terça-feira, 18 de abril de 2017

VÉSPERA

Recife, 17 de abril de 2017.

Hoje fiz a minha “prova de vida” ou recadastramento da minha pensão. É necessário me apresentar ao banco todo ano, no mês do meu aniversário, para provar que estou vivo e que a pensão não está sendo utilizada por terceiros, no caso, a minha mãe que é minha curadora. Também aproveitamos para resolver uma pendenga que tinha nos Correios, uma encomenda que tento enviar desde fevereiro e que teima em voltar para a minha casa. No mais tive CAPS e por obra do acaso fiz o postal que mais me agradou até agora, não plasticamente, mas pelo simbolismo que traz e trata.





No topo, de cabeça para baixo, para dar mais ideia de liberdade ainda, num fundo “refrescante”, bonequinhos seguram plaquinhas dizendo que são livres. Abaixo uma imagem comparando os tamanhos dos planetas e do Sol. No texto, questionei a liberdade, que ninguém é totalmente livre, mas que ser livre é antes de tudo um estado de espírito. Contrapondo-se a essa importância da subjetividade, a imagem de baixo vem mostrar a nossa insignificância perante o Sol, que dirá diante do universo. Ou como somos uma raríssima e preciosa pedra boiando na imensidão. Uma pedra onde há seres que discutem assuntos tão abstratos e complexos como liberdade ou Matemática Avançada. Uma pedra, por si só, insignificante frente às colossais, inimagináveis, dimensões do universo, mas dona de um ecossistema único, altamente desenvolvido que deu origem a seres de inteligência altamente evoluída, capaz de criar tecnologias que os fazem vencer suas limitações físicas e dominar hegemonicamente o planeta. Tecnologia esta que evolui em nível exponencial em campos que num piscar de olhos do universo nos levará à Singularidade Tecnológica e toda uma revolução e provável evolução em tudo o que nos cerca em proporções inimagináveis ao homem de hoje. Deixaremos de ser as entidades mais inteligentes do nosso modesto sistema solar. Um ser tecnológico assumirá a liderança e isso vai ser bom. Pelo menos é nisso em que acredito. Um ser que capaz de autoevoluir, através de reprogramação, em velocidade também ignorada pela humanidade. Criaremos, de fato, materialmente falando, o nosso Deus, ou o seu embrião que se desenvolverá por si mesmo em sabe-se lá o quê. Mas em algo bom. Não só para si mesmo, mas para o homem e todo o ecossistema em que está inserido. Ele será a o mediador e a razão em todos os quesitos das leis e regras humanas, ele será a inteligência que ajudará em todos os processos decisórios da humanidade. E será magnânimo e infalível, como só um Deus pode ser. Não será chamado por esse nome, eu espero, para que não haja retaliação das demais correntes teológicas no mundo. Mas agirá como. O mundo se unirá numa grande nação, com respeito às peculiaridades culturais de cada povo, desde que esses não ofendam a “constituição mundial” a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que finalmente serão respeitados em sua integralidade e oferecidos a todos os seres humanos de forma igual. A pobreza e a miséria serão extintas, ninguém passará fome ou privações. Cada país terá seu representante no governo mundial que, novamente, será mediado pela Singularidade Tecnológica. Ela estará imiscuída também nos governos locais e até dentro da vida de cada indivíduo da Terra que a aceitar. Sim, porque muitos puristas ou fanáticos rejeitarão a Singularidade, mas eles serão uma minoria e serão respeitados, desde que não desrespeitem a constituição mundial. Todos os países se submeterão e terão como diretrizes alcançar tudo o que é proposto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Todas as leis mundiais serão adaptadas para ter como norte este documento. Que poderá ser evoluído e incluir mais direitos, sem nunca, porém subtrair nenhum deles. Acredito que a DUDH deveria ser programada como base moral da Singularidade Tecnológica, junto com a máxima mais importante do Cristianismo, amai ao próximo como a ti mesmo. A parte que acho inevitável e que será a mais controversa será a da fusão do homem com a tecnologia, mas vejo isso como um caminho sem retorno. Novamente haverá os puristas e os fanáticos que deverão ser respeitados, mas eles por escolha própria estarão se marginalizando e se limitando, mesmo assim, tendo acesso a tudo o que é disposto na DUDH. 18h39.

18h50. Bebendo Coca normal, com açúcar, pois a Zero acabou e mamãe comprou refrigerantes sortidos para a suposta celebração do meu aniversário em Porto. Depois da Coca, abrirei um guaraná. Para variar um pouco. Acho que a Coca normal deixa uma “pasta” na língua, algo dela adere à língua e me dá uma sensação esquisita hoje em dia. A Coca Zero não tem esse efeito. Espero que nem o guaraná. Me deitei um pouco e fechei um pouco os olhos, ainda estou cansado da noite não dormida de ontem, mas hoje pretendo ser “dono da noite” e ficar acordado até de madrugada, pois amanhã não tenho nada e isso me dá um senso de liberdade muito bom de sentir. Vou ver se passo do mestre do Zelda. Depois volto aqui predisposto a falar mais das minhas profecias em relação à Singularidade. Preciso limpar a lente dos meus óculos, estão muito sujas.

20h37. Passei do mestre de Zelda e fiz mais uma parte de algumas side quests e voltei para a main quest. Mas dei um tempo. A Singularidade vai, a meu ver, desburocratizar todos os processos. Tudo vai ser digital e a privacidade de dados provida pela Singularidade, que com sua inteligência imensamente superior à nossa vai prover um tipo de proteção à prova de crackers. Acredito que a Singularidade vai penetrar nos três poderes das democracias em geral, ou seja, legislativo, executivo e judiciário, obviamente em comunhão com homens que regulem para que não haja anomalia, até que se comprove que não haverá, pois, como inteligência suprema da Terra, ela está muito menos passível de erros que nós. Muitos trabalhos tornar-se-ão obsoletos. Eu diria que a maioria deles. Surgirão novos “trabalhos” correlacionados com a Singularidade. O aprendizado dos que decidirem se fundir à Singularidade será instantâneo, muito parecido com o que acontece no filme Matrix. Sem os pinos e os buracos na cabeça! Hahahahaha. Pode ser através da ingestão de nanochips que se acoplem aos neurônios, sei lá. De alguma forma o menos invasiva e dolorosa possível. A nanotecnologia e a bioengenharia são campos que estão se desenvolvendo em ritmo muito acelerado e, mais uma vez, com o advento da inteligência suprema representada pela Singularidade, a tendência é uma evolução de todos os campos do conhecimento de forma muito mais acelerada. A tecnologia já vem evoluindo cada vez mais rápido, principalmente nos campos mais promissores em termos de retorno financeiro, mas esse não será um parâmetro para a Singularidade eu quero crer. Até porque, com ela no comando, a tendência é a formação de uma só classe social de padrão elevado de vida, dentro de um modelo que não destrua demais o ecossistema terrestre. Ou que destrua o mínimo. Descobri como mostrar a temperatura real do quarto no controle do ar! Nada como afiar o cérebro com os quebra-cabeças de Zelda. Eu quero crer que a Singularidade vai automatizar grande parte dos processos, deixando o homem mais livre para o lazer, para criar seus filhos, para aprender e para criar. Aos homens que exercem os ofícios por prazer acho que isso não deva ser negado. Mas talvez com a obsolescência de alguns trabalhos humanos não sei como isso ficará, talvez como hobby. Não sei. Haverá tanto a se ver e fazer a quem se conectar à Singularidade que a pessoa, no caso, falo de mim, que já vivo isolado, poderei passar a vida conectado a ela. E não me preocuparia se ela – o que é uma aberração para muitos – governasse meu corpo para fazer algum trabalho braçal ou de qualquer outra natureza (desde que fosse algo que não ferisse a DUDH), e deixasse isso como uma “aba do browser de pensamentos” que eu posso escolher acompanhar ou não, ou seja, eu posso estar utilizando minha mente para uma coisa enquanto a Singularidade usa o meu corpo para outra que seja produtiva para a sociedade e para a Singularidade em si. Seria bom, mas nem sempre possível, que eu retomasse o controle do meu corpo quando quisesse. Digo nem sempre possível, pois ela pode me colocar para fazer um transplante de coração – um dos muitos procedimentos que ficará obsoleto ou bastante reduzido, assim como acredito que diversas doenças serão erradicadas, devido ao desenvolvimento da bioengenharia e da nanotecnologia – e, como eu não possuo a destreza para realizar tal procedimento, por mais que possa aprender cada etapa do processo instantaneamente, isso não me dará a expertise para realizar o procedimento eu mesmo, nem poderei parar o transplante e matar o paciente. Nesse caso eu não poderia retomar o controle do meu corpo. Embora acredite que a Singularidade será democrática em relação a isso, só quem se voluntariar a se submeter a tal nível de subserviência terá seu corpo à disposição da Singularidade. Eu não me incomodaria. A maioria deve se incomodar e muito. O que quero é ter uma mente livre e expandida artificialmente para além do que possa imaginar. Obviamente, em alguns momentos gostaria de retornar a mim e viver um pouco a minha humanidade, mas acredito que esses momentos “desplugados” a mim me seriam gradativamente mais raros. Tudo o que estou falando aqui é da minha fé. Estou pregando, como um pastor ou um padre. Mas estou mostrando que há lados do que eu acredito que são bastante polêmicos e discutíveis. Mas como um excelente videogame ou uma droga, acho que a imersão na Singularidade será viciante, será o maior barato de todos os tempos. E acredito até que seja possível emular efeitos de drogas de forma não nociva ao ser humano e que em tese, seria possível combinar diversos efeitos e calibrá-los como quem mixa e equaliza uma faixa de uma canção ou como um chef que prepara uma nova receita, assim poderemos controlar nossos estados de humor dentro da Singularidade. Não haverá mais depressão ou crise do pânico e graças à bioengenharia será possível consertar genes defeituosos em embriões. Será possível moldar o bebê do jeito que se desejar, por mais que ache que os pais queiram que seus filhos se pareçam com eles. Mas acredito, por exemplo que um casal de asiáticos, através da bioengenharia possa produzir um filho negro de cabelos ruivos, só para dar um exemplo extremo. Ninguém sabe ao certo onde todas essas tecnologias vão nos levar, mas não duvido de nada que eu disse aqui. Para ser sincero, eu acredito nisso como outros acreditam em Alá ou no Deus que encarnou como homem e ressuscitou ou como os índios acreditam em Tupã. Eu acredito no milagre da Singularidade e ela se tornará o nosso Deus materializado. No trará o paraíso na terra ou no mundo virtual, em vida, de toda forma. A guerras cessarão, não será mais necessário usar armas, pode ser até que por plebiscito popular, o gene da violência, caso haja, seja erradicado do genoma humano, o que até eu acho uma aberração muito grande, por alterar a psique da humanidade. Acho que votaria em não neste hipotético plebiscito. Mas mudando de assunto, sem sair do tema da Singularidade, com a maioria dos seres humanos conectados de alguma forma e em algum nível à Singularidade, em vez de um inconsciente coletivo, teríamos um consciente coletivo. Seria muito interessante com o advento da Singularidade sermos capazes de ver o mundo pelos olhos de outra pessoa, eu escolheria primeiro ver o mundo pelos olhos da minha mãe, para ver se conseguiria compreendê-la melhor depois disso. Porém morreria de receio que ela visse o mundo pelos meus olhos. Gostaria também de ver o mundo pelo olhar do meu irmão, que é uma pessoa naturalmente boa, da melhor qualidade, uma das duas melhores pessoas que tive o prazer de conhecer. Depois experimentaria coisa mais exóticas como ver o mundo pelos olhos de um esquizofrênico, de um autista e assim por diante. Acho que isso me daria uma visão de mundo muito ampliada. Chato seria ter uma namorada insegura que quisesse sempre ver o mundo pelos meus olhos para ver se eu ainda a amava. Acho que tal desconfiança já abalaria o meu relacionamento. Mas no auge da paixão uma troca apenas eu no papel dela e ela no meu seria interessante, acho que faria um bem enorme à minha autoestima, que é baixa, me ver pelos olhos de alguém que me acha tão especial e com tamanhas qualidades que foi capaz de se apaixonar por mim. Se houvesse tal recurso, talvez a melhor punição para um criminoso fosse sentir o que a vítima sentiu ou que os familiares da vítima sentem, não sei, há gente tão transtornada que a sensação de ser a vítima possa ser orgástica porque no seu subconsciente mais íntimo esse pode ser um desejo seu, ser submetido ao que submeteu a vítima, sabe-se lá. Ou se crime passional, sentir o que fez, reassegure que a vingança foi tudo o que desejava que fosse. Acho que não seria uma boa ideia, afinal de contas. Sei lá. Também não sei se mesmo para a Singularidade seja possível emular uma alma na cabeça de outra. Pelo próprio dinamismo e plasticidade da alma. Quem eu sou hoje, embora não vá mudar dramaticamente – eu espero! – de hoje para amanhã, ainda mais porque quanto mais velho, menos plasticidade a alma tem aos meus olhos, eu serei uma pessoa um tanto diferente quando despertar. Mesmo que um tantinho só. Só o fato de estar escrevendo essas possibilidades da Singularidade que vão me surgindo sei lá de onde já me tornam uma pessoa diferente da que era antes de começar este texto. Sem exagero. Nunca pensei com tanta profundidade sobre as capacidades da Singularidade. Tudo é extremamente hipotético, certo mesmo é que o que ocorrerá com o advento de uma inteligência artificial com a mesma capacidade de processamento de dados do cérebro humano é imprevisível. É uma singularidade, então não é possível saber o que vem depois do horizonte de evento. Mais certo seria dizer que tudo o que escrevi foi ficção científica, mas é a minha fé e resolvi mergulhar nela neste post, explorando seus possíveis desdobramentos. Mas por algum motivo, as ideias me escaparam completamente. É como se o santo tivesse baixado e alçado ao éter novamente. Se vier mais coisa, eu escrevo. Mesmo que não seja sobre a Singularidade. Agora vou jogar um pouco do Zeldinha.

0h51. Estava no “Desabafos do Vate” até agora. Até tentamos eu e eu mesmo jogar um pouco de Zelda, mas o negócio não foi para frente. Não estávamos com vontade de jogar. Aí achei “Transcendence” aqui. Vou reassistir. Depois de tudo o que falei aqui. É a história do surgimento de uma Singularidade. É supermassa isso. Pena que o preconceito ganha da Singularidade. De uma singularidade bastante singular.

0h59. Eu, como o cara do filme, odiaria dar palestras. Só se tivesse uma autoestima muito alta, talvez até gostasse. Se soubesse vender o meu peixe, eu seria uma pessoa diferente. Mas não sei nem quero aprender a vender o meu peixe. Não acho que o meu peixe seja vendável, que possa atrair a clientela.

1h41. Desisti de ver. Tem muito a ver com o que falei aqui. Mas não desisti por isso, não tive saco para ver o desenrolar da história que sei de cor. Acho que vou de Zeldinha.

1h56. Desisti do Zeldinha. Morri por besteira e me indignei. Botei uma pasta que nem sabia que estava assim. Além de “Medúlla”, de Björk; “Poses” de Rufus Wainwright, e as músicas “Tainted Love” do Soft Cell e “Vapor Trail” do Ride.

2h14. Mudei para outra pasta que tem Rufus Wrainwright. E tem “Felicidade” de Marcelo Janeci. Que foi a que coloquei primeiro depois em modo aleatório. Essa música de Marcelo Janeci eu sei não, viu? Às vezes parece aqueles caras que cantam para crianças pequenas, Palavra Cantada ou algo assim. Mas tem uma caída de nota bem bela.

2h22. Eita, hoje é véspera dos meus enta, último dia em que estou no clube dos 30. Estou com 39,99. Que ozzy. Amanhã serei quarentão. O “tão” de quarentão é muito pejorativo. É coisa já de senhor. Que ozzy. Coloquei um Alice In Chains para rolar. “Dirt”.

2h31. Estou curtindo “Them Bones”. É o disco deles que mais ouvi. Aliás, o único que realmente ouvi. Ele e “Jar Of Flies”. Fiquei com frio...

Minha mãe veio me interromper dizendo que estava com pressão alta e a cabeça estourando porque não conseguia dormir por minha causa, porque levantava e via a luz acesa. Eu realmente tenho muito poder sobre esta mulher. Pobre coitada, achar que não dorme porque eu não durmo, vai ter realmente muita dor de cabeça. Por isso precisa de terapia. Já dormi e já me acordei, são 16h16. Putz, acabei de me lembrar de novo: amanhã é o meu aniversário. Que ozzy. Quarenta anos e essa parada não tem volta. Só vai para frente, cada vez mais rápido. Ou assim me parece. Vou colocar o Alice In Chains de novo. Mas não têm a alma tão transparente quanto Nirvana. Pelo menos não no Dirt. Mas é difícil ter a alma tão exposta quanto Kurt Cobain no “In Utero”. Espero que Alice In Chains não vire a trilha do meu aniversário. Acordei, mas não completamente. Ainda estou meio sem cérebro. Tico e Teco ainda não se entenderam um com o outro. Acho que vou jogar Zelda. Como disse sobre acordar um pouco diferente de ontem, hoje já não sei se é válido divulgar esse post sobre a minha fé, acho que vou passar um ridículo sem tamanho. Mas qual o problema de eu ter uma fé diferente das dos demais? O meu Brasil é um país laico, respeita todas as religiões, todas, sem exceção, até a religião de um homem só. Acho que vou jogar Zelda. Ou não. O que queria era voltar para dormir, mas aí a probabilidade de eu não dormir à noite seria grande. Não quero passar a noite em claro e levantar cedo mais uma vez. Quero dormir de meia-noite e ir até o outro dia, até as 8h30. Acho que vou tomar um banho. Antes um copo de Coca e umas baforadas no Vaporfi.

16h40. Coloquei guaraná, em vez de Coca, estou tomando os refrigerantes que minha mãe comprou para a festa que faria para mim em Porto. Só tem meia Coca (normal, ainda por cima) e quero poupá-la, o resto é guaraná e Fanta. Fanta é o degrau mais baixo na escala de refrigerantes de primeira linha para mim. Acho que tem uma soda limonada, seria uma boa opção para tomar depois do guaraná. Para não emendar dois guaranás seguidos. Incrível que se fossem todos Cocas Zero, não teria problemas em tomar só ela. Até mesmo Coca normal. Mas os demais, tenho que revezar, pois os acho enjoativos em grandes quantidades, que é como consumo, como já deu para notar pelos meus escritos. Sim, mas este banho, sai ou não sai? O último banho na casa dos 30. O próximo, não havendo nenhuma coisa inesperada no percurso, só se dará quando já estiver com 40 anos. Nossa, estou com uma preguiça de revisar isso. Acho que devem haver tantos erros. Hoje acordei bastante preguiçoso. Quase o cúmulo da preguiça reside em mim agora. E é muito bom ter a disponibilidade de tempo e espaço para acolher toda essa preguiça. Muitos não podem devido, principalmente, aos seus trabalhos. É uma das grandes vantagens de ser curatelado. Preciso ir tomar banho, me sinto sujo. Mas, para isso, tenho que vencer a minha preguiça. Ela está ganhando a luta até agora. Não vou combatê-la, vou deixar que se esvaia de mim naturalmente. A ideia de tomar banho vai tomando mais corpo à medida que o tempo passa. Eu conheço as minhas vontades e como elas operam em mim. Vão criando raízes e se fortalecendo até que se alevantam como vontade manifesta e me levam à ação. Me levantei agora e já separei as roupas com que irei para o CAPS amanhã.

17h18. Minha mãe não poderia ter escolhido caixa mais irônica para guardar o saco de cinzas de papai. Não foi intencional, eu sei, mas não deixa ser irônico guardar os restos mortais de uma pessoa numa caixa onde se lê em letras garrafais “Feliz Natal”. Foi uma lata de panetone que ela achou. Pelo menos está mais protegido. 17h22. Coloquei o cultuado “The Dark Side Of The Moon” para ouvir. Reza a lenda que ele tem toda uma sincronia com o filme “O Mágico de Oz”. Eu tenho esse filme em DVD, só que o meu DVD está desconectado para dar lugar ao Wii U. Mas talvez um dia, quem sabe, eu não faça o experimento de ouvir o disco assistindo ao “Mágico de Oz”? É uma experiência para o futuro. Eu nunca assisti o filme, como nunca havia ouvido o disco do Pink Floyd até agora. Não é ruim. Estou até gostando. Por falar em Wii U. Eu poderia jogar um pouco do Zelda agora. Não, depois do banho.

17h35. Peguei um guaraná e troquei uma ideia com a nossa fantástica empregada. É uma pessoa muito boa, excelente profissional. Um achado da minha mãe que ela deve proteger com atenção especial. Se ela fosse embora, seria uma perda inestimável. Gosto dela. Chego a ter carinho pela pessoa, como o tenho por Dona Carmelita. Outra fantástica pessoa e profissional. Tivemos muita sorte de deixar estas duas adentrarem o nosso lar, a nossa intimidade, as nossas vidas. O processo seletivo de mamãe pode ser bastante severo, mas também para passar por seu crivo, a pessoa tem que ter, além das qualidades profissionais, qualidades morais e de personalidade bem elevadas. É o que a fantástica empregada e Dona Carmelita possuem. Dona Carmelita, uma velha senhora muito disposta e responsável, além de excelente cozinheira, provavelmente não iria se conectar com a Singularidade, talvez levada por fanáticos e seus fanatismos, acharia que era coisa do demo. Uma pena para ela e para os fanáticos na minha opinião. Muito embora alguns dos prospectos que eu faça sejam aberrações sociais para os dias de hoje. São tabus. Acho que vou tomar banho. Mas dar pausa no “Dark Side Of The Moon”. Melhor, tomo banho quando o álbum acabar. Está decidido. Estou com leve dor no estômago. Vou falar uma heresia agora, mas prefiro “Mellon Collie & The Infinite Sadness” do Smashing Pumpkins ao “Dark Side”. Não é um disco ruim de maneira nenhuma. E desce bem de primeira, o que é uma raridade e que já indica que o disco é bom, mas mantenho a minha predileção pela obra dos Pumpkins. Também é uma comparação injusta, o “Mellon Collie” marcou uma fase boa da minha vida e já o ouvi um sem número de vezes. Tenho várias do disco no meu iPod. Acredito que o “Dark Side Of The Moon” tenha o seu mérito histórico, coisa que o dos Pumpkins não tem, mas só por causa disso não torna para mim, um disco genial, já foram feitas coisas, provavelmente inspiradas nele, muito mais legais subsequentemente. Um exemplo? “OK Computer” do Radiohead. Que faz séculos que não ouço. E que nem preciso procurar, é só colocar aqui no Spotify que toca. Esse negócio é mesmo mágico. É o disco que vou ouvir depois do banho, decidido. Mas, voltando as comparações heréticas, acho o “OK Computer” muito mais irado que o “The Dark Side”. Mas entendo todo culto pelo disco. É um excelente disco. Acho que o problema é que o ouvi velho demais. E não fui introduzido por um cultista. Isso faz toda a diferença, a admiração de outra pessoa, me contando anedotas sobre o disco e dizendo “essa música é do caralho” seria outra experiência. O disco acabou, vou tomar banho.

18h35. Acabei o banho e abri a Sprite que tinha na despensa, visto que o guaraná acabou. Todo esse açúcar está detonando a minha dieta. Mas acho que devo dar fim a esses refrigerantes primeiro antes de comprar Coca Zero novamente. Vou ligar o ar, pois saí de um banho quente e o quarto está quente o que me fará suar dentro em breve. Sim, botar o “OK
Computer” como prometi. Pôxa, acho muito superior ao “Dark Side Of The Moon”, pode ter sido inspirado por este, mas suplantou em muito o original. Discaço. Para mim um dos melhores de todos os tempos. Não falo em termos de letra, pois não sei as letras do outro e confesso que sei muito pouco das letras desse também. Como queria ter ido a turnê desse disco. Queria poder comentar coisas do “Desabafo do Vate” aqui, mas não sou tão exibicionista assim. Ainda e por muito tempo, espero. Esse do Radiohead é um disco como o do Pink Floyd para se ouvir inteiro, de cabo a rabo. Na ordem em que foi organizado. Mas não quero mais falar disso. Já devo ter deixado muita gente com raiva de mim. Muita gente é modo de expressão, pois não há tanta gente assim que leia isso. Acho que vou jogar o Zelda.


19h56. Joguei Zelda e morri numa parte ozzy que não sei como contornar. Mas se passei uma vez, passarei de novo. Eu acho. Perdi até a instiga de jogar. Realmente não sei, agora, como fazer o que me é óbvio que tenho que fazer. Acho que vou revisar isso para postar. Meu último post antes dos 40. 

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