sábado, 13 de agosto de 2016

EQUILÍBRIO

Chamei de "Liberdade da Plenitude", concluíram que eu era desequilibrado
depois que interpretei o desenho...




Num dos grupos do CAPS quarta-feira, num debate sobre a figura acima, que elaborei durante a atividade, o mediador do grupo pediu que eu pensasse sobre a palavra equilíbrio. Disse a ele, então que escreveria sobre ela aqui neste espaço. Passaram-se dois dias e eu não consegui achar motivação para escrever sobre o tema. Mencionei o fato para ele hoje e ele me disse para tentar equilibrar coisas, fisicamente falando mesmo, para ver se isso me dava uma luz sobre o texto. E não foi que deu? Tentei equilibrar meu isqueiro em pé na minha mão e descobri que alcançar o equilíbrio é a parte mais fácil; mantê-lo é que é extremamente difícil e, no caso do isqueiro, para mim, impossível.

Eu sou uma pessoa de extremos ou pelo menos assim me julgam. É fato que nem sempre consigo manter o controle sobre certos aspectos da minha vida. Me considero inexperiente emocionalmente em relação a garotas e ando um tanto quanto introvertido. Por outro lado, pego uma psicóloga do CAPS e falo abertamente da minha vida, como faço aqui. Da mesma forma, muitas vezes repetitiva, como aqui. É fato que tenho baixa autoestima no que diz respeito à minha aparência e minha cultura, por outro lado o meu blog de bonecos bota meu ego lá para cima quando recebo um elogio. Enquanto fisicamente me sinto um fracasso e isso me põe para baixo, assim como os meus defeitos de caráter que não consigo ainda controlar (e há também alguns que não quero controlar), de resto vou muito bem comigo mesmo. Acordo gostando de viver. Tenho coisas para preencher todos os meus dias e todas as minhas horas. Coisas que gosto de fazer. Então não tenho do que reclamar. Não me vejo como um desequilibrado emocional. Sou desequilibrado corporalmente falando e acho que isso se deva em parte aos remédios que eu tomo ou assim quero crer. A droga é que não consigo me lembrar os extremos que o terapeuta mencionou no grupo para transcorrer melhor sobre o assunto. É óbvio que não consigo manter o equilíbrio o tempo todo e cometo excessos. Mas, em comparação com dois anos atrás, eu estou muito mais comedido. Como consegui isso? A custa de muito esforço e de muita cabeçada na parede. Ainda ando dando com os cornos no muro, mas muito mais de leve agora, adquiri um autocontrole que não me imaginava capaz de ter, que ainda me é penoso controlar, mas a sensação de não ter feito uma besteira que vem depois e é recompensadora. Uma coisa que me incomoda, mas não o suficiente para que eu tome uma atitude é que me sinto em débito com uma série de pessoas, mas, por outro lado, gosto tanto de usar meu tempo da forma que me apraz que esse prazer empalidece qualquer vontade mudar a minha rotina. É algo que preciso trabalhar. Há certas responsabilidades de cunho emocional mesmo que preciso assumir. Não são tarefas domésticas. São cultivos de relações afetivas que estou deixando ao deus dará. É uma das mudanças que vejo como mais prementes na minha vida. Isso vai requerer esforço e privações aos quais certamente não estou disposto a me submeter, mas por um bem maior que eu, se fazem necessários. Falo principalmente da minha mãe e, num segundo plano, dos meus avós; e num plano intermediário das garotas. Por sinal a Mariana que encontrei na Bodega do Eduardo não me saiu da cabeça ainda e ainda estou batalhando por seu Facebook, muito embora eu tenha grandes suspeitas de ela ser lésbica, por mais que não aparentasse no agir, como também não aparentavam suas amigas, mas nas gírias relacionadas a mulheres. Espero estar redondamente enganado e espero conseguir o Facebook dela. Mas estou fugindo do meu assunto que é o equilíbrio. A pergunta que me vem é: se estou me sentindo majoritariamente bem – e bote majoritário nisso – deveria eu me forçar a mudar o andamento das coisas? Obviamente gostaria de emagrecer, mas exercícios estão cortados do meu rol de possibilidades, só me resta fechar a boca, por mais que este remédio da noite me dê uma fome do cão. Vou ter que voltar a pedir para trancarem a cozinha. Agora mesmo, 23h36. Estou com uma larica enorme. Doido para colocar algum alimento para dentro. O meio pacote de biscoitos que comi para enganar já não enganam nada. Por isso é bom trancar a cozinha. Para que eu não vá lá “estraçaiá” tudo o que encontrar pela frente. Funcionou antes. Pode funcionar agora. Reduzir a quantidade de Coca-Cola Zero também está fora de cogitação. Se minha barriga for por causa de contenção de líquidos por causa dos remédios, um abraço, xau pro louro, que as Cocas eu não abandono. Poderia tomar menos Coca, seria a decisão equilibrada, mas eu prefiro do jeito que está. Afinal a decisão tem que ser a mais equilibrada para quem? Este é o meu equilíbrio. Pelo menos por ora. Todos procuram o seu próprio bem-estar, se eu encontrei  e construí meu bem-estar por que deveria alterá-lo? Por que um adulto precisa de mais responsabilidades, mais repressão e mais sofrimento para amadurecer? Ah, só quem já passou pelo que eu passei sabe das responsabilidades, da repressão e do sofrimento inerentes à minha condição. Para mim tá bom disso. Serei para sempre infantilizado? Talvez, quem sabe? Tentarei dar mais atenção à minha mãe. É a única meta que me coloco no momento. E isso significa visitar meus avós domingo sim, domingo não. Vamos ver se consigo, pois estou sem a menor disposição para isso.


No que mais estaria desequilibrado? Nos gastos? Esta é a parte em que tenho exercido mais o meu autocontrole. Eu não tenho culpa se o estabilizador queimou. Mas tenho culpa de ter encomendado duas camisetas para mim. Infelizmente, não me sinto culpado pelas camisetas. Acho que, de vez em quando, eu posso escolher as roupas que quero vestir, não ser sempre uma escolha da minha mãe. Fato é que estou muito feliz do jeito que estou, tirando essa caspa que me deu na barba, meu bucho e a falta de uma flor na minha vida. Eu não sei, posso estar completamente equivocado, mas me sinto equilibrado. Em vista do que já fui. Em vista dos demais que me cercam. Estou em paz comigo e com o mundo. Nunca 100% em paz nem com um, nem com o outro, mas quem está? Não sou Buda, nem tenho pretensões budistas. Falta-me mais auto-aceitação e mais autoestima, mas um passo de cada vez, já percorri um caminho enorme e tenho sempre que ter cuidado para não tropeçar no meio dele, porque buraco preu cair é o que não falta. Já está de bom tamanho para mim, não preciso de responsabilidades outras, sofrimentos outros, repressões outras. Quero a vida o mais livre, leve e solta possível. Eis aí meu ponto de equilíbrio. Poder fazer minhas próprias escolhas dentro dos limites da curatela. A curatela é um fator bastante limitante, mas mesmo assim, existem graus de liberdade a se apreciar. E eu os aprecio. E como.

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