segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

LIXO DEDICADO A BLANKA


“[22:04, 1/18/2019] Mário Barros: Tia Caçula, assisti Vidro hoje e recomendo fortemente que você assista Fragmentado antes.

[23:48, 1/18/2019] Tia Caçula: Massa
[23:48, 1/18/2019] Tia Caçula: Fui ver a esposa:)

[00:28, 1/19/2019] Mário Barros: Ufa!:)”

E outro ainda, que me levou a refletir. Escrevo sobre as reflexões a posteriori.

“Beijo, vou escrever. Pensa direitinho se tem condições de trabalhar amanhã. Para não machucar mais. Tenho certeza que a sua sogra vai compreender se você explicar a situação. Mas a perereca é sua, não me meto nisso... Ainda! Hahaha”

Já fui ao motel duas vezes com Blanka e não penetrei nela. Não me senti confortável para fazê-lo. Não gosto de motel, é feito para o sexo, sexo parece ser uma prática obrigatória, compulsória no motel. No caso dos homens, o sexo parece ser representado pela penetração, o meu sexo foi chupá-la e lambê-la e beijá-la menos do que eu queria, mas o suficiente para achar que foi uma boa dose de sexo para mim, me fez querer mais, mas não penetrei, não cumpri o meu papel de homem num motel, noutra vez, a segunda e última, ficamos conversando, jogando videogame e conversando e eu beijei o seu rosto todo com o máximo de carinho que eu tenho. Nem a boca beijei. Não toquei os seus deliciosos e desejados lábios. Acho Blanka linda. E acho esse texto feminista, ou melhor, um exemplo único de humanidade, uma humanidade que não segue padrões e que não entende a mulher como um buraco morno e úmido para enfiar o pau, até liberar o esperma como um macaco, mas como uma companhia, um ser humano como eu, com todas as suas complexidades. Eu só pedi que entre nós houvesse respeito, honestidade e sinceridade. Mas da próxima vez a pedirei nua, provavelmente num antro de sexo, quando poderia estar no meu quarto com ela. Ela disse que havia algo atrás da TV um botão redondo como um joystick de videogame onde se pode ligar e navegar a smart TV. Não vou procurar agora, até porque não acho que exista, o que é um demérito com a informação da minha parceira. Só por isso vou procurar o danado do botão.

00h56. Nada de botão e nada de luzinha que pisca quando aperto o controle. Passando Loser de Beck. Será que ela inventou ou ouviu falar nisso? Pode ser que haja TVs assim. Não é o caso da minha. Que simplesmente não liga através do controle, acho que não está chegando energia elétrica nela. Passando Virus de Björk. Vou fumar. Ver onde isso me leva.

1h08. Nossa me levou a um pensamento em Blanka que foi seguido de uma megalomania. Pensei em dar a Blanka o password de acesso para os meus blogs secretos e dizer, isso é sua herança, só os seus olhos e os meus poderão ver, e, se eu que só faço escrever em algum momento for reconhecido e meu nome gerar dinheiro, se meu texto gerar dinheiro, você pode ganhar uma grana vendendo o conteúdo desses blogs, lhe dou total direito sobre eles. Quando eu morrer, será quando o meu nome estará mais valorizado, então será a hora de tentar fechar o negócio. Não pensei tudo isso, assumo, parte me veio agora motivada pelo ataque de megalomania que me atingiu antes: meu tio consegue fazer o livro ser publicado, o Diário do Manicômio e ele faz algum sucesso, o suficiente para publicar o meu segundo livro Eu Sou Assim e Ninguém Tem Nada Com Isso, sempre escrevendo o blog, que é a minha obra máxima, gratuitamente oferecida aos leitores. Não mais publicaria livro algum, me dedicaria aqui ao meu blog e quem quiser que lesse. Acho que o número de leitores aumentaria por um curto período, não sei se teria long tail. Quem me dera arrebanhasse alguns fiéis. Me sentiria com o meu dever na Terra mais que cumprido. Interessante é se a publicidade do meu site começasse a dar lucro, eu não me lembro para que usar o lucro. Certamente para ajudar causas humanitárias que eu apoio, mas era para outra coisa que tinha a ver com o meu próprio site. Eu poderia começar a receber perguntas e comentários e me comunicar diretamente com o público. Seria bastante curioso, mas nada disso vai acontecer. Por falar nisso, preciso escrever a nova parte do meu projeto secreto. Mas não hoje, não agora. Estou com uma dor no couro cabeludo, como uma inflamação, mas marca não se vê. Pensei em que cabelo gostaria de ter uma vez na vida: o cabelo longo e vermelho como poderia ter ficado quando descolori e pintei com o auxílio do Imperador da Casqueira, que aportou sua nobreza no Recife (antes era mais dado a viagens, talvez viesse por meu irmão). Nunca saberei, sei que era o seu principal parceiro, ou assim quero crer, conversávamos sobre tudo, inclusive minhas dúvidas em relação ao homossexualismo. Ele me levou até a o gueto gay da cidade, no Mustang e arredores. Até à Doktor Froid, há muito extinta. Bom, ele me ajudou no processo capilar, mas eu encasquetei que a tinta que a minha tia vizinha trouxe da Inglaterra especialmente para isso não daria para todo o cabelo, cortei o cabelo de um jeito ozzy e fiquei com um visual muito ozzy, ainda bem que eu próprio não me via, nem barba eu usava, nossa, estar sem barba, com a cara lisa é um pesadelo para mim, acho que nasci para usar barba, ou é como me apresento sentindo menos feiura no mundo. Tentei um bigode uma única vez e o abandonei prontamente, achei horrível. Deixei a barba engoli-lo. E não mais tirei, embora tenha passado máquina dois que é como se saísse de sunga por aí, mal comparando. Vou repor a Coca, fumar e comer um biscoito Bono de chocolate. Eita New World de Björk, linda e grande, belíssima, orquestrada, como uma flor que desabrocha e revela sua esplendorosa cor sonora. Não direi qual é a cor sonora que me evoca, é bom para quem nunca viu o filme ou a cor do CD imaginar sua própria cor. A capas me influenciam muito sobre a percepção do disco. O objeto disco é uma obra visual tanto quando é sonora e Björk entende isso e até nisso é de vanguarda, mesmo que as capas sejam todas retratos seus. Ela manda criar fontes para cada disco, é primoroso.

1h54. Fui fumar ainda pensando em Björk, descobri que acabaram-se os gelos de fácil remoção da caçamba, agora, só molhando. Estou com frio, vou desligar o ar. O interesse do pessoal da pizzaria pelo meu blog me enche de orgulho. Um viu meu texto como mera descrição do que acontece ao meu redor, não viu a parte em que narro o que decorre dentro de mim. Talvez nesse veja, se ler. Se ler, saiba que fiz o que a menina daí me pediu e fui ao site da pizzaria fazer um elogio sobre o excelente atendimento da filial de Casa Forte e mandei o link dos dois posts em que os havia mencionado até a ocasião. Os vejo quase diariamente, um vínculo se cria pela repetição, talvez por carisma deles, talvez por carisma meu, ou pela soma dos carismas disponíveis. Sei lá.

2h02. Pensei que não falei de Björk duas coisas que me passaram pela cabeça e olhei para as coquinhas e que elas vão todas para o frasco de memórias, mas pretendo guardar alguma Cocas, em especial a da garrafa que ficou deformada e representa quão deformada a minha alma pode ficar. A achei na mochila vermelha que usei em uma das minhas recaídas de cola, sofrida recaída, como são a maioria, senão todas, quando eu levo mochila, minha mãe tem meio que repúdio pela mochila, eu a vejo como uma lembrança de guerra, da batalha que travei primeiramente comigo mesmo de adequação à vida, até achar o meu lugar no mundo, que é exatamente este em que estou, a Coca é outro troféu de agora, representa me aceitar e estar em muito mais harmonia com a vida, sendo eu mesmo a maior parte do tempo, senão todo ele; não, todo ele, não. Mas uma parte maior que a maioria, eles são conformados, ou seja se adequam as fôrmas, eu sou livre, conformado com as minhas próprias leis e vontades. Que se resumem a escrever e agora a Blanka. Blanka é um mundo novo, um novo território, um novo continente onde aportei por causa do acaso-destino, meu gosto e o Tinder. Saí para fumar e voltei. 22h29. Um dos pensamentos que me passou pela cabeça é que se Björk me chamasse para ser seu companheiro, a acompanhando aonde fosse, eu largava tudo – inclusive Blanka – e me mandaria atrás dela, para tentar aprender a viver tão plenamente como ela. Acho nós dois seres peculiares que se dariam bem. Mas não interferiria no seu trabalho, a não ser sugerindo que fizesse um disco em dupla com os Strokes. É o disco mais sonhado da minha vida. E não passará disso, o que podia fazer para realiza-lo, eu fiz, postei mensagem nos fóruns dos sites de ambos fazendo a sugestão. Vou comer mais, preciso.

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16h22. Comi todos os pacotes de biscoito que mamãe comprou, nas diversas vezes que acordei durante a noite. Acordei agora a pouco e sou um ser completamente outro do que foi dormir e o pouco que me lembro do que escrevi faz sentido para mim nesse momento. Deixei a liberdade de pensamentos solta e deu no que deu. Me diverti elaborando e isso para mim já torna o texto válido. Hoje é aniversário da minha irmã e postei um textinho muito mal escrito, relacionado às mudanças que encarará com a família nessa nova etapa da vida. A vontade de voltar a dormir que me consumia e me controlava minutos atrás está passando e aos poucos vou me parecendo mais comigo, com o eu que tenho mais afinidade de ser. Precisaria de café. Talvez bote um para fazer, agora vou de Coca com cigarro.

16h45. O café está pronto – santa cafeteira que a minha tia caçula me deu – seu cheiro é sedutor, mas enchi outro copo de Coca para aproveitar o gelo e por ser um ato quase mecânico, automático, voltar do cigarro e completar a Coca. Quando acabar, parto para o café. Pensamentos de Blanka, Vidro e da pizzaria me cruzam a cabeça, nada muito consistente que mereça ser narrado, só que tenho o desejo de ter uma foto alegre de mim e Blanka, tirada bem de perto, isso é essencial, para ornar a sessão de fotos do meu quarto. Não haverá muitas, mas quero todas e cada uma delas em um porta-retratos diferente. O que será que se deu com a minha TV? Por mais que não a use, me sinto meio órfão das possibilidades nela contidas, de as ter acessíveis se o desejo surgir. A tarde cai vertiginosamente, quase não enxergo as teclas, em breve, quando for pegar o café, acenderei a luz do teto. Lembrei-me agora, numa derivação do pensamento contido na mensagem que enviei à minha irmã, que o chamado da cidade, de Munique, pode me ser irresistível. Numa derivação ainda mais distante, pensei que seria um prazer tomar uma cerveja com a Portuguesinha, moçoila encantadora em todos os âmbitos, a garota perfeita no continente errado e já muito bem acompanhada. Não sei o que me atrai nas pessoas já comprometidas, não que o saiba à primeira vista, mas não desisto quando descubro tal fato. Acho que foi um padrão que foi bem-sucedido uma vez e, por isso, por esse sucesso único, penso que vale insistir nas demais. Tolo eu. Que seja, só estou tentando ser feliz da forma que sei. E não creio de fato no padrão, prefiro crer em coincidências, as melhores garotas já foram tomadas, penso que essa é a melhor explicação. Vou mudar para o café, cairá muito bem com um cigarro.

17h20. Nossa, que prazer a primeira xícara de café com um bom cigarro, me sinto revigorado e grato a existência pelo momento. Acendi a luz como combinado. Ainda rola um tempo até ter a certeza que Blanka é a pessoa certa para receber a herança que mencionei. Ela terá o poder de apagar tudo após a minha morte, tornar os blogs públicos ou publicar se houver demanda para essa última opção. Os direitos iriam todos para ela, pois deixo aqui documentada tal vontade. Quando acabar esse post, vou escrever no meu projeto paralelo e secreto. A terceira página acabou de acabar, o tempo às vezes é de uma precisão surpreendente. Vou revisar e postar o anterior. Talvez revise e poste este em seguida, não sei. A inclinação da minha alma ao final do processo de publicação do outro me guiará. O café me deu calor, liguei o ar. Hoje amo muito o universo e a minha condição nele, a forma como meus atos se manifestam ilusoriamente sob o meu comando, eu, essa entidade imaterial que me parece tão real a ponto de me dedicar a ela. Grande mistério. Vou lá para o anterior. E, desde já, percebo que duas páginas não são suficientes para caber um dia inteiro de ruminações.

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16h22. Nossa, querida Blanka, você estava certa! Há um botão como um joystick, exatamente como você descreveu, na minha televisão, acabei de descobri-lo dando uma segunda chance à sua teoria! Saí alisando as extremidades da TV e bem no meio, embaixo, achei o tal pitoco! Não sabe como isso faz diferença para mim. Desculpe a descrença, me sinto profundamente envergonhada por ela no momento. A TV não liga, entretanto. Não sei o que se deu. Talvez venha a acrescentar mais coisa aqui quando da revisão. Queimei minha língua e agora pago com vergonha pela minha ignorância. Mais uma vez peço desculpas.

Um comentário:

  1. Oh Mario, nunca pensei que iria ler esse blog chorando por saber que não estás mais aqui. Me desculpa por não ter dado mais atenção como me pediu dias atrás eu tenho muito a agradecer que você me deu, nunca vou esquecer dos nossos encontros e nossa noite de jogos. Mds me desculpa por não ser a pessoa que você precisava naquele momento ❤️
    E muito obrigado por me respeita, em todos os momentos você era e é uma pessoa incrível, doce que só queria ser amado. Era pra eu ter escutado mais você, me desculpa!

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