quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

CASA DA TIA – DIA I



Cheguei aqui ontem à noite, então contarei esse como o primeiro dia em que estou aqui. Achei o post anterior meio vazio de conteúdo, mera narrativa dos acontecimentos, acontece, ainda mais tendo acontecimentos novos (visita do meu primo urbano, preparação para a estadia aqui, chegada e impressões da chegada na casa da minha tia) me preenchendo de estímulos. Não estou com saco de escrever. O que eu queria fazer agora? Assistir alguém jogando Switch. Não tenho coragem de convidar minha prima a jogar, por mais que saiba que ela curte videogames. Tenho vergonha. Melhor esperar pelo meu primo-irmão mesmo.

14h44. Estou quase sugerindo a ela. Para passar o “quase” é que é difícil. Vou relaxar. Se meu primo quiser jogar, ele vai tomar a iniciativa.

15h03. Falei para a minha prima que eu estava com o Switch, o Mario e o Zelda se ela quisesse jogar. Também liguei para a minha tia, para importuná-la, é claro, e pedir que comprasse cigarros. Estou de bem com a vida, coisa boa. Não sei se vá para o Sai Dessa Noia ainda. Talvez nem vá esse ano. Não estou com muita disposição. Mas do jeito que me desdigo, pode ser que à medida que a data se aproximar eu vá me animando e acabe indo. Não irei certamente para o bloco que meu primo quer ir. Estou com vergonha de ir lá onde titio está bebendo com um amigo para pegar uma Coca. Vou de água mesmo.

15h14. Peguei um copo d’água. Não estou nem um pouco inspirado para escrever no momento. Também não estou entediado. Estou apenas sem ter o que dizer.

15h20. Dei um rolé pelas abas do Chrome e nada me interessa. O que me prendeu mais a atenção foi dar uma namorada no busto do Hulk. Ainda é difícil acreditar que terei essa peça para coroar a minha coleção. Por falar em estátuas, dei o feedback positivo para o cara do Skeletor. Espero que ele faça o mesmo em retorno. Não vou ficar com maus pressentimentos, que é justamente o que carrego. Vou relaxar. O que tiver que ser será. E a probabilidade de dar tudo certo é grande. É apenas apreensão mesmo.

15h30. Queria tomar um café ou uma Coca. Meu tio saiu de perto das Cocas. Vou dar um tempinho e pegar uma lá. Pelo ícone, a bateria do meu computador carregou. Vou dar mais uns 40 minutos e depois desacoplo ela. O meu celular também foi totalmente carregado e já falei com mamãe. A peguei descansando. Disse que me ligava mais tarde e que o hotel e a localização deste são ótimos. Ela poderá fazer o exame que só poderia ser feito em São Paulo e parece que o local é próximo do hotel. Até agora tudo corre bem. Vou pegar a Coca.

15h42. Às vezes meu tio falando parece muito com a voz do meu pai. Degusto a Coca com um cigarro. Tenho vontade de me deitar um pouco, mas não quero sair do horário completamente. Melhor resistir e ficar acordado. Quando estou saciado de tudo a vida me parece estéril. Ainda bem que estou na casa da minha tia, se estivesse no quarto-ilha estaria profundamente entediado. Tenho medo de que, se passar muito tempo sem jogar o Mario Odyssey, eu me desmotive a jogá-lo. Espero que não. Muito. Li as resenhas negativas do Zelda na Amazon e, achando que iria ouvir disparates, fui surpreendido pelas opiniões ecoarem justamente o que eu achei do jogo. Para mim, fora o belíssimo visual o jogo não me cativou, pelas razões já mencionadas aqui, inimigos muito difíceis de matar, armas que se quebram com a maior facilidade, quebra-cabeças baseados na física do jogo, o bom mesmo é ficar passeando pelo mundo. E só. Não sei se jamais zerarei ele. Até quem elogia fala que as armas quebram demais. Os dungeons são apenas quatro e, a julgar pelo primeiro, nem um pouco inspirados. O shrines são como pílulas de dungeons, oferecendo cada um, um desafio, mas não os achei divertidos. Os poderes que o herói possui são sem graça. O controles são complexos, usam todos os botões do joystick. Enfim, é lindo de se ver, pode-se ver o cuidado com cada detalhe, mas é um saco de se jogar. Foi uma das maiores decepções que tive com um game em minha vida. O que me preocupa mais é que a Nintendo siga essa linha com a franquia a partir de agora. O Mario por outro lado, excedeu todas as minhas expectativas. É tudo o que sempre sonhei em um jogo. Diversão em estado puro. Mas me prometi dar uma nova chance ao Zelda quando extrair tudo o que sou capaz do Mario. Pode ser que entre no clima do jogo e me acostume com suas falhas. Preciso primeiramente angariar mais corações para poder sobreviver aos poderosos inimigos, para isso, preciso visitar mais shrines. O problema é que nem consigo passar do shrine onde estou. Que deveria ser relativamente fácil, por sua localização. O objetivo é simples, destruir um inimigo, mas simplesmente não consigo fazer isso. Então procurarei outro shrine com algum quebra-cabeça. Quase todos os quebra-cabeças que peguei (até agora) envolviam uma bola e física. Não achei quase nenhum divertido. Realmente não sei porque foi eleito o jogo do ano. Para sem sincero, acredito que eu é que estou enganado, que o jogo ainda não me deu o clique. Os personagens falam de mim como um grande herói, como uma lenda viva, mas em verdade sou um fracote que vive a fugir de confrontos que resultarão em morte certa para mim. Essa discrepância me incomoda e me faz pensar que não estou jogando o game da forma correta. Talvez tudo tenha a ver com o fato de não ter pego um coração extra logo no começo do jogo. Talvez ele fizesse toda a diferença a essa altura do campeonato, sei lá. Fui optar por aumentar a minha estamina, me dei mal. Embora, para ser sincero acho que não seja só isso. A primeira coisa que vou fazer ao encarar o Zelda novamente é trocar as sementes que achei. Antes vou tentar matar o bicho do shrine três ou quatro vezes, se não lograr êxito, parto para as sementes. Esse será o meu itinerário. Se tiver paciência, vou peregrinar pelo jogo até amealhar sete corações, aí volto para enfrentar o mestre do primeiro dungeon. E catar, caçar e preparar um monte de comida para mim. Queria que a minha tia-mãe fizesse um café, mas nem sonhando vou pedir isso a ela. Estou com sono. Resistirei. Papo chato sobre videogames, né? Adoro falar de videogames. Vou pegar Coca.

16h45. Titia já voltou. Trouxe os meus cigarros. Mas disse que vai controlar, não deixou sob minha gerência. Cigarro é bom demais. Por que fui me viciar nessa desgraça? É um grande prazer, mas o custo pode ser ainda maior. Minha aposta é no avanço da medicina. Queria ser capaz de escrever um romance, não uma história de amor, mas uma grande obra de ficção, que rendesse um livro, mas isso é totalmente fora das minhas inclinações literárias. Quando muito, muitíssimo raramente, escrevo um conto. É que me custa vir uma ideia fictícia. Deixa para lá, minha seara são crônicas do meu cotidiano.

17h18. Criei um novo blog com o nome “Crônicas do Meu Cotidiano” para novamente redirecionar para cá. Estou capilarizando o meu conteúdo, o que me parece uma grande inutilidade. Só é divertido de fazer e ter a sensação de que me espalho pelo espaço cibernético. Hahaha.

17h21. O que mais poderia fazer para injetar um pouco de diversão no meu dia? Não faço ideia. Minha torcida é que meu primo chegue em breve e queira jogar Switch. Depois que ele e todos os outros forem dormir, eu assumo os controles. Percebi que a TV fica a maior parte do tempo desligada durante a tarde. É outra janela para jogar também. Não sei se terei cara de pau para fazer isso. Mas, se ninguém estiver assistindo, acho que não tem muito problema.

17h27. O tempo voa. A tarde vai cedendo lugar à escuridão noturna.

17h29. Achei a tomada que tanto procurava. Havia colocado o meu computador numa outra tomada, do lado oposto do quarto e o fio dele ficou esticado, muito passível de eu tropeçar, assim como qualquer outra pessoa que entrasse no quarto. Vou desligar o computador para poder conectá-lo a essa tomada mais próxima. Um momento.

17h38. Pronto. Eu baixei tanto, mas tantos filmes nos últimos anos, mais de uma centena, e não tenho vontade de ver nenhum. O mesmo acontece com os games que amealhei ao longo dos últimos cinco, seis anos. Afora o Mario e possivelmente o Zelda, não há nenhum jogo que eu queira jogar. Ah, tem o Captain Toad Treasure Tracker. Mas os que eu queria realmente ter vontade para jogar eram Red Dead Redemption e Assassin’s Creed Black Flag. Quem sabe, depois de me dar por satisfeito com os três da Nintendo, eu não jogue. Acho tão difícil. Também poderia me forçar a ver filmes. Mas me forçar já empresta ao entretenimento um caráter de obrigação, dever ou tarefa, roubando assim, muito da graça de ver o filme. Por outro lado, pode ser que esse sentimento se dissipe logo que comece a assistir. Ou jogar o game. Acho que esse é o ano de fazer o movimento contrário, por mais que se afigure mais como o ano de permanecer no mesmo lugar. Minha inclinação é permanecer no mesmo lugar, na minha zona de conforto. O problema dessa postura é que não saio do lugar e não ajo para alcançar outras coisas que desejo. Por outro lado, se realmente quisesse, essas coisas eu certamente as buscaria. O desejo é fraco, a vontade pouca, a inclinação não é suficiente para desvelar o movimento de alcançá-las. A falta do desejo me incomoda. Mas aparentemente não muito, pois não faço nada para mudar a situação. Vamos ver se mudo o paradigma desse ano e tento substituir o que realmente desejo, que é permanecer na acomodação, por subdesejos que, na soma, talvez se equiparem ao meu desejo maior de não persegui-los. Não estou nem um pouco motivado a fazer isso, pelo menos por ora. Vou me focar em pedaços pequenos de mudança. A primeira? Tentar me apegar ao Zelda. Depois do Mario. Ou ficar alternando entre ele e o Mario. Não sei. A namorada? Dessa é que não sei mesmo, não sinto a mínima vontade de ter uma por ora. Vínculos afetivos são coisas maravilhosas, mas só consigo enxergar a parte demandante da equação. E não estou disposto a mudar para agradar. A verdade é que estou muito bem do jeito que estou. Momentos de tédio todo mundo tem. A outra verdade é que não sei como me tornei tão acomodado à minha situação. Acho ela confortável e agradável na imensa maioria do tempo. Muito confortável e muito agradável. Minha tia está fazendo café, sinto o cheiro, que massa. Não quero deixar a minha situação de modo nenhum. Quero ir vivendo assim e, se algum desejo realmente verdadeiro se alevantar, eu o acolho. Como acolhi o Switch e o Mario. Como pretendo acolher o Zelda. Como acolhi o Hulk e a Red Sonja. Depois disso, a gente vê. Estou preocupado com essa minha falta de vontade de ir ao Sai Dessa Noia. Isso está me deixando noiado. Estou me sentido acuado para ir por causa do número de interações sociais que terei que travar. Isso me trava. Geral. Se piorar, eu acho que vou ter que pedir ajuda. Ou não, me entrego de vez ao isolamento. Não sei. Acho que estou hiperbolizando a situação ou assim espero. Espero que a hora do café chegue logo. Espero que o meu primo-irmão chegue também. Deve ser o trânsito dessa cidade. Nossa, como sou privilegiado. Vivo a minha vida quase em enfrentar o trânsito e nunca o enfrento como motorista, pois não tenho carteira. Aos poucos vou me tornando de fato um incapaz civil, sinto isso. Não acho que o que escrevo tenha serventia para algo outro que me satisfazer. Não sinto satisfação no que escrevi nesse parágrafo. Enumerar problemas nunca é algo agradável de se fazer. Meu problema é não aceitar o que me torno. Um ermitão urbanoide. Eita, outro nome de blog. Vou registrar.

19h28. Registrei e fui jantar. Comida gostosa, com o cominho que tanto me faz falta lá em casa. Meu primo-irmão disse que vai montar o game depois da novela que titia assiste. Massa. Estão assistindo o Jornal Nacional. O último bloco do NETV foi todo voltado ao Carnaval. Já é Carnaval em Recife. O programa finalizou com a imagem da superlua, quando a Lua está numa órbita mais próxima da Terra e parece maior. Tentei captar sem sucesso.





19h33. E olha quem veio me fazer companhia de novo.





19h34. Minha amiga da época da 3Pontos está, ao que parece, tentando se firmar como artista plástica. Já pintou a estátua de um boi e agora pintou um dos minis Galos da Madrugada. Parece que ela usa uma técnica mista de pintura com aquele pano estampado bem tradicional, me escapa o nome, vou perguntar. Lembrei, acho que chita. Pela descrição do Wikipédia eu estou certo. Estão vendo o Rei Leão lá na sala. Em breve, creio, chegará a hora do Switch. Eu estou feliz. A pata da gatinha estava batendo na minha mão. Ela mudou de posição. Acho que estava sendo incômodo para ela. Taí, minha vida se assemelha muito à vida de um gato doméstico castrado. Hahaha. Será que eles também ficam entediados?

19h51. Estou sem saber o que escrever e estou decepcionado com o número de visualizações do meu último post. Acho que estou postando com frequência demais nessa história de fazer um post por dia. Acho que vira paisagem. Creio que parte da minha felicidade se deve às três ou quatro xícaras de café que bebi nesse curto intervalo de tempo entre o jantar e esse momento. Acho que sou dependente da cafeína. Melhor dessa que das outras “ínas”. Tirei o cigarro do meu campo de visão, senão só dá vontade de ir nele, nunca no Vaporfi. Não sei onde minha tia está, mas acredito que ela vá aparecer na hora de sua novela. Minha mãe disse que iria me ligar por volta das 20h00. Veremos se ela vai se lembrar. Acho que vai lembrar e só não ligará se estiver cansada demais, o que sempre é uma possibilidade. Queria falar com ela sobre o Sai Dessa Noia, muito embora nem sei se vá mesmo. Mas quero deixar a possibilidade sacramentada. Está um calor da murrinha aqui no quarto. Seria bom compartilhar esse momento com os meus primos, mas uma força maior me traz para cá. Não me sinto estimulado a ver filmes, mesmo que seja o “Rei Leão” que foi um desenho que gostei muito. Prefiro guardar a lembrança de que gostei muito e não assistir e me decepcionar percebendo que o filme é menos do que a memória que guardo dele. Em verdade, prefiro escrever, que é uma atividade menos passiva que assistir um filme. Curioso que estou interessado em ver meu primo jogando o Mario Odyssey, mas não sei se vou aguentar ver por muito tempo. Acho que levarei o computador para a sala para escrever e dar umas olhadas em seu desempenho. Quero curtir com ele, mas não sei se aguento ficar olhando duas ou três horas de jogo sem nada fazer. Veremos. Acho que vou tomar a próxima xícara de café com cigarro lá na sala com os meus primos. O Facebook preparou um videozinho para eu mandar de parabéns para a minha amiga psicóloga, pois hoje é o aniversário dela. Eu que nada ia mandar acabei por enviar o vídeo perguntando se ela iria para o Sai Dessa Noia. Pior que eu nem sei se vou. Depende de mamãe e depende do meu nível de introspecção/extroversão até lá. Acho que se eu tomar café suficiente, eu consigo desenrolar. Percebo que o café me deixa mais animado e sociável. Ou a Coca-Cola. Será o meu único dia de carnaval em teoria, não deveria perder. Pode ser divertido, será socialmente demandante, sem dúvida. Várias pessoas conhecidas com os laços estremecidos pela distância espaço-temporal. Ninguém me buscou e eu não busquei nenhum deles. É o momento de reaproximação da galera da Vila Edna, da qual sinto tanta falta. O astral nos encontros da Vila é tão bom, gostaria de voltar a fazer parte desse grupo. E é sempre aos domingos, dia perfeito. Vou tomar uma xícara de café e fumar um cigarro na sala.

20h29. Só tinha um restinho de café. Tomei assistindo uma parte do “Rei Leão” que, segundo a minha prima, traz o maior ensinamento do filme, “o passado pode doer, mas você vai fugir do passado ou aprender com ele?”, algo assim. É uma bela lição que me faz olhar para trás e depois para frente com mais coragem. Depois de tudo o que passei, de todo o rastro de destruição e autodestruição, está na hora de fazer algo de mais construtivo, nem que seja somente reencontrar pessoas do meu passado no Sai Dessa Noia. Aí já me veio um filme (de ficção) na cabeça, eu encontrar a garota da noite, nós ficarmos, o clima esquentar, eu a levar até o meu apartamento, a gente transar e ela engravidar. Hahahaha. Pense numa mudança radical. Hahaha. É claro que isso não vai acontecer. Como já contei aqui em post há muito ido, a única pessoa que eu beijei no Carnaval foi uma companheira de internação lésbica que encontrei em Olinda e pedi para dar um selinho nela para não dizer que nunca beijei uma mulher no Carnaval de Olinda. Por falar nisso, eu beijei outra, doidão de lança, mas essa não posso contar aqui e só aconteceu porque estávamos os dois doidões de lança e nos demos um selinho também. Ela era e é comprometida com um amigo meu. Nossa, faz tanto tempo que nem sei como essa lembrança emergiu. Pronto. Já beijei duas mulheres no Carnaval de Olinda. Muito pouco ortodoxas por sinal. E não beijarei mais nenhuma, simplesmente porque não pretendo mais ir para o Carnaval de Olinda. Só se algum milagre acontecer. Mas, do jeito que estou, eu nunca mais passo por aquele eufórico, colorido e desmensurado aperto e calor e desconforto que é Olinda nesse período. Acho legal olhar as fantasias e só. Não é suficiente para enfrentar o desgastante deslocamento até lá, passar o dia me espremendo no meio da massa, debaixo de um sol de rachar, aguentando bêbados sem beber e o pior, sem agarrar ninguém. Tô fora. Até hoje não sei por que fui tantas vezes para lá. Acho que porque era jovem e todos os meus amigos iam, como ainda vão, eu creio. Mas nunca foi para mim um programa realmente divertido. Da última vez que eu fui, a do selinho na minha amiga lésbica, fiquei sentado num batente olhando o povo passar para lá e para cá. Não foi ruim. Mas não vale o estresse. Se eu fosse como o meu primo-irmão que segue troça, toma todas e beija todas as possíveis, talvez visse graça na brincadeira. Como não sou, acredito que passarei o tempo enfurnado no quarto-ilha, o que também não me apetece. Só de pensar nessa possibilidade me encolho na cadeira, pensando no profundo tédio que me acometerá. Quem sabe eu não me arrisque por Olinda esse ano? Nem acredito que me questiono sobre isso. Eu julgava u777777777777777777i7 (intervenção de Shiro, a gatinha que estava ao meu lado até agora, passando sem a menor cerimônia pelo meu teclado para sair do quarto). Bom, eu julgava que era algo sacramentado para mim que nunca mais poria os pés em Olinda. Bem, quem sabe no dia do Galo eu não dê um pulinho lá. Mas isso é completamente hipotético. No entanto eu sei que rola uma energia que atrai, que me faz sentir que estou perdendo algo ficando em casa, a cidade parece soprar aos quatro ventos que eu deveria estar na folia, talvez esse ano eu acabe cedendo. Isso tudo é mera especulação do cérebro de um não-folião cheio de café. Por falar nisso, que pena que o café acabou. Eu tomaria mais, bem mais. Se soubesse que iria ter um lugar para sentar e observar o povaréu passando até que eu consideraria com mais seriedade, eu acho. Sei lá, descobrirei quando a data se aproximar. Acho menos demandante socialmente o Carnaval de Olinda que o Sai Dessa Noia. No Carnaval de Olinda não encontro tantos conhecidos quanto no Clubinho Anárquico Parasita. No fundo o que me passou pela cabeça nesse tempo todo em que escrevi sobre a possibilidade de ir à Cidade Alta durante os festejos de momo, foi a projeção de que eu poderia encontrar a garota da noite lá e pedir-lhe um beijo já que é carnaval. Talvez ela realizasse o meu desejo, talvez ela gostasse do beijo, mas é líquido e certo que isso não vai acontecer. Pensar em passar o Carnaval enclausurado no meu quarto-ilha me soa deprimente e muito chato. Isso também me impulsiona para encarar a folia. Nem que seja à noite no Recife Antigo. Será? Sei lá, sei lá, sei lá. E o Sai Dessa Noia? Eu tenho que sair da noia que vai ser difícil encontrar velhos rostos e abraçar a ideia que vai ser bom rever velhos rostos. O problema não é como eles se portarão com a minha presença, mas como eu me portarei na presença deles. Esse é o meu medo. Faltar palavras, faltar conteúdo, faltar desenvoltura, ou mais, ficar evitando eles, evitando o contato e a troca com pessoas com quem costumava ter uma convivência fácil, alegre, carinhosa e divertida. Eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão. Cada vez mais me identifico com esses versos de Humberto Gessinger. Eu me sinto cada vez pertencente a um mundo meu, à parte da sociedade, inclusive da minha rede social. Ah, não vou começar com isso de novo. Acho que acabo reforçando a minha quase fobia social assim. Acho que eu vou pro Sai Dessa Noia mais tarde, quando ele já estiver no Poço da Panela. Assim é mais fácil evitar o contato com as pessoas queridas e quando e se cruzar com elas, já estarão mais bêbadas, o que torna tudo mais fácil para mim. Além do que posso dormir até o meio-dia. Isso se mamãe ligar para mim e eu combinar com ela. Já sei que ela não vai gostar muito da ideia de eu saindo sozinho, mas vejo uma possibilidade de ela concordar. Ela sabe como esse festejo é importante para mim. Ou costumava ser. Se bem que me animei com essa ideia de só encontrar a galera no Poço. Parece mais fácil para mim dessa maneira. Acho que é assim que vai ser, caso minha mãe concorde com a minha ida. Senão irei para o Mercado da Madalena mesmo com o meu primo-irmão. Esse é o seu plano para o sábado. A vibe dele definitivamente não é o Sai Dessa Noia. A hora de jogar o Switch se aproxima. Que masturbação mental ridícula sobre o Carnaval, me perdoem, é porque realmente estou indeciso. Há forças antagônicas agindo sobre mim. Um conflito interior sobre o que eu quero e o que eu quero ser (de novo). Quero me tornar alguém mais sociável como costumava ser. E para isso tenho que ir para o mundo, encontrar pessoas queridas, mesmo que o tempo nos tenha distanciado. As internações interromperam o curso de várias amizades, me distanciando de todos. O período que morei em Candeias e depois com o meu pai também. O início da cisão foi precisamente aí. Depois foi que os internamentos se sucederam. Esqueci dessa parte. A única parte que valeu realmente foi o período com a Gatinha, o resto foi pagando as consequências das minhas escolhas erradas. O final do meu relacionamento foi o começo do pagamento. Acho que agora estou quite. Mas os danos sociais (como escrevo essa palavra e suas derivações, né?) me parecem cada vez mais irreparáveis. O pior é que não sinto em mim uma vontade verdadeira de revertê-los. Me esforço, saio, mas muitas vezes me é penoso estar no mundão. Dá vontade de deixar tudo como está e para onde segue, para um isolamento quase que total. O que aconteceu comigo? Eu não sei. Eu tento procurar uma causa uma justificativa, culpo os meus internamentos e o isolamento com meu pai antes disso, mas a verdade é que tudo isso ficou para trás e eu sigo mais e mais isolado, mais e mais estrangeiro nesse mundo. Por que, eu não sei. Às vezes penso que são os medicamentos. Não sei se preciso de todos eles. Mas o fato é que depois deles nunca mais entrei em depressão profunda. E por isso os tomo religiosamente, sem questionar a quantidade ou natureza dos remédios ou quais são os seus efeitos colaterais. Apenas tomo achando que eles são minha salvação do inferno existencial, que são eles os responsáveis por não entrar em depressão. Entretanto, lembro que a Doutora, quando minha mãe percebeu e questionou o meu movimento de isolamento, disse “isso só tende a piorar” ou “ele vai ficar cada vez mais assim”. Não lembro as palavras exatas, mas a mensagem era que eu iria gradativamente me isolar do mundo, o que de fato acontece. O que acho mais estranho é que eu pareço aceitar isso tanto quanto luto para combater. A parte da aceitação não deveria existir, é ela que me deixa encasquetado, é essa vontade de me isolar que eu não consigo entender. Sou um ser dividido. Quero voltar a ser o ser cordial, comunicativo e sociável que eu era e ao mesmo tempo não acredito mais que esse ser habite em mim, que toda a minha dedicação para interagir e viver em sociedade não passa de uma grande farsa, de autoengano. Que só consigo ser realmente eu nessas palavras, é onde me sinto livre e confortável e seguro. Tenho absoluta segurança quando escrevo, me sinto no meu habitat natural, já quando estou acompanhado me sinto um peixe fora d’água. Eu estou perdendo as esperanças. Como já perdi tantas outras. Mas essa define o meu destino de forma muito radical. Estou exagerando, eu percebo isso, mas se o faço, sei que o exagero não é muito. É exatamente como me sinto agora, nesse momento ao pensar em sair, nas últimas saídas e no que sinto e senti em relação a elas. O fato é que não encontro mais muito prazer na vida em sociedade. Não sinto mais muito prazer em quase nada. Louváveis exceções são as que sempre enumero – e que são solitárias – o Mario Odyssey, os bonecos, fumar e tomar Coca e a escrita. Não preciso de ninguém para apreciar essas coisas, as aprecio na solidão. Não gosto de baladas, não tenho assunto para conversar, não me interesso pelas coisas do mundo para ter assunto para conversar, só me interessa fazer um monólogo de mim mesmo (outro nome de blog que vou registar. Já está registrado). Não sei se isso é o cúmulo do egoísmo e por isso me preencha tanto, criatura egoísta que eu sou. Acho que beira a egolatria, só não o é porque não escrevo isso para me enaltecer, mas para traçar um panorama das minhas percepções, inclusive sentimentos pouco nobres como esses que agora carrego. O Sai Dessa Noia? Vou por uma obrigação de lutar contra o ostracismo, não vou para me divertir. Pode ser que daqui para lá comece a encarar o programa com mais leveza e positividade.

1h24. Minha amiga psicóloga, para quem eu mandei os parabéns mais cedo, disse que acha que vai para o Sai Dessa Noia. Se ela for, vou tentar desabafar essa paranoia com ela e perguntar se é caso de terapia. Embora já saiba que a resposta vá ser afirmativa. Mas desabafar é algo que eu não faço há muito tempo. Tudo bem que tem esse desabafo mudo (outro nome de blog) diário que faço aqui. Vou ver se desabafo mudo já existe. Já existe. O desabafo mudo não é tão terapêutico quanto ser escutado, eu acho. Aqui eu vou dando asas às minhas neuroses desenfreadamente o que não é bom. Pelo menos, eu não me sinto bem e, como disse, acabo talvez hiperbolizando as coisas, os sentimentos, as percepções. O contraditório disso tudo, é que escrever isso é a coisa que me preenche de verdade, é como me sinto mais pleno no mundo. É o sentido e a razão dos meus dias. Me é tão necessário e indispensável que não sei o que seria de mim sem as palavras. Por mais que haja momentos em que nem elas sejam suficientes. Mas, via de regra, esse é o meu refúgio, a minha bolha, o meu campo de força, a couraça do caramujo, onde me escondo para me revelar. Eu, fumante e apaixonado pelo hábito, assinei uma petição para que proíbam cigarros com sabor, que são os preferidos dos jovens de hoje que se metem a fumar. Não quero que mais idiotas caiam na idiotice de fumar. Ainda mais jovens. Não sei se abolir os cigarros com sabor vai diminuir a incidência de jovens que experimentam cigarro, pois o gosto da transgressão, do proibido continuará existindo e esse é o sabor que mais agrada a juventude, na minha opinião.

1h44. Vendo uma capa do disco das Paquitas, uma raridade que encontrei aqui no quarto quando procurava a outra tomada para o computador, fiquei a me indagar porque as roupas delas e de Xuxa eram tão sensuais se era um programa para crianças. Acho que Angélica e Mara Maravilha também vestiam roupas provocantes. Deve haver uma razão para isso...





1h54. Começo a ficar com sono. Acho que se comer eu durmo. O Switch ficou ligado lá na sala, qualquer coisa jogo um pouco quando acordar amanhã. Consegui passar do bicho chato de Zelda, entrei em outro shrine que, para variar, tinha como desafio adivinha o quê? Bolas, ora bolas. É um jogo que adoraria assistir alguém jogando, mas que eu acho que não vou conseguir levar adiante. Ou talvez consiga, sei lá. Não me dá muito tesão esses desafios com física do jogo. Inovar para pior não vale. Não entendo como ganhou jogo do ano. Juro. Acho que foi pelos gráficos. É a parte realmente brilhante nesse game. O som também é massa. O clima do jogo é massa, mas todo o resto é chato. Vou comer um pouquinho.  

2h14. Comi bem agora, um prato de macarrão com carne moída e molho de tomate. Delícia. Coloquei uma Coca com bastante gelo e estou fumando o digestivo. Queria que meu destino não fosse o isolamento completo. Mas estou desenhando o futuro dessa forma. Por que faço isso é um mistério. Vou mudar de assunto que esse já deu por hoje. Já caio na redundância aqui. O problema é que esse é o grande dilema da minha vida hoje, estou sendo assombrado por ele. O interessante é que geralmente eu crio mil e uma suposições negativas, chego ao evento e acabo me divertindo, se não me divertindo, respirando novos ares ao menos. A comida me deu sono mesmo.

2h35. Visitei o blog Desabafo Mudo e é de uma esposa maltratada pelo marido, que está doente por causa de uma relação doente. As quatro únicas postagens foram feitas em um mesmo dia, 4 de setembro de 2011, se não me engano. Fico curioso sobre o que se fez dessa mulher. Espero que tenha se libertado dos grilhões da dependência emocional do marido e hoje viva livre, leve e solta. Mas a impressão que dá não é de um desfecho muito feliz. Como há pessoas sofridas no mundo.

2h52. Estou pensando no Zelda e em como ele divergiu das minhas expectativas. Se o próximo Zelda for assim, capaz de eu não comprar. Ah, agora que me lembrei, eu não vou comprar mais nenhum console em minha vida. Essa é a ideia ao menos. Vou pegar mais Coca e fumar outro cigarro. Estou querendo acabar com o gelo para ir dormir.

2h59. Acho que o meu primo-irmão se desapontou com o Mario Odyssey. Não sei se ele vai se animar para continuar jogando. Minha prima falou que continua achando o Super Mario Galaxy 2 o melhor Mario de todos. Acho que o meu primo será da mesma opinião. Eu não sei. O Mario Odyssey eu amei (e estou amando) muito. E achei mais relax que os Galaxies... até agora. Acho que os três jogos são 10. O Mario Odyssey inova de uma forma completamente diferente dos Galaxies, que são muito inovadores, mas a ideia do chapéu é incrível. E tem o fato de eu gostar de achar coisas escondidas no jogo. É o game perfeito para mim. Para o meu gosto. E as homenagens aos demais jogos 3D do Mario são a cereja do bolo. Eu amo esse jogo, mas confesso que ele não tem a replayability dos Galaxies, uma vez que se descobre onde estão todas as power moons, mas o jogo compensa isso com a absurda quantidade delas para serem achadas. Bom, eu acho o jogo perfeito, com algumas fases mais perfeitas que outras. Os Mario Galaxies por suas vezes, são do mesmo nível do início ao fim. São jogos mais equilibrados, mas essa diferença nas fases do Odyssey dão um caráter mais humano ao jogo, percebe-se, na minha opinião, que times diferentes trabalharam em cada uma delas ou que certos times fizeram algumas e outros outras. Tem fases com vibes parecidas como Sand Kingdom e Seaside Kingdom, que são amplas e repletas de lugares para explorar. Ou os visuais de Wooded Kingdom e Cascade Kingdom, que apresentam trabalhos de textura realista semelhantes. Os Galaxies têm mais unidade, mas isso não quer dizer muita coisa. O Zelda tem bastante unidade, mas se revela um jogo pouco divertido. Eu não sei o que é que deu na cabeça do diretor do jogo. Espero que voltem à fórmula clássica no próximo Zelda. Eita, lembrei que não vou comprar mais nenhum console. Que pena o meu primo não ter gostado tanto do Odyssey. Achou o jogo cansativo, isso ficou estampado na sua cara. Mas talvez bata a coceirinha para pegar mais uma lua e mais outra e quando vir foi fisgado. Não sei se isso se dará, mas é o que torço que aconteça. O problema é que ele é meio deficitário no inglês e não gosta de ler os diálogos do jogo. É o jogo do Mario com mais diálogos de todos. E com mais história também. Está me dando vontade de jogar o Odyssey, mas está me dando muito mais vontade de dormir. 4h01 já. Preciso me deitar. Vou pegar um copo d’água, fechar a porta e botar o pijama.





4h04. Fiz o que me propus. E preciso dizer novamente, eu amo o Mario Odyssey. Está no meu top 3, mesmo sem ter a replayability dos Galaxies. Talvez o meu top 3, embora isso mude muito, sejam os Galaxies e o Odyssey. No top 5 acrescentaria Super Metroid e Zelda Wind Waker. No Top 10 colocaria mais Borderlands 2, Dr. Mario, Street Fighter 2, Super Mario World e Zelda A Link to The Past. No top 20 colocaria FarCry 3, 007 Goldeneye, Super Mario Kart do Wii, Metroid Prime Echoes, Zelda Twilight Princess (apesar do começo ozzy), Teenage Mutant Ninja Turtles II, Secret Of Mana, Halo, Wii Play, Zelda Majora’s Mask. Mas essa lista é muito orgânica, posso mudar à medida que for jogando outros jogos. Acredito que Red Dead Redemption (que eu acho que vou gostar mais do que desse Zelda do Switch/Wii U) possa entrar na lista, bem como Infamous 2, GTA V, Deus EX, Dishonored, MGS V, Assassin’s Creed Black Flag e por aí vai. Eita, esqueci de colocar na lista FEZ e Guacamelee. 4h30 já, preciso ir dormir. Amanhã reviso e posto. Preciso jogar Beyond Two Souls também. Tem muita coisa boa para jogar lá em casa. Eita, me lembrei de outro que pode entrar na lista Last Of Us. Um que estava gostando, mas que é extremamente hardcore é Bit.Trip.Run 2. Além do Rayman Origins. Esse papo me deixou instigado para jogar games. Doom foi outro jogo marcante para mim. Maniac Mansion. Okami. Katamari Damaci. Nossa tem muito jogo bom no mundo. Dos que citei, os únicos que eu não tenho mais é Doom e Maniac Mansion. Estava gostando de jogar Half-Life 2. Tenho ainda que experimentar o Portal. E o Portal 2 se for por isso. Também tenho lá em casa. O Tomb Raider do PS3. O Persona 4 (que não me animou muito). Skyrim. Tenho muito, mas muito jogo mesmo para jogar. Dá para jogar por anos. Espero que eu tome gosto pela coisa e faça isso. Metal Storm foi um que me divertiu muito. Da atual geração de consoles o que mais queria jogar era No Man Sky, em segundo Horizon Zero Down. Preciso jogar também Castlevania Symophony of the Night. E não posso deixar a terra sem jogar um Harvest Moon, que também tenho no PS3. Estou quase instigando bater um Mario Odyssey. Vou deixar para quando eu acordar. Mas agora o sono passou. Não completamente, mas não quero deixar de rememorar aqui os jogos que me marcaram. Queria ter me apaixonado por Pokémon, mas não gosto de jogar em portátil. Estou instigado para ver esse Metroid Prime 4. Acho que só estou instigado para tudo isso porque não tenho disponível agora, quando chegar no quarto-ilha essa vontade vai desaparecer. Queria tanto, mas tanto que não, que a secura continuasse. 5h08. O dia desponta iluminando os prédios. Gosto de passar a noite escrevendo. Ainda mais sobre coisas boas como videogames. A melhor forma de entretenimento depois do Word para mim. Se bem que, se contar como entretenimento, uma relação apaixonada está lá no topo da lista também. Minhas costas doem. Se a secura for verdadeira e eu retomar o gosto por jogos, eu me arrisco a comprar o Persona 5 para PS3. O Metroid 4 é quase certo comprar. Isso se minha mãe aquiescer. Ou posso pedir a meu irmão de Natal. Sei lá, veremos. Não acredito que é outro desafio de bola o shrine do Zelda que eu encontrei. Que chato. Esse Zelda briga com Skyward Sword como os mais chatos da franquia. E ganha, porque Skyward Sword tem momentos bem legais, que não encontro ou encontrei ainda nesse.   

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