segunda-feira, 19 de novembro de 2018

BLANKA II E UM POUCO DE FICÇÃO



18h04. Em pleno sábado a divagar no meu quarto-ilha... O meu post anterior foi banido do Google + porque tratei de uma coisa que não me agrada nos vídeos pornôs que assisto, foi tido como material indecente, quando o que queria era mitigar a discussão acerca do tema. Que seja. A censura na internet já existe e eu não sabia disso. O mais curioso e paradoxal disso é que qualquer criança pode acessar o site de vídeos pornôs irrestritamente. Debater sobre o tema, inversamente é um problema. Estou com muito sexo na cabeça, provavelmente porque tive um contato imediato do terceiro grau com um corpo feminino, com uma garota, a que quero que seja a minha eventual parceira não apenas sexual, mas de vida, encontrada no Tinder. Depois de ter investido tanto no aplicativo – a enorme maioria das vezes sem querer, vítima do mau-caratismo com que a ferramenta cobra os usuários sem aviso prévio – e de tanta solidão, Blanka, apelido dela aqui no blog, apareceu como uma luz no fim do túnel e tem tudo para ser uma relação como venho sonhando há muito. Meu amigo da piscina me chamou para ir à casa dele. Vou lá.

19h00. Ficção. Sketch da novela das 19h. Dona Quirina tinha a vida que pediu a Deus com o seu marido político não tão honesto. Só que seus dias de boa vida estavam contatos. Mostra a cena do pai sendo preso pela Lava-Jato Nacional da qual o meu amigo da piscina falou. O marido, preso como qualquer preso já vê a cesta de comidas dada pela esposa ser surrupiada dele e as intimidações dos bandidos, é você que fode a vida da gente, né, seu filho da puta?! Com todos os bem confiscados, Dona Quirina e seus filhos John, Macoulei e Fritz, três marmanjos que não querem nada com a vida, se vêem de posse apenas dos dois imóveis da família. Dona Quirinha vende o mais novo e volta para o antigo porque era a transação mais rentável. E tenta manter a boa vida o quanto pode. Ela descobre que dura pouco, então chega aos filhos e diz vocês vão ter que trabalhar! Macaulei olha para ela e pergunta, e você? Ela reponde, eu sustentei vocês a vida inteira com o bom e o melhor, é hora de você retribuírem. FIM. Fui fumar.

E voltei com as minhas bonecas na cabeça e o pensamento rodopiou e chego até A Outra História Americana (American History X) algo assim. Que tem cenas fortes e fala do choque racial de forma muito contundente, a mensagem final de melancólica esperança. Só se a última cena fosse o protagonista raspando o cabelo com olhar de ódio, em closes e em câmera lenta, seria de desesperança. SPOILER AHEAD: Mas ele assumir a responsabilidade pelo ódio e a violência terem chegado àquele ponto em descontrolada dor e desespero, desolado, mostra esperança. Se depois disso mostrasse ele raspando a cabeça como skinhead, como possuía no início do filme, mostraria um retrocesso sem esperanças de melhorar.
Depois me lembrei de Broken, eu acho que esse é o nome do filme, que também tem um protagonista careca e um filme com o personagem desse filme e dois personagens de Unbrekable...

Ficção. Dona Quirina tinhas mais dois filhos dos quais tinha muito orgulho, um casado e com um filho, que não ajudava financeiramente, pois levava uma vida sem muitos luxos com a família e um que era traficante da classe média e alta da cidade, esse lhe repassava vinte mil reais por mês. FIM

19h54. Diria à minha mãe se quisesse desiludi-la que quando se aposentasse faria exatamente o que faz nos finais de semana: nada. O celular e a TV serão as formas de entretenimento e diversão, visto que as mais fáceis.

20h00. Ficção. Realizaria o lançamento do Diário do Manicômio aqui no casarão daqui do prédio, como Coca, suco e cerveja a dar de rodo, Blanka sentada ao meu lado para me dar confiança, do outro lado um cinzeiro, as regras na minha casa é de que se pode fumar dentro, pelo menos, eu me dou esse direito e boto a mesa naquele platô que tem o palco com rampa de acesso para ninguém de nenhuma idade ter dificuldade para subir. Eu estaria tomando Heineken e assinando. Estaria com a camisa “quem eu serei?” e perderia todas as minhas amizades. FIM

20h15. Nada me vem à cabeça, entra nela Caterpillar Girl. Estou com um pouco de medo de Blanka nesse momento e sei a causa, parece que uma coisa não combina com a outra ainda. Espero que combinem um dia. Queria que Blanka fosse dançar quando todo mundo fosse para a pista, na festa de 15 anos da minha prima, eu poderia até fazer um esforço e a acompanhar, mesmo que não dançasse. Eu já dancei na vida, no período em que vivi em São Paulo e ia para a Up & Down, uma discoteca que tinha matinê para os menores de idade. Lugar deslumbrante, mágico para mim, adorava ir ali e me divertia bastante tomando Coca e dançando. Nem me passava na cabeça paquerar na discoteca, embora ache que paquera já houvesse.

20h37. Estou com um desconforto na alma. A vontade que tenho é ligar o ar e me deitar e descansar a cabeça e o corpo. Penso em Blanka, no seu sorriso meigo, que me cativa tanto. Ela é bonita na medida certa para mim e eu estou com medo dela nesse momento. Sou todo criança nesse momento e isso me desagrada. Daí talvez o desconforto na alma, minhas costas doem de escrever. Acho que vou para o maravilhoso mundo dos bonecos.

23h36. Comi que nem um cavalo agora, vou me aprontar para dormir. O que os americanos não conseguem esculpir direito é bunda de mulher, A que mais me agradou até agora foi a Capitã Marvel. Essa tem um traseiro perfeito, pena que não vá parecer como quero dispô-la. Vou ter que esperar até segunda por Blanka. É um tempo grande, dá para arrefecer muitos ânimos, especialmente os menos animados, que acho que seja o caso dela.

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13h09. Dormi bem, acordei bem. Hoje tem Vila Edna. Meu espírito ainda não está preparado, ainda mais porque vão me indagar de Blanka e não sei direito o que vou dizer. Certamente não direi tudo, mas o que direi já me deixará como parvo da história. Não me incomodo, é uma escolha que fiz de forma muito consciente. É uma relação como intimamente sempre quis, aberta, que me exime da responsabilidade da satisfação sexual absoluta da minha parceira, pois acho que isso não consigo mais nem tenho interesse em dar. Ainda mais de uma garota de 19 anos, no auge da ebulição hormonal e que demanda uma sexualidade intensa. Gostaria que se afeiçoasse por mim, que se apaixonasse por mim na medida em que me apaixonarei por ela, que nos apeguemos e achemos que a vida fica melhor com a presença um do outro, com essa estranha parceria afetiva. Sinceramente não acredito nisso. Mas preciso acreditar para que funcione. Como se vê, tenho a alma impregnada dela, pois acordo e já vou discorrendo sobre o assunto, pois ele me toma, me rouba de mim, vaporosa relação que tem tudo para dar errado e que, por ironia, me faz acreditar no meu taco, na intuição, que não sei de onde vem, de que eu tenho o necessário para me diferenciar dos demais rolos. Eu começarei lhe oferecendo uma família em uma festa de 15 anos, é uma abertura digna de Beethoven. Talvez isso lhe encante, não acredito que seus outros “ficantes” façam isso. Espero também que ela não se intimide diante da ideia, como costumo me intimidar à medida que mudanças radicais se aproximam. Ademais ela me deu a entender que percebia a nossa relação como uma de longo prazo. É ver no que o acaso-destino vai dar. Agora o meu foco é na Vila Edna e na sabatina a qual serei submetido a respeito de Blanka. Para a qual eu tenho que pesar muito bem minhas respostas e omitir todos os detalhes sórdidos, pois esses só cabem a mim e a ela.

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13h51. Mudei o meu foco para o maravilhoso mundo dos bonecos e não tenho palavras para descrever a satisfação que terei com a minha coleção toda exposta no meu quarto. Será meu recanto mágico no mundo, meu quarto-ilha será ainda mais meu porque terá mais a minha cara, da minha paixão, meu hobby mais inútil de todos. Aliás, tudo do que me ocupo é inútil, Blanka é o ponto com mais significado em minha, visto que é um ser humano ao qual posso fazer bem e fazer bem a outro ser humano é o que de mais concreto e útil há para mim.

14h08. Fui fumar e cruzei com o entregador que veio trazer a comida para a casa da minha tia-vizinha, perguntei quanto tempo levou para o rasta dele chegar à cintura e respondeu que dez anos, disse-lhe que havia passado o mesmo tempo só, mas que havia arrumado uma paquera. Dá-me gosto, enche-me a boca dizer que tenho uma paquera, é o mesmo que dizer que não estou só no mundo e depois de uma década me dizendo só no mundo, essa boa nova que embora tão vaporosa que talvez nem seja, me empresta uma dimensão que me agrada mais. Muito mais. Tem algo de másculo nisso, de ser mais homem por ter uma parceira, ou uma suposta parceira, algo de mais válido socialmente, mais de acordo com um padrão social no qual gosto de me adequar, mesmo que de forma pouco ou nada ortodoxa, não importa, tenho uma paquera e não minto quando digo isso. Se de paquera vai passar, é uma questão que independe de mim, para mim já considero que somos um par. Mas um par é um conjunto de dois e é necessário que a outra parte deseje o mesmo. Tenho esperanças, acho que a festa de 15 anos será fundamental para atar ou desatar esse laço. Torço pelo melhor, será um local feliz, com pessoas felizes, minha família é amável e acho que a receberá e acolherá bem. Posso estar redondamente enganado a respeito de tudo isso, afinal o acaso-destino pode se revelar muito cruel. Acho que ela vai se sair magistralmente bem e causar uma boa impressão em todos e ter uma boa impressão da situação. Nossa, uma mulher na minha vida, tenho medo dos problemas que isso acarretará. Nem sei quais são, mas devem haver vários. Isso é um pensamento demasiado pessimista de uma coisa que nem aconteceu ainda, é apenas uma promessa em botão. O momento de ir à Vila Edna se aproxima. Me sinto intimidado. Vou tomar do café de ontem, a máquina já deve ter o esquentado.

14h50. Nossa, muito bom fumar um cigarro tomando um café. O que será de mim quando tiver a vida completa (se a tiver completa)? Com o meu quarto feito, todos os bonecos expostos, com a garota ideal, como será isso? Espero que seja bom. Na verdade, acho que me sentirei o mais feliz que essa vã existência pode me permitir. Continuarei a maior parte do tempo escrevendo, mas não mais me sentindo só, talvez sentindo amor de amantes, o que será um prazer superior que há muito anseio e do qual já havia desistido. Minto, nunca desisti de fato, mas ancorava as minhas esperanças em paixões impossíveis. Ancoro agora numa paixão difícil e complicada na qual terei que dar o meu melhor para que não se transforme numa coisa unilateral, só da minha parte. Senti saudades do meu pai agora. Eu mostrei a música que passa, I’ve Seen It All, porque a letra me emociona com o seu triste conformismo, a ele que não fez muito da canção. A única novidade musical que lhe mostrei e que fez seus olhos brilharem um pouco foi Belle & Sebastian. Pelo menos uma vez na vida mostrei à suprema sapiência da minha vida algo que lhe impressionou os neurônios já saturados do melhor que a cultura mundial pode oferecer.

15h16. Relembrei à minha mãe que iria à Vila Edna e mencionei que seria sabatinado sobre a minha paquera. Minha mãe disse que eu não contasse muitos detalhes, sei disso, conforme informei no texto acima. Pretendo falar da minha tentativa de ressignificação social e dos embates que estou tendo por conta disso. Especialmente com a minha mãe. As bonecas vieram novamente à minha cabeça e o medo da reação frente às parcelas pesadíssimas que chegarão até fevereiro ou março. Mas a terceira página acabou. Vou revisar, postar e ir à Vila Edna.


  

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