sábado, 24 de fevereiro de 2018

PANTERA NEGRA




13h08. A pior parte de do dia. O despertar. Ainda não conversei com a minha mãe sobre o assunto do Hulk, mas ela leu o meu último post, me contou calmamente quando me deu o leite com o remédio. Nossa, como não quero conversar sobre o Hulk agora.

13h22. Mamãe também não quis, precisa descansar um pouco, ela disse, desopilar, completou. Vou pegar Coca.

13h26. Estou de volta. Embora mamãe esteja aparentemente sendo supercompreensiva, eu estou apreensivo em relação à nossa conversa. Vou desopilar eu mesmo. Mas como? Deitando de novo? Não, não acho legal. Jogar videogame também não estou no astral. Não tenho muito o que dizer. Acho que fiz a coisa certa contando a minha mãe mesmo que pelas vias mais indiretas possíveis. Não tive coragem para o confronto direto. Tive muito medo. Isso sim. Ainda estou receoso de falar com ela.

13h47. Passei os últimos minutos na internet, é uma forma de me esquecer do assunto.

13h59. Minha prima de Natal vai passar o final de semana aqui, será que sairemos juntos amanhã ladeados por meu primo-irmão? Acho que seria legal. Curioso ao menos. Sonhei com a minha segunda namorada e, no sonho, ficava na dúvida se voltava para ela ou não. Não me lembro de mais detalhes, só que havia um ambiente festivo, com mais pessoas, várias pessoas, mas não me lembro de mais sobre o contexto, só me lembro de olhar para ela, de estarmos muito próximos e com clima de beijo e eu relutante em dar o beijo por tudo o que isso iria acarretar na minha vida. Lembro quando voltei para ela pela segunda ou terceira vez, do arrependimento que me bateu quando selei a volta do nosso relacionamento com um beijo. Como me arrependi naquele momento, como quis rebobinar o tempo e não ter feito aquilo. E essa lembrança me veio à mente na nova oportunidade que o sonho me deu. Não lembro se a beijei ou não, entretanto. Acho que apesar de toda a carência afetiva não a beijaria de novo. Não entraria numa relação com ela. Só pode ter sido o fato de achar que a vi dentro do carro na garagem que me fez ter esse sonho. Nem sei se era ela, fazia anos ou décadas que não a via. A possibilidade de ser me foi impactante. Carrego uma grande culpa em relação a ela que não sei como solucionar. Pelo menos não foi um sonho com Clementine. Nossa, me veio a história do boneco do Hulk agora e me deu um embrulho nas entranhas. Meu deus, como quero que isso se resolva logo. Meu primo urbano e meu amigo Marinheiro me mandaram mensagens pelo WhatsApp, mas não quero revelar que estou acordado, pois não quero entrar em diálogos agora. O que queria? Não sei. Que mamãe não viesse conversar comigo nem tão cedo. Parece que o cara da TV a cabo chegou. E parece que vão querer ver alguma coisa na TV do meu quarto. Também não queria que isso acontecesse. Mas vamos acompanhar a vida e levar como uma valsa. Pena que não sei dançar, em especial a dança da vida. Está rolando um estresse por causa do cara da TV.

14h25. Liguei a TV no canal da operadora. Para poupar tempo e a passagem do cara pelo meu quarto não durar mais que o estritamente necessário.

14h34. Até agora nada. Ainda bem. Acho que vou pegar um copo de Coca.

14h42. Que coincidência, quando fui à cozinha o jardineiro do prédio tocou a campainha para pegar uma planta que estava batendo no teto e replantá-la lá embaixo. Me fechei no quarto com o som alto, não serei eu quem atenderá o homem da TV, pois não ouvirei. Também não acho que eu seja a pessoa mais apropriada para recebê-lo, pois não sei qual é o problema que se dá, visto que não assisto TV nem no meu quarto, que dirá na sala. A TV aqui do quarto passa programas infantis, ainda bem que o volume está baixo e não me atrapalha muito, mas TV é um magneto para a minha atenção. Estou começando a duvidar da vinda desse cara. Eu não vou atender, meu padrasto se enfurnou e minha mãe descansa com a porta semiaberta. A probabilidade de ele ser atendido não é das melhores. Engraçado que me peguei olhando para a planta que tocava no teto ontem, quando fiquei esperando na varanda que a fantástica faxineira arrumasse o meu quarto. Mal sabia que não mais a veria, ou que se vir, não a reconhecerei em meio à vegetação do meu prédio.

14h53. Não sei mais o que dizer. Estou quase desligando a TV. Já era para o cara ter aparecido há muito tempo. Estou curioso para ver o que meu primo urbano e meu amigo Marinheiro disseram, mas ao mesmo tempo não quero dar sinal de vida. Esperarei um pouco mais. Pensando na planta, lembrei daquele experimento que se faz quando criança de fazer germinar um caroço de feijão no algodão molhado, achava ou achei uma coisa mágica a vida irrompendo por causa da água. Qualquer dia faço de novo. Faço nada, a iniciativa vai ficar esquecida, perdida nessas linhas.

15h02. Não sei se o homem da TV tocou e embora me sinta um pouco culpado por contribuir para que sua viagem fosse perdida, não saberia assisti-lo e orientá-lo. Não faço a mínima ideia de qual a razão de sua visita. Daqui a pouco vou pegar outro copo de Coca. Se calhar de o cara tocar na mesma hora, calhou. Mas acho difícil que isso se dê. Acho que minha mãe despertou. Ouvi o barulho na porta da cozinha, indicando que desligaram o ar do quarto de casal. Estou tenso.

15h08. Vou desligar a TV. Ou não. O que faço agora? Me vem a vontade de jogar um pouco de Mario Odyssey. Mas não o suficiente. O que quero mais e mesmo assim não muito é continuar aqui escrevendo. O tédio... hoje me aparece como um sentimento bem-vindo em comparação com o sofrimento de ontem por causa do Hulk. Esse assunto ainda está longe de ser resolvido. Longe e ao mesmo tempo perto, pois mamãe conversará sobre isso comigo. Nossa, não quero pensar nisso, a tensão e ansiedade batem forte.

15h37. Troquei a água do garrafão com mamãe. Não falamos nada sobre o Hulk. Comuniquei-lhe do jardineiro que veio remover a planta e aproveitei para ajudar a trocar o garrafão. Joguei um pouco de Mario Odyssey, mas bem pouco. Quase, quase peguei uma lua bem chata, ela chegou a aparecer, mas eu caí e morri, daí desisti. Se a fase tivesse chão tudo ficaria mais divertido, mas do jeito que é, é muito chato. O pior que não quero abandonar esse desafio, não me pergunte por quê.  

15h48. Minha vida está vazia no momento. Ouço “Utopia” de Björk para variar. Eita, vou ouvir “Duelo” composta pelo meu primo urbano.

16h13. Minha mãe fez uma paçoca para eu almoçar e eu li as mensagens do meu primo urbano. Foram a respeito do Hulk e do meu interesse pelo seu equipamento, disse que me ensinaria o programa se eu arrumasse uma forma de instalá-lo. Considerarei, mas confesso que agora, de barriga cheia, não tenho ânimo algum. Nem sei como procurar aplicativos piratas sem infectar o meu computador. Quem sabe não leve o computador na próxima ida à casa do meu primo para ver se ele instala.

16h23. Acho que recebi uma indireta numa das vezes que fui à Vila Edna e não me toquei. É um história longa e besta que não tenho paciência de contar aqui. Tem a ver com o meu hábito de comer gelo e como ele parece repulsivo para uma de minhas amigas, que comentou do nada como acha nojenta a forma como crianças pequenas ingerem líquido. Pronto, foi isso. Não muito mais. Só caiu a ficha de que fazia o mesmo que crianças pequenas com a minha mania de comer gelo. Esse foi um dos parágrafos mais inúteis que já escrevi.

16h29. Não divulguei o meu post na rede social e mesmo assim ele atingiu dez visualizações. Não sei de onde, nem sei como. Não o divulgarei tampouco. Embora tenha uma boa carga de emoções. Negativas. Ontem foi um dia muito ruim. Obtive o valor das taxas de importação do Hulk, absurdamente caras, aproximadamente o mesmo valor que paguei pelo Hulk somado ao frete e gelei. E fiquei na paranoia o dia inteiro sem coragem de contar à minha mãe. Foi muito ozzy. Até agora não sei o que ela vai fazer, espero que ela pague e eu tenha, enfim, o Hulk aqui. Ela e eu estamos evitando falar no assunto. O que acho até melhor. Nossa, não queria ir para o aniversário do meu sobrinho em João Pessoa. E não queria ir para Alemanha tampouco. Mas são dois eventos inevitáveis na minha vida. Será que a turma sairá hoje? Não estou com a mínima vontade de sair, mas pode ser que ela aumente quando souber o que vai rolar. Ou vou ficar o final de semana inteiro sem sair, visto que não vou poder sair no sábado por ter que acordar cedo no domingo para ir a João Pessoa. Minha vida começa a me parecer ruim, o que nunca é bom. Acho que isso se reflete nos meus textos.

17h01. Consegui pegar as duas luas chatas que estavam na minha lista há mais de uma semana. É sempre um sentimento recompensador.

17h11. Peguei um copo de Coca e estou com vontade de me deitar um pouco. Acho que foi por ter me alimentado bem. Com a barba que estou nem tenho muita vontade de sair hoje. A quem estou querendo enganar? Não agarrarei ninguém hoje com ou sem barba.

17h32. Massa! Surgiu um programa massa para mim, assistir o “Pantera Negra” com o meu amigo jurista e sua esposa. Tipo do programa que me agrada bastante. Vou tirar um cochilo agora.

17h42. Ainda estou aqui. Mas vou me deitar

20h39. Meu amigo disse que vem às 21h00. Me peguei tendo aversão forte à ideia de ir ao shopping, quase um pavor, antes de entrar no banho. Agora estou relativamente calmo. Mas, se pudesse, desistiria, embora ache a atitude covarde e doente. Vou encarar e seja o que será.

20h45. Já estou todo pronto. Estou só esperando dar 20h50 para descer. Não devia ter aceito o convite. Mas não tem nada demais. Ir ao shopping, ver as gatinhas e assistir um filme. Minhas mãos suam. 20h48. Vou descer logo. Não, vou esperar esse último minuto absorvendo o meu quarto-ilha. Isso está muito tenso. Relaxar. 20h50. Vou descer. Inté a volta.

Assunto: Cine
20:59. Estou esperando na piscina pelo meu amigo jurista, ele mandou um WhatsApp quando eu estava descendo de elevador dizendo que quando estiver saindo de casa dá um toque. Não vou subir de novo, por isso venho aqui escrever no e-mail. A noite está quente. Eu continuo apreensivo com a saída. Isso é um traço novo do meu comportamento e me preocupa. Terei que falar sobre isso na terapia. Ele está saindo. Vou fumar um cigarro e ir lá para a frente do prédio.

-x-x-

0h54. SPOILER DO FILME PANTERA NEGRA! NÃO LEIA ATÉ AS PRÓXIMAS PALAVRAS EM MAIÚCULO!

Se não quiser saber detalhes do filme, digo. A esposa do meu amigo jurista definiu bem, é um filme sobre uma tribo, eu iria ainda além é a história de um povo que se isolou do mundo, ma non tropo, no coração da África e que por isso desenvolveu uma política interna meio tribal, onde os anciãos de cada tribo reúnem-se com o rei para deliberar. O rei aparentemente tem a última palavra, mesmo que contradiga o consenso dos anciãos. Pelo menos assim me pareceu. Assuntos como fidelidade ao trono, terrorismo e opressão social ou racial são tocados também, mas para mim o personagem principal e mais atraente do filme é Wakanda. A direção de arte foi ao mesmo tempo ousada e feliz ao se embeber na cultura africana para criar os cenários de Wakanda. Poucas vezes me pareceu uma alegoria carnavalesca, mas o filme é repleto de “africanidades” que permitem um visual exuberante e fora do comum. Gostei da variada. Gostei de o filme ser sobre o choque dessa realidade do povo de Wakanda, que traz a mensagem de que a África, se não tivesse sido colonizada, evoluiria a seu modo até virar uma civilização tecnologicamente avançada, com a civilização do resto do mundo. Esta última consegue “corromper”, como queira, transformar, acho mais adequado, dois filhos de Wakanda em revolucionários terroristas, levando-os a crer que a melhor estratégia para o povo oprimido são as armas e a morte do opressor. É uma estratégica falha, na minha opinião, pois o que ocorre depois que se mata os opressores? Os opressores seriam quem? Não se mataria gente de bem, pessoas que não oprimem ou que nada tem a ver com o regime? Não sei, houve a Revolução Francesa que instaurou os três poderes, modelo que pegou em praticamente quase todo o mundo. Menos em Wakanda. Talvez não entre os povos da África. Não sei nada da história de lá. Meu defeito, minha alienação. Gostaria de saber como um africano veria um filme desses. Um africano bem tribal e um africano esclarecido, já moldado pela cultura capitalista. Qual seria a visão dos dois? Fico curioso em saber. Gostaria de saber se acharam a essência da África bem representada no filme. É algo difícil de capturar por uma indústria que visa o entretenimento mundial como forma de lucrar e produzir riqueza, não sei se são as pessoas certas para repassar para o mundo algo genuinamente africano. Até porque existem várias Áfricas dentro do continente africano. Como existem vários Brasis no Brasil. Por isso o filme do tucano foi chamado “Rio” em vez de Brasil, porque não contemplaria a pluralidade cultural do nosso povo. Se há uma coisa que em nós é rica é a cultura, por mais que estejamos na era do sertanejo-axé-brega que nem sei que nome tem. E o funk. Acho ambos musicalmente pobres perto de um Chico e um Caetano e até de uma Nação Zumbi. Chico e Caetano hoje são músicos para a geração da elite passada, a geração dos meus pais e um pouco da minha. Acho que Djavan tem até maior penetração que eles na minha geração. A música clássica virtualmente se perdeu. Enfim, hoje, até as elites se dobraram a Wesley Safadão e Anitta e sei lá mais quem. Por falar em trilha, a trilha toda do filme é de música africana ou negra, achei isso muito pertinente com a atmosfera mostrada.

1h42. Voltei ainda pensando no filme. Achei muito boa a escolha do vilão e suas motivações. Vou botar isso lá para cima. Achei muitas interpretações fracas, da maioria dos atores. E achei que o Pantera Negra bate pouco e apanha demais. As cenas de ação não me cativaram. Queria voltar logo para os dilemas político-sociais levantados pelo filme. Mas isso sou eu. As cenas de ação são as já conhecidas fanfarras da Marvel em momento pouco inspirado. Ainda bem que há relativamente poucas ao longo do filme, que achei mais longo que de costume. E há duas cenas depois dos créditos, se você curte o universo Marvel, espere até todos os créditos passarem. Mas o filme se encerra em si mesmo, embora quisesse ver o resultado das novas políticas internacionais de Wakanda e seus efeitos no resto da civilização. Gostei também da sugestão de que as intervenções esporádicas no planeta eram vistas como episódios de óvnis. Pelas luzes no céu voando e desaparecendo rapidamente. Foi uma sacada boa e curiosa. Me surpreendeu. Olhando em retrospecto, derivando da brilhante percepção da esposa do meu amigo jurista, eu gostei mais do filme. É um tributo à África e às tradições africanas como também sendo válidas, só que à parte da civilização capitalista globalizada. Ou assim quis perceber.

(Adendo 26 de fevereiro de 2018:)

Para saber a visão que um negro crescido e educado no sistema capitalista teve sobre o filme, você, se sacar inglês, pode ler aqui:
https://www.esquire.com/entertainment/movies/a18241993/black-panther-review-politics-killmonger/

Foi o meu amigo cineasta que mandou para mim. Eis a minha resposta.


Interessante leitura, não sabia que o filme havia sido feito por negros em quase sua totalidade, curioso isso e parabéns para a Marvel em investir numa superprodução tão ousada. Sobre a parte da não-violência existir só por causa dos negros, fico meio reticente. Lembro-me de Ghandi e de sua revolução não-violenta (pelo menos da parte dos revolucionários), embora saiba muito pouco sobre o assunto. Sei que a violência é um traço animal do comportamento humano de brancos e negros e amarelos e vermelhos e quaisquer cores que você quiser nomear, mas sou uma pessoa até onde me conheço extremamente anti-violência. Não por medo dos negros se rebelarem, mas simplesmente porque acho soluções e ações violentas hediondas. Sobre o branco da CIA se imiscuir em Wakanda com a maior facilidade, achei meio forçado também, olhando em retrospecto, porém acredito que isso tenha se dado por causa de filmes vindouros. Como elo narrativo entre o Pantera Negra e os demais super-heróis da Marvel. Desce quadrado, mas vai fazer sentido no esquema maior das coisas do universo Marvel. Achei estranho não ver nenhum negro na sessão, isso para mim foi a coisa mais impressionante.  


FIM DO SPOILER! PODE VOLTAR A LER. :)

1h34. Vou pegar Coca e fumar um cigarro. Acho que o final eu posso contar, não o final do filme, mas que há duas cenas pós-filme, se você quiser ver as duas, tem que esperar os créditos rolarem até o fim.

1h53. Vi o trailer de um filme com uma premissa até interessante até virar um plágio de Scott Pilgrim. E o efeito nos olhos da personagem principal ficaram trash, todo o resto ficou perfeito, menos os olhos, que são o principal. Se só tivessem aumentado o tamanho dos olhos como se fez com Johnny Depp em “Alice no País das Maravilhas” de Tim Burton, teria ficado melhor. Do jeito que está parece coisa de anime. Talvez veja no cinema. Depende do meu amigo jurista. O Jurassic World dois, pelo trailer, vai ser um fiasco de bilheteria. Contou o filme quase todo e não empolgou. O do Deadpool novo é sem graça, mas fica na cabeça. Não me lembro dos demais. Nem do nome da garota de olhos de anime. Acho que começa com “A”, lembro de um “A”, mas só sei que ela é superpoderosa e vai lutar contra uma série de vilões, a parte em que ela é apenas one of a kind acho que vai ser muito superficial, bem diferente de... me esqueci o nome do filme agora. “Ex Machina”, eu acho. É, sim, vi na net. Recomendo fortemente. Ele, “Her” e “Automata” fazem um bom trio de filmes para assistir em sequência numa tarde/noite de domingo, talvez para arrematar “Transcendence”. Depois, no outro final de semana, ver o seriado “Black Mirror”. Acho que vou comer.

2h29. Comi bastante agora aqui em casa. No shopping, só tomei um milk-shake de chocolate da McDonald’s e uma Coca da maior possível na entrada do cinema. O meu amigo jurista está mais preocupado atualmente com a saúde e a alimentação. Bom para ele. Eu acho que eu tenho uma boa alimentação, tanto que acho que vou comer um pouquinho mais dentro em breve.

2h36. Vou lá.

2h46. Comi salada. Pepino, cebola e tomate com azeite, shoyu e pimenta moída de diversas cores. Foi gostoso, só faltou o abacaxi. Vou pedir para mamãe preparar essa receita para mim, pepino, cebola, tomate e abacaxi, se estiver docinho. Acho a salada perfeita para mim. Acho que comeria com prazer e com os temperos acima mencionados, poderia acrescentar um fio de mel de abelha. Ficaria nos trinques. Acho que vou comer mais uma vez. A farofa está muito boa. Estou sem saco nesse momento. O que quero da vida? Acho que vou me deitar porque estou com a barriga cheia.  

3h06. Fui lá na cozinha e ataquei um pouco mais da farinha láctea, fumei o último cigarro da noite e enchi o último copo de Coca. Me lembrei de um cara que surtou, acho que de mania, na Clínica de Drogados. Não foi o último surto que de mania que vi, mas me lembrei deste acho que porque vi que o Cordel do Fogo encantado voltou à ativa, o cara virou um menestrel e ficou falando de coisas regionais, do cangaço de Lampião, tudo como se estivesse narrando um cordel ou uma missa, olha, foi uma doideira. O outro surto de mania? Teve mais etapas. O bróder acordou gritando “só por hoje” no meio da madrugada depois que olhou para a sua toalha com os dizeres. Quando o dia amanheceu e tivemos tempo livre, ficou fazendo rolamentos no chão, sem camisa, por isso se ralando todo, simulando a forma certa de cair de uma moto. Esse foi engraçado. Embora não ache muita graça nessas coisas. Ambos tiveram que descer para o Manicômio para uma intervenção mais pesada. Vou me deitar. Estou cansado.

-x-x-x-x-

13h23. Pior parte do dia, despertar. A cama ainda me atrai, o convívio me incomoda, a escrita é o menos ruim a se fazer nesse momento e mesmo ela não me é muito amigável.

13h32. Passeei pelas abas do Chrome e nada de interessante me captou a atenção. Percebi a estranha sinergia entre o meu casal de amigos e fiquei pensando se queria isso para mim. Me pareceu possuírem uma intimidade muito grande e dessa parte eu gostei. Devem ter se aproximado mais completamente em Brasília onde só podiam contar realmente um com o outro ou pelo menos é assim que vejo a situação. Posso estar equivocado. Mas o que posso contar do agora? Ele é de uma monotonia conhecida, quase amigável, tão amigável quanto a monotonia pode ser. Gosto de me saber no quarto-ilha sem nenhum prospecto de sair dele por hoje. A Coca-Cola Zero que coloquei para mim é, mal comparando, como o chá que dá ao Pantera negra os seus instintos sobrenaturais. A Coca me revigora, me reanima. Acho que se fosse café teria o mesmo efeito. Estou com um astral melhor hoje. Talvez a saída com o meu amigo jurista e sua esposa tenha me feito bem. Nem reparei no resto do mundo. Dessa vez o resto do mundo passou batido. Fiquei tenso com a situação em alguns momentos, mas nada demais, quando achei que o casal precisava de privacidade para decidir algumas coisas. Aproveitei tais momentos para comprar o milk-shake e depois a Coca-Cola. Depois foi o filme. E o rápido retorno para casa, moro perto do shopping, momento em que seu deu o comentário sobre o filme que mudou a perspectiva que tive da película. Mas já falei sobre isso ontem. Meu amigo jurista está de carro novo, bem mais invocado que o anterior. Quase um SUV, branco, muito bonito achei. Deveria ter perguntado o modelo para informar o leitor mais aficionado em automóveis. Posso perguntar ao meu amigo jurista pelo WhatsApp, mas não vou. Tenho vergonha. E isso não é um texto jornalístico.

14h22. Fui pegar Coca e dei uma pequena ajuda a mamãe na cozinha. Estão tocando Reginaldo Rossi em ritmo de pagode, ao vivo me parece, nas redondezas. A banda tem todos os maneirismos vocais de uma banda de pagode carioca, as interjeições no meio da música que estas bandas soltam. Não é um som desagradável aos ouvidos, mas está um pouco distante da minha seara musical. É bom para dar uma variada. Deram uma pausa agora. O meu computador e o som ainda não estão se entendendo. Acho que em findadas as minhas poucas observações sobre o filme do Pantera Negra, e tendo escolhido como título da postagem o nome filme, devo acabar por aqui. Vou procurar a imagem da art print da Sideshow do filme para ilustrar este texto.  

14h48. Peguei. E me perdi tentando decifrar o e-mail sobre a Google Cloud Platform, mas não é para leigos, infelizmente. Não entendi patavina. Queria ver se havia alguma conexão com a Singularidade Tecnológica e fiquei na mesma, infelizmente. Vou revisar para postar.

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