segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O POÇO, ANIVERSÁRIO DO SOBRINHO E QUASE ATÉ A TERAPIA





15h31. Já estou na parte em que como o gelo do copo, a Coca já se foi. Acabei de publicar o post de ontem, em que faço observações disparatadas sobre o filme Pantera Negra. O pagode ecoa da cidade ao sábado à tarde. Ao vivo, com todos os maneirismos do gênero. Está bem tocado e cantado, profissional. Me lembrou o Dia Nacional do Samba, uma das últimas saídas de que gostei. Que me lembrou outra saída onde descobri que não sou uma personalidade atraente para as mulheres de hoje. E como também não sou fisicamente atraente, o teatro da solidão está montado para que eu encene a minha vida nele. Recebi uma curtida do meu post anterior. Já ganhei o meu dia. Todo autor quer ser reconhecido, nem que um pouquinho reconhecido, acho que todos nós escrevemos visando sermos lidos. Então uma curtida é um sinal de conhecimento e reconhecimento da minha obra. Adoro. Depois volto para cá. Acho que vou escrever uma pequena obra, a mesma temática dos meus textos, só que vou compilar uma semana num arquivo só o que dará umas 70 páginas.

17h08. Desisti, houve muitas interrupções e perdi o momento. Me sinto aliviado de ter desistido. Mas não há absolutamente nada que me impeça de começar de novo. Estou realmente fora de forma, qualquer mínimo esforço me põe a suar. Meu computador não está ligando o Bluetooth, não sei o que é isso e não gosto de mandar direto do celular para o som, posso precisar da bateria do celular para sair. Se bem que parece que o aniversário do meu sobrinho se dará realmente amanhã, logo não sairei hoje. Bróder, chegou o momento da saturação do disco de Björk, o “Utopia”, não estou conseguindo ouvi-lo.

17h17. Consegui fazer o Bluetooth do computador funcionar uma vez mais. Foi um caminho meio tortuoso pelas entranhas do sistema, mas consegui. Ainda bem. E coloquei “Utopia” para tocar, sei lá por quê. Era o que estava tocando, então deixei. Não estou com saco de fazer nada, acho que vou me deitar um pouco. Vou é pegar o meu último copo de Coca. Quem sabe fazer um café. Não, café acho que não. Senão iria ouvir de mamãe e estamos tão de boa um com o outro, não quero macular isso. Vou pegar Coca e voltar para cá.

17h25. Havia bem pouquinha Coca, pouco mais de meio copo. Este post está terrível. Suspiro...

17h31. Meu amigo jurista quer me fazer gostar de Zelda Breath Of The Wild. Não dei o jogo por visto, mas estou bastante desmotivado, para dizer o mínimo, para encará-lo. Estou bastante desmotivado para qualquer coisa hoje. E pensar que amanhã, a essa hora estarei em João Pessoa. Nossa, como queria não ir. Mas não vejo como. Penso que mamãe pode me chantagear com o Hulk e não quero que ela se passe por esse papel. O que quero? Quero uma Coca de dois litros gelada da pizzaria. Ou melhor, duas. Quero que o gelo dê até hoje à noite. Quero fumar um cigarro de verdade. Não quero mais do que isso. Queria que me deixassem ficar aqui amanhã.  Queria só um pouquinho morrer de uma morte rápida e indolor. Mas só um pouquinho. Quero mais continuar vivendo mesmo que a esmo. Queria me tornar novamente mais social. Não sei o que vou dizer à minha terapeuta, Ju, na segunda. Sou como um mendigo que vive só porque ainda há vida a ser vivida, mas uma vida quase que totalmente desprovida de sentido. Se eu perder o tesão por escrever, estou perdido. É a única coisa de especial e preciosa que tenho. Que construí para mim. Não é muito. É muito pouco, em verdade, mas é o tudo que eu tenho para emprestar direção às minhas ações. Não tenho namorada, filhos, emprego. Não saio muito. Não me resta muito a não ser escrever. Ou eu não vejo muito mais além da escrita. Não me interesso por filmes, seriados, jornais, shows, revistas, livros, viagens. Me interesso pelo novo jogo do Mario, mas não me interesso por muito além disso. Muitas vezes me sinto perdido e quando me sinto assim, sento e escrevo, como se dá agora. Estou me sentindo perdido. Não queria ir para a terapia na segunda. Estou passando por uma fase difícil e não estou sabendo como sair dela. A terapia deveria servir justamente nesse ponto, para me ajudar. Vou ter que encarar. Me sinto com vergonha de estar numa sala fechada com Ju. Não sei o que falar com ela. Não sei o que dizer aqui. Estou perdidinho da silva. Não tenho coragem de passar pela sala com o meu padrasto lá. Isso está exagerado. Eu devo estar fantasiando, hiperbolizando a minha antissociabilidade. Mas é como me sinto no momento. Mas vou pegar água mesmo assim e botar os pratos no lava-louças. Estou sentindo que um colapso se aproxima. Se continuar assim. Acho que me acostumei a dar um reboot na minha vida de tempos em tempos recaindo na minha droga de preferência. Xô, pensamento maldito! Não posso pensar assim. Recair não vai me levar a nenhum lugar bom, a nada de positivo. Por pouco não deixo a fissura me pegar. Que ozzy. Eu abri uma brecha grande agora, chamei o monstro estando completamente desarmado, ainda bem que me blindei a tempo. Não sei se consegui ou se uma sementinha do mal foi plantada aqui. Não quero ir para o Manicômio. Só gostaria de estar lá se pudesse ter o meu computador para escrever. Aí faria um diário do Manicômio mais decente, eu acho. Mas isso não se daria e não se dará porque eu não vou dar brecha para uma recaída. Pelo menos não uma em que eu seja pego. Hahahaha. É praticamente impossível recair na cola e não ser pego. E minha mãe sempre me interna no Manicômio, o que é uma experiência triste, deprimente, especialmente sem o clã para me apoiar. Não posso e não vou recair, foi uma fraqueza de alma que me acometeu, abaixei a guarda por um momento, mas já passou. Pelo menos gerou conteúdo para o blog. Eu que estava no maior marasmo existencial, volto a ele, depois de um breve descontrole que poderia ter me custado muito caro. O marasmo existencial não é um bom lugar para se estar. Não gosto dele e acho que poucas pessoas gostariam. Escrevo mecanicamente aqui, não posso nem chamar de modo catártico pois não estou extraindo prazer do ato de me dizer nessa situação. Sentido o meu espírito esvaziado de qualquer vigor. A cola ainda lateja em minha cabeça. Solucionaria o meu marasmo, mas poderia me trazer de volta a fissura. A fissura é muito pior que o marasmo social e existencial. O social saiu meio que sem querer, mas acho que é o marasmo que mais incomoda, pois sou eu que o crio fugindo da sociedade levado por um medo não sei de quê. Acho que o marasmo social leva ao marasmo existencial. Num sábado à noite sem nenhuma coisa interessante para se fazer. Não adianta nem perguntar ao meu primo, pois eu não poderei sair mesmo por causa do aniversário do meu sobrinho amanhã. É a vida e hoje me parece uma sucessão de eventos desinteressantes.

18h47. Fui pegar água e botar finalmente os pratos no lava-louças. Estou quase fazendo um café, mas novamente acho que minha mãe vai chiar, então vou esperar ela chegar para me dar grana para as Cocas. Rapaz, me encantei pela Harley Quinn nova da Sideshow, se a pintura saísse exatamente da mesma forma que o protótipo seria uma para ter. Mas vi a desgraça que fizeram com a penúltima Mulher-Maravilha, a pintura do rosto ficou um lixo. Não vou apostar na Harley Quinn. Fora que ela pode ter problema de leaning, ficar pendendo para frente e para baixo. Deixa para lá, minha coleção se encerra na Red Sonja. A probabilidade de sair errado é muito menor. Quero é saber do Hulk, se esse vai chegar ou não. E da paulada que vamos ter que pagar. Queria recebê-lo e colocá-lo logo no lugar da impressora.

19h06. Estou um pouco mais animado, ainda bem. Perguntei ao meu primo-irmão quais eram os planos para a noite já o precavendo de que não poderei ir, o que para ele deve ser até um alívio. Eu ouço um zunido na minha cabeça que me enche quando paro para me concentrar nele.

19h14. Meu primo vai pegar um cinema, mas não me disse qual filme veria. Me deu até vontade de passar na casa dele, parece que tem uma galera lá para ver a nova integrante da família, a filha da minha prima religiosa. Poderia aproveitar e pegar o Zelda e a caixa do Mario lá. Acho que não vou. Se fosse, teria que sair agora. Não vou. Decidi.

19h31. Como queria um café ou uma Coca. A ida à casa da minha tia já é passado na minha cabeça, só se recebesse um estímulo como uma mensagem do meu primo dizendo que querem que eu apareça lá. Sem isso, não sei por que, me sinto sem ânimo para ir. Vou pegar água.

19h36. Peguei a água. Minha mãe não chegou.

19h41. Eu não entendo a interface do Twitter direito. Estou ficando ultrapassado pela tecnologia, infelizmente, ou ela não desperta mais o meu interesse como antigamente. A velhice da cabeça é um mal que me acomete. Me considero velho para diversas coisas. Não consigo ser como a velhinha do filme Titanic que teve uma vida cheia de aventuras e adrenalina. Não preciso de adrenalina na minha vida, não desperta sentimentos que me apeteçam. Sou adepto da lei do menor estresse. Sou meio “alérgico” a estresse, sabe? Acho que foi isso que me catapultou para os meus burnouts no trabalho. E o fato de não ver sentido na vida que levava. Escrevendo pelo menos eu tenho um motivo claro e sólido para viver. E muito poucos picos de adrenalina. Mesmo que deite essas palavras para pouquíssimos olhos, a escrita de alguma forma me preenche mais que qualquer outra coisa que tenha experimentado. Coisas que não me deem ressaca ou culpa, digo. Algo, até que se prove o contrário, saudável, que estimula o cérebro, eu acho, me mantendo entretido no meio desse mar de marasmo que é a minha vida. É fato que preciso dar uma sacudida na minha vida. Poderia escrever uma carta para a garota da noite, mas dizer o quê? Não estou com coragem para enfrentá-la também. Estou pegando um medo, uma repulsa a pessoas. Isso me incomoda. Possuir tal receio, digo. Me gera um incômodo que dificulta minha vida da porta para fora do meu quarto-ilha. Amanhã, por exemplo, no encontro com a minha família de João Pessoa, vai ser difícil, tentarei me esquivar da socialização, escrevendo. Eu devia escrever uma carta muito sincera à garota da noite. Não, não deveria, todo o meu ser se contorce dentro de mim rejeitando a ideia. Que assim seja, por ora. Afinal, não tenho nada a perder escrevendo minhas sinceridades para ela. Provavelmente ela não me leve a sério e me veja como um pária em sua vida. Tenho para mim que tal texto só vá ratificar essa percepção dela em relação a mim. Hoje, nos últimos tempos, eu tenho me tornado um pária para a sociedade com a qual intersecciono a minha existência. Tenho que divisar na terapia, único espaço que me promete esse auxílio, como reverter esse quadro. Sem deixar de escrever. Temo muito parar de escrever e minha vida desabar. Entrar em depressão apesar do equilíbrio emocional químico proporcionado pelos fartos remédios prescritos pela Doutora. Creio que são eles e a escrita que me impedem de despirocar de vez e mais uma vez. Me sinto num poço, segurando nas paredes para não escorregar direto para o fundo, que seria o isolamento total, poço em que, à revelia de todos os meus esforços, vou aos poucos escorregando para o indesejado fundo. Não tenho forças ou coragem de subir tudo de volta, preciso de uma mãozinha. Ou será que inconscientemente quero estar no fundo? Essa indagação não me parece verdadeira. “Heartland” do U2 me arrebata para minha juventude. É uma música que sugiro ouvir, parece às vezes uma prece. É bem climática. Eu amo. Amar, amor. Isso está em falta dentro de mim. Me sinto oco de amor, me sinto uma pessoa fria, não diria calculista pois não calculo nada, vou levando ao sabor dos acontecimentos. De todos os sentimentos, o que mais me acomete é o medo, ou sua versão mais branda, o receio. Mas cheguei a sentir segundos de um medo maior que só saberia nomear como pânico, duas vezes nessa última semana. Uma vez foi ao me deparar com as pessoas da Galeria Joana d’Arc, a outra, segundos antes de entrar no banho para ir ao cinema ontem. É um sentimento que sei que é doentio e por isso consegui suprimi-lo. Mas não sei se com o escorregar no poço será tão fácil da próxima vez, que espero muito que não haja. Há certas coisas que não cabem aqui dizer, as reservarei, se ocuparem ainda a minha mente, para o Desabafos do Vate.

20h56. Esse post está virando um poço de pensamentos pesados e negativos. Isso diz muito do meu estado de espírito. Isso diz muito da minha realidade. Isso diz que é preciso operar uma mudança, não uma revolução, meu ego não suportaria uma mudança drástica e radical, mas algo construído aos poucos. Um passo de cada vez. O próximo só dado quando o outro pé estiver firmemente apoiado no chão, ou na parede do poço, em direção à sua saída.

21h07. Peguei um boneco do Batman pequeno que eu tenho para dar de presente ao meu sobrinho. Minha mãe já vai se retirar, não sei se o meu padrasto a seguirá. E pouco se me dá, agora que tenho Coca, me sinto tranquilo, tenho tudo o que preciso na vida nesse momento. Coca, a noite, o computador, música, nicotina e palavras. Palavras me faltam no momento. Meu truque? Narrar o que estou ouvindo, qual seja, “Land Of Sunshine” do Faith No More. Não é realmente uma escolha que faria para a ocasião, mas preenche o quarto de som. Gosto muito de “Angel Dust”, mas o Spotify tem uma tendência a colocar a banda para tocar quando escuto a lista 6 em modo aleatório. “It’s In Our Hands” ao vivo, aí está certo.

21h17. Acho que vou passar ao Desabafos do Vate dentro em breve. Meu post de hoje só teve oito visualizações, um novo recorde negativo. E eu que pensei que falar de um filme que está sendo um sucesso atrairia leitores. Ledo engano. Aí está certo, depois de pular uma música de videogame, caí em Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, “Stars Fell On Alabama”. Putz grilo, é bonito, viu? “I’ll Go Crazy If I Don’t Go Crazy Tonight” do U2, já da fase mais decadente da banda, mas gosto mesmo assim. Acho que é a única que realmente gosto de “No Line On The Horizon”.

21h30. Estou meio sem assunto, como deu para perceber. Acho que vou pegar um pouco de Coca e fazer xixi.

21h34. Eita, “Sinking” do Cure. Massa. Eu gosto muito da lista 6, fazia tanto tempo que não ouvia, só “Utopia”, “Utopia”, “Utopia” cansa também. Respirar novos ares no ar viciado do meu quarto-ilha. Não abri a janela nem uma vez hoje. Será que teria que colocar “nenhuma” na frase anterior? Não sei, acho que os dois estejam corretos, realmente não sei. Deu para entender que não abri a janela hoje? Deu, né, então sigamos em frente. Não sei onde estava com a cabeça quando coloquei essas músicas de videogame na lista 6. Ah, me lembro, estava de olho em comprar o CD com as músicas orquestradas do Super Mario Galaxy e como achei por bem não investir nisso, procurei alternativas no Spotify, muito mais pobres, diga-se de passagem. E pensar que um dia já tive sede de palco. Não me imagino subindo num palco nem a pau hoje em dia. O que aconteceu/acontece comigo? Acho que estou levando a vida muito a sério, tenho que ser mais pretensioso ou despretensioso que isso. Cadê o meu senso de humor, que meu pai dizia que era um dos traços principais das pessoas inteligentes? Sei lá. Sinto o meu cenho sempre franzido, tanto que a ruga mais marcante que tenho é essa, eu acho. Foi a primeira que divisei quando me olhei no espelho algum tempo atrás. Nossa, falando de espelho me lembrei que irei de novo à Alemanha. Espero estar melhor daqui para lá. Ju, minha terapeuta tem um trabalho hercúleo a operar na minha psique. Hahaha. Acho que não coloquei com clareza para ela quão mais embaixo do buraco eu estou. Vou para o Vate agora. Xau.

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11:47. Estou na varanda do meu irmão JP escrevendo, para variar. Mamãe está comigo aqui. Mexe em seu celular também. Estamos todos de preto em homenagem ao tema da festa, Batman, o cavaleiro das trevas. A viagem foi rápida e agradável, com minha irmã PE narrando suas desventuras no trabalho. Estou sem inspiração para escrever. Meu celular já está com 79%, espero que aguente o dia todo. Mamãe foi pegar uma Coca-Cola para mim. Estou achando minha mãe e meu padrasto um tanto deslocados, mas posso estar tendo uma visão equivocada. Eu estou tão deslocado quanto da outra vez, o que não é nenhuma novidade. Acho que estou até um pouco menos que outrora. Estou com sono e com gases, uma combinação desconfortável. A maioria do pessoal está arrumando a festa lá embaixo. O apartamento está mais vazio e mais tranquilo que da vez anterior. Estou em paz. Se me deixarem aqui, estarei tranquilo. Meu padrasto e meu irmão discutem finanças. Investimentos. Ouço, mas não entendo nada. Estou meio que escondido na varanda, é um lugar que não olham muito. A Coca-Cola está me deixando mais esperto e feliz. Foi bom ter vindo so far. Vivo estímulos novos sem deixar de escrever. Há uma sequência de cheiros bons de comida vindos da cozinha. Parece que as pessoas subiram. Ainda estou relativamente isolado na varanda, o que me agrada, por mais que saiba que interações em breve me serão inevitáveis. Realmente não estou com saco de escrever. Acho que vou dar umas baforadas na escada. Não fui. Mamãe quer que eu dê o boneco do Batman que eu peguei da minha coleção para dar ao meu sobrinho. Estou com sono, queria mais Coca-Cola.

12:45. Fui dar umas baforadas no Vaporfi. Meu sobrinho pegou a minha mão e me levou, como se quisesse a minha companhia. Foi um gesto singelo e carinhoso, muito bom. Ganhei o meu dia com isso. Já valeu a minha vinda. Ele parece que gostou do bonequinho do Batman “gordo” que eu dei. Mamãe projeta a sua fome no bebê que chora.

13:04. Meu sobrinho aparentemente me curte, eu é que não sei interagir com ele. Hahaha.

13:19. Meu sobrinho desenhou o Batman. Ficou bem feito para um garoto de cinco anos. Ele deixou o Batman aqui do meu lado. Vou dar umas baforadas. Quando achar oportunidade. Agora.





13:32. Voltei. Parece que o almoço está prestes a ser posto. E eu não estou com fome alguma. Terei que fazer um prato, entretanto. Não consigo me concentrar no texto, muitos estímulos. E sono. O Batman continua no chão ao meu lado. A bateria já está em 57%, estou abismado como caiu rapidamente. Estou usando o celular como escudo social ou antissocial. Já baixou mais 1%, ozzy isso. Estão dando banho nos meninos. Acho que a ordem, em vista da meladeira deveria ser comida antes, banho depois. Como não entendo de crianças, posso estar enganado. Meu sobrinho surgiu fantasiado de Batman. A festa baseada no super-herói está ricamente decorada. Há uma parede de bexigas representando o Batsinal. E todos os variados tipos de brindes e guloseimas têm a decoração do personagem. A minha cunhada se esmera mesmo na produção das festinhas dos seus filhos. Se eles conseguissem perceber o trabalho todo que dá, certamente ficariam muito gratos. Um dia saberão e reconhecerão, talvez quando tiverem seus próprios filhos.

Clique para ver ampliado, se quiser.


Meu sobrinho veio brincar na varanda. Disse que brinca sozinho e sente saudade de um amigo específico. Esqueci de mencionar que o irmão vai crescer e eles poderão brincar juntos.

14:18. Suponho que dentro em breve desceremos para o local da festa de aniversário. Não queria sair da varanda, mas acho que isso se faz mister.

14:23. A mãe dos meus irmãos, filhos do meu padrasto, veio me mostrar um boneco do Homem-Aranha que mamãe disse que eu saberia avaliar. Mamãe me coloca em cada saia justa. O boneco era de um plástico melhor, mas era um brinquedo, não uma estátua de colecionador, mas nada disse, tentei ser o mais vago possível. Parecia um Homem-Aranha baseado no traço de Todd McFarlane, pelo desenho dos olhos. Gosto mais do estilo de John Romita. Ter vindo de preto só me confirmou que o meu problema de caspa persiste. Há um programa de concurso de canto na TV. Interessa à minha irmã, pois ela faz canto (além de violão e balé). Cada um tentando emprestar sentido ou mais sentido à vida. Acho que se ela estivesse na minha situação dificilmente gastaria seu tempo escrevendo. Acho quase impossível, em verdade. Vou vaporizar.

14:48. Voltei. Nada tenho a dizer. O programa de cantoria ainda passa na TV. E me distrai completamente. Preciso limpar o protetor de tela do meu celular, está cheia de marcas de dedos na área do teclado.

15:06. Na falta do que fazer aqui, escrevo, embora olhar para essas letrinhas do celular me dê sono. Aposto que minha mãe está cochilando. Não ouço a sua voz. Acho que vão descer, será? Queria um copo de Coca-Cola.

15:26. Desci. Mas não entrei ainda no local da festa. Nem sei se irei. Queria mandar uma mensagem para Nina dizendo que estou em João Pessoa, mas não o farei. Ela não poderá vir me ver, nem se disporia a isso, logo seria uma perda de tempo. O celular já está em 38%. Parece que meu padrasto e minha mãe desceram. Me confessei isolado para a mãe dos meus irmãos. Disse que havia começado a terapia na segunda, bipessoal. Ela achou melhor que em grupo, comentou que grupo intimida.

15:37. Os meus sobrinhos se divertem juntos no pula-pula. Taí um brinquedo que sempre quis brincar, a cama elástica. Estou sem nada para dizer ou fazer. Estou oculto da festa pelos pilares da garagem. Vou lá dar uma olhada e se for muito bem-sucedido, pegar uma Coca-Cola.

15:45. Não fui muito bem na prova, nem me aproximei muito do exíguo espaço de festas cheio de rostos desconhecidos. Vi minha mãe lá no meio, mas não tive coragem de enfrentar os demais convidados para falar com ela. Vou me aventurar mais uma vez. Ela apareceu na parte externa. Saiu. Perdi a chance.

15:53. Tirei uma foto do ralo do prédio. Ainda impressionado com a qualidade da câmera do celular. Meu irmão apareceu aqui na garagem. Falava de matemática avançada com outro rapaz. Se tinha integral era avançada demais para mim. Hahaha. Vou tentar me aproximar da festa uma vez mais. Wish me luck.

15:59. Não consegui. Muita gente para pouco espaço. Não é a minha cara. Não agora, não hoje. O que queria agora? Nada. Estou perfeitamente bem onde estou. Estou em João Pessoa, estou nas proximidades da festa doing my thing. Tem um pilar para me encostar, Vaporfi para fumar e celular para escrever, estou de boa. Espero que minha mãe não venha me coagir a entrar na festa, me sentiria profundamente constrangido. Espero que peguem muitos doces e salgados, especialmente estes, para levarmos para casa. Espero que não tardem muito também. Ter me dito antissocial à mãe dos meus irmãos foi para mim a carta de alforria da festa.

16:16. Que posso eu dizer mais? O barulho da festa, o burburinho de vozes infantis e adultas me transmite algo positivo, me agrada. À distância. Achei que uma garota, provavelmente nova demais para mim, me disparou dois olhares. Devo estar imaginando coisas.

16:22. Quero ver quanto tempo mais mamãe e meu padrasto vão aguentar no pequeno caldeirão que é a festa. Não sei se tenho bateria até as 18:00. Nem paciência. Tenho mais da segunda que da primeira. Queria só que não me faltasse assunto. Estou com um pouco de fome. Voaria num prato de coxinhas. Acho que vou pegar uma Coca-Cola pelo menos.

16:29. Nova tentativa fracassada. Estava chegando a família da minha cunhada, fiquei com vergonha. Vou dar outra olhada. Vixe, mais gente chegou. Ozzy. Vou ficar por aqui mesmo. Está me dando vontade de sentar. Sentar lá dentro me parece impossível...

20h40. Cheguei em casa há mais de uma hora. Bem mais. Relutei bastante em ligar o computador e voltar para a mesma rotina. Minha mãe disse que a minha irmã de Munique amou a decoração da festa, ela mesma afeita a esse tipo de empreitada. Se até eu que não entendo achei um primor, imagine outra mãe zelosa como a minha irmã. Até sandálias do Batman com o nome do meu sobrinho havia de brinde. Bem vou acabar este post por aqui. Não sei poste hoje, o anterior, do Pantera Negra, está com 21 visualizações, um número excelente. Quero dar um pouco mais de fôlego a ele. Talvez bem mais tarde, se aguentar acordado, pois acordei cedo hoje, eu coloque este no ar.   

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14h24. Estou a menos de duas horas da terapia e graças aos céus – e talvez ao café – não esteja tão apreensivo em relação a isso como fiquei nos demais dias. Estou até encarando com um certo ar de curiosidade. Espero que o sentimento permaneça esse até a hora da sessão. O som e o computador não se entendem de novo, saco. Novas tecnologias e seus bugs. Embora o Bluetooth já seja uma tecnologia bem estabelecida hoje em dia, não deveria haver mais problemas como esse. De qualquer forma, não estou a fim de ouvir música agora. Estou ainda com a matéria sobre o Pantera Negra que o meu amigo cineasta me indicou na cabeça, sobre um negro americano comentando o filme. Adicionei o link como adendo no post “PANTERA NEGRA”, mas é preciso saber inglês para ler. Vou postar o link aqui, caso você tenha interesse, não me custa nada.


Bom, saindo da minha diversão da sexta-feira e voltando para o aqui e agora, penso na minha psicóloga e começo a sentir um pouco de receio. Taí uma palavra que estou começando a odiar. Não gosto desses receios sociais que podem evoluir para mini-surtos de pânico. Dentro em breve vou ter que entrar no banho para encarar a terapia. Não sei bem o que vou dizer e acho que isso é bom. Acho bom ir o mais desarmado e aberto possível para que meu miolo fique exposto e possamos, eu e Ju, olharmos para ele. Não queria que ela utilizasse arteterapia ainda, mas também não me recusarei se for o caso. Não porque não tenha vontade de recusar, mas porque não tenho coragem de fazê-lo. Sei que isso não é jogar aberto como mencionei momentos antes, mas há limites para a minha abertura. 14h44. Dentro de 16 minutos vou entrar no banho. Não quero escrever muito agora para poder trazer ainda nesse post o que se passou na terapia. Ou pelo menos a parte que julgo viável publicar aqui. Me peguei pensando na carta que intentei e desisti de escrever para a garota da noite. Não sei se bote isso no rol de coisas que tratarei hoje. Vai ser o que sair. Tenho que mencionar o episódio da Galeria Joana d’Arc. Acho que isso eu não vou deixar passar. Queria ter mais uma hora antes da terapia, mas não é assim que a realidade se dá. Ademais, se fosse me concedida mais uma hora iria querer outra e depois outra e não faria o movimento necessário para me cuidar. Cuidar da alma, desse ser torto que sou e que tanto mais torto se encontra. Ela perguntou sobre a minha disponibilidade para ir ao CAPS/Rizoma. Disse-lhe que estava indisponível para isso, que já havia passado tempo demais entre internações e tratamentos, que não queria entrar de novo nessa. 14h52. O tempo voa, oito minutos para entrar banho e partir para a terapia. Acabei de descobrir que o meu celular descarregou, então nada de fotos hoje. Se tirar será só quando voltar e botar o celular para carregar. Espero que a despensa esteja aberta. 14h55. Cinco minutos para o banho e, dele para uma caminhada na tarde ensolarada de Recife até o espaço Lúmen Novum. Não sei como escreve direito. Vou colocar mais uma xícara de café, tomar e partir para o banho. A consulta é às 16h00, dá tempo demais de fazer isso.

14h59. Peguei o café, uma forma de protelar a minha partida. Sei que botei por isso, não sei bem por quê. Não estou com expectativas negativas em relação à sessão como estava ao longo da semana, quase anseio por ela nesse momento, mas algo me força a fazer as coisas no meu ritmo. Sem me atrasar, é claro. Quando uso “-x-x-” significa uma passagem de tempo curta, sem sono no meio, quando uso “-x-x-x-x-” significa um intervalo maior, geralmente com sono no meio. 15h04. Já estou quase ficando sem tempo. Tomarei o banho mais rápido que de costume. Não importa, quero estar aqui fazendo isso agora e eu posso, então faço. Falta 1/3 da xícara de café. Tomei tudo de um gole só. Vou lá.

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17h28. A terapia ficará para o próximo post. Eu quero uma página em branco para deixar as minhas percepções correrem soltas.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

PANTERA NEGRA




13h08. A pior parte de do dia. O despertar. Ainda não conversei com a minha mãe sobre o assunto do Hulk, mas ela leu o meu último post, me contou calmamente quando me deu o leite com o remédio. Nossa, como não quero conversar sobre o Hulk agora.

13h22. Mamãe também não quis, precisa descansar um pouco, ela disse, desopilar, completou. Vou pegar Coca.

13h26. Estou de volta. Embora mamãe esteja aparentemente sendo supercompreensiva, eu estou apreensivo em relação à nossa conversa. Vou desopilar eu mesmo. Mas como? Deitando de novo? Não, não acho legal. Jogar videogame também não estou no astral. Não tenho muito o que dizer. Acho que fiz a coisa certa contando a minha mãe mesmo que pelas vias mais indiretas possíveis. Não tive coragem para o confronto direto. Tive muito medo. Isso sim. Ainda estou receoso de falar com ela.

13h47. Passei os últimos minutos na internet, é uma forma de me esquecer do assunto.

13h59. Minha prima de Natal vai passar o final de semana aqui, será que sairemos juntos amanhã ladeados por meu primo-irmão? Acho que seria legal. Curioso ao menos. Sonhei com a minha segunda namorada e, no sonho, ficava na dúvida se voltava para ela ou não. Não me lembro de mais detalhes, só que havia um ambiente festivo, com mais pessoas, várias pessoas, mas não me lembro de mais sobre o contexto, só me lembro de olhar para ela, de estarmos muito próximos e com clima de beijo e eu relutante em dar o beijo por tudo o que isso iria acarretar na minha vida. Lembro quando voltei para ela pela segunda ou terceira vez, do arrependimento que me bateu quando selei a volta do nosso relacionamento com um beijo. Como me arrependi naquele momento, como quis rebobinar o tempo e não ter feito aquilo. E essa lembrança me veio à mente na nova oportunidade que o sonho me deu. Não lembro se a beijei ou não, entretanto. Acho que apesar de toda a carência afetiva não a beijaria de novo. Não entraria numa relação com ela. Só pode ter sido o fato de achar que a vi dentro do carro na garagem que me fez ter esse sonho. Nem sei se era ela, fazia anos ou décadas que não a via. A possibilidade de ser me foi impactante. Carrego uma grande culpa em relação a ela que não sei como solucionar. Pelo menos não foi um sonho com Clementine. Nossa, me veio a história do boneco do Hulk agora e me deu um embrulho nas entranhas. Meu deus, como quero que isso se resolva logo. Meu primo urbano e meu amigo Marinheiro me mandaram mensagens pelo WhatsApp, mas não quero revelar que estou acordado, pois não quero entrar em diálogos agora. O que queria? Não sei. Que mamãe não viesse conversar comigo nem tão cedo. Parece que o cara da TV a cabo chegou. E parece que vão querer ver alguma coisa na TV do meu quarto. Também não queria que isso acontecesse. Mas vamos acompanhar a vida e levar como uma valsa. Pena que não sei dançar, em especial a dança da vida. Está rolando um estresse por causa do cara da TV.

14h25. Liguei a TV no canal da operadora. Para poupar tempo e a passagem do cara pelo meu quarto não durar mais que o estritamente necessário.

14h34. Até agora nada. Ainda bem. Acho que vou pegar um copo de Coca.

14h42. Que coincidência, quando fui à cozinha o jardineiro do prédio tocou a campainha para pegar uma planta que estava batendo no teto e replantá-la lá embaixo. Me fechei no quarto com o som alto, não serei eu quem atenderá o homem da TV, pois não ouvirei. Também não acho que eu seja a pessoa mais apropriada para recebê-lo, pois não sei qual é o problema que se dá, visto que não assisto TV nem no meu quarto, que dirá na sala. A TV aqui do quarto passa programas infantis, ainda bem que o volume está baixo e não me atrapalha muito, mas TV é um magneto para a minha atenção. Estou começando a duvidar da vinda desse cara. Eu não vou atender, meu padrasto se enfurnou e minha mãe descansa com a porta semiaberta. A probabilidade de ele ser atendido não é das melhores. Engraçado que me peguei olhando para a planta que tocava no teto ontem, quando fiquei esperando na varanda que a fantástica faxineira arrumasse o meu quarto. Mal sabia que não mais a veria, ou que se vir, não a reconhecerei em meio à vegetação do meu prédio.

14h53. Não sei mais o que dizer. Estou quase desligando a TV. Já era para o cara ter aparecido há muito tempo. Estou curioso para ver o que meu primo urbano e meu amigo Marinheiro disseram, mas ao mesmo tempo não quero dar sinal de vida. Esperarei um pouco mais. Pensando na planta, lembrei daquele experimento que se faz quando criança de fazer germinar um caroço de feijão no algodão molhado, achava ou achei uma coisa mágica a vida irrompendo por causa da água. Qualquer dia faço de novo. Faço nada, a iniciativa vai ficar esquecida, perdida nessas linhas.

15h02. Não sei se o homem da TV tocou e embora me sinta um pouco culpado por contribuir para que sua viagem fosse perdida, não saberia assisti-lo e orientá-lo. Não faço a mínima ideia de qual a razão de sua visita. Daqui a pouco vou pegar outro copo de Coca. Se calhar de o cara tocar na mesma hora, calhou. Mas acho difícil que isso se dê. Acho que minha mãe despertou. Ouvi o barulho na porta da cozinha, indicando que desligaram o ar do quarto de casal. Estou tenso.

15h08. Vou desligar a TV. Ou não. O que faço agora? Me vem a vontade de jogar um pouco de Mario Odyssey. Mas não o suficiente. O que quero mais e mesmo assim não muito é continuar aqui escrevendo. O tédio... hoje me aparece como um sentimento bem-vindo em comparação com o sofrimento de ontem por causa do Hulk. Esse assunto ainda está longe de ser resolvido. Longe e ao mesmo tempo perto, pois mamãe conversará sobre isso comigo. Nossa, não quero pensar nisso, a tensão e ansiedade batem forte.

15h37. Troquei a água do garrafão com mamãe. Não falamos nada sobre o Hulk. Comuniquei-lhe do jardineiro que veio remover a planta e aproveitei para ajudar a trocar o garrafão. Joguei um pouco de Mario Odyssey, mas bem pouco. Quase, quase peguei uma lua bem chata, ela chegou a aparecer, mas eu caí e morri, daí desisti. Se a fase tivesse chão tudo ficaria mais divertido, mas do jeito que é, é muito chato. O pior que não quero abandonar esse desafio, não me pergunte por quê.  

15h48. Minha vida está vazia no momento. Ouço “Utopia” de Björk para variar. Eita, vou ouvir “Duelo” composta pelo meu primo urbano.

16h13. Minha mãe fez uma paçoca para eu almoçar e eu li as mensagens do meu primo urbano. Foram a respeito do Hulk e do meu interesse pelo seu equipamento, disse que me ensinaria o programa se eu arrumasse uma forma de instalá-lo. Considerarei, mas confesso que agora, de barriga cheia, não tenho ânimo algum. Nem sei como procurar aplicativos piratas sem infectar o meu computador. Quem sabe não leve o computador na próxima ida à casa do meu primo para ver se ele instala.

16h23. Acho que recebi uma indireta numa das vezes que fui à Vila Edna e não me toquei. É um história longa e besta que não tenho paciência de contar aqui. Tem a ver com o meu hábito de comer gelo e como ele parece repulsivo para uma de minhas amigas, que comentou do nada como acha nojenta a forma como crianças pequenas ingerem líquido. Pronto, foi isso. Não muito mais. Só caiu a ficha de que fazia o mesmo que crianças pequenas com a minha mania de comer gelo. Esse foi um dos parágrafos mais inúteis que já escrevi.

16h29. Não divulguei o meu post na rede social e mesmo assim ele atingiu dez visualizações. Não sei de onde, nem sei como. Não o divulgarei tampouco. Embora tenha uma boa carga de emoções. Negativas. Ontem foi um dia muito ruim. Obtive o valor das taxas de importação do Hulk, absurdamente caras, aproximadamente o mesmo valor que paguei pelo Hulk somado ao frete e gelei. E fiquei na paranoia o dia inteiro sem coragem de contar à minha mãe. Foi muito ozzy. Até agora não sei o que ela vai fazer, espero que ela pague e eu tenha, enfim, o Hulk aqui. Ela e eu estamos evitando falar no assunto. O que acho até melhor. Nossa, não queria ir para o aniversário do meu sobrinho em João Pessoa. E não queria ir para Alemanha tampouco. Mas são dois eventos inevitáveis na minha vida. Será que a turma sairá hoje? Não estou com a mínima vontade de sair, mas pode ser que ela aumente quando souber o que vai rolar. Ou vou ficar o final de semana inteiro sem sair, visto que não vou poder sair no sábado por ter que acordar cedo no domingo para ir a João Pessoa. Minha vida começa a me parecer ruim, o que nunca é bom. Acho que isso se reflete nos meus textos.

17h01. Consegui pegar as duas luas chatas que estavam na minha lista há mais de uma semana. É sempre um sentimento recompensador.

17h11. Peguei um copo de Coca e estou com vontade de me deitar um pouco. Acho que foi por ter me alimentado bem. Com a barba que estou nem tenho muita vontade de sair hoje. A quem estou querendo enganar? Não agarrarei ninguém hoje com ou sem barba.

17h32. Massa! Surgiu um programa massa para mim, assistir o “Pantera Negra” com o meu amigo jurista e sua esposa. Tipo do programa que me agrada bastante. Vou tirar um cochilo agora.

17h42. Ainda estou aqui. Mas vou me deitar

20h39. Meu amigo disse que vem às 21h00. Me peguei tendo aversão forte à ideia de ir ao shopping, quase um pavor, antes de entrar no banho. Agora estou relativamente calmo. Mas, se pudesse, desistiria, embora ache a atitude covarde e doente. Vou encarar e seja o que será.

20h45. Já estou todo pronto. Estou só esperando dar 20h50 para descer. Não devia ter aceito o convite. Mas não tem nada demais. Ir ao shopping, ver as gatinhas e assistir um filme. Minhas mãos suam. 20h48. Vou descer logo. Não, vou esperar esse último minuto absorvendo o meu quarto-ilha. Isso está muito tenso. Relaxar. 20h50. Vou descer. Inté a volta.

Assunto: Cine
20:59. Estou esperando na piscina pelo meu amigo jurista, ele mandou um WhatsApp quando eu estava descendo de elevador dizendo que quando estiver saindo de casa dá um toque. Não vou subir de novo, por isso venho aqui escrever no e-mail. A noite está quente. Eu continuo apreensivo com a saída. Isso é um traço novo do meu comportamento e me preocupa. Terei que falar sobre isso na terapia. Ele está saindo. Vou fumar um cigarro e ir lá para a frente do prédio.

-x-x-

0h54. SPOILER DO FILME PANTERA NEGRA! NÃO LEIA ATÉ AS PRÓXIMAS PALAVRAS EM MAIÚCULO!

Se não quiser saber detalhes do filme, digo. A esposa do meu amigo jurista definiu bem, é um filme sobre uma tribo, eu iria ainda além é a história de um povo que se isolou do mundo, ma non tropo, no coração da África e que por isso desenvolveu uma política interna meio tribal, onde os anciãos de cada tribo reúnem-se com o rei para deliberar. O rei aparentemente tem a última palavra, mesmo que contradiga o consenso dos anciãos. Pelo menos assim me pareceu. Assuntos como fidelidade ao trono, terrorismo e opressão social ou racial são tocados também, mas para mim o personagem principal e mais atraente do filme é Wakanda. A direção de arte foi ao mesmo tempo ousada e feliz ao se embeber na cultura africana para criar os cenários de Wakanda. Poucas vezes me pareceu uma alegoria carnavalesca, mas o filme é repleto de “africanidades” que permitem um visual exuberante e fora do comum. Gostei da variada. Gostei de o filme ser sobre o choque dessa realidade do povo de Wakanda, que traz a mensagem de que a África, se não tivesse sido colonizada, evoluiria a seu modo até virar uma civilização tecnologicamente avançada, com a civilização do resto do mundo. Esta última consegue “corromper”, como queira, transformar, acho mais adequado, dois filhos de Wakanda em revolucionários terroristas, levando-os a crer que a melhor estratégia para o povo oprimido são as armas e a morte do opressor. É uma estratégica falha, na minha opinião, pois o que ocorre depois que se mata os opressores? Os opressores seriam quem? Não se mataria gente de bem, pessoas que não oprimem ou que nada tem a ver com o regime? Não sei, houve a Revolução Francesa que instaurou os três poderes, modelo que pegou em praticamente quase todo o mundo. Menos em Wakanda. Talvez não entre os povos da África. Não sei nada da história de lá. Meu defeito, minha alienação. Gostaria de saber como um africano veria um filme desses. Um africano bem tribal e um africano esclarecido, já moldado pela cultura capitalista. Qual seria a visão dos dois? Fico curioso em saber. Gostaria de saber se acharam a essência da África bem representada no filme. É algo difícil de capturar por uma indústria que visa o entretenimento mundial como forma de lucrar e produzir riqueza, não sei se são as pessoas certas para repassar para o mundo algo genuinamente africano. Até porque existem várias Áfricas dentro do continente africano. Como existem vários Brasis no Brasil. Por isso o filme do tucano foi chamado “Rio” em vez de Brasil, porque não contemplaria a pluralidade cultural do nosso povo. Se há uma coisa que em nós é rica é a cultura, por mais que estejamos na era do sertanejo-axé-brega que nem sei que nome tem. E o funk. Acho ambos musicalmente pobres perto de um Chico e um Caetano e até de uma Nação Zumbi. Chico e Caetano hoje são músicos para a geração da elite passada, a geração dos meus pais e um pouco da minha. Acho que Djavan tem até maior penetração que eles na minha geração. A música clássica virtualmente se perdeu. Enfim, hoje, até as elites se dobraram a Wesley Safadão e Anitta e sei lá mais quem. Por falar em trilha, a trilha toda do filme é de música africana ou negra, achei isso muito pertinente com a atmosfera mostrada.

1h42. Voltei ainda pensando no filme. Achei muito boa a escolha do vilão e suas motivações. Vou botar isso lá para cima. Achei muitas interpretações fracas, da maioria dos atores. E achei que o Pantera Negra bate pouco e apanha demais. As cenas de ação não me cativaram. Queria voltar logo para os dilemas político-sociais levantados pelo filme. Mas isso sou eu. As cenas de ação são as já conhecidas fanfarras da Marvel em momento pouco inspirado. Ainda bem que há relativamente poucas ao longo do filme, que achei mais longo que de costume. E há duas cenas depois dos créditos, se você curte o universo Marvel, espere até todos os créditos passarem. Mas o filme se encerra em si mesmo, embora quisesse ver o resultado das novas políticas internacionais de Wakanda e seus efeitos no resto da civilização. Gostei também da sugestão de que as intervenções esporádicas no planeta eram vistas como episódios de óvnis. Pelas luzes no céu voando e desaparecendo rapidamente. Foi uma sacada boa e curiosa. Me surpreendeu. Olhando em retrospecto, derivando da brilhante percepção da esposa do meu amigo jurista, eu gostei mais do filme. É um tributo à África e às tradições africanas como também sendo válidas, só que à parte da civilização capitalista globalizada. Ou assim quis perceber.

(Adendo 26 de fevereiro de 2018:)

Para saber a visão que um negro crescido e educado no sistema capitalista teve sobre o filme, você, se sacar inglês, pode ler aqui:
https://www.esquire.com/entertainment/movies/a18241993/black-panther-review-politics-killmonger/

Foi o meu amigo cineasta que mandou para mim. Eis a minha resposta.


Interessante leitura, não sabia que o filme havia sido feito por negros em quase sua totalidade, curioso isso e parabéns para a Marvel em investir numa superprodução tão ousada. Sobre a parte da não-violência existir só por causa dos negros, fico meio reticente. Lembro-me de Ghandi e de sua revolução não-violenta (pelo menos da parte dos revolucionários), embora saiba muito pouco sobre o assunto. Sei que a violência é um traço animal do comportamento humano de brancos e negros e amarelos e vermelhos e quaisquer cores que você quiser nomear, mas sou uma pessoa até onde me conheço extremamente anti-violência. Não por medo dos negros se rebelarem, mas simplesmente porque acho soluções e ações violentas hediondas. Sobre o branco da CIA se imiscuir em Wakanda com a maior facilidade, achei meio forçado também, olhando em retrospecto, porém acredito que isso tenha se dado por causa de filmes vindouros. Como elo narrativo entre o Pantera Negra e os demais super-heróis da Marvel. Desce quadrado, mas vai fazer sentido no esquema maior das coisas do universo Marvel. Achei estranho não ver nenhum negro na sessão, isso para mim foi a coisa mais impressionante.  


FIM DO SPOILER! PODE VOLTAR A LER. :)

1h34. Vou pegar Coca e fumar um cigarro. Acho que o final eu posso contar, não o final do filme, mas que há duas cenas pós-filme, se você quiser ver as duas, tem que esperar os créditos rolarem até o fim.

1h53. Vi o trailer de um filme com uma premissa até interessante até virar um plágio de Scott Pilgrim. E o efeito nos olhos da personagem principal ficaram trash, todo o resto ficou perfeito, menos os olhos, que são o principal. Se só tivessem aumentado o tamanho dos olhos como se fez com Johnny Depp em “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton, teria ficado melhor. Do jeito que está parece coisa de anime. Talvez veja no cinema. Depende do meu amigo jurista. O Jurassic World dois, pelo trailer, vai ser um fiasco de bilheteria. Contou o filme quase todo e não empolgou. O do Deadpool novo é sem graça, mas fica na cabeça. Não me lembro dos demais. Nem do nome da garota de olhos de anime. Acho que começa com “A”, lembro de um “A”, mas só sei que ela é superpoderosa e vai lutar contra uma série de vilões, a parte em que ela é apenas one of a kind acho que vai ser muito superficial, bem diferente de... me esqueci o nome do filme agora. “Ex Machina”, eu acho. É, sim, vi na net. Recomendo fortemente. Ele, “Her” e “Automata” fazem um bom trio de filmes para assistir em sequência numa tarde/noite de domingo, talvez para arrematar “Transcendence”. Depois, no outro final de semana, ver o seriado “Black Mirror”. Acho que vou comer.

2h29. Comi bastante agora aqui em casa. No shopping, só tomei um milk-shake de chocolate da McDonald’s e uma Coca da maior possível na entrada do cinema. O meu amigo jurista está mais preocupado atualmente com a saúde e a alimentação. Bom para ele. Eu acho que eu tenho uma boa alimentação, tanto que acho que vou comer um pouquinho mais dentro em breve.

2h36. Vou lá.

2h46. Comi salada. Pepino, cebola e tomate com azeite, shoyu e pimenta moída de diversas cores. Foi gostoso, só faltou o abacaxi. Vou pedir para mamãe preparar essa receita para mim, pepino, cebola, tomate e abacaxi, se estiver docinho. Acho a salada perfeita para mim. Acho que comeria com prazer e com os temperos acima mencionados, poderia acrescentar um fio de mel de abelha. Ficaria nos trinques. Acho que vou comer mais uma vez. A farofa está muito boa. Estou sem saco nesse momento. O que quero da vida? Acho que vou me deitar porque estou com a barriga cheia.  

3h06. Fui lá na cozinha e ataquei um pouco mais da farinha láctea, fumei o último cigarro da noite e enchi o último copo de Coca. Me lembrei de um cara que surtou, acho que de mania, na Clínica de Drogados. Não foi o último surto que de mania que vi, mas me lembrei deste acho que porque vi que o Cordel do Fogo encantado voltou à ativa, o cara virou um menestrel e ficou falando de coisas regionais, do cangaço de Lampião, tudo como se estivesse narrando um cordel ou uma missa, olha, foi uma doideira. O outro surto de mania? Teve mais etapas. O bróder acordou gritando “só por hoje” no meio da madrugada depois que olhou para a sua toalha com os dizeres. Quando o dia amanheceu e tivemos tempo livre, ficou fazendo rolamentos no chão, sem camisa, por isso se ralando todo, simulando a forma certa de cair de uma moto. Esse foi engraçado. Embora não ache muita graça nessas coisas. Ambos tiveram que descer para o Manicômio para uma intervenção mais pesada. Vou me deitar. Estou cansado.

-x-x-x-x-

13h23. Pior parte do dia, despertar. A cama ainda me atrai, o convívio me incomoda, a escrita é o menos ruim a se fazer nesse momento e mesmo ela não me é muito amigável.

13h32. Passeei pelas abas do Chrome e nada de interessante me captou a atenção. Percebi a estranha sinergia entre o meu casal de amigos e fiquei pensando se queria isso para mim. Me pareceu possuírem uma intimidade muito grande e dessa parte eu gostei. Devem ter se aproximado mais completamente em Brasília onde só podiam contar realmente um com o outro ou pelo menos é assim que vejo a situação. Posso estar equivocado. Mas o que posso contar do agora? Ele é de uma monotonia conhecida, quase amigável, tão amigável quanto a monotonia pode ser. Gosto de me saber no quarto-ilha sem nenhum prospecto de sair dele por hoje. A Coca-Cola Zero que coloquei para mim é, mal comparando, como o chá que dá ao Pantera negra os seus instintos sobrenaturais. A Coca me revigora, me reanima. Acho que se fosse café teria o mesmo efeito. Estou com um astral melhor hoje. Talvez a saída com o meu amigo jurista e sua esposa tenha me feito bem. Nem reparei no resto do mundo. Dessa vez o resto do mundo passou batido. Fiquei tenso com a situação em alguns momentos, mas nada demais, quando achei que o casal precisava de privacidade para decidir algumas coisas. Aproveitei tais momentos para comprar o milk-shake e depois a Coca-Cola. Depois foi o filme. E o rápido retorno para casa, moro perto do shopping, momento em que seu deu o comentário sobre o filme que mudou a perspectiva que tive da película. Mas já falei sobre isso ontem. Meu amigo jurista está de carro novo, bem mais invocado que o anterior. Quase um SUV, branco, muito bonito achei. Deveria ter perguntado o modelo para informar o leitor mais aficionado em automóveis. Posso perguntar ao meu amigo jurista pelo WhatsApp, mas não vou. Tenho vergonha. E isso não é um texto jornalístico.

14h22. Fui pegar Coca e dei uma pequena ajuda a mamãe na cozinha. Estão tocando Reginaldo Rossi em ritmo de pagode, ao vivo me parece, nas redondezas. A banda tem todos os maneirismos vocais de uma banda de pagode carioca, as interjeições no meio da música que estas bandas soltam. Não é um som desagradável aos ouvidos, mas está um pouco distante da minha seara musical. É bom para dar uma variada. Deram uma pausa agora. O meu computador e o som ainda não estão se entendendo. Acho que em findadas as minhas poucas observações sobre o filme do Pantera Negra, e tendo escolhido como título da postagem o nome filme, devo acabar por aqui. Vou procurar a imagem da art print da Sideshow do filme para ilustrar este texto.  

14h48. Peguei. E me perdi tentando decifrar o e-mail sobre a Google Cloud Platform, mas não é para leigos, infelizmente. Não entendi patavina. Queria ver se havia alguma conexão com a Singularidade Tecnológica e fiquei na mesma, infelizmente. Vou revisar para postar.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

É QUINTA-FEIRA OU HULK ESMAGA O MEU JUÍZO

Olha quem passa o dia me vendo trabalhar nesses textos.


É quinta-feira e já são 14h14 da tarde, o que significa que esse post não vai ser longo, eu espero. Invadiram minha conta Steam, que, ainda bem, não tem nenhum carão vinculado. Foi um acesso da Alemanha. A coincidência na história é que o meu Hulk está vindo pela DHL, o correio alemão. Mas não acho que uma coisa tenha realmente a ver com a outra. Acho que vou ligar para a DHL para ver que informações ela precisa de mim. Um minuto, ou vários, não sei o tempo de espera da DHL.

15h04. Meu irmão, a DHL não poderia ter me dado notícia mais chocante que o valor das taxas do Hulk. Estou aqui com um frio na espinha só de pensar. Minha mãe vai pirar. É, sem dúvida, o último boneco que envio para o Brasil. Basta dizer que o valor é de 100 a 120% o valor do produto mais o frete. Ou seja, o dobro do que eu pensei que seria. Não sei nem se o meu cartão tem esse limite de crédito. Esse Hulk tem que ser realmente a peça mais incrível da minha coleção. Não sei nem como dizer isso à minha mãe. Fiquei sem chão agora.

15h27. Ia ligar para saber o teto do meu cartão de crédito mas meu celular descarregou justo na hora. Estou supernoiado agora. É esperar chegar para pagar. Não tem mais o que fazer. Putz grilo, bem que achei que estava tudo transcorrendo fácil demais. Que golpe da existência esse, pagar mais de imposto que o próprio valor do produto (mais o frete do produto) é surreal. Inimaginável para mim até alguns minutos atrás. Seja o que deus quiser. Mas estou agora com um frio no estômago ou um gelo na espinha, ou os dois juntos. Choque de adrenalina do caramba. Quando ouvi o valor, fiquei sem fala. E a moça, Letícia, até que me preparou. Só falta o Hulk chegar com defeito. Acho que a existência não vai ser tão cruel comigo. Não faço nada de mal a ninguém. Não é possível. Bom, eis a realidade e o que posso fazer é acolher e aceitar que a tributação brasileira para importados é ridiculamente atroz.

15h43. Estava redimensionando as fotos que tirei da Rei e do Homem-Aranha Simbionte. Queria que na do Homem-Aranha desse para ver que, em vez de preto, ele é de um azul-marinho meio metálico. Não sei se deu para captar isso. Vê aí.




15h46. Puxa, nem sei o que pensar do Hulk. Foi a coisa mais cara que comprei na vida. Minha mãe vai ficar muito enlouquecida. Meu deus do céu. Não sei nem o que dizer mais sobre o fato, pois é um fato, é uma coisa que não tem volta. E é uma vez na vida que faço uma besteirada dessas. Não faço mais. A Red Sonja vai para casa do meu irmão. Não mando mais nada para o Brasil. Mais de 100% de imposto é de lascar. Que pedrada da existência. Estou aqui doidinho. Vou tentar relaxar. Pensar em outra coisa. Mas em quê? Pelo menos esse evento me joga para bem longe do tédio, mas para um lugar igualmente ruim. Só que de outra maneira. Fato é que não tenho coragem de contar a mamãe desse valor. É tão absurdo que não consigo imaginar a sua reação. Me pelo de medo só de pensar. É um preço absurdo a se pagar por uma estátua somando tudo. Absurdo. Se eu soubesse de antemão, teria cancelado. Agora não tem volta e é a peça que mais desejei na vida. Espero que seja tudo o que espero. Esse assunto está fora do meu controle. Não há nada que eu possa fazer para mudar o fato que o Hulk vai aparecer aqui embaixo com uma conta altíssima a ser paga. E por altíssima, eu realmente quero dizer altíssima. Além das minhas posses. Não sei o que fazer pois não há nada a ser feito. Não deveria ter ligado. Por que eu fui ligar? Era melhor eu ter recebido a pedrada quando o Hulk eventualmente chegasse aqui. Me sinto mal de saber o valor e não repartir com mamãe. Não sei, não sei, não sei. Rei Ayanami me fita impassível. O Coisa apresenta um semblante melancólico que se adequa mais a situação. Hahaha. Melhor rir que me desesperar. Mas estou desesperado e a merda está feita. Não tem volta. A volta me custaria o mesmo valor e não teria boneco nenhum. Teria pago tudo por nada. É inacreditável o valor. Ainda estou de cara. E com a adrenalina pulsando a mil. Ai, ai, ai... vou ter que ligar para o banco para ver o teto do meu cartão de crédito e de repente pedir para aumentá-lo, sei lá. Acho que vou fazer isso quando o celular carregar. Estou muito ferrado com a minha mãe. Mas não sabia dessa tributação insana. Não foi algo intencional. Foi inocência. É um preço muito alto a se pagar pela inocência. Literalmente. Mais sobre isso nos próximos posts, tenho certeza. Nossa, que golpe da existência. Que lições eu posso tirar disso? Obviamente nunca mandar mais nenhum boneco para o Brasil. Eu que estava até me animando e pensando em fazer com a Red Sonja o mesmo que fiz com o Hulk. Não mais. De forma alguma. Não há mais lições a tirar. Agora é esperar a retaliação de mamãe. Ela vai querer descontar em mim de alguma forma. Não sei como. Mas vai. Eu sinto. Ainda mais quando souber que eu já sabia do valor. Não sei se publique esse texto. É me autoincriminar. Parece algo premeditado. Não sei o que fazer.

16h42. Vou tentar pôr esse assunto de lado. Meu primo urbano me enviou uma música que compôs chamada “Duelo”. Ele já havia me mostrado na casa dele e o que percebi é que ela funciona muito mais ouvida alta que baixinho. Ouvi baixo da primeira vez e não funciona. Ele sugeriu que poderia ser ouvida também com fones de ouvido. Realmente, faz tanto tempo que não ouço nada com fone de ouvido que me escapou essa possibilidade. Não adianta, o valor dos impostos Hulk fica como uma enorme sirene vermelha na minha cabeça. Tenho que relaxar, entregar na mão do poder superior, como se dizia na Clínica de Drogados que rezava pela cartilha dos 12 Passos. O poder superior foi crudelíssimo agora. O celular está em 93%. O que eu queria era nunca ter ligado para a DHL. Só saber no dia e me chocar na hora. Esse sofrimento antecipado me corrói as entranhas. Como é que pode? Letícia enumerou os impostos e confesso que nem prestei atenção direito, tão chocado estava. Pelo menos isso daqui serve para eu desabafar todo o meu terror. O pior que o processo é irreversível. A ignorância seria uma bênção para mim nesse momento. O que não tem solução, solucionado está, já dizia o meu velho e ido pai. Papai seria mais compreensivo que mamãe sobre isso. Mas acredito que até ele ficaria chocado com o valor. Projetando, acho que ele também ficaria fulo da vida. Não sei. Talvez dissesse, é o seu dinheiro, se quer gastar nessas porcarias, o problema é seu. Mas o que estou fazendo agora, fantasiando com o meu finado pai? Não tem nada a ver. O problema é a minha muito viva, graças a deus, mãe. É, não há o que fazer. Posso tentar contar para ela, mas acho que isso só vai piorar a situação. Ela vai sofrer com raiva, acredito que raiva seja um tipo de sofrimento existencial, afinal não dá prazer nenhum e rouba a paz da alma, colocando no lugar uma agressividade que não leva, mais das vezes, a canto nenhum. Acredito que algumas vezes leve a uma revolução, mas nesse caso em particular, não vejo nenhuma benesse para mim ou para ela. Estou me sentindo perdido em relação a esse assunto. Se minha mãe fosse uma pessoa mais fácil, eu cogitaria contar para ela. Nossa, não podia nunca imaginar. Ainda estou chocado com o valor. Não sei se vou publicar isso. Se ela ler, vai achar que eu estou tentando lhe passar a perna ou enganar de alguma forma não revelando esse dado de dura realidade que me atingiu como um soco do Hulk. Ele chega em teoria no dia 27, ao que parece, dia da missa de um ano da morte vovô. Não tenho certeza. Não lembro quando vovô faleceu. Sou péssimo com datas. E ainda tem o aniversário do meu sobrinho para ir no sábado ou domingo em João Pessoa. Meu celular carregou.

17h22. Liguei para o banco para aumentar o limite do meu cartão e só que pode fazer isso é mamãe. Estou muito ferrado. Que sentimento ruim. Dread é a única palavra que me vem à mente. Mamãe vai colocar a culpa toda em mim, pois adora encontrar culpados para as coisas. O único pensamento que me alivia é saber que isso um dia vai ser passado. Nossa, fazia tempo que não me sentia tão mal com uma coisa. E o pior que não tenho controle nenhum sobre a cadeia de eventos que se darão. O que posso fazer é repartir ou não essa informação que possuo com a minha mãe. O mais honesto a se fazer é abrir o jogo com ela. E o mais justo? Para ambas as partes? Há uma diferença aí. Me sinto mal não repartindo a informação, mas o medo da reação é muito grande. Não sei o que fazer. Deixa ser como será. Mas eu determino em parte como será, pois estou de posse da informação. Saco. Acho que não vou publicar isso. Ou o mais justo talvez seja publicar isso e deixar o acaso decidir se mamãe vai ler ou não. Acho que isso é o mais justo, é ao mesmo tempo contar e não contar. Deixo nas mãos dela decidir se lê ou não. Está decidido. Publicarei isso e seja o que deus quiser. A minha consciência não pesa tanto dessa forma. Não me sinto escondendo, enganando ou manipulando de alguma forma a minha mãe. Estará dito aqui. Se ela ler, o que costuma fazer, saberá. E saberá de todo o sofrimento que estou passando por causa disso. Estou me sentindo muito mal, embora não me considere culpado. Não imaginaria nunca uma extorsão tributária dessas. Caraca... ...17h44 já. Em breve mamãe chega em casa, com que cara eu vou olhar para ela? Bom, um dia isso será passado. E talvez tenha para sempre o prazer de ter o Hulk aqui comigo. Sei lá se terei. Esperei tanto tempo por esse momento, só não esperava desfecho tão... sem palavras para descrever no momento este momento que atravesso. Maldita ligação! Por que inventei de ser proativo? Agora estou com um Hulk inteiro de preocupação na minha cabeça. Puxa vida, vida, você às vezes, hein? Sem comentários...

18h00. Continuo na mesma, me sentindo mal para caramba.

18h06. Meu primo urbano veio perguntar sobre o assunto (precisava desabafar com alguém) o que me deixa ainda pior. Dread... total. Saco isso. Não sei o que fazer para desopilar. Só se for jogar um Mario. Mas não estou com cabeça. Pelo menos hoje eu tenho uma razão bastante sólida para estar mal. Fato é que terei o Hulk aqui, não tem mais volta.

18h56. Minha mãe chegou. Notou minha cara de abatimento. Não lhe disse nada. Ela falou que vai ler o blog para saber. A sorte estará lançada. Se ela souber por aqui ou no dia da entrega, o desfecho vai ser o mesmo. Eu não sei o que fazer ou o que dizer sobre o assunto. Ah, nesse ínterim peguei a feira no carro e tomei um bom e refrescante banho. Vou mudar o rumo da conversa, não adianta ficar me maltratando mentalmente. Acho que ter me desvencilhado um pouco do assunto com outros afazeres foi uma coisa boa. Já sofri demais e mais sofrerei quando mamãe descobrir. É a vida e não deixa de ser bonita, bonita, bonita.

19h03. Vi fotos de um toró em Macau, terra natal da minha família paterna. Senti saudades de lá e de Areias. O que posso dizer, meu saco?

19h13. Estava olhando o site da Sideshow, a fabricante do Hulk e lançaram uma Harley Quinn muito bem-feitinha, com uma expressão muito boa, mas ainda fico com a Red Sonja.

19h31. Minha mãe me chamou para jantar. Fritou uns bifes acebolados muito gostosos para mim, o que me fez ficar com a consciência ainda mais pesada. Tenho que me conscientizar que eu não poderia prever essa tributação. Para! Chega, não vou falar mais sobre isso.

19h33. A vida segue e eu sigo com ela. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a garota da noite. Imagino-a de bruços na minha cama conversando comigo. Não, nada de sexual. Curtiria mesmo a intimidade e companhia, pode ser que evoluísse para uma transa, mas não seria o começo da interação. Não no pensamento que tive. Pensei em meu tio que fez aniversário dia 20, mesmo dia do meu cunhado, que se disse saudoso de mim. Fiquei muito feliz com o reconhecimento. Certamente não o esperava quando o felicitei. É uma pessoa muito legal, pelo menos foi assim que ficou gravado em minha memória. Lembro que um dia, num dos muitos almoços organizados por papai em seu apartamento em Boa Viagem, meu tio disse que a melhor música do Legião Urbana era “Perfeição”. Disse que gostava muito da letra. Por falar em música, a conexão entre o computador e o som deu pau mais uma vez. Teria que reiniciá-lo, mas estou sem paciência para esperar no momento. Mas vou querer ouvir o som mais tarde. Terei que fazer isso num momento outro. 19h45. De 20h20, eu faço. Posso passar sem som por enquanto. Ficou curiosa a construção da frase anterior, o acaso, ah, o acaso, me pôs uma construção curiosa de frase na cabeça que tem uma certa musicalidade, “posso passar sem som”. Hahaha. Estou rindo, mas detrás da minha cabeça o alarme está a gritar. É como se eu tivesse feito uma grande trela, só que eu não fiz nada. Mas a culpa é a mesma. O medo da punição é o mesmo. Que saco. Será que vou ficar nesse perrengue até o busto chegar? Será que mamãe vai ler isso? Sei lá, sei lá, sei lá. Sei que não estou nada bem com a situação. E ela fica buzinando no meu juízo. Acho que não vou divulgar esse post também, não tem nada a ver as pessoas lerem esse meu desabafo. Só publicarei por causa do que mencionei acima. Não quero esconder de mamãe, quero menos ainda revelar. O meio-termo entre uma coisa e outra é esse blog, que fica ao critério dela ler ou não. Ela indicou que leria. Olhei para o Nintendo Wii U agora e me deu uma repulsa de games. Nem o Switch, nem o PS3 me causam isso. Mas jogarei algum dia todos os jogos do Wii U, nem que seja só para ver como são. Não sei se tenho essa disposição com o PS3, pois tenho realmente muitos jogos de PS3. Não acho que jogarei todos. Mas tudo é possível. Certamente não jogarei todos os da PSN, nem posso, pois o meu PSPlus está esgotado. Não entendeu nada? Não faz muita diferença para você, não. Melhor deixar isso para lá. Fato é que tenho um monte de jogos lacrados para jogar e nem o Mario Odyssey, o meu queridinho de todos os tempos, me desperta atração hoje. Ouço som de TV na sala. Acho que consumo mais Coca quando ela vem nessas garrafas de um litro que mamãe comprou. Não sei qual é o desvio do meu cérebro que me faz beber mais. O celular de mamãe toca o alarme. Botei o CD do som para tocar, “Homogenic” de, adivinha..., é, dela mesmo, Björk. Ainda vou ouvir a música do meu primo uma vez mais ou duas para ver se entro no clima dela. Acho que é uma ótima música para ouvir escrevendo. É um brinquedo muito invocado o quarto de som do meu primo urbano. Talvez se soubesse mexer e tivesse um equipamento daquele à disposição, encontrasse nele um novo hobby para rivalizar com a escrita. Ou não. Talvez me empolgasse por um ou dois meses, depois perdesse o tesão e teria um equipamento caro, ocupando um espaço grande para absolutamente nada. Se tivesse só o programinha de som acho que poderia brincar. Sei lá, não tenho nem um nem outro e o programinha de som é já é supercomplexo de mexer. Minha mãe veio aqui e disse que queria ver um filme comigo amanhã na sala. Eu disse a ela que não estava muito a fim e a culpa latejou forte em mim. Que ozzy. Mamãe parece que pressente as horas mais inadequadas para me fazer um convite dessa natureza. Tudo o que quero até esse Hulk chegar é manter distância dela, pois omitir nesse caso é muito parecido com mentir. Me dói. Me machuca. Me esmaga o juízo.

20h17. Acho que minha mãe vai acordar no meio da noite para me pastorar, indo dormir a essa hora. Disse para eu tomar o remédio às 22h00. O farei, certamente. Há pão e mortadela para a fome madrigal. Embora tenha comido os bifes acebolados, tenho convicção que a fome se manifestará. Mãe, me desculpe por não ter tido coragem de contar presencialmente a você sobre os impostos do Hulk. Fiquei com medo da sua reação. Estou com medo da sua reação. Isso está deixando minha alma em torvelinho. Perdoe a covardia, mas foi chocante para mim, imagino para você. Ainda não acredito que vamos ter que pagar de uma só vez o valor que passei meses pagando, por causa da tributação daqui. Meu deus, você já vai chiar com o valor do frete, nem imagino a sua reação em relação ao valor dos impostos. É muito dinheiro, eu sei, mas não sabia até ligar para DHL hoje. Nunca sequer me passou pela cabeça isso. Não sei como vou lhe repor esse valor, mas espero que a minha pensão compense de alguma forma. Nossa, você não sabe como estou me sentindo com tudo isso. É uma coisa grande e que foge do meu controle, estou de mãos atadas, nada posso fazer. Só posso pedir que me perdoe pela minha ignorância. E por não ter tido coragem de jogar aberto com você. Não consigo entender até agora como o tributo possa ser de igual ou maior valor que o produto mais o frete. Estou muito mal com isso e por não estar falando tudo isso para você com a minha boca, olhando nos seus olhos. Não sou capaz. Há algo na sua ira, na reação que projeto que terá que me faz recuar. Estou sofrendo deveras no momento. Tudo o que mais quero é que essa situação se resolva logo e vire logo passado. Do jeito que está, está muito ruim para mim. Quero muito o Hulk, mas o medo da sua reação me domina no momento. Um dia isso vai ser apenas uma história a ser lembrada, mas enquanto é um futuro que se aproxima galopante e enquanto eu tenho que omitir isso pareço estar vivendo um pesadelo, uma piada de mal gosto da existência. Estou todo tomado de um medo, uma coisa ruim, um peso na consciência enorme. Preferia ter descoberto no dia da entrega, mas resolvi me antecipar e deu nessa chocante constatação de valor. Não sei o que fazer, fiquei sem chão. Você vai ter que me ajudar nessa. Como me ajudou em todas as burradas que eu cometi. Não sei mais o que dizer. Só peço que tenha pena de mim. Eu já sofri muito hoje e sofrerei mais até que você descubra. Infelizmente não tenho coragem de enfrentar a fera que você vai virar. Só peço que entenda que eu não sabia que o valor seria tão alto. Não fui eu quem pediu por isso, não era assim que eu estava me planejando, me pegou de surpresa, como julgo que a pegará também. Isso é uma humilhação pública, mas peço clemência. Por isso estou abatido e evitando você. Porque não encontrei outra forma de abordar o problema que não essa do blog. Estou muito mal. Você não pode imaginar. Não sei mais o que dizer, se achava que esse blog não tinha serventia, agora acho que tem, pelo menos para lhe comunicar o que não consigo dizer pessoalmente.

20h50. Esse descarrego que eu fiz agora me deixou muito abatido. Estou com a alma muito pesada, com a mesma culpa de uma recaída, eu acho. Mas não vou pensar em algo ainda pior. Não mereço dois infernos ao mesmo tempo. Xô, pensamento invasivo, não me pega dessa vez, enfrentarei minha mãe de cara limpa. Enfrentar, você chama isso de enfrentar, Mário? Mandando notinhas pela internet? Pare, superego. Vá se lascar. Você só fez me martirizar até agora, é o melhor que eu posso dar. Simplesmente não tenho coragem de contar à minha mãe. É demais para mim. Não foi o que havia decidido, o limbo da internet ao silêncio puro e simples? Pois bem, está tudo aqui às claras. Para quem quiser ler. Pronto, não consigo mais que isso. Se isso é muito pouco ou é menos do que o esperado, é também o máximo que posso oferecer. Estou muito mal, mas não tenho coragem de falar para mamãe, isso já não ficou claro? Ela é minha mãe, eu a amo, mas não consigo dizer. Prefiro esse sofrimento do que a outra alternativa. Não sei se estou fazendo uma tempestade num copo d’água, mas sei que não estou, é um valor substancial de que estamos falando. Seriam meses da minha pensão para eu conseguir repor toda essa grana a ela, é uma grande e inesperada despesa. E o pior, não posso fazer nada. Seria mais digno contar a mamãe? Seria, é o que estou tentando fazer através desse post, caso você não tenha percebido, superego. Já disse que não tenho coragem de contar ao vivo. Nossa, não sei que maneiras minha mãe vai inventar de me punir ou me privar, de descontar sua ira em cima de mim. Vai ser muito ozzy. Ela vai ficar possessa. Ou será que não, será que um milagre se dará, ela pensará que isso só se dará essa vez e compreenderá a situação. Tá certo, até parece. Eu sei que meu receio é firmado no real. Eu sei que ela vai ficar transtornada. Eu sei de tudo o que eu vou passar. E por achar que é pior do que o que já estou passando, eu prefiro comunicar por aqui. Mas não fiz nada de errado. Isso deveria contar alguns pontos a meu favor. Não comprei uma figura sem autorização, não usei nenhuma droga, não fiz nada. Apenas liguei para a DHL e Letícia me disse o valor estimado. E pronto, desde este fatídico telefonema estou me corroendo por dentro. Que coisa ruim, que coisa desnecessária, existência. Não precisava desta na minha vida. Foi bom para aprender que há situações muito piores que o tédio. Grande lição. Caríssima lição.

21h20. Vou pegar Coca. Estou pensando em publicar isso e pedir para a minha mãe ler. Não sei se consigo. Para vocês verem o tipo de covarde que se esconde por detrás dessas palavras. É preciso encarar a situação. Quanto antes ela souber... o que? Em que vai ser melhor? Minha consciência vai ficar aliviada? O sermão que eu vou ouvir ou sei lá definir a reação da minha mãe vai me fazer sentir triplamente culpado. Eu sei lá. Talvez eu diga para ela ler o blog. Preciso ponderar. Tenho a noite toda para pensar. Queria me ver livre desse dilema de uma vez. Chutar o pau da barraca. Vou publicar esse post e mandar um WhatsApp para ela. Mas não agora, quero pelo menos ter uma noite de sono tranquila antes do resto que falta do mundo desabar sobre a minha cabeça. Pois é, mãe, se você queria saber porque eu estava tão sorumbático hoje, agora já sabe que assim estava por uma boa razão. Ou uma terrivelmente péssima razão. Agora que está tudo às claras, pode descer a lenha em mim. Ou ser misericordiosa. Faça o que bem entender. Não fui eu quem criou o sistema de tributação nem fui eu quem definiu o preço. É fato que o Hulk vai chegar aqui na porta de casa em menos de uma semana e precisaremos pagar o valor na sua totalidade em uma única parcela. A Letícia disse que não há parcelamento. E se não fosse só isso, o meu cartão de crédito, o que você fez para mim, não tem limite suficiente para pagar esse custo. Eu não sei como isso pode ficar pior aos seus olhos, ou aos meus, se for por isso, mas é essa a situação. É uma bronca pesadíssima. Por isso estou tão intranquilo e preocupado. Você vai me ajudar?

21h40. Não sei mais o que dizer, até clemência já pedi a minha mãe. Já falei e repeti a mesma coisa um sem número de vezes. Eu não queria estar na minha pele agora, mas é a pele em que habito. Não há outra nem haverá. Como não há outro Hulk e nunca haverá. O raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. Ainda bem. É rezar para a minha mãe ser compreensiva e amiga, um teste para ela. Mas acho que não vai ter compreensão nem amizade que segure a cólera dela. Posso estar julgando mal, nossa, como espero estar julgando mal, tudo o que mais queria era que minhas projeções estivessem erradas e que ela visse que eu não tenho culpa ou controle dessa variável e que fosse descontando da minha pensão o valor dos impostos. Sei lá, milagres acontecem. Espero que um milagre aconteça depois dessa tragédia. Mas, sinceramente, não espero muito por isso. Não sei ainda se mande um WhatsApp pedindo para ela ler. Acho que seria o mais honesto que poderia ser, em se eliminando a possibilidade de contar pessoalmente, que está fora do meu rol de capacidades. Como, mas como eu queria estar fazendo uma tempestade num copo d’água, mas eu conheço. Sei como é. Quando o assunto é dinheiro principalmente. Não vou denegrir minha mãe, novamente, pode ser que sua reação seja surpreendente e ela seja compreensiva e amiga. Bom, deixa para lá. Eu não sei o que fazer, nem há nada o que eu possa fazer, é ela quem controla o meu dinheiro, é ela quem dá as ordens. Eu só posso obedecer. Quero que se reconheça apenas que eu não fiz nada de errado, por mais que se quiserem apontar um culpado, não restará ninguém que não eu. Ou o cara que regula a tributação de importados. Mas esse é uma figura sem rosto e culpados precisam ter cara para que se possa cuspir todo o veneno e ódio. Esse cara sou eu. E vou ter que dar a minha cara a tapa. Quando acabar de escrever, vou mandar um WhatsApp para ela. Como diz o ditado de baixo calão, o que é um peido para quem está cagado? E eu estou aqui na merda. Me sentindo mal, enganando por não repartir com ela a informação, pensando mil e uma coisas ruins. Eu estou me sentindo péssimo hoje. Tenho lá os meus motivos. Ou motivo. Como pode uma coisa tão sonhada de uma hora para outra se tornar um pesadelo? Que ironia do destino. Tomara que tudo se resolva da melhor forma. Só duvido que isso aconteça.

22h03. Já falei demais. Não aguento pensar sobre esse assunto, eu jogo a toalha. E bem na hora de tomar o remédio. Coincidência. Vou revisar o retrato da minha miséria e postar. Não. Ainda não. Não tenho coragem. Mas eu tenho que encarar a realidade. Ela é inescapável. Não há nada que eu possa fazer. O mais decente é comunicar mamãe desse fato. Vou revisar.  

Espero que nos encontremos.


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

QUALQUER COISA




15h57. Mais um texto parido. Dá uma sensação de alívio e de missão cumprida. Pena que os meus posts angariem cada vez menos leitores. Mas se é assim que vida se me afigura, não há nada que eu possa fazer além do que faço. Divulgo em sete ou oito grupos e já percebi que não adianta, o quanto eu tente apagar, sempre aparece o aviso que eu postei em algum desses grupos na minha página principal, então meus conhecidos também são avisados que eu publiquei um texto novo, que era tudo o que não queria. Mas, novamente, se a realidade se dá assim, só posso aceitar e acolher, não vou deixar de divulgar o que escrevo. É a única forma de ter alguns leitores.

16h06. A últimas mensagens do meu amigo Marinheiro, enviadas às 5h30 da manhã, contam que ele ainda não comeu. Isso me põe bastante preocupado. Se eu morasse sozinho e fosse dono do meu dinheiro, eu faria uma feira para ele, mas a vida mais uma vez não se dá assim. Estou de mãos atadas em relação a isso, o que me deixa muito mal. Me sentindo culpado e egoísta. Acho que vou revisar e publicar o texto que fiz para o Desabafos do Vate.

16h41. Não tive paciência para revisar. Meu primo urbano está por aqui pelas Ubaias e me convidou para uma partida de Snipperclips, declinei, pois estou acordando e quando estou acordando, sou muito chato, antissocial. Ele disse que entendia perfeitamente. Assim espero. Ademais, eu nem instalei o Nintendo Switch ainda. Acho que não vou divulgar esse texto, só postar. Quero dar mais tempo de vida ao outro. Esse parece que vai ser um post meio vazio.

16h44. A turma do meu primo-irmão se mobiliza para ir para a, deixe-me ver, Terça do Vinil na Galeria Joana d’Arc. Se meu primo-irmão for, eu vou. Mas não vou pressioná-lo a ir, vou deixar que se manifeste e, caso demonstre interesse em ir, me comunico com ele. Acho que o post anterior ficou bom e com um título chamativo. A palavra “perseguição” acho que desperta curiosidade. Não sei se foi a palavra ou o horário, mas o post já está com dez visualizações. O último teve apenas 18.

16h50. Coloquei “Utopia” para rolar. Começando da minha queridinha “Arisen My Senses”, que calha de ser a primeira do álbum. Mas estava em “Body Memory”.

16h57. Meu primo-irmão acaba de declinar da saída. Disse que de segunda a quinta não rola para ele. Eu não queria continuar a terapia. Mas continuarei à minha revelia. Não é possível que não me acostume com ela. É um momento de adaptação, eu espero. O que queria agora? Não muito, que o texto saísse com mais fluidez, principalmente por ser um que não vai ser divulgado, posso tratar só de futilidades. Mas não tenho muito o que dizer, tudo o que me aconteceu de relevante desde que acordei já foi dito, mas como falei no meu post anterior, mesmo numa realidade restrita como a minha, a vida não para de ser dinâmica e os pensamentos se sucedem, infalivelmente, porque continuo pensando e não sei como parar de pensar, só se fechasse os olhos e tentasse meditar. Não me angustia o fato de não conseguir parar de pensar, me angustia mais quando não tenho o que dizer. É aí que o grande tédio bate. Acho que esse grande tédio tem muito a ver com os níveis de cafeína no meu sangue. Como bebi três xícaras de café já hoje, não há sinal do tédio. Por mais que eu não tenha muito assunto posso dizer o que está me vindo à cabeça, é só prestar atenção. Ouvir os pensamentos mais sussurrados que passam em minha mente. Como quem ouve os canais de som mais baixos de uma música com rico arranjo como é o caso das de “Utopia”. Ainda estou soando meio chato por ter dito não ao meu primo urbano quando este me chamou para uma partida de Snipperclips, mas não tinha, como ainda não tenho disposição nenhuma de interagir com ninguém, ainda estou antissocial. “O antissocial”, taí um bom nome de blog para eu registrar.

17h13. E endereço já está registrado, mais um blog abandonado. Em 2011. Uma prova da persistência dos blogs no Blogger. Isso me deixa mais tranquilo, me dá confiança que o meu blog continuará depois de mim. Acho que estou com um pouco de confusão mental desde ontem. Vejo os meus textos muito truncados. O que fiz para o Vate chega dá agonia, por isso parei de revisar. Mas marquei de vermelho onde parei, para, quando me der na telha, continuar a revisão, que é mais frouxa que a daqui, deixo as coisas mais cruas e doidas mesmo. Se bem que aqui também não interfiro muito. Se acho que o texto está fluindo bem, conserto os erros que descubro, mas não altero muito a estrutura e muito menos o conteúdo. Parou em dez visualizações e uma curtida o meu post. Vou olhar de novo, para ver se houve alguma evolução. Nada. Acho que vou pegar uma Coca.

17h23. Essa foi o cúmulo, perdi a coragem de ir à cozinha para não precisar interagir com a minha mãe e meu padrasto que estão na sala. Peguei água da torneira. Hahaha. É tragicômico. Mas não quero interagir com ninguém. A não ser que minha mãe venha ao meu quarto, aí a interação é inevitável. E não é uma interação ruim. Aparentemente, pelos tons das vozes, estão discordando de algo. Meu padrasto entrou em seu quarto, vou pegar a Coca agora.

17h29. Peguei. O chocolate que meu amigo cineasta levou para a sessão de games, amargo com pedrinhas de flor de sal, me abriu a percepção para a presença de sal em coisas doces. Percebi o sal no Bono de chocolate ontem e na Coca Zero agora. Não foi uma percepção agradável no caso da Coca Zero. Por sinal já tomei o copo de Coca todo, que ozzy. Queria mais, mas minha mãe vai reclamar comigo. 11 visualizações e uma curtida.

17h41. Tirei uma foto do meu boneco do Coisa para fazer um jogo de palavras com o título e descobri qual é a parte mais chata do meu ofício, colocar as fotos no post. Mais até do que revisar. O método que uso para me mandar fotos do meu celular para o computador, as enviando por e-mail, é demorado, além de ter que redimensionar, cortar, achar lugar minimamente pertinente para colocá-las, ir buscá-las na imensidão de documentos que compõe os arquivos do Jornal do Profeta, tudo é chato. Mas as fotos têm o papel de quebrar a narrativa e tornar o post mais atraente, além disso é um prazer tirar fotos com o meu celular novo. Ele capta muito bem imagens com pouca luminosidade, meu amigo cineasta gostou da câmera o que é um bom indício. Disse até que poderia filmar com ela para o projeto dele sobre um ano da minha vida.

17h54. Seria muito curioso se eu me metesse a ir para a Galeria Joana d’Arc encontrar com a minha amiga filósofa e meu amigo bonitão. Não sei nem se eles me consideram amigo. Amigo acho que é coisa mais íntima do que a relação de que privamos. Gostaria de reverter isso, construir mais intimidade com eles, mas estou muito antissocial. Queria sair hoje. Não sei se minha mãe concordaria. Indo sem o meu primo. Mas ela tem que ter mais confiança em mim. Deixa para lá, vou passar por um estresse desnecessário, para enfrentar um estresse necessário que seria essa interação com a filósofa e o bonitão. Se ele for. Acho que vai, tem um gosto por programas inusitados. Mas isso é só palpite. Não o conheço a fundo para saber.

18h07. Se fosse a Boa Viagem, poderia talvez ajudar o meu amigo Marinheiro. Sinto um impulso de ir e, ao mesmo tempo, forte rejeição à ideia que se sobrepõe ao impulso, invalidando-o. Muito chato isso. É preciso botar certas coisas em movimento algumas vezes. Essa não será uma delas. Já basta a terapia. Me senti muito desconectado de Ju. Não sei por que isso. Aliás, sei, porque estou cada vez mais distante dos demais. Eu penso que me distancio da minha própria humanidade vivendo esse monólogo comigo mesmo na maior parte do meu tempo desperto. A esmagadora maioria do meu tempo é voltada para a escrita desse texto e parece que à medida que me aproximo mais de mim, me distancio do todo. Acho que dei boas indicações do meu processo na terapia. Disse que se fosse privado de meu computador para escrever, minha vida seria privada de sentido. Será que seria bom eu dar férias ao meu computador, tirar férias da escrita? Só de pensar me bate uma curiosidade do que se daria e uma forte ansiedade da privação tremenda que isso seria. Mas poderia me privar disso por essa noite e ir à Galeria Joana d’Arc? O impulso cresce em mim, será que sobrepujará a repulsa? E enfrentar a minha mãe e todas as suas preocupações a respeito da minha saída? Não sei, o impulso tem que crescer muito.

18h26. Finalizei o parágrafo acima porque me senti aprisionado nele. Dando voltas atrás do meu próprio rabo. Consigo me projetar saindo para a Galeria Joana d’Arc daqui a uma hora e meia. Boto o celular para carregar pensando nisso? Está com 25% e não gosto de carregar quando a bateria está assim, acho que lasca a vida útil da mesma. No entanto, não me sinto seguro para sair com apenas essa quantidade de carga. Dilema besta. Vou deixar para decidir isso, se falar com mamãe antes das 19h00 e ela concordar com ideia. Estou achando que não farei isso acontecer. Finalizei o parágrafo anterior e continuo a tratar do mesmo assunto, não deu em nada. Hahaha.

18h35. Acho que ficarei aqui em casa mesmo por pura falta de coragem de enfrentar mamãe.

18h41. Falei com mamãe antes da 19h00 e ela foi até receptiva à ideia. Estou incrível. Agora só depende de mim. Agora que fiz o mais difícil, esfriei. Perdi a motivação de ir. Não imaginava isso. Não esperava por essa. Vamos ver se me reanimo.

18h46. Esqueci de contar, acabei de saber de uma ozzy, minha mãe quer viajar de novo para a Alemanha em junho. Não posso crer. Eu disse a ela que não queria viajar esse ano. Que merda. Que saco. Não acredito nisso. Porque não vai com o meu padrasto? Bom, pelo menos o meu Hulk está vindo. Isso me alegra a alma. E eu tenho uma saída para hoje. Eu não sei o que fazer mais em Munique. Acho que vou passar o dia em casa escrevendo. Nossa, todo o estresse da viagem, do translado, digo. Não aguento mais isso. Não quero mais isso na minha vida. Estou de saco cheio de viajar. Não gosto de viajar. É muitíssimo ozzy ser obrigado a fazer uma coisa que não quero, que tenho quase aversão sem ao menos ser questionado sobre a minha vontade. Vou colocar o celular para carregar. Sem saco para ir, vamos ver agora se o impulso cresce novamente. A ansiedade é que cresce pensando nisso. Saco. Às vezes é um saco ser eu. Vou botar o celular para carregar, enfim.

19h04. Coloquei. Mas não sei se vá ainda. Estou 50/50. E essa é uma posição muito chata. De indecisão, de vergonha, de achar que a minha amiga filósofa não vai ficar contente com a minha presença lá. De qualquer forma, eu tenho o mesmo direito de estar lá que qualquer outra pessoa. Não sei, a sensação de ser rejeitado me desestimula. Talvez eu seja uma pessoa desestimulante. Certamente sou uma pessoa desestimulada a qualquer coisa que me tire da zona de conforto. Por outro lado, terei o que contar aqui se for, não vou ficar apenas na masturbação mental em que agora me encontro. Santa dúvida, Batman. Será que se tomar banho me animo mais? 14 leitores do meu último post até agora. E uma sempre bem-vinda curtida. Agora que vi, a entrega estimada do Hulk é dia 27 de fevereiro. Rápido, não posso crer. E a data é um dos meus números da sorte.

23h02. Voltei da Galeria Joana d’Arc. Não encontrei ninguém, vi o movimento e vim para casa. Dei um passeio, pelo menos, vi gente. Mas me pareceu que a minha energia diferia completamente da do ambiente e não consegui me sentir à vontade lá. Fiquei mais tempo do lado de fora que do lado de dentro. E dou por visto.

23h13. Já tomei os remédios. Estou de volta instalado no meu quarto-ilha. Acho que amanhã ligo o Nintendo Switch.

-x-x-x-x-

13h56. Estou feliz de estar no meu quarto-ilha hoje. Não há lugar outro em que quisesse estar. Dormi relativamente cedo, antes de 1h00. Vi que o Hulk já está no Brasil, em Viracopos “em processo de liberação alfandegária”. Só espero que não danifiquem o meu precioso busto. O envio está sendo muito rápido. Acordei pensando que não estou disponível para a terapia. Não houve conexão, não houve da minha parte, digo. E quando não há da parte de um, não há da parte do outro, acredito eu. Sair sozinho para uma noite é algo que me causa profunda aflição, pude perceber ontem. Estou muito antissocial. Quando penso que cheguei ao pico, percebo que o negócio pode piorar ainda mais. E piora. Nesse exato momento, não gostaria de sair da minha casa por nada. Também ainda estou no pior momento do dia que é o despertar. Como já disse em outros textos, é quando me encontro mais chato e mais fechado.

14h30. Foi uma experiência ruim ir para a Galeria Joana d’Arc ontem. Tão ruim que foi marcante e acho que foi ela que aumentou a minha fobia social. Queria continuar a seguir a minha vida sem terapia. Mas estou vendo que isso é minha resistência à mudança. O meu lado racional diz que eu vou acabar me beneficiando com a terapia. O resto de mim não queria voltar lá.

14h53. Tive que reiniciar o computador.

14h59. Me peguei pensando na decoração do meu quarto-ilha. Em pregar a bandeira do Brasil no teto, visto que não haverá lugar nas paredes para pregá-la. Não sei se é uma ideia muito doida, mas é um desejo. Não sei como fazer com os meus gibis. Não quero pensar nisso agora. Embora a minha mãe quer que eu já vá pensando e elaborando um croqui de como vejo o meu quarto. Não vou fazer isso no momento. No momento não quero fazer nada. Só ficar sacando a internet e escrevendo. Sem muita vontade para ambos tampouco. Mas é melhor do que não fazer absolutamente nada. Acho que vou abrir as persianas para não me sentir tão enfurnado aqui. Embora a janela fique atrás de mim, a claridade se faz visível no quarto inteiro. Esse é um post que definitivamente não vou divulgar.

15h20. As horas se sucedem rápido. Dentro em breve será noite e outro dia findará para mim. Vou reler o que produzi ontem para os meus outros projetos e possivelmente apagar, pois não me agradou. Depois volto para cá. Momento.

16h15. Revisei e achei que só dava para o Desabafos do Vate mesmo. Estava muito truncado e ruim, como o que geralmente produzo para lá. Hahaha. É o meu depositório de liberdade. Inclusive das normas da escrita. 16h16. Só para marcar a hora bonitinha mesmo. Hahaha.

16h16. Minha mãe voltou de onde quer que ela tenha ido. Acho que da universidade. Parece que ainda vai ou foi para a massagem. Não sei, não entendi. Acho que o que eu queria era me resignar e me entregar por completo à solidão. É um pensamento que me traz certa paz de espírito. Não deveria ser assim. Será que será assim? Não sei. Sei que todas as interações sociais me são sofridas. E o quase pânico que tive ontem em meio às pessoas da Galeria Joana d’Arc foi um sentimento forte e ruim. Que interações não eliminaria da minha vida? Por ora, só os games na casa do meu primo urbano. E as estadias na casa da minha tia-mãe. Ah, e as filmagens do meu amigo cineasta. A menos difícil dessas interações é sem dúvida a casa da minha tia. Não acredito que eu vou viajar de novo. Minha mãe não tem jeito. Espero não ser obrigado a interagir com os vizinhos da minha irmã. Espero escapar deles como da outra vez. Caramba, não sei o que diabos vou fazer lá. Qualquer coisa fico só escrevendo. Nossa, só de pensar na viagem já me dá uma coisa ruim. O Hulk já passou pela alfândega, o próximo passo é Recife, segundo o muito informativo site da DHL, que inclusive informou que falta informações do importador. Que eles tentariam me contatar ou que eu poderia me adiantar e contatar a central de atendimento. Não o farei. Não estou com saco, me dá um frio na barriga que não me apetece. Eles que tomem a iniciativa de entrar em contato comigo. Vamos ver se o serviço é bom mesmo.

16h55. A vida segue rumo a seu fim. Eu sigo rumo ao nada ou a uma realidade expandida na forma da Singularidade Tecnológica terrestre. Por incrível que pareça minha fé me leva a achar que há uma possibilidade de 50% de a Singularidade acontecer e acontecer dentro do meu ciclo de vida. Se esse não for interrompido por nenhum percalço. Será que depois que eu me for, alguém irá descobrir esses escritos e se fascinar com eles, como, sei lá, o retrato de uma época? Se bem que não narro os acontecimentos mundiais ou locais que seriam a matéria de algum historiador. Realmente não sei a quem isso poderia interessar. Sei que meu post anterior teve até agora, 27 visualizações. Já considero um post vencedor.

17h17. Tirei uma foto para o Vate de um recanto esquecido do quarto que diz muito dos meus hábitos e hobbies.




17h19. Acho que esse post vai ser curto, não ando muito inspirado para a escrita. Snipperclips é um jogo simples e ao mesmo tempo complexo, pois os personagens podem assumir praticamente qualquer forma nas mãos de um jogador habilidoso. Preciso pensar com mais seriedade em ligar o Nintendo Switch. É só colocá-lo no dock. Não tenho ânimo nem para isso no momento. Este é o post do desânimo. Hahaha. Não estou hoje com vontade de fazer absolutamente nada, por fazer nada entenda-se escrever, que é o que há de mais fácil e agradável a se fazer. Não sei exatamente para que serve essa facilidade de me dizer em palavras e mesmo se há utilidade ou não. Sei que produzo e me regozijo quando atinjo mais de 20 acessos. E a isso se resume a maior parte da minha existência. Estou empolgado com a chegada do Hulk. Depois dele só há a Red Sonja. Fora as que estão na casa do meu irmão. Estou tão sem o que dizer. Tenho que comer antes de mamãe chegar. Vou fazer isso agora. 17h37.

17h53. Comi peito de frango e arroz com molho rosé. Grande informação. Hahaha. É a falta de assunto. Está começando a me dar uma vontade de jogar Mario Odyssey. Foi só escrever a frase que a vontade passou, que ozzy. E o Zelda Breath Of The Wild, hein? Ainda na casa de titia e sem me fazer falta alguma. E a terapia? Vou com as expectativas mais baixas possíveis, quem sabe assim não me surpreenda positivamente. O problema não é Ju, sou eu. Ela continua a mesma pessoa. Eu é que só fiz acentuar o quadro que apresentava no CAPS. Eu é que estou avesso a interações. Eu é que estou sem saber como me comportar na sessão. Bom, é sinceridade e abertura completa, não tem muito erro se seguir por aí, que é como geralmente sigo em terapias. Embora não me ache tão disponível como dantes. É um movimento que vem se desenhando há anos, uma curva rumo ao isolamento social que vem sendo traçada por mim há bastante tempo. E que agora chega a níveis totalmente anormais. Mas não quero falar nisso. Já bati nessa tecla tantas vezes que estou saturado. Sei que baterei muitas mais pois a situação não se resolve do dia para a noite. É um processo. Espero que mais rápido do que foi chegar aqui. O caminho de volta sempre parece mais curto que o de ida. Por falar nisso, minha mãe fica me estimulando a voltar a andar. Não estou com saco para andar. O que queria fazer era a barba. Quem sabe amanhã. Mas estou empulhado até para encarar a cabeleireira. Ozzy. Do jeito que me sinto hoje, agora, a vontade que me dá é não sair de casa para nada, só para a terapia. Não posso continuar assim. Mas disse que não iria falar nisso de novo. Estou são e salvo no meu quarto-ilha com as minhas palavras agora. O futuro não é agora. Então não preciso me preocupar com a viagem ainda.

18h19. Me perdi vendo uma coisa virtual ou outra. A Red Sonja está marcada para ser entregue no mês da viagem, logo não estarei aqui e provavelmente não poderei enviá-la para o Brasil. Se bem que posso negociar isso com a Sideshow, eu creio. Peguei o case e o grip do Switch e não liguei. Realmente hoje minha maré não está para peixe. Vou abrir o case para me dar mais um passo e ver se isso me dá vontade de encarar o game.

18h25. Montei tudo, mas não me veio vontade de jogar. Suspiro... é, não vou me forçar a nada. Ontem fiz um esforço hercúleo para ir à Galeria Joana d’Arc e foi horrível. Suspiro... o que fazer? Escrever, é o jeito.

18h31. Tentei tirar duas fotos, uma do Demolidor e uma do Ursinho que ganhei da minha segunda namorada há mais de 20 anos. Não ficaram boas, mas sem muito conteúdo, vou postá-las aqui. Deixa eu me enviar por e-mail.









18h38. Vi que tirei uma da rua, voltando da Joana d’Arc que vou postar também. Só de pensar no nome do lugar já me sinto mal. Que ozzy. As fotos foram enviadas. Foi rápido dessa vez. Não sei se acabe esse post por aqui e comece um novo. Não. Vou jogar um Mario Odyssey antes.




19h17. Saí do mundo em que estava e fui em outro, o anterior e bem mais fácil. O único em que peguei todas as luas até agora. Será que algum dia alguma mulher que eu deseje e que me deseja entrará no meu quarto? Tenho sérias dúvidas. Voltar para cá está baixando o meu astral. Estou num mato sem cachorro, então. Eu tenho que ter pensamentos mais positivos. Mas que pensamentos, o que me cruzou a cabeça foi chamar a turma do meu primo-irmão para uma cervejinha na Praça, mas numa quarta-feira e sendo um programa desanimado, sem agito, provavelmente ninguém se animaria. Eu não vou sozinho também tomar duas ou três Cocas, de repente um pastel, e voltar. Talvez outro dia. Seria um local curioso para sentar e escrever com o computador. Causaria estranheza aos locais e correia o risco de ser assaltado na volta, mas posso sempre escrever no celular. É uma ideia que precisa ganhar corpo dentro de mim. E talvez eu não fosse no horário de pico, mas no final da tarde. Sei lá, seria alguma coisa para adicionar um sabor especial à minha vida. Tenho um amigo esquizofrênico que mora perto e sempre está pela Praça. Ele é muito bem-resolvido com a sua doença e, mais das vezes, se passa por uma pessoa normal. Tem lá seus papos viajados, é solteiro também e está mais conformado com isso do que eu. Se apaixonou por uma vampira sanguinária sei lá de que século. E sei lá de que recanto da internet ele desencavou essa história.

20h27. Minha mãe está se esforçando muito para me aceitar. Estou impressionadíssimo. Obrigado, mãe. Minha gratidão só cresce em reconhecimento ao seu esforço.

21h05. Estava conversando com o meu amigo Marinheiro até agora. Guarda um grande rancor, várias mágoas da mãe. Enquanto eu fico cada vez mais em paz com a minha, ele se distancia mais da dele. É uma pena. É quase como se tivéssemos vidas e aspirações opostas. Eu gosto de paz e ele de estar sempre pronto para a guerra. A vida é mesmo curiosa.

21h23. Não acredito que passei esse tempo todo olhando o Instagram. O negócio é sem fim. Tremendo buraco negro de atenção e tempo. Acho que vou revisar para postar.