre o que ele quiser, inclusive desabafos sempre necessários. Eu me esqueci dele e de tudo desde que entrei nessa caça insana nos aplicativos de paquera. Caça essa que espero ter acabado com o advento de Blanka. E novamente volto a ela. Se ela soubesse quantas palavras lhe dedico... Acho que não faria diferença alguma. Palavras inúteis, palavras cuja única utilidade é me servir e me livrar do ócio, palavras que são um reflexo dos meus estados interiores. E que são a minha produção, o meu legado para o mundo. Talvez ensine alguém, nalgum tempo, a não escolher as minhas escolhas. Nem todos suportariam, eu quase não suportei. Agora parece que a vida quer sorrir para mim. Espero que não franza os lábios quando eu estiver entregue de braços abertos para receber tal graça.

10h12. Queria travar contato com Blanka, acordei cedo demais para isso. Saco. Vou para o maravilhoso mundo dos bonecos. Existe uma estátua que eu queria muito ter, mas ela custa nada menos que três mil dólares. Não tenho de onde tirar isso e é inviável de todas as formas e maneiras. Teria que mandar para o Brasil, o que duplicaria o valor. Estou fora. É fabulosa, talvez a estátua mais impressionante que eu já vi, mas não é para o meu bico. Passa longe.





10h19. Vou ter que me contentar com o meu Batman Beyond White Version, o que acho uma excelente compensação. E me custou uma fração desse valor, ademais, meu irmão pode trazê-lo na bagagem. Ocupará um tremendo espaço, mas é possível, ao contrário da peça acima, intitulada Batman Sanity da XM Studios. Ela é que nem o Hulk OG, areia demais para o meu caminhãozinho. E meu caminhãozinho já está carregado de areia, estou satisfeito com ele. Blanka eu já acho a areia certa para o meu outro caminhãozinho, o dos afetos. Nossa, como queria conversar com ela. Como queria que nada tivesse mudado de nossos planos. Em mim, nada mudou, espero que com ela também não. Só saberei quando e se ela se comunicar.

10h51. Saco, essa espera é tediosa. Hoje tenho Ju e um novo capítulo das minhas desventuras afetivas para narrar.

11h06. Nada a dizer, só expectativa do contato de Blanka. Gostaria de falar com ela antes de ir a Ju. Espero que mamãe chegue aqui antes da hora de sessão para que possa passar o cheque para Ju. Já são dois meses sem pagar. Queria que Blanka fosse ao Natal da minha família paterna. Não sei nem se ela vai desfazer o combinado e já projeto eventos futuros.

12h13. Recebi um e-mail do meu irmão, coisa mais linda do mundo. Meu irmão é realmente um ser iluminado. Incrível que mesmo sabendo disso ele ainda me surpreenda. Positivamente sempre.

18h32. Voltei de Ju com o pensamento que muito me assusta de ser mais meu e menos filho da minha mãe. Cheguei à conclusão que o ideal é ter o melhor dos dois mundos, visto que mamãe e eu estamos vinculados eternamente pela curatela. Há decisões, entretanto, que não cabem a ela, mas a mim decidir sobre o meu caminho. Ela aos poucos vem cedendo o espaço que tanto necessito para me exercer mais plenamente, mas há muitas batalhas a serem travadas. Entretanto, há ações maternais que também me agradam e não quero abrir mão delas. O meio termo, o equilíbrio precisa ser encontrado. É um caminho, a estrada da minha vida, vou tentar guiá-lo na direção que julgo melhor, que nem é muito diferente da que trilho agora, mas se Blanka, que ainda não me respondeu, entrar na minha vida certamente haverá mudanças e adequações. Falei do medo de sentir um vazio existencial por causa do fim do colecionismo e por ter almejado o que há anos queria que era uma relação de afeto com uma garota que me atraísse. Minha vida estará completa com esses dois fatores e temo sentir o vazio de ter tudo preenchido. Torço muito que não ocorra. E torço também para que a arquiteta deixe dois ou três lugares vagos para possíveis futuras aquisições. Hahaha. Minha meta com a coleção completa quando adquirir o Azure Dragon? Cativar o afeto de Blanka, se ela não desistiu de mim. Acho que o problema é com o celular. Assim espero. Seria uma decepção grande ela me abandonar, mas para a qual me vejo preparado. Ainda não é grande perda, mas é o assassinato de um sonho.

19h20. Acho que vou fumar um cigarro e tirar um cochilo.

20h40. Não tirei o cochilo, passeei pela internet, jantei, tomei os remédios e vou dormir, perdi as esperanças do contato com Blanka hoje.

-x-x-x-x-

5h20. Blanka me mandou mensagens, mas creio que esteja muito cedo para responder. Vou fumar um cigarro com Coca e me deitar mais um pouco. Nem tudo está perdido, então.

5h50. Perdi o meu sono. Acho que foi a mensagem de Blanka que me deixou ansioso e excitado. Disse que não pôde responder porque a namorada dela ficou lá até mais tarde. Vou perambular pelo maravilhoso mundo dos bonecos.

7h18. Me deixei mergulhar e me informar sobre o maravilhoso mundo dos bonecos e realmente nada me despertou a atenção, nada supera o que já tenho, na minha opinião, que é a opinião que conta. Tenho as mais belas e os mais invocados. Tirando Batman Sanity da XM, uma estátua que está para muito além dos meus padrões. Não trocaria o meu Hulk por ela. Não trocaria o meu Hulk por nada. E não haveria espaço para a peça da XM no meu quarto. Então, estou satisfeito com o que tenho e o que está por vir dos Estados Unidos. Tenho um leve desejo ainda pelo Swamp Thing, por me ser um personagem tão querido, marcante na minha juventude. Mas só se oferecesse desconto e free global shipping. Chegará esse momento, eu creio, só queria que não fosse nessa Black Friday.

8h06. Blanka acordou atrasada para o colégio, pedi que conversássemos quando tivesse uma brecha. Mas só estou narrando meu dia, que começa feliz com mensagens da minha possível namoradinha. Que seja. Não divulgarei esse post no Facebook. Novamente sinto medo e acanhamento em relação a Blanka. Vontade de desistir. Não posso ser assim. A criança não pode vencer o homem. E o homem quer ver essa história crescer e frutificar.

8h31. Pinterest, outro dos meus hábitos cibernéticos, nunca olhei as pastas com o que salvo, mas continuo salvando vorazmente imagens mesmo assim. Estou com saudades da minha pequena. Quero conversar com ela mesmo sem ter assunto. Assunto se acha.

8h43. Liguei o celular e me perdi no Instagram. Essas redes sociais me sugam de uma maneira inexplicável. E o pior é que não me socializo diretamente nelas. Raras são as vezes em que um diálogo é trocado.


8h53. Mais dez minutos perdidos no Instagram. E entrei na quarta página. Vou revisar e postar. Antes, um cigarro e um café. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

BLANKA II E UM POUCO DE FICÇÃO



18h04. Em pleno sábado a divagar no meu quarto-ilha... O meu post anterior foi banido do Google + porque tratei de uma coisa que não me agrada nos vídeos pornôs que assisto, foi tido como material indecente, quando o que queria era mitigar a discussão acerca do tema. Que seja. A censura na internet já existe e eu não sabia disso. O mais curioso e paradoxal disso é que qualquer criança pode acessar o site de vídeos pornôs irrestritamente. Debater sobre o tema, inversamente é um problema. Estou com muito sexo na cabeça, provavelmente porque tive um contato imediato do terceiro grau com um corpo feminino, com uma garota, a que quero que seja a minha eventual parceira não apenas sexual, mas de vida, encontrada no Tinder. Depois de ter investido tanto no aplicativo – a enorme maioria das vezes sem querer, vítima do mau-caratismo com que a ferramenta cobra os usuários sem aviso prévio – e de tanta solidão, Blanka, apelido dela aqui no blog, apareceu como uma luz no fim do túnel e tem tudo para ser uma relação como venho sonhando há muito. Meu amigo da piscina me chamou para ir à casa dele. Vou lá.

19h00. Ficção. Sketch da novela das 19h. Dona Quirina tinha a vida que pediu a Deus com o seu marido político não tão honesto. Só que seus dias de boa vida estavam contatos. Mostra a cena do pai sendo preso pela Lava-Jato Nacional da qual o meu amigo da piscina falou. O marido, preso como qualquer preso já vê a cesta de comidas dada pela esposa ser surrupiada dele e as intimidações dos bandidos, é você que fode a vida da gente, né, seu filho da puta?! Com todos os bem confiscados, Dona Quirina e seus filhos John, Macoulei e Fritz, três marmanjos que não querem nada com a vida, se vêem de posse apenas dos dois imóveis da família. Dona Quirinha vende o mais novo e volta para o antigo porque era a transação mais rentável. E tenta manter a boa vida o quanto pode. Ela descobre que dura pouco, então chega aos filhos e diz vocês vão ter que trabalhar! Macaulei olha para ela e pergunta, e você? Ela reponde, eu sustentei vocês a vida inteira com o bom e o melhor, é hora de você retribuírem. FIM. Fui fumar.

E voltei com as minhas bonecas na cabeça e o pensamento rodopiou e chego até A Outra História Americana (American History X) algo assim. Que tem cenas fortes e fala do choque racial de forma muito contundente, a mensagem final de melancólica esperança. Só se a última cena fosse o protagonista raspando o cabelo com olhar de ódio, em closes e em câmera lenta, seria de desesperança. SPOILER AHEAD: Mas ele assumir a responsabilidade pelo ódio e a violência terem chegado àquele ponto em descontrolada dor e desespero, desolado, mostra esperança. Se depois disso mostrasse ele raspando a cabeça como skinhead, como possuía no início do filme, mostraria um retrocesso sem esperanças de melhorar.
Depois me lembrei de Broken, eu acho que esse é o nome do filme, que também tem um protagonista careca e um filme com o personagem desse filme e dois personagens de Unbrekable...

Ficção. Dona Quirina tinhas mais dois filhos dos quais tinha muito orgulho, um casado e com um filho, que não ajudava financeiramente, pois levava uma vida sem muitos luxos com a família e um que era traficante da classe média e alta da cidade, esse lhe repassava vinte mil reais por mês. FIM

19h54. Diria à minha mãe se quisesse desiludi-la que quando se aposentasse faria exatamente o que faz nos finais de semana: nada. O celular e a TV serão as formas de entretenimento e diversão, visto que as mais fáceis.

20h00. Ficção. Realizaria o lançamento do Diário do Manicômio aqui no casarão daqui do prédio, como Coca, suco e cerveja a dar de rodo, Blanka sentada ao meu lado para me dar confiança, do outro lado um cinzeiro, as regras na minha casa é de que se pode fumar dentro, pelo menos, eu me dou esse direito e boto a mesa naquele platô que tem o palco com rampa de acesso para ninguém de nenhuma idade ter dificuldade para subir. Eu estaria tomando Heineken e assinando. Estaria com a camisa “quem eu serei?” e perderia todas as minhas amizades. FIM

20h15. Nada me vem à cabeça, entra nela Caterpillar Girl. Estou com um pouco de medo de Blanka nesse momento e sei a causa, parece que uma coisa não combina com a outra ainda. Espero que combinem um dia. Queria que Blanka fosse dançar quando todo mundo fosse para a pista, na festa de 15 anos da minha prima, eu poderia até fazer um esforço e a acompanhar, mesmo que não dançasse. Eu já dancei na vida, no período em que vivi em São Paulo e ia para a Up & Down, uma discoteca que tinha matinê para os menores de idade. Lugar deslumbrante, mágico para mim, adorava ir ali e me divertia bastante tomando Coca e dançando. Nem me passava na cabeça paquerar na discoteca, embora ache que paquera já houvesse.

20h37. Estou com um desconforto na alma. A vontade que tenho é ligar o ar e me deitar e descansar a cabeça e o corpo. Penso em Blanka, no seu sorriso meigo, que me cativa tanto. Ela é bonita na medida certa para mim e eu estou com medo dela nesse momento. Sou todo criança nesse momento e isso me desagrada. Daí talvez o desconforto na alma, minhas costas doem de escrever. Acho que vou para o maravilhoso mundo dos bonecos.

23h36. Comi que nem um cavalo agora, vou me aprontar para dormir. O que os americanos não conseguem esculpir direito é bunda de mulher, A que mais me agradou até agora foi a Capitã Marvel. Essa tem um traseiro perfeito, pena que não vá parecer como quero dispô-la. Vou ter que esperar até segunda por Blanka. É um tempo grande, dá para arrefecer muitos ânimos, especialmente os menos animados, que acho que seja o caso dela.

-x-x-x-x-

13h09. Dormi bem, acordei bem. Hoje tem Vila Edna. Meu espírito ainda não está preparado, ainda mais porque vão me indagar de Blanka e não sei direito o que vou dizer. Certamente não direi tudo, mas o que direi já me deixará como parvo da história. Não me incomodo, é uma escolha que fiz de forma muito consciente. É uma relação como intimamente sempre quis, aberta, que me exime da responsabilidade da satisfação sexual absoluta da minha parceira, pois acho que isso não consigo mais nem tenho interesse em dar. Ainda mais de uma garota de 19 anos, no auge da ebulição hormonal e que demanda uma sexualidade intensa. Gostaria que se afeiçoasse por mim, que se apaixonasse por mim na medida em que me apaixonarei por ela, que nos apeguemos e achemos que a vida fica melhor com a presença um do outro, com essa estranha parceria afetiva. Sinceramente não acredito nisso. Mas preciso acreditar para que funcione. Como se vê, tenho a alma impregnada dela, pois acordo e já vou discorrendo sobre o assunto, pois ele me toma, me rouba de mim, vaporosa relação que tem tudo para dar errado e que, por ironia, me faz acreditar no meu taco, na intuição, que não sei de onde vem, de que eu tenho o necessário para me diferenciar dos demais rolos. Eu começarei lhe oferecendo uma família em uma festa de 15 anos, é uma abertura digna de Beethoven. Talvez isso lhe encante, não acredito que seus outros “ficantes” façam isso. Espero também que ela não se intimide diante da ideia, como costumo me intimidar à medida que mudanças radicais se aproximam. Ademais ela me deu a entender que percebia a nossa relação como uma de longo prazo. É ver no que o acaso-destino vai dar. Agora o meu foco é na Vila Edna e na sabatina a qual serei submetido a respeito de Blanka. Para a qual eu tenho que pesar muito bem minhas respostas e omitir todos os detalhes sórdidos, pois esses só cabem a mim e a ela.

-x-x-x-x-

13h51. Mudei o meu foco para o maravilhoso mundo dos bonecos e não tenho palavras para descrever a satisfação que terei com a minha coleção toda exposta no meu quarto. Será meu recanto mágico no mundo, meu quarto-ilha será ainda mais meu porque terá mais a minha cara, da minha paixão, meu hobby mais inútil de todos. Aliás, tudo do que me ocupo é inútil, Blanka é o ponto com mais significado em minha, visto que é um ser humano ao qual posso fazer bem e fazer bem a outro ser humano é o que de mais concreto e útil há para mim.

14h08. Fui fumar e cruzei com o entregador que veio trazer a comida para a casa da minha tia-vizinha, perguntei quanto tempo levou para o rasta dele chegar à cintura e respondeu que dez anos, disse-lhe que havia passado o mesmo tempo só, mas que havia arrumado uma paquera. Dá-me gosto, enche-me a boca dizer que tenho uma paquera, é o mesmo que dizer que não estou só no mundo e depois de uma década me dizendo só no mundo, essa boa nova que embora tão vaporosa que talvez nem seja, me empresta uma dimensão que me agrada mais. Muito mais. Tem algo de másculo nisso, de ser mais homem por ter uma parceira, ou uma suposta parceira, algo de mais válido socialmente, mais de acordo com um padrão social no qual gosto de me adequar, mesmo que de forma pouco ou nada ortodoxa, não importa, tenho uma paquera e não minto quando digo isso. Se de paquera vai passar, é uma questão que independe de mim, para mim já considero que somos um par. Mas um par é um conjunto de dois e é necessário que a outra parte deseje o mesmo. Tenho esperanças, acho que a festa de 15 anos será fundamental para atar ou desatar esse laço. Torço pelo melhor, será um local feliz, com pessoas felizes, minha família é amável e acho que a receberá e acolherá bem. Posso estar redondamente enganado a respeito de tudo isso, afinal o acaso-destino pode se revelar muito cruel. Acho que ela vai se sair magistralmente bem e causar uma boa impressão em todos e ter uma boa impressão da situação. Nossa, uma mulher na minha vida, tenho medo dos problemas que isso acarretará. Nem sei quais são, mas devem haver vários. Isso é um pensamento demasiado pessimista de uma coisa que nem aconteceu ainda, é apenas uma promessa em botão. O momento de ir à Vila Edna se aproxima. Me sinto intimidado. Vou tomar do café de ontem, a máquina já deve ter o esquentado.

14h50. Nossa, muito bom fumar um cigarro tomando um café. O que será de mim quando tiver a vida completa (se a tiver completa)? Com o meu quarto feito, todos os bonecos expostos, com a garota ideal, como será isso? Espero que seja bom. Na verdade, acho que me sentirei o mais feliz que essa vã existência pode me permitir. Continuarei a maior parte do tempo escrevendo, mas não mais me sentindo só, talvez sentindo amor de amantes, o que será um prazer superior que há muito anseio e do qual já havia desistido. Minto, nunca desisti de fato, mas ancorava as minhas esperanças em paixões impossíveis. Ancoro agora numa paixão difícil e complicada na qual terei que dar o meu melhor para que não se transforme numa coisa unilateral, só da minha parte. Senti saudades do meu pai agora. Eu mostrei a música que passa, I’ve Seen It All, porque a letra me emociona com o seu triste conformismo, a ele que não fez muito da canção. A única novidade musical que lhe mostrei e que fez seus olhos brilharem um pouco foi Belle & Sebastian. Pelo menos uma vez na vida mostrei à suprema sapiência da minha vida algo que lhe impressionou os neurônios já saturados do melhor que a cultura mundial pode oferecer.

15h16. Relembrei à minha mãe que iria à Vila Edna e mencionei que seria sabatinado sobre a minha paquera. Minha mãe disse que eu não contasse muitos detalhes, sei disso, conforme informei no texto acima. Pretendo falar da minha tentativa de ressignificação social e dos embates que estou tendo por conta disso. Especialmente com a minha mãe. As bonecas vieram novamente à minha cabeça e o medo da reação frente às parcelas pesadíssimas que chegarão até fevereiro ou março. Mas a terceira página acabou. Vou revisar, postar e ir à Vila Edna.