sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Paixonites

O meu parecia muito com o da esquerda, só que com calda de maracujá por cima.


Hoje, fui com minha mãe conhecer uma lanchonete nova que abriu aqui no bairro. O sanduíche era interessante, bom até. Mas o que me chamou a atenção foi que o lugar era freqüentado por gente jovem e bonita. Nos fundos, a lanchonete vendia iogurte congelado, que nunca havia experimentado, mas que mommy adorava. Acabou que ela me convenceu e resolvi pedir um para mim também. O bicho puro era algo azedo e insípido, mas misturado com amoras e calda de maracujá, pense. Foi aí que ganhei meu dia. Enquanto me deleitava com aquele sabor até então novo para mim (e por isso meio mágico, como só a novidade pode ser) uma garota lindíssima sentou-se nos fundos do fundo da loja, de frente para mim, à espera de um rapaz que fazia seu pedido. A mistura do prazer gustativo com o prazer visual foi algo de sublimemente inesperado. Meu coração palpitou com uma alegria rara para mim nos dias de hoje. E mais acelerado ficou quando ela olhou nos meus olhos por duas vezes, depois levantou e veio ver um adesivo sem graça do iogurte perto de mim. Não sei por que fez isso, mas quase pensei que fora por minha causa. Fiquei olhando (secando?) sua forma delgada e seu delicado perfil até que o rapaz que a acompanhava se aproximasse para ambos partirem, momento em que, encabulado, me pus a olhar abobalhadamente para o copo de iogurte vazio.

Ela era tão linda e parecia tanto ter se exibido para mim que eu, carente como estou e sou, não pude evitar senão fantasiar e desejar freqüentar periodicamente aquela lanchonete para tomar um iogurte congelado na esperança de vê-la de novo, quem sabe sozinha e quem sabe me atrever a puxar conversa. Imaginei até o que perguntaria primeiro: “você pode ser absolutamente sincera comigo? Você tem namorado?” E, independentemente da resposta emendaria com: “desculpe, é que te achei tão deslumbrantemente linda que não pude resistir à vontade de saber o que você pensa.”

Pois é, admito que nesse estado de extrema carência, minhas paixões são cada vez mais fugazes e vulgares, paixonites, na verdade. Mas que o sorvete-beleza foi uma delícia, ah, isso foi. E mesmo que não por ela, pretendo voltar para mais sorvetes e para ver mais gente bonita, pois, para mim não há nada mais bonito que garotas bonitas (e nébulas!).

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