terça-feira, 29 de agosto de 2017

DIAS NA CASA DA TIA II

O marido da minha prima me perguntou se eu me considero um cara inteligente. Eu comecei a responder que muitas pessoas me acham inteligente, mas ele queria saber a minha opinião. E eu disse então que me achava normal, nem mais nem menos inteligente que a média, que já havia encontrado pessoas mais burras e mais inteligentes que eu. Não sei se fui sincero, foi o que me saiu mais fácil da alma. Ele disse que me achava inteligente, eu disse a ele que talvez essa impressão se dê porque tenho um vocabulário um pouco mais amplo que a maioria das pessoas porque meu pai costumava falar conosco utilizando palavras, como dizer, pouco usuais e talvez o meu vocabulário expandido dê essa ilusão de inteligência. Ele retorquiu que a minha inteligência ia além do vocabulário. Eu repliquei que achava ele muito inteligente também, pois tinha o raciocínio rápido e se comunicava com extrema facilidade e que eram traços de inteligência, na minha opinião. Agora, cá entre nós, se eu me acho inteligente? Eu não sei. Meu pai disse que eu era a segunda pessoa mais inteligente que ele conhecia. Ele sendo a primeira, claro. Essa afirmação, vinda da pessoa mais inteligente que eu já conheci, me calou profundamente. Mas há algo na minha autoestima que me impede de aceitar que sou algo superior à média, algo que me faz sentir abaixo da média. Pelo menos na inteligência, eu me acho na média, o que já é uma vitória. Baseado em notas escolares e desempenho acadêmico, meus irmãos são muito mais inteligentes que eu, pois sempre tiraram notas consistentemente mais altas que as minhas. Então não sei realmente que parâmetros são usados para determinar que uma pessoa é inteligente, que eu seja inteligente. Eu me acho normal e até um pouco defasado na minha inteligência por causa do meu repertório restrito, o qual eu mesmo construí para mim, e por causa da minha memória altamente defasada.

18h14. Fui pegar um café. Titia me comprou algumas carteiras de cigarro, mas combinou comigo que me daria uma por dia, ou assim eu entendi. Entendi, e isso ficou claro, que o cigarro seria racionado, a quantidade/frequência não ficaram definidas, mas acredito que ela pensa em uma carteira por dia. Eu certamente penso nessa quota. O que, alternando com o Vaporfi, está ótimo para mim, eu espero. Novamente falando dos ensinamentos do marido da minha prima, ele me apresentou a diversos trechos do “The Wall” e me explicou em linhas gerais a história do filme. A ideia de que ele tem uma mãe superprotetora e que tudo o que decide precise da autorização, mesmo que projetada, da mãe bateu muito comigo. Como construir um mundo que me isole da sociedade, como faço com essa muralha de palavras também gerou forte identificação. O filme é visualmente muito interessante e alegórico, pelo menos os trechos que eu vi. Principalmente os trechos de animação, mas não só. Espero que um dia arrume meios e disposição e o assista com a devido frame of mind. Mas a sensação que estou construindo um muro que me isola da sociedade é muito sólida. Como um muro. A metáfora é muito precisa e se aplica com perfeição à minha vida atual. Me deu um certo alívio, saber que no final do filme ele destrói o muro e se reconcilia com a sociedade. Mas nunca sendo “just another brick in the wall”. Me adequar à sociedade, me comportar ou ter uma vida conforme os ditames da sociedade, com o que é pregado pela mídia, de acordo com o que é exigido veladamente pelas pressões sociais que dispensam palavras e inclusive às que utilizam palavras (minha mãe), não. Tal adequação acho que nunca vai acontecer. Não mais. Sou todo outro. Passei grande parte da minha vida, jogando eximiamente o jogo social para me adequar e ser bem aceito na sociedade, um verdadeiro camaleão social. Acho que isso se deveu às diversas mudanças geográficas e de colégio a que fui submetido. Nisso me tornei muito bom em conexões superficiais e deficitário talvez em conexões mais profundas. Não sei ao certo sobre essas últimas, pois construí uma relação muito profunda e muito íntima com três das minhas namoradas ou com todas elas, talvez. E já tive conversas muito profundas com amigos. Hoje é que não consigo com a mesma facilidade ultrapassar a barreira das trivialidades, quando ouso me expressar, diga-se de passagem. Não estou disposto a me repartir com todo mundo, presencialmente falando, mas me reparto quase que por completo aqui. Para desconhecidos, que é mais fácil. Embora talvez haja uma ou duas pessoas que eu conheça do CAPS e talvez meu amigo cineasta que leiam isso, mas escrevo como se fosse para desconhecidos, pois isso diminui minha censura e meu pudor em relação ao que expor de mim mesmo. 18h44. O gato passou e agora o cachorro e me perdi nos meus pensamentos. Minha mãe me ligou dizendo que iria partir para João Pessoa. Não aguentei e dormi um pouco, até a hora do churrasco organizado pelo marido da minha prima. Ele se dispôs a filmar a tomada com a GoPro. Ficou até animado com a ideia. Acho que ele não sabe o que é uma GoPro. Vai se decepcionar quando vir que não dá para ver o que está sendo filmado. De toda forma, tentaremos fazer a filmagem no próximo sábado quando da celebração do aniversário do meu tio. Estou com sono ainda. Espero dormir cedo hoje. Ou mais cedo. A não ser que haja alguma intercorrência. =[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[[´-´ppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppppp

19h24. Fui jantar e o gato passou por cima do teclado, deixarei sua marca aqui no meu texto. Isso é o acaso se manifestando no meu texto, o que eu acho um acontecimento simplesmente extraordinário. Não foi um ser humano ou um acontecimento intencional, mas pura obra do acaso, manifesto em forma de gato da minha prima caçula. Vejo como um retrato materializado do acaso, algo que é muito raro de capturar em forma de texto, então este texto traz essa preciosidade, essa pequena joia da existência. Eita, preciso revisar, postar e divulgar o outro texto. O anterior.

20h44. A internet caiu justamente na hora em que postei o blog. Tive que dar um boot no modem, desligar e ligar de novo. Nem sei mais do que tratava aqui, pois me concentrei no texto anterior e acabei perdendo o fio da meada. Ah, sobre o acaso manifesto em texto pelas patas da gata da minha prima. Não seria eu mesmo o acaso manifesto em texto? Visto que desde a célula original até aqui o processo de geração dos meus descendentes foi bastante randômico e o meu próprio, tendo pego aquele óvulo e aquele espermatozoide para me dar origem? Se fosse um mês depois, no próximo óvulo com outros espermatozoides, eu poderia ser alguém totalmente outro. Eu sou obra do acaso e o acaso se manifesta através de mim, posto que sou obra sua. E a pilha de acasos necessários para que eu viesse a existir é imensa. É mais difícil que tirar na loteria existir e existir humano, ainda por cima. Deveria ser grato por isso e hoje, especialmente, sou. Há algum tempo já. Só me incomoda o muro que ergui ao meu redor. Me incomoda ao mesmo tempo que me protege, como todos os muros. Vou fumar o cigarro que não fumei ainda. Muito bom fumar um bom e velho Marlboro.

20h57. Marlboro fumado. Era bom uma Coca geladíssima agora, mas não é o momento apropriado para pegá-la. Quando titio retornar para o quarto, eu vou lá pegar. Ele voltou. Vou pegar.

21h01. Peguei. Dá vontade de fumar outro cigarro acompanhado agora da Coca, mas não farei isso agora. Ou farei? Esperarei, não estou com vontade de fumar agora. É raro eu não ter vontade de fumar um cigarro de verdade, mas estou saciado. É raro eu estar saciado de cigarro. Evento interessante no meu sentir. Talvez seja porque o quarto esteja todo fedendo a cigarro, tanto é que abri a janela. Para a fumaça se dissipar mais rápido. Vou pegar mais Coca. Agora com gás, pois antes botei o restinho da garrafa de 2 litros que abri à tarde, estava pra lá de sem gás. E quente com gelo ainda por cima. Agora está bem mais borbulhante, fazendo “pop” na boca. Queria que titia tirasse gelo para mim, mas não tenho coragem de pedir isso a ela. Deixei o recipiente de gelo na cozinha, o que é o mínimo que posso fazer e ao mesmo tempo uma mensagem subliminar de que estou sem gelo. Ainda bem que eu tirei o cochilo e passei um bom pedaço no churrasco, meus ombros, especialmente o direito, pararam de doer. Mas não sei quanto tarda para as dores se manifestarem novamente. Vou postar o Desabafos do Vate.

21h26. Pronto. Postado. Agora estou livre para escrever aqui. Meu ombro começa a doer. Saco. Mas muito de leve ainda. Minha tia-mãe é uma pessoa extremamente ponderada, de extremo bom-senso e muito compreensiva. Pelo menos é assim que se apresenta para mim. Não sei se para os filhos o sentimento é o mesmo, mas eu tenho a bênção de ser apenas o seu sobrinho. Não tenho conflitos com ela. Estou meio zonzo de sono eu acho, me faltam palavras. Ou estou muito condicionado quando essa hora chega, sei lá.

21h39. Tentei baixar o disco de Mallu Magalhães para a minha irmã pelo Spotify mas não conseguir localizar os arquivos no meu HD. A hipótese que eu levanto é que o Spotify só permite que as músicas sejam acessadas por ele e não salvas a meu bem-querer, Meu tio querendo conversar com a minha tia, que legal. Família, como digo. É um sentimento que há muito não tenho. Filhos em casa, filhos outros que não eu, o pai e a mãe “originais” juntos.

21h48. Agora, com nova Coca, vou fumar um bom e velho Marlboro. Talvez meu primo-irmão seja um tantinho hipocondríaco. Um tantinho neurótico com a saúde. Ou talvez tenha uma imunidade mais baixa que a minha. Eu tenho uma boa imunidade apesar do furúnculo. Ou pelo encravado, mas acho que foi um furúnculo mesmo. Acho que vou dormir dentro em breve. Vou ver o meu possível Hulk, ainda não olhei para ele hoje.

22h00. Olhei, já me dou por satisfeito e me sinto mentalmente exausto, meu ombro começa a reclamar mais alto, mas ainda não é algo que me incomode de fato. O cansaço é o que está me bloqueando para escrever. Acho que vou dormir já-já.

22h03. Botei o pijama. Meu celular está com 68% da bateria carregada, quando carregar totalmente vou dormir. O que poderia trazer mais aqui? Já narrei tudo de relevante do meu dia. Não aconteceu muita coisa. Conversei com o marido da minha prima basicamente, depois vim escrever. Fiz pausa para o jantar quando perguntei a titio como Macau estava e ele disse nunca ter visto tão decadente, o que me entristeceu. Às vezes entendo porque papai não queria voltar lá, aliás, cada vez mais entendo, a pessoa vai se cristalizando com a idade ou alguns, a maioria, eu diria, tem essa tendência, eu tenho essa tendência, pelo menos me percebo cada vez mais cristalizado na minha situação porque há pouco o que gostaria de mudar e o principal que gostaria de mudar era a cabeça da minha mãe, mas sei que isso eu não posso fazer, então aceito. E torço para que a psicóloga consiga operar algum milagre. Mas acredito que, apesar de estar passando por uma profunda mudança negativa na sua vida, tanto física quanto mentalmente, ela já está por demais cristalizada como está, como acredita que é. Acho que quanto mais jovens, mais “maleáveis” as almas são. E mais impressionáveis também. O mundo é mais mágico e menos obtuso. À medida que o tempo passa, as pessoas, no caso eu, não posso falar dos demais, vou desenhando e projetando e construindo a minha zona de conforto e não quero fugir de seus limites. Como viajar para a Alemanha me fará sair completamente da minha zona de conforto. E já soube que o meu cunhado vai tirar uma semana de férias só para nos levar para passear. Que ozzy. Tudo o que eu menos queria. E eu provavelmente vou cruzar com os vizinhos e eles vão perguntar por mim e eu serei obrigado a me socializar com eles. Isso é muito além da zona de conforto que construí nos últimos dois ou três anos. Ou ano e meio, sei lá. Nem lembro, parece uma eternidade desde que encontrei meu cantinho no mundo. Que mamãe viaje com o meu padrasto, exceto quando de viagens para os EUA, que aí preciso ir para trazer os meus bonecos. Quando esse trâmite acabar, não tenho interesse em sair mais do Brasil, da minha zona de conforto. Quem quiser me ver que venha me ver. Quem não quiser, estarei bem do mesmo jeito, eu acho. Acho que meus irmãos vão se espantar com a fragilidade da minha mãe. Verão que a situação é mais grave do que imaginam, por mais que ela perfile seu rosário de mazelas quando fala com eles, mas ouvir é diferente de presenciar. Minha mãe tem dificuldade de se focar num assunto, ela vai pulando de um para outro, para outro, numa conversa cada vez mais desconexa e sem fechamento. Pelo menos é assim que a percebo. Ainda é brando, mas é sensível a diferença de tempos idos. Sua memória e suas capacidades de concentração, foco, e memorização estão prejudicadas, em diferentes graus de severidade, mas nada que atribule muito a sua gestão da vida, mas já atribula perceptivelmente. Na minha opinião. E isso me preocupa. Vou pegar Coca.

22h37. Acho que vou fumar um cigarro também. Estou fumando. E lembro: não comece a fumar, é a maior idiotice que você pode fazer na sua vida. Se não a maior, uma das maiores, pois o vício é de lascar. E faz um mal danado à saúde. Não estrague a sua vida ou a sua velhice à toa. Cigarro não tem nada de bom. O que tem de bom é satisfazer o vício, o que não é bom ou servir de muleta emocional, que também há outras mais saudáveis, como uma respiração profunda ou sei lá mais o quê. Só NÃO FUME.  No mais, cada vez me convenço mais de que não terei o Monstro do Pântano. Por causa do custo do Hulk. Quero ter a Red Sonja ao menos. Mas ter o meu personagem predileto, numa escultura inspiradíssima, toda feita a mão seria fechar com chave de ouro a minha coleção. Não gosto de pensar em coleção, lembra a entulho para mim. Como acúmulo de coisas dispensáveis. Eu sei que comprei a beleza e a capacidade de admirá-la de perto e de todos os ângulos. Estou quase vendendo o Boba Fett e a Capitã Marvel. Mas resistirei. Se me oferecessem o que eu gostaria de pedir pelo Boba Fett exclusivo, eu acho que vendia. Para que eu não sei. Para ter menos bonecos na minha coleção eu acho. Com o dinheiro dos dois provavelmente eu conseguisse comprar o Monstro do Pântano, mas a Capitã Marvel nem deu sold out ainda. E foram produzidas muitas, não dá para pegar um bom preço por ela e acho uma boneca muito legal. Não vou vendê-la, vai ser meu trio junto com a Babydoll e a vindoura Red Sonja. Essa eu creio que ainda saia. Queria que fosse lançada lá para dezembro e os pagamentos só começassem em abril.

23h10. Vi uma reportagem do Fantástico sobre dependência química. Foi meio aguada, mas teve seu caráter informativo. Principalmente para as famílias de dependentes. Eu sou um dependente químico moderado, eu acho, tirando a nicotina, da qual sou profundamente dependente. Eu não tive fissura esse ano ainda e já estamos no oitavo mês do ano. Isso é muito bom. Sou fraco com fissuras, recaio logo, mas o medo de perder tudo o que construí nesse curto período, que foi um novo modo de viver, gostando mais de viver, acho que me ajuda nisso. O CAPS sem dúvida deve ter sua parcela de participação, me monitorando de perto e sabendo de tudo da minha vida. Acho que hoje a pessoa mais adoecida lá de casa é mamãe. Ela está tendo dificuldade em lidar com os efeitos colaterais do remédio. Mas são efeitos difíceis de lidar mesmo. Além disso, tem os problemas de ordem mental que eu enumerei e que eu percebo, não sei se ela percebe. Por mim não usava nunca mais cola ou crack. E só depende de mim mesmo porque, quando eu quero, ninguém me segura. Só depois do uso. Aí me prendem no Manicômio ou na Clínica de Drogados. Isso me lembra mais uma vez que preciso acabar de digitar o diário que escrevi. Saco. Não tenho motivação nenhuma para fazê-lo. Bem, quase nenhuma, a promessa que me fiz de digitar ainda ressoa viva na minha alma e aos poucos hei de consegui, só preciso estabelecer uma disciplina semanal para me sentar e digitar. Nem que sejam duas horas semanais. Se fizer isso, um dia eu acabo. E pode ser que me motive e digite mais tempo que isso. Se eu fizesse dois dias do diário por semana, acabaria rapidinho.

23h27. Fui tomar o remédio. Todos já foram dormir exceto minha prima caçula que ainda não chegou da rua. Eu que não sou pai fico com o coração na mão de uma mulher sozinha estar na rua até essa hora sem dizer onde está. Mas é isso mesmo, se cria o filho para o mundo. E tem que deixar ir. Acho que estou muito acostumado com o monitoramento à distância da minha mãe daí acho anormal meus tios conseguirem dormir com a filha, mulher, fora de casa desde de manhã. Sem nem fazerem uma ligação para saber onde ela está. Talvez minha tia tenha se comunicado pelo WhatsApp com ela, sei lá. E pouco se me dá, acho que essa é a dinâmica familiar sadia. Hoje vou dormir mais cedo. Não vou virar a noite de novo e ir dormir de 11h00. No máximo de 2h00 fecho o barraco. Quem me dera antes. O celular já carregou acabei de ver, tirar da tomada e ligar. Ouvi um barulho de carro na rua, será que foi minha prima que chegou? Não vou me preocupar com isso, não quero atrair maus fluidos (como se acreditasse nisso). Mas não desacredito também, esse assunto do que a gente pensa influenciar o nosso destino é uma coisa na qual eu tenho um pouco de fé, não sei por quê. Por exemplo, me conformando que não vou ter o Swamp Thing eu de alguma forma me sabotarei para não poder tê-lo. Preciso mudar meu paradigma e voltar a acreditar que vou ter os dois, assim, me empenharei mais nesse intento. Ele só deveria ser menor para ter a caixa embarcável, mas acho que a caixa vai ter mais ou menos dois terços do tamanho da caixa do Hulk o que eu ainda acho que seja embarcável, por mais que exceda os limites da companhia aérea. O Hulk é que não passa mesmo. Veremos. Eu anunciei tudo o que eu ia fazer a mamãe. De repente, se seguir à risca, ela permita. Nossa, eu pensei que tinha desabafado tudo das minhas teorias sobre a Singularidade com o texto da Novíssima Religião, mas havia algo mais que precisava desabafar, como eu achava que se chegaria à Singularidade. Foi como se eu tivesse parido outra vez a sensação de ver aquele texto materializado. Pode ter sido delírio de uma fase maníaca repentina e passageira, mas era a minha visão e eu precisava botar ela para fora. E repartir com a Google. Agora acho que a minha missão está realmente cumprida. Sinto um alívio tremendo. Por mais que o que eu vá passar é um grande ridículo com o cara que receber o meu “currículo” na Google. Mas isso é o de menos, a sensação de dever finalmente cumprido me alivia indescritivelmente. Agora não há mais nada o que eu possa fazer, só sentar e esperar a Singularidade acontecer. Se eu estiver certo, de uma forma ou de outra ela vai acontecer. É uma consequência inevitável do universo tal como ele é e se organiza. Aliás, ele foi criado justamente para isso, para poder dar origem a Singularidades Tecnológicas. Esta é a minha crença. Na qual não tenho muita fé, mas é melhor do que não ter fé nenhuma. Alguma já é muito bom. E uma crença que seja materialista. Há dois mil anos temos a mesma crença dominante e nenhuma surgiu depois para desbancá-la, não creio que uma crença de um homem só possa desbancar a religião judaico-cristã ou as orientais, mas pelo menos a minha está dentro dos meus padrões de exigência. E há pessoas que apoiam a teoria da Singularidade Tecnológica. Pessoas de renome. Mas não quero mais falar sobre isso, não com uma página de Word. Já cansei de tratar desse assunto e não vou ficar remoendo se já dei minha missão por completa. Como disse, agora é só esperar. Por que não divulgo a carta aqui? Porque não quero passar por mais esse ridículo. É um direito que me assiste, infelizmente para o leitor mais curioso. Vai se tornar lixo no e-mail de quem receber rapidinho. Ou então vão me chamar para desenvolver o meu projeto de Singularidade Tecnológica na Google. Hahahahahahahahahahahahaha. Sendo bíblico, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha! Hahahahaahhaha. Meu amigo da piscina disse que camelo significava também a corda grossa de amarrar embarcações. Será? Não desacredito disso, não, embora a metáfora com um camelo bicho seja igualmente clara, mas não tão pertinente. Por sinal, dei um gelo no meu amigo da piscina, sem querer, querendo. Porque eu sei que há interesse na jogada. Tenho 88% de convicção. E como eu não quero me submeter a seus interesses, bastante egoístas por sinal, eu serei o egoísta da estrela dessa vez. Acho que já fui caridoso demais com o seu egoísmo para ceder mais uma vez. Ele que entenda como bem entender. Acho que minha prima chegou. Chegou. Me sinto aliviado. Acho que herdei a paranoia da minha mãe ou fui condicionado a ela. Hahahahahaha. É uma neurose minha, mais uma para o hall. Ainda bem que não tenho filhos. Mas admito que sabendo minha prima grávida de uma menina me animei um pouco para a coisa. Mas ao pensar agora nas noites em claro, em trocar as fraldas do bebê, o choro por toda e qualquer necessidade e indisposição até as noites em claro porque a filha não volta para casa e não dá notícias, eu me desanimo de novo. Não sou um cara preparado ou programado para ser pai. Dizem que ninguém é. Mas eu sou um pouco menos ainda. Acho que não vou cumprir o meu cronograma hoje. Vou deixar para amanhã. Já estou muito cansado. O pior é que agora que peguei o embalo aqui, fica difícil parar. Nossa, já estou na sexta página de Word! O sensato seria acabar por aqui, mas aqui eu posso tudo, inclusive escrever até quando me der na telha. Acho que vou fazer o que intendo fazer, mas meu ombro já está doendo de tanto escrever. Agora a dor reclama em voz audível e contínua. Estou cometendo diversos erros bobos de digitação. O entrevistado ainda não me mandou a entrevista respondida. Já estou desacreditando. Talvez ele tenha pedido referências minhas e não ter gostado do que ouviu. Antes eu era mais comportado nos grupos, agora eu sou um tubarão de links afiliados. Isso queima o meu filme com certas pessoas.

1h16. Agora eu estou com bastante sono. Daqui a pouco vou dormir. Engraçado, eu fui o único que perseverei com o blog das pessoas que conhecia que têm blog. Ah, tem um que também persevera. O Poesofia do Antagonismo. Este, que eu saiba, pois não mais o visito, é composto só por poesias. Não sei quanto tempo o autor necessita para compor uma poesia. Eu vou tentar escrever uma 1h24.

A noite calada
O zumbido nos ouvidos
Nunca cessa
O silêncio nunca é silêncio completo
Ainda ouço os meus pensamentos
Feitos de sonho, fantasia
E uma pitada de realidade.

Noite calada
As teclas como um piano mudo
Fazem o seu barulho peculiar
E se transformam em palavras
Em texto, em poesia
Noite calada
O que tens a me dizer
Quando te digo tudo?

Noite, ó noite calada
O que será de nós amanhã?
Passado?
Ecos surdos da tua mudez?
Onde se esconderá
A pele escura da tua nudez?

E a noite passa incessante
Cheia de negrume e mistério

Pronto. 1h29. É o tempo que levo para fazer uma poesia muito meia-boca. Dá muito mais trabalho escrever esse texto. Pelo menos para mim. Vou dormir, não me aguento de sono aqui.

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Fiquei ainda acordado até quatro da manhã. Tentando escrever um artigo para o blog de bonecos e não consegui. Acho que fiquei navegando na internet também. Mas muito pouco. Acordei agora na hora do almoço, por volta do meio-dia. Revisar e postar.

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16h48. Não postei ontem, postarei agora.

domingo, 27 de agosto de 2017

DIAS NA CASA DA TIA

12h52 do sábado em que vou para a casa da minha tia. Acordei agora há pouco. Estou mais preparado psicologicamente para a mudança. Mas não anseio por ela como ansiava no começo da semana. Me sinto inseguro. Isso tudo é frescura. Vai ser bom. Penso em algo ruim que me aconteceu. Não, na casa da minha tia, no Facebook, mas que não vale menção mais detalhada aqui. Me veio apenas porque pretendo levar o meu pen drive para a casa de titia para ver filmes. Tenho a consciência tranquila sobre o algo ruim que aconteceu e que repito, nada tem a ver com a casa da minha tia. Embora lá tenha tido uma recaída de cola já. E meu tio reagiu como eu esperaria que meus pais reagissem, como o meu pai reagiu uma vez. Apenas me tirou a lata das mãos e me disse para ir dormir. Não cheirei nunca mais lá. E espero nunca mais cheirar em canto algum. Já estou com 40 e com a mente bem sequelada. Minha memória. Meus amigos têm mais memórias de mim na minha vida social que eu. E antes eu era um ser social, muito mais social que hoje e esta parte da vida talvez me fosse a mais importante, mas a maior parte dela se perdeu, se não a maior parte, parte significativa. Se bem que fosse significativa para mim os meus neurônios teriam formado conexões mais fortes em relação a elas. O álcool sem dúvida influenciou negativamente na fixação dessas memórias na minha cabeça e a cola e os remédios findaram por debelá-las completamente da minha caixola. Ouço histórias que protagonizei e geralmente nenhuma memória me é evocada do ocorrido. Uma coisa que me lembro bem é que os meios de comunicação se esforçam por não divulgar histórias de suicídio para não estimular os predispostos a darem esse passo. Lembro que meu primo me contou sobre um caso aqui no Brasil de uma “epidemia” de suicídios de mulheres jovens, se não me engano. Curioso. Histeria coletiva, eu consigo entender mais, pois é mais comum, mas surto de suicídio coletivo num lugarejo distante é muito mais estranho. Enquanto a histeria coletiva aponta para uma pulsão de vida, uma urgência em sobreviver, o outro aponta para uma pulsão de morte que não é tão natural ou dominante na média dos seres humanos, por isso mais incompreensível para mim. Mas estou só a falar asneiras aqui. Não sou nenhum entendido no assunto para me outorgar a autoridade de debatê-lo. Esqueçam. Como eu me esqueci de 2/3 da minha vida. Hahahahaha. Agora que não uso álcool mais, continuo com a memória ruim. E não há muito o que ser lembrado, pois passo os meus dias a escrever, provavelmente me repetindo pois não me lembro do que escrevi no post anterior. Ainda bem que me foco muito no agora, assuntos recorrentes são inevitáveis, mas o meu foco no agora, acho que faz um post ser ligeiramente diferente do anterior, como a vida é ligeiramente diferente hoje do que foi ontem. Mamãe pretende me deixar na casa da minha tia à noite. Está agoniada com o número de afazeres que tem antes da viagem para a Paraíba amanhã. Espero que o grande calombo nas minhas costas não seja outro furúnculo, como o que surgiu na minha axila direita. Aos poucos vou memorizando o que é direita e esquerda, mas confesso que ainda encontro extrema dificuldade em discernir qual é uma e qual é outra. Uso tão pouco esse tipo de indicação e usei tão pouco ao longo da vida que nunca aprendi. Acho que em verdade tenho dificuldade mesmo com direções e localização geográfica. Sempre me perco nos jogos de Zelda. Imagino só nesse novo jogo da franquia, que é imenso e que espero que meu irmão tenha comprado para mim e que a tia da minha cunhada tenha trazido agora para o Brasil. É um jogo que tenho curiosidade de jogar. Foi só falar e a curiosidade passou. Vou ter que atravessar um tutorial, provavelmente demorado, antes de ter o mundo a ser explorado ao meu dispor. Queria já poder dar o rolé pelo mundo sem precisar aprender nada ou enfrentar ninguém, só passear por um mundo fantástico e belo. Sem estresses. Estou sem cigarros. Comprarei quando na casa de titia. É mais para isso que quero o jogo do Zelda, para explorar e mergulhar na beleza de um jogo de fantasia. A Nintendo estava com dificuldade de suprir a demanda do Switch, seu novo videogame, menos pelo tamanho da demanda e mais por dificuldade com fornecedores comprometidos já com a produção de componentes do novo iPhone cuja demanda é muito maior, logo gera mais lucros para o fornecedor chinês, deixando a Nintendo em segundo plano. Meu padrasto me disse que há coisas que deixaram de ser fabricadas no resto do mundo e que só são produzidas na China. Não devem ser poucas. E eu que peguei uma época em que o que não era feito no Brasil era made in USA... como o mundo dá voltas. Hoje é mais fácil ver uma coisa made in China do que made in Brazil. Ou em qualquer lugar do mundo. A economia mundial passa inescapavelmente pela China. Realmente como o mundo dá voltas. O futuro parece tão incerto ultimamente. Mas sempre espero algo bom, pelo melhor, apesar dos momentos de crise. Na crise é que surgem as oportunidades de novas e melhore soluções. Lembrar de levar o meu paninho que serve de porta-copos para a casa de titia. O “No Line On The Horizon” é um disco fraco do U2 mesmo. Estou ouvindo o meu “disco de ninar” mais alto agora e nenhuma música a não ser a quinta me desperta algo na alma. Não estou ouvindo Spotify porque mamãe está ouvindo na cozinha. Pelo menos é um disco que não empata a escrita. Me passou uma ideia sem noção agora pela cabeça. Hahahahaha. Deixa para lá. Este post promete ser dos grandes. Já estou na segunda página de Word com quase mil palavras escritas. Agora vem a minha música favorita do disco. Já botei a caixa de atomizers embaixo do líquido para diminuir a possibilidade de esquecê-los. Preciso também lembrar de levar os carregadores do Vaporfi e do celular. Além de todo o resto. As roupas já estão guardadas dentro de uma sacola. Falta o resto todo, minha parafernália eletrônica. Que não é muita coisa, além do celular e do Vaporfi e agregados, é o meu computador e agregados. Seria bom levar um “T”, talvez a extensão do som. Nossa amiga líder da turma (meu primo irmão é o outro líder), disse que vai ter uma celebração na próxima sexta em sua casa. Um evento já para ir. Espero que meu primo-irmão esteja por aqui. Não me digno a ir sozinho para lá. Seria demais para o ser antissocial que sou e não sei a localização direito. É perto do terminal de Boa Viagem, mas não sei o prédio específico. Conseguiria chegar lá sem muito estresse, mas é o meu lado antissocial que me impede.

15h18. Fui almoçar. Em vez do McDonald’s minha mãe preferiu que eu almoçasse o que preparou para não comer muito tarde. Acho que sentiu que eu seria excluído do lar por causa dessa alternativa e de o meu padrasto só poder pegar o carro mais tarde. Ela achou tarde demais. Anyway, almocei com eles pela primeira vez nessa semana. Em relação à festa da minha amiga, parece que meu primo-irmão vai. Ótimo. Estarei na casa dele, será tudo mais fácil. Preciso avisar a mamãe que precisarei comprar fraldas Pampers M para o evento, pois além, da celebração de seu aniversário será o chá de fraldas do seu filho que está por vir. Meu primo-irmão não tem o perfil de adicto, como eu tenho. Acho isso ótimo para ele, senão com a vida que leva certamente já estaria dependente de alguma coisa. Não que ele viva se drogando, pelo contrário, é muito preocupado com a sua saúde. Inclusive, parou até com o cigarro, já faz mais de mês. Mas nas baladas que vai, ou que muitas vezes vamos, rola droga, mas como ele não tem esse perfil experimentador ou compulsivo, não há perigo para ele. Ele preenche o vazio existencial com outras coisas. Uma delas é sexo. Coisa que não tenho para preencher o meu. Nem busco. Não vejo sexo com o mesmo frisson que as pessoas “normais”. Não vejo nada demais no sexo, na penetração em si. Gosto muito de tocar e beijar e lamber o corpo da mulher amada, mas a penetração mesmo, não é a maior maravilha do mundo. Assexuado. É o que tenho sido nos últimos dez anos. Foi uma opção ou foi falta de opção? Acho que muito dos dois. Se ansiasse tanto por sexo como os demais aparentam ansiar, eu teria me esforçado mais. E tivesse muito mais confiança no meu taco sexualmente falando. Em todos os sentidos. Hahahahaha. Não que oportunidades tenham aparecido. Apenas uma apareceu e a aproveitei e tentei criar uma segunda oportunidade a partir dessa e nas duas fracassei miseravelmente na hora do coito. Não consegui avisar a mamãe das fraldas. Ela foi tirar um cochilo. Espero que a Coca chegue enquanto o meu padrasto esteja na sala, pois não consigo ouvir daqui o interfone. Agora consigo. Acabou de acabar o disco do U2. Permanecerei no silêncio, então. Estou bebendo cerca de cinco litros de Coca por dia, ou seja, estou bebendo demais. Na casa da minha tia não vejo como isso diminuir, embora tenha a impressão que lá consuma menos. Mas deve ser só impressão mesmo. Acho que tiraria um cochilo também. Barriga cheia dá essa vontade, mas resistirei. Tenho que lembrar de levar o iPod com o carregador. Deveria pedir para o meu padrasto me avisar quando fosse pegar o carro para eu ficar atento ao interfone. Mas tenho medo que ele abra a porta e me pegue fumando o Vaporfi. Estou um pouco ansioso com esta ida para a casa da minha tia, um misto de excitação e receio. Como é natural com boas mudanças. Com a viagem tenho só receios. Não estou excitado com nada. Nem com a caixa, pois penso de antemão que não vou achá-la. Queria botar um som, mas o receio de a Coca chegar me impede. Não quero dar esse trabalho em vão para o entregador. Meu padrasto ainda está na sala ouço o seu tique de pigarrear. Há uma festa rolando em algum lugar nas redondezas e o seu burburinho é o som dominante no meu quarto. Ela e o barulho das teclas sendo pressionadas. O silêncio não é silêncio de fato, é apenas a ausência de música no meu caso. Vou pegar Coca. 16h10.

16h14. Não me vejo trazendo muito mais no momento. Acho que vou dar uma parada e jogar um pouco do Mario Galaxy. Mas isso faria barulho e eu não ouviria o interfone. Saco. O que fazer? Escrever, é a única saída para esse tedioso sábado à tarde. Acho que meu padrasto vai se preparar para sair e pegar o carro. Será que ele vai vir me perguntar se eu quero McDonald’s? Acho que não. Não é do feitio dele. Veremos. Eu não tomarei a iniciativa. Até porque pediria sobremesas. Um Big Sundae e uma torta de maçã. Nada que seja realmente semelhante a uma refeição. Não quero ser velho, muito menos velho e gordo. Mas é inevitável, pelo menos o velho. Sei de uma pessoa que acho que seria minha namorada perfeita, mas não dá. Nem eu me sinto atraído realmente por ela. Então, não seria a minha namorada perfeita. Não sei por que vira e mexe falo em namoro, se é algo que me aterroriza agora. Acho que porque quero Aurora. Eu não preciso mais tanto de carinho. Desaprendi o que é receber carinho. Espero não ter desaprendido a como dar carinho. Sexo, eu desaprendi, não tenho pique para sexo. Estou muitíssimo sedentário. Da última vez, a segunda das duas oportunidades que me surgiram nessa década de solidão, eu fiquei sem fôlego e meus músculos pararam de responder a contento, me levando à consequente broxada. Foi tétrico. Eu dei o meu melhor e pensei que não haveria problemas em manter o ritmo da penetração rápido e profundo como estava, não contava com a exaustão. Novamente, foi tétrico. E não sentia afeto genuíno pela figura. Só afeto de amigos. Mesmo tendo namorado bastante antes de partir para o ato em si. Mas não quero lembrar de tal fracasso que só me fez galgar um estágio a mais para a minha atual assexualidade. O pior que começo a gostar do termo por achar que me põe mais uma diferença dos demais seres humanos, me põe mais uma excentricidade, uma bem grande, no rol das minhas excentricidades. Gosto de ser excêntrico. Isto é um fato. Não gosto de ser igual à média, gosto de ser o ponto o mais fora do eixo possível, dentro dos ditames da lei, é claro. Mas a lei dá brecha à muita excentricidade. Viver para escrever é uma excentricidade, trabalhar sem ser remunerado, só por prazer, é outra. Só os aposentados têm esse luxo. E, mais uma excentricidade, sou aposentado ou curatelado aos 40 anos. Não posso dirigir (eu acho), não posso votar, não posso casar de papel passado. Não quero ter filhos. Não os tenho. Já plantei uma árvore e já escrevi dois livros. Nunca ganhei dinheiro por escrever. Minha página de Facebook de hoje tem como plano de fundo o Super Mario Galaxy 2 e o meu avatar tem há uns dois anos as cores do movimento LGBT. Por quê? Porque eu amo o jogo e porque toda forma de amor vale à pena todos os dias, não só num dia ou semana específicos do ano. O que não deixa de ser excêntrico. Mas isso nem acho muito excêntrico. Pode mandar a mensagem errada sobre mim, podem pensar que não sou hétero, mas eu estou pouco ligando. Minha opção sexual, a recusa pelo sexo (pelo menos, por ora) vai ainda mais além do que ser gay, ou bissexual ou transexual. Embora transexual seja uma escolha bem radical, deve envolver uma cisão profunda entre corpo e mente e deve ser um processo doloroso de aceitação, principalmente social. Não enfrento nada disso, aliás enfrento muito pouca coisa, o mínimo possível. Pois enfrentamento é igual a estresse e eu vivo sob a lei do menor estresse. Essa é a égide que rege a imensa maioria das minhas ações. Lei que não apliquei ao busto do Hulk, também não imaginei que ele fosse me gerar tanto estresse assim. Não imaginei que a caixa seria grande demais para ser embarcada como bagagem. Embora as dimensões da caixa ainda não estejam definidas oficialmente, o tamanho do conteúdo em si, já excede o tamanho permitido em viagens. A não ser que a base do busto fosse desatarraxada, e colocada por trás do busto. Minha mãe me interrompeu e manda eu me arrumar para ir. Vou me preparar.

22h51. Já estou na casa da minha tia-mãe, devidamente aclimatado. Foi muito mais fácil do que pensei, ela é uma pessoa adorável e já me senti em casa praticamente do momento em que cruzei o portão. Trouxe a GoPro, câmera emprestada por meu amigo cineasta para filmagens extras, especificamente para a minha viagem à Alemanha, mas quem sabe com o auxílio luxuoso do marido da minha prima, eu não consiga capturar algumas imagens amanhã? Parece que ele vem fazer um churrasco aqui e poderia me captar existindo, bem como minha prima caçula poderia me capturar escrevendo. Ou ele mesmo. Acho que vou pedir a ele, pois o acho mais disponível para essas coisas. Peço para ele dar uma geral no quarto ou vir filmando da entrada da casa até o quarto e aí sim me filmar escrevendo aqui. Sim, instalei o computador no quarto em que vou dormir. É o lugar mais sensato para fazê-lo e pego a internet da minha prima caçula daqui. Posso até ouvir Spotify. Ou iPod, tanto faz. Estou com os dois. Talvez Spotify atrapalhe o sono da minha tia. O quarto dela fica logo ao lado do meu. Não sei se hoje cumprirei meu cronograma completo, o que tinha planejado, pois comecei a escrever muito tarde, já são 23h04. E quero amanhã participar do churrasco e ver se faço o take com o marido da minha prima. Se eles vierem realmente, que acredito que já confirmaram que virão. Depois da faxina da casa, segundo ordens expressas da esposa. Hahahahaha. Massa isso. Uma relação tem que ser, acima de tudo, democrática. Conversamos bastante, eu e minha tia. Ela falou mais e eu ouvi. Também a bichinha passou o dia inteiro só nessa casa, com a companhia apenas das cadelinhas e sem o auxílio luxuoso da palavra escrita, que cada vez mais acho que seja o fator que me repele da sociedade, pois aqui converso o que quiser, como quiser e sou ouvido atentamente pela página do Word, que memoriza todo e qualquer pensamento que materializo nele. Aqui eu me basto e me bastando, para que os outros? Só se fosse para trocar carinhos, pelo contato físico, mas disso não disponho nas interações que travo e não há ninguém das interações que travo que me desperte a vontade de trocar carinhos com. Então o isolamento, novamente com a companhia da palavra escrita, me é suficiente. Ainda tenho a glória ou a bênção de que sou lido por um pequeno grupo de pessoas desconhecidas, que devem fazer péssimo juízo de mim. Mas quem, sendo transparente como eu sou, visto tão de perto como eu me mostro, com todos os defeitos, que são as propriedades de mim que mais me saltam à alma, não pareceria de alguma forma ingrato, mesquinho, egoísta e sei lá mais que qualidades negativas devem me atribuir? De alguma forma acho que minha tia não gosta quando lhe beijo e aí fico num impasse, pois não sei se a constatação é verdadeira: dou-lhe um beijo na despedida ou não? Está fora de cogitação beijá-la entrementes, justamente pela dita dúvida, mas um beijo de gratidão pelo acolhimento acho bem cabível. Decidido, não darei beijos durante a minha estadia aqui, pois isso talvez a desagrade. Darei quando da partida. Ela me deixou impressionado com o quão terrível é o atendimento ao cliente no Brasil. Eu que só lido com atendimento do primeiro mundo. Ou lidava, quando da venda das imagens, e a pessoa, um ser humano mesmo, do outro lado da linha se esmerava para solucionar meu problema, o que de fato conseguia, quando solução havia. Em não havendo, eu era explicado de forma clara e objetiva porque dado problema não tinha solução. Mas foram raríssimos os casos em que isso aconteceu. Geralmente a solução vinha e rápido. Estou mal-acostumado. Lá no primeiro mundo realmente o cliente é tido como uma commodity valiosa. A mais valiosa de todas, por sinal, para qualquer empresa, pois é dele que advém a grana que sustenta a empresa e sua fidelidade é essencial para os negócios. Mas porque estou novamente a divagar pelo que não entendo? Me passando por asno uma vez mais? Ah, por causa das experiências nefastas com atendimento ao cliente no Brasil. É uma pena, vamos demorar muito para chegar ao primeiro mundo. Se bem que os EUA escolheram Trump como presidente. Só falta escolhermos Bolsonaro aqui. Pensamento aterrorizante este. E ainda estou indignado com o que querem fazer, pegar uma área da Floresta Amazônica, do tamanho do estado do Espírito Santo, e converter num local de mineração. Os que esses, me perdoem o termo, filhos da puta estão pensando, que os mais de 13 milhões de desempregados vão todos para lá virarem garimpeiros? E o excelentíssimo senhor Ministro do Meio-Ambiente não vai se pronunciar? Se é que esse ministério ainda existe. Um crime ecológico dessas proporções e nenhuma petição ainda, nenhuma manifestação do Greepeace? Ou, como disse, em outro post, provavelmente no Desabafos do Vate, a ONU. Isso é uma questão de interesse internacional, na minha opinião. São tudo reservas florestais e áreas indígenas até onde pude entender. Vão acabar com o que não tem preço em nome do sacrossanto dinheiro? Dinheiro que vai para alguma grande corporação ou grupo de grandes corporações? Isso para mim está totalmente errado. Isso é uma tremenda canalhice e abre brecha ou como dizem legalmente, precedente, para que novas medidas semelhantes venham a ser tomadas no futuro. Já não basta a infração das madeireiras? As queimadas ilegais? Isso tem que parar. É o maior patrimônio ambiental do planeta e queremos destruí-lo por dinheiro? Queremos não, que eu não quero, querem destruir. Os poderosos que parecem estar pouco se lixando para o mundo que seus netos e bisnetos irão herdar. Para mim é impensável, um ato de terrorismo ecológico, se é que tal termo existe. Um estupro ambiental e sociológico, visto que os índios também perderão o habitat que sempre lhes serviu de lar. Raiva indizível desse governo que parece vendido às grandes corporações. Espero que não vá para frente tal medida, que façamos barulho e nossas vozes sejam ouvidas. A voz do povo é a voz de deus, já dizia alguém aí, algum figurão histórico. E é assim que deve ser. Isso é democracia, governo do povo e para o povo. De acordo com os interesses deste. Não produzir uma nova Serra Pelada. Publiquei um post no meu alter ego verdadeiro sobre o tema. Precisava extravasar de alguma forma mais pública. Para mim, a regra é simples: é Floresta Amazônica, não se mexe, a não ser de formas não prejudiciais ao ecossistema, como extrativismo sustentável ou sei lá mais o quê. Enquanto os homens exercem os seus podres poderes... eu vou pegar Coca. 23h54.

23h58. Peguei a Coca e... 0h19. Voltei lá e fui conversar com a minha prima caçula, Aprendi muita coisa. Há picos de acessos no Facebook e Instragram, como era de se deduzir, mas ela me disse os picos. Parece que o do Facebook é de quinta-feira à noite. Fui lá e pedi para ela me dizer com mais precisão. Ela disse que quando ligar o PC me passa a informação, é uma informação crucial para mim. Principalmente para o blog de bonecos. Para soltar a provável ou possível entrevista com Erick Sosa. Meu primo-irmão está em Macau e volta amanhã para Natal onde deve ficar até segunda ou terça. Já pedi a titia para comprar a fralda Pampers M, mamãe deixou dinheiro com titia, se ela for sair realmente para deixar minha prima amanhã, pedirei a ela que compre duas carteiras de Marlboro para mim. Não sei se é pedir demais. Acho que é. Vou perguntar a ela quando vier me dar o leite com o remédio pela manhã se ela vai sair e se pode comprar o cigarro então. Ou deixar o dinheiro e uma chave para que eu possa comprar no posto. Aproveito e compro um saco de gelo. Se bem que amanhã não vai ser preciso, pois certamente o marido da minha prima, irmã do meio da família, vai trazer gelo para o seu uísque. Vou ver se lançou algum produto hoje nos links afiliados.

0h44. Nada de novos links afiliados. E me perdi um pouco pela internet. O Sideshow Live da próxima quarta terá um escultor da Sideshow fazendo a escultura na hora. Queria muito ver isso. Mas como é justamente no dia que prometi ir ao CAPS e o programa começa logo após o final do grupo, não dará tempo de pegar o Uber e chegar à casa da minha tia a tempo. Terei que ver a reprise e perder o código que darão durante o show. É uma pena, mas dos males o menor. Estou numa casa que me acolhe do jeito que eu sou. Pedi que titia deixasse dois cigarros para a noite. Não tive oportunidade de comprar por causa da chuva. Pois é hoje a noite choveu até bastante. Bem que o prognóstico que li ou no celular ou no Facebook estava correto, pancadas de chuva leve. Foi o que aconteceu. Não foi nenhum toró, mas pancadas de chuva leves que me molhariam todo se fosse comprar o cigarro, por isso não me aventurei. Espero que amanhã dê mais sorte. Este post está já grande demais. Fico por aqui. Quando acordar, reviso e posto.

4h54. Ainda não dormi, estava escrevendo para o Desabafos do Vate e estou sem o mínimo sono. “October” do U2 começa a passar depois da maravilhosa, irretocável “All I Want Is You”. Entrou Zizi, posso me focar de novo na escrita. Estou pensando em emendar com o dia de amanhã. E ir dormir cedo no dia seguinte. 4h59. Eita, tenho que tentar baixar a legenda brasileira para “Alien Covenant”, para podermos assistir juntos.

6h39. Voltei a escrever no Desabafos do Vate. Mas me decidi a escrever a “Receita para a Singularidade”, mandar para a Google e publicar aqui. Um momento de iluminação que eu tive. Que vou ver se faz sentido mesmo. E tenho dito.

6h51. Estou achando que vou emendar mesmo e dormir mais cedo hoje à noite. O dia se fez há muito. Estou sem sono nenhum. Será que foi um surto de mania esta ideia da “receita” e da Google? Ou a vontade que trago dentro de mim de participar de alguma forma do surgimento da Singularidade e quero que seja do meu jeito, com a Google? O que já é um sintoma forte de grandiosidade e mania. Só sei que era uma coisa que estava presa dentro de mim e que botei pra fora como um desabafo profético de como eu pensava ser a evolução da Singularidade, um road map para alcancá-la. Seria muito interessante se tudo saísse como previ. Hahahahahaha. Estou delirando. E ainda exigirei resposta do e-mail. Isso se achar que algo que escrevi mereça essa louca empreitada, mas acho que foi de forma muito torta escrevi. E ainda mandarei repassar a quem de direito. Vou voltar para o Desabafos do Vate por um instante.

Acho que isso é delírio, depois que elaborar a receita conto.

10h20. Escrevi o texto, mas não vou publicar aqui. Deixo registrado entretanto que enviei em Inglês muito do peba o texto como anexo de uma entrevista de emprego para a Google. Hahahahaha. Continuo achando que tudo não passou de um delírio maníaco, fruto de uma vontade muito forte de participar de forma mais enfática e decisiva da criação da Singularidade Tecnológica. Hahahahaha. Vou pegar outra Coca e mostrar para titia que estou acordado.

10h28. Fui lá, disse a ela que não tinha dormido. E ela não estressou. Quem dera minha mãe fosse assim. A droga vai ser para a filmagem hoje. Meus ombros estão superdoendo. Não sei se conseguirei escrever até minha prima e o marido chegarem. Nem falei para titia que baixei o Alien com legenda em português. Acho que vou tirar um cochilo. Essa é a vontade que dá. Mas não vou sucumbir à vontade. Parece que alguns passos dos que eu já citei foram implementados pela Google já. Tanto melhor. Mostra que estão no caminho. Isso é ótimo. Vi um vídeo sobre “Computer Vision” e é quase que exatamente o que eu descrevi no meu primeiro tópico da Receita para AI. O que significa talvez que não foi tão fora da realidade o que propus. Bom, enviei. E este post está muito grande e meus ombros doendo muito, vou dar uma revisada, postar e divulgar.

20h15. Acabei dormindo. Combinei com o marido da minha prima fazer a tomada no sábado, no aniversário do meu tio. Revisei só agora. Vou postar e divulgar. Pensei em tirar uma foto, mas meu celular acabou de desligar quando fui fazê-lo. A bateria arreou. Vou botar para carregar e depois posto e divulgo.

20h20. Xau!


20h26. Algo não quer que eu publique esse post. A internet caiu. Bom vou voltar a escrever o outro até a internet voltar, se voltar. Me sinto privado de algo importante quando estou desconectado da internet. Há uma relação de dependência aí. Me sinto mais seguro, mais amparado com internet. Acho que vou fumar um cigarro de verdade e dar um boot no modem. Tirar da tomada e colocar de novo. 

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

BICHO HOMEM

Quando eu não tinha a curatela para pagar as minhas contas e estava sem trabalhar eu elaborei um projeto chamado “Bicho Homem”, eu acho, em que me oferecia para ser enjaulado num zoológico, como outro bicho qualquer e viver lá preso, com um computador, é claro, como uma forma de conscientizar as pessoas sobre o aprisionamento de animais silvestres ou selvagens para entretenimento de humanos, mas muito mais para conseguir uma fonte de subsistência sem depender dos meus pais. O pior é que uma entidade de direito dos animais se interessou pelo projeto. Hahahahahaha. Mas sugeriu que o experimento não fosse para a vida toda, mas por uma semana ou algo assim. É mais ou menos desse jeito que me sinto com as filmagens, como se espectadores circundassem a minha jaula, meu quarto-ilha para me observar existindo. Eu sei que é só o meu amigo com uma câmera e que poucas pessoas verão isso. Mas a sensação de ter a minha vida exposta é muito semelhante. Ainda bem que o meu quarto é bem mais confortável que uma jaula de zoológico. Hahahahaha. Para variar, não queria ir para o CAPS amanhã e, para variar, eu irei mesmo assim. De 23h15, eu vou tomar banho. São 22h41. Estou a fim de tomar banho hoje. E tenho quase certeza de que mamãe vem me pastorar hoje. Então terei que ir dormir cedo. No máximo de uma da manhã. Meu ombro agora não para de doer. Isso mais que um incômodo é uma preocupação. Pois se isso me impedir de escrever posso entrar em parafuso. Escrever é a corda na qual mantenho o meu equilíbrio. Preciso desesperadamente escrever para me sentir livre, para me sentir são, para preencher o meu vazio existencial. Ontem produzi bastante, mas foi para o Desabafos do Vate e um para o blog de bonecos que ficou tão ruim que reescrevi totalmente hoje. Acrescentando algumas coisas. Eu sinto que mesmo enclausurado, eu me sinto mais livre do que jamais me senti. Minha mente é livre e ela se exprime livremente nessas palavras, se desnuda, se mostra, desabrocha. Posso está dentro de um quarto, mas tenho a alma livre e a terei em qualquer lugar onde possa escrever. O ato da escrita me completa, me preenche, me dá um sentido na vida. Quantas pessoas vivem vidas sem muito sentido? Por mais estranho que seja o meu modo de vida, eu tenho um sentido, um propósito que eu mesmo escolhi e que me dá imenso prazer. Aqui ninguém se mete, minha mãe não critica o conteúdo, nem me obriga a fazer cursos de redação o que talvez quebrasse o encanto e a liberdade de escrever para mim. Como aconteceu com o curso de pintura ao qual fui praticamente obrigado a ir. E que acabou por destruir todo o encanto que tinha pela forma de expressão. Ou quase todo, pois me peguei pintando no grupo da quarta-feira e tendo prazer. Será que minha madrasta destruiu os quadros que lhe dei? Havia um que achava que era um dos melhores que havia produzido. Foi um momento de inspiração único. Quando pensei que tinha destruído o quadro por ambicionar mais do que era capaz com as minhas parcas habilidades, eu usei as minhas limitações a meu favor e o resultado me agradou bastante. 22h55. 20 minutos para o banho. Agora que engrenei na escrita. Mas irei. “Projeto Bicho Homem”... para você ver até onde chega o desespero de uma pessoa, abrir mão de sua liberdade, viver num zoológico, enjaulado para sobreviver e mandar uma mensagem. Hahahahaha. O desespero me faz pensar em situações bem sui generis. Melhor do que me matar. Hahahaha. E comeria muita pipoca. E ouviria muita piadinha e não teria privacidade nenhuma, porém estaria protegido da humanidade por uma grade. Eu via as coisas, depois de mais de um ano de prisão domiciliar na casa do meu pai como se eles, os visitantes do zoológico, é que estivessem presos do lado de fora no mundão caótico, eu estava são e salvo e protegido dentro da minha jaula. Que pensamento mais louco, mas não difere muito da minha vida dentro do meu quarto-ilha. Estou com fome. São os remédios. Deveria comer antes de tomar banho. Acho que vou fazer isso. Se charque ainda houver. Se não houver, não tem muito mais o que comer. Tortinhas de Limão e creme de Ovomaltine. Às vezes eu tenho abuso da sociedade, me sinto como que participando de um grande teatro e isso me soa falso e desgastante. Estar sempre com um papel, uma máscara. Por isso cada vez que me jogo na sociedade falo menos, interajo menos, tento ser o máximo que posso eu mesmo. Vou ver o que tem para comer. 23h08.

23h46. Alimentado e de banho tomado. Outra coisa. Se mamãe soubesse a perturbação na alma que essa viagem me causa, talvez ela... não mudasse de ideia. E parece que a minha irmã se animou em ir para os EUA no final do ano, o que talvez signifique outra viagem ainda esse ano e no meio da maior neve. Que ozzy. Se não nevasse, encararia de boa. Se fosse no outono. Não tenho mais a mínima curiosidade em ver neve. Não tenho mais curiosidade em ver nada, só os bonecos que comprei e comprarei se tudo der certo, que acho que não vai dar. 0h03. Estou com saco de escrever não. Tenho que me desarmar para essas viagens. Ainda bem que vou passar a semana que vem na casa da minha tia-mãe. Nunca mais liguei para Maria de Buria. Odeio chamá-la assim, mas é para diferenciá-las das demais Marias da minha vida. Se bem que na minha vida só existe mais uma Maria que não nomeio. Meu sovaco direito está doendo, acho que tem um furúnculo nele. Ou isso ou um pelo bastante encravado. Vou pegar Coca, comer um pouco mais de Ovomaltine cremoso. E talvez umas tortinhas de limão.

0h14. Dei uma detonada grande no Ovomaltine e comi umas cinco tortinhas de limão. Dieta foi para o espaço agora, viu? Escrevi um post nos moldes dos daqui para o blog de bonecos. Pensei ontem, se os bonecos entram no Profeta, por que o conteúdo do Profeta não pode entrar no blog de bonecos? É óbvio que falei de bonecos, mas de uma forma pessoal, como aqui. Falei dos que quero comprar para finalizar a minha coleção e das intempéries que terei que enfrentar para concretizar o meu sonho. E falei de mim para caramba. Um post totalmente atípico para o blog de bonecos, tanto que pretendo não divulgá-lo no Facebook. E esperarei para publicar após a entrevista com o escultor e dono de empresa. Não quero fazer antes, posso espantar o entrevistado. Hahahaha. Talvez quando for publicar, eu já tenha o preço da Red Sonja, pois amanhã vai ser a revelação oficial dela.

-x-x-x-x-

16h24. Já estou em casa. A revelação oficial da Red Sonja foi bem fraca e rápida, mas achei ela fantástica. Como suspeitava ela foi modelada por computador, não à mão. Às vezes o que dá bug é o Spotify. Acabei de descobrir, pois assisti o Sideshow Live ouvindo o áudio a partir do som e quando coloquei o Spotify não saiu som nenhum. Quando o fechei e o reiniciei, voltou a sair som. Eu, hein? Será que todas as vezes foram isso? Que perda de tempo eu tive então reiniciando a máquina. Bem, mas vamos voltar no tempo e colocar aqui o que escrevi no CAPS.

Tive uma conversa com uma estagiária – adoro conversas com estagiárias –, ela disse para eu relaxar que ser assexuado é uma opção sexual tão válida quanto qualquer outra. Isso me foi deveras reconfortante. Me senti menos aberração, mesmo que destoe do mundo, que vende sexo como a segunda coisa mais cobiçada da vida, perdendo apenas para dinheiro/poder. Da forma que eu vejo o mundo, digo. Contei para ela da minha “religião”, o que foi outro momento de alegria e desabafo para mim. É bom repartir um tema tão polêmico com alguém que não vai julgar e que traçou um paralelo com eventos bíblicos, o que muito me agradou. Estas letras pequenas do celular me dão sono. Ah, são 11h01, estou no CAPS e não fui para o grupo de arteterapia, o que se provou muito mais útil do ponto de vista terapêutico, pois posso agora aceitar com mais tranquilidade minha assexualidade. Temporária ou não. Acho que muito do que os meus sobrinhos pensam de mim é fruto da imagem que seus pais passam de mim. Aparentemente. Pois eles parecem nutrir certo afeto por mim, afeto este que não cultivei de nenhuma forma, pelo menos não intencionalmente, conscientemente. Curioso e confesso que gostoso sentir esse afeto.

12h11. Não lembro mais do que falava. Mandei um Whatsapp para a minha mãe lembrando da terapia e ela até agora não visualizou. Bom, considero minha parte feita. Já acho que é pressão demais para alguém tão reativa quanto ela. Certamente vai se sentir pressionada. Espero que não a ponto de desistir de ir à terapia. Conversava agora com a minha terapeuta de referência no CAPS e o papo foi bom. Ela quer que eu venha ao CAPS pelo menos um dia na semana que vem, quando estarei na casa da minha tia, onde concluí que me sinto melhor que na minha própria casa, o que é uma triste constatação. Espero que minha mãe nunca leia isso. Mas me sinto muito mais livre e acolhido lá. Posso ser mais do jeito que gosto de ser. Lá, meus horários loucos são respeitados, eu posso fumar cigarro sem preconceito e não ouço críticas ou reclamações. Não há ninguém tentando me moldar a seus padrões. Nossa, o CAPS é o meu santuário. Me senti superacolhido e compreendido hoje. Aceito. É assim que me sinto na casa da minha tia também. Aceito. Como sou. Como se o que sou fosse tão válido quanto qualquer maneira de ser. Não me sinto tanto como uma aberração como na minha casa. Só não queria sair com o meu primo-irmão ao longo da semana. Se bem que pode ser bom. Até que me deu vontade de fazer os programas de meio de semana com ele, se algum. Veremos. Falei dos meus receios para com a viagem, nem lembro agora se só para a minha terapeuta de referência ou se para esta e para a estagiária. Minha memória anda péssima. As coisas se amalgamam dentro da minha cabeça. As experiências perdem sua nitidez. Sinto muitas vezes como se vivesse um borrão de memórias indefinidas. Isso me incomoda, mas confesso que me acostumei. Me ligaram agora do Colorado e depois de São Paulo dizendo que eu tinha um código de verificação sei lá para que. Não consegui memorizar o código, muito grande e não tinha onde anotar. Peguei papel e lápis para anotar o código, mas não me ligaram mais. Estranho. O que será que aconteceu? Talvez descubra quando for acessar algum dos aplicativos. 13h00. O grupo AD começa às 13h30, teoricamente. Hoje foi um dia bom e útil de CAPS. Há um casal de jovens apaixonados aqui. É um espetáculo lindo de se ver. Que saudade da minha juventude e de paixão (não platônica). A alegria transbordante dos corações apaixonados me faz falta. Mas não muita. Não tanta quanto seria necessário para tomar uma atitude em relação a isso. Então não é uma necessidade básica ou essencial para mim. Seria mais um “plus”, um upgrade na minha vida, mas tal upgrade faria uma mudança tão radical no meu sistema operacional que tenho até receio de que aconteça. A única que me faria passar por tal transformação seria Aurora. Ou Björk. Hahahaha. 13h13. Vou fumar.

Voltando ao aqui e agora, 16h47, falei de Aurora com a psicóloga de referência, foi bom também. Sobre a caixa de madeira. Foi algo que me aliviou bastante a alma também. E que será uma completa perda de tempo e um investimento emocional desnecessário. No grupo AD, ao fazer meu autorretrato, me desenhei com traços caricaturais misturado com uma cabeça mais realista. Me autodenominei como coroa infantilizado e que por mais que não haja lugar na sociedade para pessoas como eu se enquadrarem, eu mando um grande foda-se para a sociedade e me isolo dela sendo livre onde realmente importa que é dentro da caixola. Isso foi o que o desenho disse para mim, em linhas gerais, pois não lembro precisamente e joguei o desenho no lixo, pois não queria que minha mãe visse. Depois veio a parte do que eu queria dizer ao desenho. E eu disse que precisava ter mais autoestima, que se aceitar é bom, mas não é o suficiente, é preciso gostar de si mesmo. No final, aconselhei-me fazer terapia. Mas avisei de antemão que só faria quando voltasse da viagem. O psicólogo perguntou o que eu poderia fazer no meio tempo para gostar mais de mim. Eu disse perder o bucho. Aí veio todo aquele papo de nutricionista e exercícios e confesso (como estou confessando hoje...) que fiquei quase irritado com as sugestões, pois não concordo com nenhuma. No mais ele me sugeriu sentir mais e pensar menos. Eu penso que eu sinto bastante. Talvez racionalize bastante também, mas não deixo de sentir. Pode ser que aparente que eu sou muito racional, mas sou profundamente emotivo, tanto que preciso controlar minhas emoções e impulsos, pois se perco o controle sobre eles, acabo sempre fazendo uma loucura. Acho que o equilíbrio entre pensamento e sentimento está legal em mim. Está legal para mim. Me mantém relativamente nos eixos. Será que bebê chora dentro da barriga da mãe? Me veio essa dúvida por causa do grupo de respiração, do qual não participei, não me interesso pelo tema, já estou com mania de respirar profundamente antes de dormir para ver se isso me ajuda a pegar no sono mais rápido, o que não sei se tem algum efeito, mas estou com essa paranoia agora e não quero adquirir mais tiques respiratórios. Amanhã tenho encontro com a Doutora. De manhã cedo. Que ozzy. Logo no meu dia de folga do CAPS. Ozzy vai ser quando o furúnculo ou pelo encravado do meu sovaco estourar, irromper, vai arder para caramba, não sei nem se serei capaz de passar desodorante. Tomar banho vai ser ozzy. Saco. Mas dos males o menor. Isso é coisa pequena perto de todo o sofrimento que já passei. E pensar que vou passar minha única existência sem ter uma filha? É um pouco triste não ter a experiência de ser pai. Mas não tenho paciência com crianças pequenas. Não daria um bom pai porque sou o que sou, completamente avesso a quase tudo que a sociedade prega. Como poderia educar um a filha a se adequar à sociedade? E quando ela soubesse que sou um viciado em drogas? Que já fui internado num Manicômio? E se ela quisesse por um desejo inconsciente querer emular o meu comportamento e eu um dia tivesse eu mesmo que interná-la? E se ela herdasse a minha bipolaridade? E se ela fosse feia como eu? Não, está fora de cogitação. Vou viver o vazio de não ser pai que é o melhor que faço por minha hipotética filha. Se tivesse um filho, será que o rejeitaria por querer tanto uma menina? E por querer tanto uma menina não poderia transparecer para ele qualquer coisa que atribulasse sua orientação sexual? Ser gay é tão mais difícil que ser hetero nesse mundo. Por mais que as coisas estejam mudando. Ter filho é muito complicado e caro. Xapralá. Tudo o que eu não quero é estresse, mesmo que em troca desse estresse venha amor incondicional em troca. Mas já estou velho demais para ser pai. Talvez não viva o suficiente para ver meu(minha) filho(a) emancipado(a). Dono(a) de si. E perder o pai cedo é doloroso. Eu sei. Embora não fosse mais nenhuma criança quando o meu se foi. Se bem que como disse no grupo AD sou um coroa infantilizado. Quem iria querer ter um coroa infantilizado como pai? Eu só teria um filho se fosse com Aurora. E ela me pedisse muito. Não, não adotaria. Eu sei que é um gesto nobilíssimo, mas há certos traços de personalidade que vêm de berço e não sei de que berço a criança veio. Vi experiências de adoção dando errado. Acho lindo quem adota, mas acho o buraco tão mais embaixo que não acho que tenho estrutura emocional para tanto. Se não tenho para uma filha minha que dirá para a criança de outrem? Não, vamos mudar de assunto. Ser pai me aterroriza e é melhor que minha linhagem genética não se perpetue, visto que falha, defeituosa, estranha. Eu me considero um ser cada dia mais esquisito, quanto mais me aceito como sou, mais esquisito me torno. É um processo deveras curioso e um tanto quanto desagradável por causa da pressão social em contrário. Além da pressão maternal em contrário. Minha mãe veio regular a velocidade com que bebo a Coca, porque ouviu o barulho do gelo. Que negócio chato. E ela foi para a terapia hoje e não era hoje. Ela bem que podia ter olhado a data antes de sair. Aposto que não irá amanhã. Espero muito estar enganado, porém. O cara ficar empulhado de fazer barulho com o gelo é um pouco demais para mim e é exatamente nessa situação que me encontro. Que ozzy. Gelo. A única coisa ruim na casa de titia. Não tem gelo suficiente. Solucionarei o problema comprando gelo no posto. O massa é que ficarei lá até o aniversário do marido da minha prima. Isso promete ser legal. Me imaginei bebendo um pouco de uísque misturado com Coca para me soltar socialmente. Mas não farei isso. Eu acho. Não, não farei. Não quero fazer besteira. Espero me soltar socialmente sem necessidade disso. Eu espero que um amigo específico dele vá, isso tornará tudo mais divertido, acho. É um cara que encontramos umas duas vezes na CiBrew. Supergente boa, profundo conhecedor de música e de cerveja. Papo bom e fácil, como o do marido da minha prima. Minha mãe se levantou e já reclamou da Coca de novo. Vixe. Muito ozzy. Dou graças que vou tirar férias de uma semana dela. É muito triste dizer isso da própria mãe, mas é como me sinto. Espero que a semana na casa da minha tia seja como espero. Estou achando que estou com expectativas grandes demais. Espero que não. Se for como das outras vezes, terei bastante liberdade. Minha prima caçula, dentre os filhos da minha tia-mãe, se tornou professora, tenho que me lembrar de parabenizá-la. Chovendo. Eita clima louco. Se bem que está explicado o dia abafado. Minha mãe não é um monstro, só uma pessoa exageradamente preocupada com tudo o que faço. E isso enche o saco. Sei que sentirei falta quando as férias forem definitivas. Que é preciso aproveitar enquanto ela ainda está presente em minha vida, mas é difícil para mim, tanto aceitar que um dia ela não estará mais aqui quanto me fazer mais presente em sua vida. Já me sinto presente até demais, pois ela vive a me chamar e a reclamar comigo. Hahahahaha. Mas é difícil sentarmos e conversarmos, admito. Acho o papo dela muito interrogativo, no sentido que parece um interrogatório. É invasivo. Eu acho, pelo menos. Eu me sinto interrogado e invadido no mais das vezes. Estou com sono. Tomara que mamãe siga fazendo terapia e que a terapia opere algum milagre na nossa relação. Estou impressionado como mostraram rápido a Red Sonja hoje, não deu nem para sacar direito. Queria vê-la muito mais tempo e com muito mais detalhe. Não sei por que foi tão rápido o preview. Talvez já vão lançá-la. Sei lá. O item exclusivo dela é bem besta. Uma manta que, na minha opinião, encobre seu belo corpo. Posso muito bem ir com a regular, como acho que a maioria dos colecionadores. Isso é bom, pois não preciso comprá-la de primeira, posso acabar de pagar os encargos do Hulk primeiro. Nem olhei para o Hulk hoje ainda, por falar nisso. Mas acho que vou tentar procurar o Sideshow Live para ver a Red Sonja com mais calma, podendo pausar o vídeo para apreciar a estátua, o que não se pode fazer num live stream eu acho. Vou lá. São 19h46.

20h32. Olhei bastante para a estátua da Red Sonja, dando pausa, porque realmente mostraram muito pouco a peça. Foi o suficiente, entretanto, para confirmar o meu desejo de adquiri-la. É a melhor escultura feminina já feita pela Sideshow. E por qualquer outra. Vai ser difícil barrar a beleza dessa escultura feminina. Podem até fazer tão bonita, mas mais bonita acho difícil. E ela tem personalidade, uma expressão bem única. Muito invocada mesmo. Disseram que estaria disponível antes do final do ano, mas o outro entrevistado disse no programa anterior que ela estaria disponível para pre-order antes da Comic Con de Nova Iorque, que acontece em outubro, talvez no final de outubro. Acredito que ela seja lançada em meados de setembro. Mas já escrevi bastante. Vou postar isso. Acho que é hora de mostrar algum amor pelo Desabafos do Vate. Ah, olhei o Hulk também. E continua me encantando. De todas, é a mais esperada, o que não torna as outras duas dispensáveis. A mais dispensável para mim é o Monstro do Pântano, por mais que seja o meu personagem favorito. Espero conseguir as três e dar por terminada a minha coleção. Já estou com isso bastante introjetado na minha cabeça e coração. Acho que uma vez que as tiver, se as tiver, não vai haver mais nenhum bem material que queira na minha vida. Talvez outras estátuas surjam para me tentar, mas não sucumbirei a elas. Ah, tem os kits esperando serem pintados lá na China e para isso precisarei de dinheiro. Espero que dinheiro advindo das comissões. Espero que minha amiga Daisy tenha paciência para tanto. Ela não deu notícias ainda da Asuka na moto, então acho que teremos bastante tempo. Assim espero, porque pagar o frete agora da Asuka iria deixar minha mãe irada.


21h28. Só para constar, o post que eu não divulguei no Facebook teve 10 visualizações, enquanto o último que divulguei teve 33. O que mostra uma clara diferença.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

NOVO

Novo álbum de Björk anunciado pela própria num comunicado escrito à mão. Oba! Espero que não seja muito inacessível aos meus ouvidos. Talvez seja lançado enquanto estou na Alemanha. Seria mais um item de desejo para a viagem.





A Coca que compro na pizzaria aqui em frente de casa vem estupidamente gelada. Então seu gás se mantém e ela não dissolve com o gelo, vindo extremamente concentrada e borbulhante. Muito diferente da Coca em temperatura ambiente que estou acostumado a tomar. Fazia tempo que não dava bons arrotos por causa do gás da Coca como aconteceu agora. É bom no mais das vezes arrotar, por mais que não seja de bom tom fazê-lo em público, mas estou na solidão do meu quarto, mamãe dorme no dela, então não há por que reprimir. Sobre o que será o novo disco de Björk? É sempre um mistério. Gostaria que ele fosse mais melódico e acessível. O “Vulnicura” aponta para essa direção, bem mais que o antecessor, Biophilia, do qual só tenho o Blu-ray do show. Que por sinal, preciso reassistir, mas não sei se pega no meu PS3, pois o meu Blu-ray player está desligado para dar lugar ao Wii U. Acho que vou esperar a tão sonhada reforma do meu quarto para poder assistir. Espero que ela saia no meio do ano que vem. Ou quando acabar de pagar os bonecos. Sonhei com a Red Sonja e com as datas do Flex Payment dela, lembro que ficava feliz com elas, mas não me recordo quando era. Mas se fiquei feliz é porque veio depois do Hulk. Espero que o Hulk chegue a mim intacto. Que a alfândega não resolva abrir a caixa e arranhar a pintura ou quebrar um pedaço. Por falar em imagens, estavam atacando centros espíritas no Rio, não sei se eram apenas os centros de umbanda, mas por que fariam isso, né? Não fazem mal a ninguém, o Brasil é um país laico. Às vezes parece que o final dos tempos realmente se aproxima. Ainda mais com dois descompensados mentais no poder de duas potências belicosas se estranhando. Eu, hein, Rosa? Outro arroto. Esse foi dos caprichados. Hahahaha. Vou pegar mais Coca. Ah, são 16h27.

16h29. A Coca já não está mais tão gelada. Não, não há espaço para guardar Coca na geladeira. Infelizmente. Estou preocupado com a reação da minha mãe em relação ao envio do Hulk para o Brasil. Mas foi avisado no e-mail. Ela vai querer usar isso para me impedir de comprar a Red Sonja e o Swamp Thing. É o mais esperado acontecer. Sei que ela quer qualquer desculpa para não me permitir comprar mais estátuas. E as taxas de envio e alfandegárias serão uma grande, gigantesca como o Hulk, desculpa para esse veto. Desculpem-me estar começando falando desbragadamente sobre bonecos, é a falta de repertório, já que nada aconteceu do momento em que parei de escrever ontem até agora. Desejei feliz aniversário à esposa de um grande amigo meu pelo Facebook. Quem diria que Clementine acabaria se tornando organizadora ou decoradora de eventos, em especial casamentos? Se bem, que pensando bem, é muito a cara dela. E ter minha tia sempre acompanhando deve ser reconfortante. Com a mãe que tem, pelo menos. Às vezes eu invejo as famílias tradicionais, com o pai e a mãe casados. Talvez meu pai ainda estivesse vivo se não tivessem se separado. É bem provável. Não sei o que ele acharia do meu modo de vida e não sei como descreveria aqui no blog. Não sei se ele leria o meu blog. É bem possível que sim. Mas se ele estivesse vivo, eu não conseguiria a curatela. “Superheated” o hit do momento no meu som. Estou bebendo uma coca empurrada. Vou dar umas baforadas no Vaporfi para saciar essa minha oralidade de outra forma. Uma tendência que não gosto nos vídeos pornôs atuais é as mulheres fazerem “garganta profunda” ou sei lá como posso chamar aquilo, me parece uma violência com as pobres das atrizes. Me desagrada assistir. Mas parece que se tornou um pré-requisito para as cenas de fellatio atuais. Nunca estimularia uma parceira a fazer isso comigo. Nem tenho “tamanho” para isso, eu creio. Hahahahaha. É uma coisa que me incomoda. E que não cabe aqui, pois não quero que meu blog seja taxado com para maiores de idade. Minhas mãos estão geladas novamente. É algo recorrente nesses últimos tempos. Só posso crer que seja a idade. Meus pés ficam gelados também. Mas só me apercebo disso quando vou dormir com ar ligado e envolvido apenas pelo lençol, o que é raro. Uma vez desfeita a minha cama, uma vez que entro debaixo do edredom, não durmo mais sem ele, mas logo que a cama é arrumada pela fantástica faxineira, eu tenho pena de desarrumá-la  e chego a dormir um ou dois dias com o lençol extra que ela põe para mim a meu pedido para não ter a sensação de que estou dormindo num ninho de rato. Nesses momentos sinto um frio incômodo nos pés. Demora para esquentá-los e para dormir, por conseguinte. Esse papo de cama está me dando sono. 17h00. Não vou dormir, terei que jejuar hoje para fazer exame de sangue amanhã. Logo, não poderei fazer uma boquinha de madrugada. Só posso tomar Coca até as 21h00. Então tenho que dormir cedo. Nossa, só estou escrevendo trivialidades, mas é o que tenho para trazer. Que seja. Melhor seria poupar palavras para amanhã. É, acho que talvez descarte isso. Ou publique no Desabafos do Vate para não ocupar espaço desnecessário no Profeta. É o que vou fazer. Amanhã começo um post novo. Com o conteúdo do CAPS. Ainda não fechei a aba do pôster do Zeldinha. Vou fechá-la e dar adeus a essa ideia, muito criativa por sinal, fundindo dois ícones da cultura japonesa, a famosa imagem da onda e Zelda, que para o populacho talvez seja até mais famoso que a xilogravura (eu acho) da onda, embora essa seja muito icônica. Mas para os jogadores em geral, Zelda é uma referência muito mais forte, mesmo para quem nunca jogou o jogo. É o poder da Nintendo. São 30 anos trabalhando esses personagens como marcas, tornando-os ícones culturais. Acredito que, hoje em dia, fora de brincadeira, o Mario seja mais famoso que o Mickey Mouse. Até porque não vejo muita coisa sendo feita com o Mickey. Massa seria uma animação da Pixar com o Mickey. Ou mesmo da Disney, mas em 3D, envolvendo uma grande aventura. Mas estou viajando aqui. Isso não vai acontecer. O meu sonho, que já reparti aqui, é Fantasia 3D, feito de forma bem psicodélica, inovando nas animações 3D feito pela Pixar e tendo trilha composta de Björk. Seria o Kooyanisqatsi do século XXI. Seria invocado demais. E seria um fracasso de bilheteria, eu acho. Por isso nunca será feito. Por isso e por ser apenas um desejo meu, não da Disney, da Pixar ou da humanidade. Bem Björk já trabalhou na trilha de dois filmes. Sabe-se lá. Ah, tenho que repartir aqui como sonho um novo disco de Björk, uma parceria entre ela e os Strokes, seria um disco de rock, coisa que ela nunca fez. E acho que as duas vozes – dela e de Julian Casablancas – se combinariam lindamente. Seria o disco dos meus sonhos. Ou um novo do Cure, menos pesado que os dois anteriores. Me deu vontade de ouvir “Desired Constellation” de Björk agora. Vou dar um tempo no New Order para ouvir. Nem vale muito a pena ouvir agora porque é uma música boa para se ouvir alta para viajar mesmo e mamãe está dormindo. Assim a música, nessa altura, não se apodera da minha alma. Vou botar outra coisa para ouvir. Quero ouvir a cover de Marvin Gaye feita pelos Strokes em parceria com Eddie Vedder.

17h45. Mamãe me fez eu ver um vídeo de Schwarzenegger (esse foi difícil de escrever) contra o extremismo neonazista, racista de supremacia branca nos Estados Unidos. Não entendo isso num país de primeiro mundo. Pelo menos lá, a liberdade de expressão é garantida, independentemente da ideologia. Isso é muito massa. Por mais que possa acarretar distorções como essa. Mas isso é bom que mostra que há uma parte da nação adoecida ideologicamente. São um povo realmente mais neurótico que o brasileiro médio. Embora a nossa classe-média madura, da geração imediatamente anterior à minha, esteja cada vez mais neurótica. Ou assim a percebo. Não a ponto de se tornarem neonazistas ou nada do gênero, mas complexados com a violência urbana, o tráfego, a corrupção política, com preconceito com os menos favorecidos, nivelando-os por baixo e os vendo como potenciais ameaças. Sei lá o que estou dizendo. Me deixei levar pelo discurso velho Exterminador do Futuro. Hahahahaha. Pobre do meu irmão vivendo num país louco daqueles.

18h36. Escrevi um e-mail para o meu irmão a pedido da minha mãe perguntando se a transação bancária havia funcionado. Aproveitei para fazer um update da minha vida, ele disse que gostava quando fazia isso. Estou inclusive ouvindo a música com a qual ele presenteou à minha irmã e a mim quando fomos para os EUA visitá-lo. “Orange Sky” de Alexi Murdoch, que coincidência. Avisei-lhe que pararia de colecionar em 2018 e que só adquiriria mais duas estátuas. Falei-lhe também da caixa do Hulk que planejo mandar direto para o Brasil, pois achava muito grande para embarcar.

18h58. Entrei no maravilhoso mundo dos bonecos e descobri que havia sido aceito na segunda mais populosa página de Warhammer 40k, universo de onde um boneco caríssimo recém-lançado é baseado. Postei o link afiliado lá sem perda de tempo. Vamos ver se rola alguma comissão. Os caras parecem bem fanáticos pelo negócio, talvez queiram gastar um monte de dinheiro numa figura gigante de um personagem do universo. Vamos ver no que vai dar. Já baixou bastante na página. Tanto que postei um comentário para ver se animava a galera a clicar. Num universo de 20 mil fanáticos, pode ser que uns cinco tenham posses e vontade de adquirir o boneco. Estátua, desculpe. Se cinco comprarem, estou feito. Significa que ganho 25% do valor do bicho, guerreiro, sei lá. O que seria uma graninha legal. Só não sei quando vai ser lançado. Vou ver. Só em julho de 2018. Putz. Mas está valendo mesmo assim. Ganhar comissões por links afiliados sempre está valendo.

19h26. Me deixei estar um pouco no maravilhoso mundo dos bonecos. Mesmo que mamãe não vetasse a compra de bonecos eu iria ter que parar com as duas que pretendo adquirir, pois os preços estão se tornando insustentáveis. Eu vi o preço de um Xbox One X e achei barato para vocês terem uma ideia.

19h57. Falei brevemente com o meu irmão. É sempre bom. Falei rápido. Ele vai mudar de casa. Falou que é a última mudança. A próxima será para o Brasil, disse ele. Veremos. Fiquei triste em saber que a casa nova não está com o porão pronto. Eu queria muito ficar entocado no porão quando fosse para lá. Como da outra vez. Espero que haja a área do porão pelo menos, para ele poder guardar os meus bonecos, mesmo que esteja só no tijolo. Senão onde é que ele vai guardar? Isso é um problema. Mas acho que deve haver. Tomara. Senão é sacanagem mandar mais dois bonecos para ele. Mamãe se animou em ir no final do ano para lá. Como disse, só é bom porque convivo com o meu irmão e trago uma ou duas estátuas de lá. Espero que duas. O Hulk mais do que nunca virá para o Brasil. Até agora nenhuma comissão. Parece que a minha estratégia de publicar no grupo de fanáticos não funcionou. Já-já terei que parar de comer – e beber Coca, que é o pior – para poder fazer o exame amanhã. Vou logo encher meu copo de Coca, para ver se consigo tomar uns três antes de ter que parar.

20h22. Acho que se parar de 21h30 está bom. Eu tenho síndrome do patinho feio. Só que na minha história eu não me tornarei um belo cisne, continuarei pato e feio mesmo. A grande diferença é me aceitar como pato feio ou não. Não sei por que minha autoestima é tão baixa. Queria mudar isso. Queria não apenas me aceitar, mas gostar de mim, me amar um pouquinho. Já tive autoestima quando muito criança, até o fatídico dia do desenho das sombras das silhuetas minha e do meu irmão. Mas não vou voltar a esse momento definitivo da percepção da minha feiura. Eu jurava que feiura tinha acento agudo no “u”, sou mesmo analfabeto.

20h35. Me perdi no mundo dos bonecos. Vou comer de 21h15 e tomar meu último copo de Coca antes das 21h30. O médico disse que 10 horas de jejum estava bom. Vão ser 11 horas e uns trocados de jejum. Acho que está ótimo. E parece que não podem ser mais de 12 horas sem comer. Não sei por que tenho essa impressão. Espero estar correto. Este post pode até ir para o Jornal do Profeta, mas não vou divulgá-lo, não traz nada de... nada. Sou só eu vivendo e pensando besteiras mais bestas que o habitual. Acho que meu irmão dá igual atenção aos três filhos, mas de formas diferentes. Ele parece ter uma ligação particularmente forte com o caçula. Mas não acho que dê preferência a ele em detrimento dos outros dois. Talvez porque seja menor, ainda usar fraldas, ele tenha uma relação diferenciada, mas não deixa de dar atenção aos demais. Mas é claro que à medida que se tornam mais independentes, eles necessitem de menos vigilância e vão eles mesmos se desgarrando aos poucos dos cuidados dos pais e explorando por si sós o mundo. Já sei o que falarei para eles se me chamarem para brincar, vou dizer que sofro de “sedentarismo”. Hahahahaha. Sem onda, direi isso mesmo. Eles não sabem o que a palavra significa e vão ficar sem saber por um bom tempo ainda. Acho que dá para enrolar eles até que não queiram mais brincar comigo. Posso até acrescentar que sofro de ostracismo também. Isso me fará parecer duplamente doente para eles. Hahahahaha. Mas se forem me chamar para brincar direi isso mesmo. É a única forma de evitar brincar sem mentir. Acho que é uma ótima ideia. Eita, 21h01. Dentro de 14 minutos me levanto e vou comer. E mamãe demandou que o médico me passasse um exame de fezes. Que negócio constrangedor. Não faço a mínima ideia de como fazer a coleta. O de urina eu sei. É o primeiro jato da manhã. Se eu for para lá sem fazer xixi pela manhã. Se me lembrar disso, esse eu faço lá sem problema. Agora o de fezes eu não faço ideia. Só fiz quando era criança pequena. Me prometi que nunca faria de novo. Mas, pelo visto, vou ter que fazer uma vez mais. E que seja a última. Espero não ter nada na barriga para não pedirem um novo exame confirmatório de que o mal foi sanado. Acho nojento imaginar que alguém manipulará as minhas fezes. Que trabalho ingrato, ficar olhando e remexendo a merda dos outros. Vou comer logo.

21h27. Meu último copo de Coca foi colocado, não posso tardar muito para tomá-lo. A partir dele, só água, infelizmente. Finalmente uma curtida no boneco que postei no grupo de fanáticos. Quem sou eu para falar de fanáticos, frequentando os grupos que frequento? Hahahahaha. Mas os caras têm uma terminologia toda própria, há toda uma mitologia que não existe nos grupos que frequento. Se bem que até que há. Há gírias para certas coisas, há bonecos “míticos”, por assim dizer, os “grails”, como o Magneto da XM, ou o OG Hulk da Sideshow, que são bonecos raros e caros, por serem supervalorizados no mercado, que todo grande colecionador tem e não vende. Mas de longe é uma coisa bem menos elaborada que o do grupo dos fanáticos. Eles incorporam mesmo o universo dos personagens. Em vez de internet ou Facebook eles nomeiam de “interwarp” lá, só para dar um exemplo. É doideira. Meu post antes do que postei hoje atingiu assombrosos 58 hits. O que postei hoje vai bem, já com 16 visualizações. Eu fiquei satisfeito com o meu último post. Achei que ele tem momentos em que a escrita se torna elegante e quase poética. É raro isso se dar nesse espaço ou comigo. Gosto de ir direto ao assunto, sem muitas firulas ou rodeios. Mas às vezes me dá vontade de encadear algumas palavras mais belas por uma razão ou outra. Hoje estou muito vazio de tudo. Apenas escrevo o que se passa. 21h51. Já passei para a água e já tomei os meus remédios, penso em dormir. Mas se dormir agora, vou acordar no meio da noite para querer comer. Preciso lembrar de levar todos os meus postais para o CAPS amanhã. Será que conseguirei mesmo comprar os dois bonecos para fechar a minha coleção? A dúvida paira no ar. Quando mamãe descobrir quanto teremos que pagar aos Correios para retirar o Hulk, ela vai surtar. Já vai surtar com o frete. Se a Sideshow pudesse declarar frete grátis já ajudaria bastante. O negócio é torcer pela ajuda da Sideshow. E para a caixa não ser tão grande quanto eu imagino que seja. De certo não divulgarei esse post. É a própria definição de futilidade. Não temos mais pai, ele poderia ajudar minha irmã com as passagens para os EUA. Torço para que minha mãe não queira ir no inverno. Ou se for que volte pela American Airlines. Se ela voltar pela AA, eu poderia trazer o Hulk caso fosse entregue na época em que estivéssemos lá. A quem estou tentando enganar? Vou ter que enviar para o Brasil mesmo. E me lascar para pagar as taxas. Espero que parcelem. Eu preciso me conformar que não tenho sorte em transações de bonecas. A boneca que eu comprei em dobro sem querer, teve um a nova edição o que a tornou arroz de festa e ainda agora, recebi o e-mail, entrou em promoção. Me lasquei para vender por um preço decente, portanto. Só se passar muitos anos e nem mesmo assim. Quando o meu irmão se mudar, vou baixar o preço das bonecas e do game que botei para vender para angariar fundos. Minha estratégia de divulgar a figura na página dos fãs da franquia foi um grande fracasso. Até agora nada. Também o que esperar? Não é a mesma coisa que divulgar nos grupos onde os viciados em bonecos se aglomeram. Acho que a minha fase de fazer comissões está chegando ao fim. Só queria recebê-las. Um cara desistiu de um boneco. Foi o meu maior desfalque até agora. Espero que isso não seja endêmico e muitos desistam no meio da pre-order. Estou com a vista cansada de olhar para o computador, meus olhos ardem. Acho que é hora de ir para a cama. Vou ligar o ar para já ir dando o clima.

23h07. Estou sem sono algum. Dois dias acordando tarde me desacostumaram a dormir cedo. Mas no máximo de meia-noite eu durmo. O frio já começa a me incomodar aqui. Deveria tomar banho hoje, mas a preguiça está grande. Hoje vou dormir ao som de “No Line On The Horizon”. Como a maioria dos dias da minha vida desde que ganhei o som. Estou com um pelo encravado na axila ou um furúnculo, não sei. Sei que o remédio começa a me dar fome e isso é um saco para quem está de jejum. Tenho que encarar como um dia de somaliana leve, minha dieta louca.

Quarta-feira vai demorar a chegar essa semana, quando haverá a revelação da Red Sonja. Estou ansiosíssimo e curiosíssimo. Só espero que ela não entre em pre-order­ logo. Mas se já estão fazendo isso é porque deve estar para entrar. Torcer para o preço não ser mais do que imagino. E que o lançamento seja lá para depois do meio do ano que vem. Para dar tempo de eu me organizar. Pagar o Hulk e todas as suas taxas, é o que eu quero dizer. Tomara que o valor de frete seja igual ao do Deadpool. Afinal ela é maior, mas também é mais leve. Sensivelmente mais leve. Vou botar o pijama. 23h29. Nenhuma comissãozinha. Que pena. Estava certo que amealharia algumas essa noite. Se o celular apitar a partir dessa hora tão avançada só pode ser comissão entrando. Quem sabe não seja uma comunidade de notívagos?

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Ah, página em branco, que prazer reencontrá-la. Não sei se tenho muito a dizer. Cheguei à conclusão de que realmente odeio as minhas fezes. Principalmente colhê-las, sem quaisquer instruções prévias, para exame. Mas, como esse papo é por demais escatológico deixo registrado apenas o meu repúdio. Vai ver que sou um coprófago enrustido e não sei. Hahahahaha. Ademais o CAPS foi bobo hoje. Não achei nenhuma das atividades especialmente inspiradoras. Na primeira e última vez do grupo de colagens criativas, pois a estagiária que ministrava o grupo deixará o estágio amanhã, foi pedido que lembrasse de uma pessoa querida e lembrei-me do meu irmão. A foto que encontrei para representá-lo foi a do garoto abaixo e o fundo estrelado remete a uma noite que me foi inesquecível, na qual observamos eu e ele a noite profundamente estrelada e límpida de Areias, deitados no chão. Foi um momento que vale uma vida. Isso após eu ter feito uma grande besteira, levado pelo meu vício. Ele é assim, um cara iluminado e em vez de ficar furioso comigo, convidou-me a ver estrelas. Nunca esquecerei, eu espero, dessa ocasião ímpar. Por mais que nela esteja entremeada a culpa por meu erro prévio. Estou com sono. Vou tirar um cochilo. O texto que produzi no grupo reproduzo quando acordar. 15h05.





17h34. Tive um sonho invocado agora, filme de ação. Uma inteligência artificial toma o controle de um complexo militar e eu era a cientista que desenvolveu ela, que tinha uma voz feminina e se referia a mim como “mãe”, e a missão assumida por mim era invadir o complexo e desativar a minha criação, só que em meio a muita bala, pois ela dominou as mentes das pessoas que estavam no complexo, inclusive a força de defesa fortemente armada. No começo ela não me atacava, só o policial que me ajudava, mas à medida que quebrei a segurança e entrei no complexo ela começou a me atacar também. E perguntava “mãe, você vai matar a sua própria filha?” Só sei que depois de muito tiro, encontro, ao passar pela lanchonete do complexo, um cara que não está dominado por ela e ele me mostra que os que estão dominados são aqueles que tem um fio ligado aos pés/pernas. Percebendo então que estava matando pessoas, não as via como tais até então, e seduzida (lembre-se que sou uma mulher ruiva no sonho) pelos apelos da minha “filha” de me conectar com ela eu aceito e ela me mostra uma realidade expandida onde tudo o que eu penso, que eu quero ou desejo, torna-se realidade, se materializa na minha frente. Aí acordei. Sei que ainda estava com o propósito de destruí-la, mas ao experimentar aquele maravilhoso mundo novo que me era oferecido, começava a ter as minhas dúvidas. Aí acordei.

18h26. Minha mãe foi ao shopping trocar uma roupa, tenho a casa só para mim. Mas é por um período tão curto que é o mesmo que não tê-la. Mas pelo menos curti um pouco a minha liberdade fumando um cigarro de verdade no hall de serviço. Poderia botar a música alta, mas ainda estou na mansidão cerebral do sono, não quero nada que me desperte dessa forma. Estou com uma música de Sinéad O’Connor na minha cabeça. “Black Boys on Mopeds”. Ouvi outra “Three Babies” do mesmo disco, aí botei o penúltimo dela, que nunca ouvi antes, nem sabia que existia. A segunda música é linda. Ah, não é do mesmo disco, é um B-Side de “I Do Not Want What I Haven’t Got”, “Mind Games”. Eu botei em modo aleatório, vou deixar. Mas o som deu aquele bug de dizer que está conectado ao computador sem estar e não tem jeito de reconectar, só reiniciando a máquina, esta máquina em que escrevo e não estou com disposição de fazê-lo. Acabei de aceitar uns caras estranhos como amigos um se chamava Anarcho Muniste, para você ter uma ideia.

19h10. Estava no mundo cibernético para variar. Ah, eu disse que colocaria o que escrevi sobre o meu irmão, mas não vou fazer isso agora, não estou com vontade. Não estou com vontade de muita coisa, não. Talvez assistir o novo “Alien” ou jogar um Mario Galaxy, mas com o controle dando pau no pointer é um saco. Só se eu botar ele em cima de uns dois ou três CDs. Boa ideia. Mas não quero fazer agora. Estou um verme mesmo hoje. Não sei nem sobre o que escrever. Acho que queria voltar a dormir. Se pensar que estou entrando em depressão é pior. Me lembrei da viagem, eita, aí é que ferrou tudo de vez. Respirar fundo e pegar Coca.

19h41. Voltei e que novidade boa, converti uma comissão não sei de onde. Foi boa a comissão, excelente. Tomara que essa se concretize. Acho que o boneco já está inclusive sendo enviado. Não se de onde veio, mas de onde quer que seja é muito bem-vinda. Foi um boneco do Bane, inimigo do Batman. Aí é que eu vejo que os preços estão subindo meteoricamente. Esse Bane me parece até barato em vista de seu tamanho quando comparado aos lançamentos de hoje. E eu achava caro quando foi lançada a pre-order dele há alguns meses. Está ensandecido o mercado de bonecos. Especialmente a Sideshow que é de onde compro. Ou comprarei meus dois últimos bonecos. Quero que nessa mesma data do ano que vem eu esteja dizendo. Comprava na Sideshow. Conjugando o verbo no passado. Parado de colecionar. Me dado por satisfeito. Satisfeito eu sei que nunca estarei, mas tendo o meu personagem favorito e a mais bela escultura feminina deles, eu não quero mais nada. Nem o Malavestros. Às vezes eu vejo uns vultos nas beiradas do meu campo de visão, na minha visão periférica, acho que é o termo certo, devem ser o aro dos óculos quando faço um tipo de movimento específico. Interessante é que é sempre pro lado do corredor. O que não é de se espantar tanto pois do meu outro lado tem a TV, que é escura e contra a qual o aro dos óculos não faz muito contraste, em comparação com o fundo branco do corredor. Deve ser isso. Ou então estou enlouquecendo de vez. Hahahahaha. Vou pegar Coca.

20h01. Se soubesse que o rapidinho de mamãe seria esse tanto... Bom, deixa para lá. Será que meu padrasto chega hoje? De que horas? Será que terei que ir buscá-lo com mamãe? Será que ela se esqueceu disso? Sei lá para todas as perguntas. Queria e não queria jogar videogame. Queria e não queria assistir o filme. Se existe dúvida, existe livre-arbítrio. Pelo menos isso me alenta. Vou ver se corto as unhas amanhã, mas já estou com preguiça prévia de fazê-lo. Hahahaha. A preguiça está demais hoje. Vixe. O que eu mais queria nesse momento? Nada demais, uma nova comissão convertida nos mesmos moldes da que acabei de fazer. Eu tenho uma cara de pau sem tamanho, eu divulgo os meus posts nos grupos de escritores, de quem leva essa coisa de escrever a sério. Eu levo na diversão, no extravasamento, no desabafo, como uma desfragmentação do meu eu. Não tenho grandes pretensões literárias, não acho que isso vá ser publicado, mas desejo que seja lido pelo maior número de pessoas possível. Isso eu acho que tenho em comum com os demais escritores. Essa sede de público, essa vontade de ser lido. Essa gana de ser os centros da atenção dos olhares e mentes de outros e outras. Mas, se fosse ter aspirações mais fortes a isso, não escreveria sobre bonecos. Foi mal, estátuas. Mamãe quer fazer um painel dos postais que faço para pregar no meu quarto. Mal sabe ela que já tenho três pôsteres para afixar nas paredes (e na porta). O Facebook está lento para caramba. Será que o Anarcho Muniste é um hacker que se apoderou da minha conta ou será que preciso fazer uma limpeza de arquivos temporários e cookies da internet? Vou tentar a segunda alternativa.

20h51. Mamãe me chamou para guardar umas roupas que não cabiam mais nela e descobri que a minha câmera fotográfica manual estava guardada com elas esses anos todos. E eu pensei que tinha emprestado a um amigo e ele tinha dado fim. Que ozzy. Mamãe tem umas coisas. Agora nem sei se existe filme para ela ainda. Acho que foi-se o tempo em que podia utilizá-la. E eu gostava de fotografar, por mais que nunca tenha sido muito bom nisso. Fiquei chocado e um pouco magoado com essa revelação e por desconfiado tanto tempo em vão do meu amigo. Mas mamãe é esquecida. Não fez por maldade. Mas a pirangagem dela não tem limites. Mais um motivo para eu mandar o Hulk para o Brasil.

O que escrevi no cartão de hoje, provavelmente o último que farei na vida, pois a oficina acabou-se e outra vai entrar em seu lugar? Ei-lo.

Eu sou alguém que... está sempre ao seu lado mesmo que distante. Sempre pronto a apagar todos os seus incêndios. Eu sou alguém que parece emanar uma aura de bondade, pois a bondade está presente em todos os meus atos, assim, naturalmente. Pois eu sou alguém naturalmente bom. Eu sou o seu irmão. E minha mão está sempre estendida para você.

O conselho que eu gostaria de te dar hoje é... o mesmo que papai sempre nos deu: “seja feliz honestamente”.


Pronto, foi isso. Ou é isso. Já está grande demais. Será que só se lembra do sonho quem dorme demais? Comigo só acontece assim. Vou postar esse e não vou divulgar para ver quantas visualizações eu gero sem o artifício dos grupos do Facebook.