A inserção do post sobre o blog na minha página pessoal do
Facebook não gerou o boost de acessos que estava imaginando, especialmente
levando-se em conta que não publico sobre o blog há muito tempo. Que pena.
Continuarei nos meus canais normais mesmo, deixar de lado a minha página
pessoal, assim me sinto mais confortável em comentar o que quiser aqui. Ou
quase tudo o que eu quiser. Há o que só deva ser comentado no meu blog privado.
Mas isso é uma parcela pequena da minha vida.
21h12. Outro palíndromo numérico. Mamãe está
superdesconfiada de mim, isso é um saco. Ela deveria relaxar um pouco de mim.
Dessa paranoia. Me deixa paranoico também. Pense em um negócio chato. Ameaçando
me internar se eu usar qualquer coisa. Um estresse. Ter traumatizado minha mãe
deu nisso. Mas ela está sendo muito extrema. Aliás, enquanto eu estiver sendo
um ser humano funcional, não criar problemas que existam fora da cabeça dela, ela
não deveria se preocupar comigo. Eu cumpro minhas obrigações com o CAPS, saio
com meus amigos e escrevo e escrevo. É o que me preenche ultimamente. Depois
pode ser que venha alguma outra coisa tomar o lugar da escrita, mas acho que
esse amor é chama difícil de apagar. Odeio declarar coisas assim, pois acabo me
contradizendo, me desobedecendo. Não queria que isso acontecesse com a escrita
por causa de uma frase. Pronto, só porque escrevi isso, já estou com vontade de
jogar o Yoshi. Mas não tanto assim. Eu deveria dormir cedo para acordar cedo
amanhã e ir ao banco com mamãe. Não sei se serei capaz. Quase não dormi de
ontem para hoje. Levantei várias vezes durante a noite, quase pensei em
desistir de dormir, mas finalmente, às quatro da manhã entrei em sono profundo.
E peguei no sono à tarde também. Acho que dormi uma hora, hora e meia.
22h59. Hoje não estou com muita inspiração para escrever
aqui. Não tenho nada de novo ou relevante para dizer. Acho que minha mãe andou
bisbilhotando o meu computador, que esqueci aberto pois havia deixado um filme
baixando à noite e deixei aberto quando fui para o CAPS. Mas aí seria o cúmulo
da invasão de privacidade. Porém estava aberto no arquivo do e-book no qual não
mexi ontem. Muito estranho. Muito estranho mesmo. Só posso supor que ela veio
bisbilhotar os meus arquivos.
23h05. E meu padrasto ainda não foi dormir. Quem está
ficando com sono sou eu. Era a falta de claridade, estava só com uma pequena
luminária acesa para dar um ar mais aconchegante ao quarto que me saiu
aconchegante demais, tanto que estou com sono. O meu padrasto acaba de fechar a
porta e apagar a luz do corredor. Agora a noite é minha, mas para fazer o quê?
Talvez começar a jogar Zelda Wind Waker HD enquanto não ganho o novo Zelda. E
ainda tenho Twilight Princess HD para jogar. Mas esse não estou muito a fim. O
tutorial dele é muito demorado antes de começar a ação de fato. Só a fase de
botar búfalos no curral é um saco. O maior de todo o tutorial. E o mundo do
Wind Waker é bem mais atraente para mim que o do Twilight Princess. Eu nem sei
porque comprei o Twilight Princess HD, na verdade. Me lembro que me diverti com
ele, mas não é um jogo que queira revistar tanto quanto o Wind Waker. Também
joguei bem mais recentemente que o Wind Waker. Embora muitas partes deste
último estejam guardadas na minha memória. Eu explorei muito ambos os jogos,
horas sem fim. Acho que se for jogar um game hoje será Wind Waker.
3h28. Estava escrevendo no outro blog. Postei um novo post no “Comments on Collectible
Figures”. Já tem mais de 700 visualizações. E esse “Jornal do Profeta”
para chegar em 50 é uma luta. Falei mal dos preços de um boneco que está
fazendo muito sucesso, então fica fácil atrair a atenção desse público. Vou
dormir, boa noite mundo. Siga seu fluxo, universo. Axé, meu povo. Namastê. Deus
vos abençoe. Tupã os ilumine.
15h50. Mamãe está completamente paranoica comigo. Acha que
alguma coisa muito errada está acontecendo. Isso está se tornando insuportável.
Recebi hoje a mesma boneca que tento enviar a bem mais de um mês para os EUA e pela
segunda vez remetem de volta para mim. Quanta incompetência! E minha mãe não
quer que eu vá sozinho lá nos Correios tamanha está a sua paranoia. Foi tirar
um cochilo e disse que quando acordasse, nós iríamos. Também estou com preguiça
de ir. Mas assim, do jeito que andam as preocupações dela em relação a mim, ela
vai acabar me proibindo de sair. Vou ficar o mais “pianinho” possível para ver
se essa quizomba dela passa. Só não sei como vou fazer para dormir mais cedo.
Eu adoro a noite. Durante a madrugada, a noite parece ser minha, o mundo parece
ser meu. É uma sensação muito boa e gosto de desfrutar dela. Além de estar
acostumado com o horário alterado. Esta parte não sei como soluciono nem sei se
quero solucionar. Ela podia respeitar os meus horários “trocados”, introjetar
que eu sou notívago. Que certas pessoas funcionam melhor à noite e que esse é o
meu caso. Só me resta ter muita paciência. E esperar que essa fase se resolva
em sua cabeça. E seguir sugerindo que faça terapia. Mas, quanto a esse assunto,
não posso ser muito insistente, pois isso, tenho absoluta certeza, gerará uma
repulsa dela em relação à terapia. Ela me pressiona o tempo todo, mas ninguém
pode pressioná-la. Eu muito menos. Muito irônico isso. Irônico, injusto e
chato. Já estou até vendo, ela vai sempre botar uma prioridade mais importante á
frente da terapia e nunca vai fazê-la. Tomara que não, este é o pior cenário.
Pode ser que ela tenha real interesse em fazer terapia – será arteterapia,
segundo ela me contou, o que não deixa de ser um método curioso que acho que
ela vai achar estranho a priori, mas pode acabar gostando – e, se for o caso, se
o interesse partir dela mesma, ela pode levar a proposta adiante. Vamos torcer
pelo melhor cenário. Meu (ex?) psicólogo acha que “seria muito bom para todos”.
Eu concordo em gênero, número e grau. Falta ela enxergar isso. Continuar nesse
clima opressivo para cima de mim é que não dá. Está tudo indo bem, estou
cumprindo minhas obrigações e, quando não tenho nada no outro dia, aproveito a
liberdade da noite, mesmo que ilusória, visto que estou enfurnado no meu
quarto-ilha. Acho que quarto-ilha não tem hífen, mas me parece tão estranho
escrever quartoilha que continuo a meter hífen. São 16h27 e eu estou ouvindo
Sandy. O ao vivo. Tem certas músicas que já me enjoam como a cover de “All Star”,
de Nando Reis. Aliás, acho que essa é a única que me incomoda, das demais eu
gosto. Da abertura, “Meu Canto”, também estou um pouco farto. Vou pegar outro
copo de Coca. Será que vou ser obrigado a tentar dormir cedo para que essa
celeuma com a minha mãe seja solucionada? Espero que não. Não abrirei mão de um
direito que me assiste. E que em nada atrapalha a vida de ninguém. Acho até que
meu padrasto prefere almoçar só com mamãe, pois podem conversar abertamente de
seus assuntos. Sem precisar levar em conta a minha presença e falar de algum
tema mais abrangente. E podem falar do jeito que se falam quando a sós. É um
momento em que acho que minha presença é mais um atrapalho que um prazer. E
quero perder peso. Através da minha dieta somaliana leve. Se ela não está
fazendo nada para controlar seu peso, deveria respeitar a minha tentativa.
Deveria entender de uma vez por todas que eu sou diferente dos demais, que eu
tenho um modo de levar a vida que não segue especialmente as convenções
sociais, tampouco as quebram, digamos que eu sou um tanto excêntrico, mas sem
extravagâncias que choquem a maioria das pessoas. É engraçado, na casa da minha
tia, respeitam muito mais os meus horários e minha “excentricidade” de modo
geral do que na minha própria casa. Que mamãe não leia isso, senão se magoará e
fará algum tipo de chantagem emocional do tipo “então vá morar lá com a sua tia”
e talvez acrescentar “vamos ver se ela lhe aguenta”.
16h52. Minha mãe acordou tarde demais para irmos aos
Correios. Espero que ela deixe eu ir na quinta. Está aparentemente mais calma.
Não sei até quando. Estou preocupado com a questão de publicar um e-book, ele
ser vendido e tributado em meu nome e isso de alguma forma invalidar a minha
pensão. Espero que não. O Nirvana entrou. “In Utero”, para variar. Depois vem o
“Nevermind” que ando permitindo tocar, seguido do “Bleach”, que aí já não
passa. Meu computador está muito lento, espero que não seja o aplicativo do
Spotify que instalei. Pelo menos, desde que migrei do site para o aplicativo,
as músicas têm tocado quase sem engasgar, o que é ótimo. Desde que coloquei
para tocar agora, não engasgou nenhuma vez. Tocou o de Sandy todinho e já vai
na segunda do “In Utero” sem interrupções. Cada vez que ouço este do Nirvana,
gosto mais dele, como acontece com quase qualquer disco, em verdade. Pelo menos
comigo. A repetição é a melhor amiga das canções, pois me levam a me
familiarizar com elas, me apodero delas, passam a fazer parte da minha vida,
ficam impressas na minha alma. Não que eu faça isso com toda e qualquer música,
há uma boa dose de preconceito musical em mim. Não gosto e evito as músicas que
fazem muito sucesso hoje em dia no Brasil, pois as poucas que tive a
oportunidade de conhecer eram de um gênero que não me apetecia nem um pouco. A
mim me parece que forró eletrônico, sertanejo e brega estão se fundindo num
gênero só, não consigo mais distinguir uns dos outros. E nenhum dos estilos e
principalmente este novo estilo amalgamado me agrada. Não gosto do funk também.
Enfim, tenho um gosto musical muito limitado, limitação esta que me faz sofrer
um pouco mais no mundo de hoje. Ainda bem que quando estive internado, a turma
botava na Nova Brasil FM. Ou levavam CDs e músicas que nada tinham a ver com
essa cena musical predominante no Brasil atualmente. Obviamente quando a fonte
musical eram CDs, nem sempre me agradava o que era posto também. Não gosto de
Heavy Metal, por exemplo. Mas me desagradava menos que ouvir o que hoje é
produzido para as massas em nosso país. Acho de uma pobreza lírico-musical sem
precedentes na história da nossa música. Para ser sincero, parei nos anos
80-90, poucas são as coisas novas que realmente me agradaram depois disso.
Conto nos dedos de uma mão: Los Hermanos, Strokes, Belle & Sebastian, Sandy
– se você contar a carreira solo como algo à parte da dupla, que é como deveria
ser considerada – e acho que só. Confesso que não garimpei, nem me mantive
antenado com a música alternativa no mundo, como muitos dos meus amigos. Não
ouvi Arcade Fire, Interpol, Sigur Rós etc. Ouvi aqui e ali e algo me agradou. A
única que não me desceu de jeito nenhum foi Coldplay. Não sei bem por quê. Não
vejo originalidade, não vejo alma, me dá a impressão de que falta algo para
aquele som me tocar. E não me toca, mas prefiro ouvir Coldplay que os sucessos
do momento no Brasil. Para me defender de ambos tenho o meu iPod sempre à mão.
E às vezes ligo mesmo meu “autismo auditivo” e fico viajando nos meus sons. Para
a minha tristeza e às vezes irritação, o meu iPod já está com um defeitozinho no
fone de ouvido, dependendo do movimento ou da posição em que fica, toca só um
lado, está com algum tipo de mau contato. E é original da Apple que, reza a
lenda, tem produtos altamente duráveis e confiáveis. Não sei se é porque enfio nele
também o cabo que o liga ao som e este de alguma forma danificou o iPod, mas
acho que não, acho que é problema do headphone mesmo. Se for realmente à
Europa, eu compro outro fone por extorsivos 35 euros. Ou peço para o meu irmão
ver se chegou o que comprei nos EUA na casa dele e que traga no final do ano.
Acho a segunda opção muito mais econômica e que deve ser avaliada antes de
desembolsar 35 euros. Afinal eu comprei o fone e ele foi tido como entregue,
logo não tem porque eu gastar dinheiro com um terceiro. E, sim, eu sei, com o
Spotify eu posso explorar as bandas que quiser, mas não sinto ímpeto para isso,
as possibilidades são por demais acachapantes para mim que não consigo nem escolher
que videogame jogar dentro da minha coleção. Mas não falarei de videogames de
novo. Chega. Vou dar um tempo nesse assunto, por mais que me assole. 17h55. Não
sei de onde vem tanto conteúdo – fútil, eu sei – para preencher estas páginas.
É algum tipo de mágica que se opera no meu ser que sigo escrevendo e algo
sempre me surge. É só escrever isso que, de repente, algo em mim me desobedece
e a inspiração foge como um raio de mim, me deixando sem palavras. Ouvindo “Nevermind”.
É realmente um clássico do rock. Todas as músicas são instigantes e grudentas
no ouvido. Só tem hits. É incrível. E tão cheio de energia e vida. Cheio de
gana de fazer sucesso. Acho que eles, do Nirvana, e o produtor sabiam que
tinham um diamante nas mãos e fizeram o máximo para lapidá-lo e o tornar o mais
brilhante possível. Mas já tratei disso aqui. É porque até o meu repertório
musical é limitado. Por mim mesmo. Como acho que os demais repertórios que
carrego na vida também o são. Fiquei feliz que consegui engajar uma conversação
com as garotas no sábado. Foi um dos melhores momentos da minha semana.
Certamente foi o acontecimento social mais relevante para mim. Mesmo com todas
as restrições de repertório eu fui capaz de conversar. Isso me fez muito bem e
me deu um pouco mais de autoconfiança para novas interações da mesma natureza,
o que é raro. Geralmente, encontro já com amigas conhecidas. É raro meu
primo-irmão trazer novas pessoas à baila social. Especialmente que sejam interessantes
para mim. Pois o improvável aconteceu no forró da Casa Astral nesse sábado e só
desfrutei dele por poucos minutos, o que é uma pena. Poderia ter sido mais
afoito e tê-los seguido até o salão de dança, mas não me aventurei, achei muito
cheio e barulhento para me arriscar. Ainda mais que não danço. Poderia pelo
menos ter esperado até o forró acabar para nova chance de interação, mas algo
se operou em mim que julguei ser melhor voltar para casa. Hoje, me arrependo.
Poderia ter interagido mais com as meninas no breve intervalo depois da festa e
antes da partida para o Recife Antigo. Isso se o magneto de atenções que é um
amigo nosso me deixasse falar com alguma delas e não ficasse o tempo inteiro
captando a atenção de todos com o seu monólogo interminável. Ele consegue fazer
nas conversações o que só atinjo escrevendo aqui. Com a diferença de que ele
prende a atenção dos ouvintes e eu não sei se prendo a atenção do leitor que
aqui aporta. Chega a ser impressionante o seu desempenho e desenvoltura sociais.
Bom, perdi a oportunidade e o que passou, passou. Que venham mais ocasiões
semelhantes. Mesmo que bastante esporádicas. Acho legal que já estão aprovando
os meus textos nos grupos de leitores e escritores automaticamente, como se
tivessem desenvolvido uma confiança no meu conteúdo. Acho muito bom isso. Me
aquece a alma de escritor. Sei que é algo minúsculo isso, mas para mim é de uma
importância significativa.
18h29. Enchi o copo de Coca e porque estava na última música
do “Nevermind” recoloquei a lista começando agora do começo, do último disco de
estúdio de Sandy. Então vai rolar mais ou menos uma hora de Sandy agora.
Preciso voltar a digitar o diário da minha última internação. A coletânea
desses diários será o conteúdo do meu próximo e-book. O primeiro foi um desafio
que me coloquei de escrever 50 páginas em 15 dias e escrevi tanto que acabei
por alcançar a meta em uma semana! Hahahahaha. Lembro que havia me proposto a
mesma coisa há algum tempo atrás, alguns anos atrás, e chegaram os 15 dias e
fiquei apenas com 46 páginas. Alguma coisa mudou de lá para cá. Não sei o que
foi. Não sei se encontrei a minha voz literária ou aceitei a voz que tenho e,
com isso, o prazer de escrever aumentou e a motivação para fazê-lo está sempre
presente e pulsante. É uma das maiores delícias da minha vida. Talvez a maior
delícia, escrever isso. Escrever por escrever, só para soltar o verbo, deixar o
texto me levar pela mão e me guiar, deixar as rédeas frouxas para que siga o
texto por onde quiser ir. Raras são as vezes que necessito puxar as rédeas. Me
acostumei com o tipo de conteúdo que cabe aqui e consigo separá-lo
automaticamente do que pertence ao “Desabafos do Vate”.
19h13. Me perdi em alguns afazeres, mas, findados, volto
aqui para o meu esporte favorito. Jogo individual. Gostava de jogar vôlei. Não
era dos piores. Isso há o quê? 20 anos, no mínimo. Como o tempo passa rápido,
para mim parece que foi na semana ou quinzena passada. Fora de brincadeira, a
lembrança me veio muito próxima, a sensação de prazer muito próxima e sólida. O
desfio, os acertos, o jogo como um todo me tomou de forma intensa. Mas jogar
vôlei é algo agora muito distante de mim porque assim o quero, porque assim é
mais cômodo. Não saberia onde jogar. Não me deslocaria até as praias para
fazê-lo e fazer feio pois, como disse, há 20 anos não jogo. Não, não e não.
Fora de cogitação. Não me daria prazer hoje, apenas muito cansaço e vergonha. E
eu não teria cara de chegar a um grupo de desconhecidos e pedir uma chance no
jogo. Está para muito além das minhas aptidões sociais. Outro jogo que gostava
bastante era frescobol. Eu posso até dizer que era relativamente bom nele. Fui
bom. Faz 20 anos também que não jogo. Talvez um pouco menos, mas não muito
menos. Lembro particularmente de uma vez que eu e meu irmão jogamos em Pipa,
quando das férias com meu pai e da minha madrasta lá. Nossa, como a minha
madrasta foi baixa comigo na questão da curatela. Para me impedir de adquirir o
benefício, ela montou um dossiê com todas as fotos felizes que eu tinha no
Facebook e entregou no órgão competente alegando que eu não tinha as
complicações que ela mesma vivenciou comigo. E alegava que tinha um sentimento
maternal por mim e eu a tratava superbem, talvez o único da família, além talvez
do meu tio de Macau, que ainda mantiveram uma relação com ela. Uma boa,
excelente relação. É incrível como o dinheiro corrompe a alma. Para não perder
metade da pensão, ela se utilizou desse expediente do Facebook. E, por causa
disso, tive de dar nova entrada para uma terceira e definitiva perícia sobre o
assunto que felizmente, para o meu inexprimível alívio, me foi favorável. Não
desejo o mal à minha madrasta, entretanto. Como acho que não desejo a ninguém.
Só que o que ela fez tornou a nossa relação inviável, pois tudo o que ela dizia
sobre mim e nossa relação perdeu completamente a credibilidade para mim. Seria
talvez uma tarefa impossível voltar a acreditar nela. Não sei. Passou e que
fique no passado. Foi uma tremenda decepção para mim, não esperava nunca isso
dela, mas aconteceu e está feito. Graças aos céus, consegui a minha pensãozinha
querida e amada; a minha paz no mundo. A minha garantia de vida. Nunca deixarei
de ser grato por essa bênção. E espero nunca a perder. Se isso ocorresse, acho
que eu entraria em parafuso, em completo desespero. Por favor, a quem de
direito, me mantenha com a minha pensão até o final da minha vida. Perder a
minha pensão talvez seja o maior medo que corra em mim. Que me ocorra agora.
Perderia o meu chão. Nem sei, vou até mudar de assunto, pois esse é um assunto
muito delicado que ao mesmo tempo que me provoca alívio, vem acompanhado de
eterna apreensão. Da eterna insegurança de “e se eu perder?” Vixe, deixa esse
assunto para lá. 19h52. Vou pegar Coca.
19h55. Meu padrasto chegou e comuniquei-lhe que minha mãe
havia ido à hidroginástica, como esta me pediu. Estou sem assunto. Era bom ter
uma caixinha com várias palavras ou frases a qual eu pudesse recorrer em busca
de um tema. Tive uma ideia, vou pedir um tema a alguém que está online no Facebook!
Hahahahaha. Não poderia ter escolhido pessoa mais adequada, é a que está no
topo da minha lista agora, o meu (ex?) psicólogo. Ele pode dar um tema bem
interessante para eu desenvolver. Acho que ele vai me ajudar. Perguntou
detalhes sobre o blog. Vou pegar uma Coca. Espero que ele sugira um tema.
20h13. Ele respondeu:
“Certo. Você pode falar de conflitos diários e universais. Dificuldade
de arrumar uma companheira, como lidar com o tédio, a difícil arte da
resiliência, lutar para manter o corpo nos padrões sociais, se tornar adulto e
por aí vai.”
Bom, ele me deu uma gama de temas. Cabe a mim escolher um.
Sobre o tédio, eu lido escrevendo, com o CAPS e saindo com o meu primo-irmão. É
verdade que preciso ampliar o grupo de pessoas com quem eu saio, pois, por mais
que meu primo-irmão, graças aos céus, saia praticamente todo final de semana,
eu poderia variar de círculo social, o que talvez me abrisse alguma porta para
conseguir uma nova companheira, muito embora ache que não fosse me interessar
por nenhuma das amigas da gatinha e sair com o meu outro primo me ofereceria um
universo em que já conheço todos e todas e essas não querem nada comigo ou eu
não quero nada com elas, mas seria bom rever esta parte da minha turma, que há
muito não reencontro. A Gatinha me chamou para ver Logan, mas depois não falou
mais no assunto e eu não o puxei. Ia contatá-la pelo WhatsApp, mas acabei
perdendo a coragem, não sei por quê. Não estou a fim de ir ao cinema, talvez.
Não, isso é pura acomodação. Vou contatá-la. Pronto mandei um “E aí o Logan?”
para ela. Finalmente sobre o tédio, me incomoda o fato de não querer usar os
videogames para combatê-lo, mas isso quem lê esse blog já está careca de saber.
Desta minha crise com os videogames.
20h29. Sobre a minha dificuldade de arrumar uma companheira,
acho que é um tema recorrente do blog, entra post e sai post e este tema
reaparece. O fato é que tenho extrema insegurança em abordar uma desconhecida,
o que atrapalha muito as coisas. Se for uma menina que esteja inserida no grupo
social em que estou, aí já facilita bastante como pude perceber no sábado
passado na Casa Astral. Não sei, entretanto, como conjurar novos encontros no mesmo
formato. Acho que isso vai ficar meio a critério do acaso mesmo. Sobre abordar
desconhecidas, acho uma atitude social tão artificial e forçada para mim que
fica difícil tomar tal tipo de iniciativa. É muito não-eu. Se pelo menos formos
apresentados um ao outro por uma terceira parte e iniciarmos o papo com a
presença pelo menos dessa terceira pessoa, acho que a coisa flui mais fácil.
20h39. Sobre a difícil arte da resiliência? Segundo o
Wikipedia “A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas,
adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações
adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico, emocional
ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as
adversidades.” Confesso que estou meio enferrujado nas artes da resiliência
porque, sinceramente, tenho procurado o caminho mais fácil para mim. Com menos
dificuldades e adversidades possível. Então diria que a minha forma de lidar
com a resiliência é evitando tudo o que possa invocá-la a ser necessária. A
Gatinha me respondeu que ia para Logan. E que iria tirar um cochilo. Fiquei sem
entender direito. Mas voltando à resiliência, acredito que a vida me tem sido
boa em relação a adversidades, mas quando essas se me apresentam, tento
encará-las com o máximo de frieza possível. Sem me estressar. Estresse não leva
a nada. Talvez seja até por isso que esteja evitando videogames. São fontes de
estresse desnecessário. Eita, pode ser isso. Acho que é isso! Eureka! Eu estou
encarando videogames como uma fonte de estresse, que são, sem conseguir
enxergar que é um tipo de estresse recompensador, que entretém. Preciso, como
disse antes, parar de olhar para o receio e me focar na vontade ou no prazer,
nesse caso, que o videogame vai me oferecer. Preciso ser mais resiliente em
relação a isso. O problema é que é muito mais cômodo evitar estresses desnecessários.
A escrita não me oferece estresse algum, eu tenho o controle de tudo. Não há
variáveis que não estejam subjugadas à minha vontade. Afinal, o texto é uma
manifestação estrita da minha vontade de dizê-lo, senão não o faria, senão
escreveria outra coisa ou não escreveria. Aqui, no Word, é o núcleo da minha
zona de conforto. Só preciso sair daqui para pegar Coca. Às vezes tomar um
banho, às vezes comer alguma coisa, dormir, enfim, o básico para viver com o
máximo de conforto e o mínimo aceitável de asseio. Claro, há o CAPS e as
baladas também. Mas, para esses, interrompo a minha escrita com prazer. Mas o
núcleo, o epicentro da minha vida é escrever aqui. Não há estresse dentro do
Word. Não há desafios, não há obstáculos, não há adversidades, não há nada que
possa me incomodar e me agarro a isso como quem se afoga se agarra a uma boia.
E me diverte muito ainda por cima. Principalmente me diverte muito. Pois não
faço por obrigação, faço por vocação e prazer. Por vocação, entenda-se que
tenho uma inclinação especial pela palavra escrita, pois é onde encontro mais
liberdade na minha vida deveras limitada e cerceada. Acho que a escrita é a
forma de impor minha resiliência contra a opressão das circunstâncias
limitadoras. Em vez de tentar mudar essas circunstâncias, impondo os meus
desejos, o que geraria conflitos, estresse e talvez medidas ainda mais duras de
cerceamento de liberdade, eu me liberto aqui na escrita. É minha grande válvula
de escape. É uma liberdade que ninguém me rouba. A não ser que me privem do meu
computador. O que seria uma crueldade sem tamanho comigo. Seria quase como me
amputar um membro. Mais uma vez, não se confunda aqui vocação com talento. São
duas coisas, dois valores completamente diferentes. Não sei se tenho talento
para escrever, sei que tenho uma inclinação natural para escrever e mais do que
escrever para escrever isso que agora escrevo. Não romances, palavras de
sabedoria, críticas sociais ou seja lá o que for, escrevo apenas o que me dá no
tino, essa liberdade ampla e larga é que me encanta no escrever, não me importo
com o que o leitor vai achar. Até porque reparto meus textos com pessoas
desconhecidas para evitar esse tipo de censura. Embora a imponha quando o muito
íntimo, o secreto se apresenta. Aí corro para o “Desabafos do Vate”, mas isso
são momentos muito raros e esparsos. Mas sobre resiliência o que posso dizer
mais? Não há nada mais a dizer, sou um fugitivo de tudo o que me incomoda ou pode
me causar alguma dificuldade. Ou quase tudo. Há obstáculos e desafios que eu
acho válidos enfrentar, visto que a recompensa me parece maior que o esforço.
Ficar limpo das minhas drogas de preferência, por exemplo, requer às vezes
certo esforço, mas a recompensa é muito maior. Não beber mais álcool já nem me
incomoda mais. Me adaptei à vida com as limitações que as minhas drogas de
preferência me impõem. A antes necessária resiliência virou hábito. Tenho muito
medo de precisar usá-la, pois me falta resiliência, eis a verdade mais verdadeira.
Se a possuía a cada segundo a possuo em menor quantidade. Quase nada me resta
de resiliência, estou quase que plenamente acomodado como estou. E na
acomodação não há dificuldades. Se me envergonho disso? Dessa acomodação, dessa
falta de desafios e obstáculos e adversidades? Bem, um pouco. Mas me sinto
muito mais abençoado por conta disso e esse sentimento empalidece qualquer
vergonha que tenha da minha acomodação. Acredito que muitas pessoas gostariam
de estar na minha situação. E por isso me envergonho. Tenho todo esse rol de
facilidades que em muito se sobrepujam às dificuldades oferecidas pela minha
condição e vivo uma vida leve e fácil. O mais leve e fácil que consigo. E sou
livre por causa do Word e praticamente dele apenas. E ele me é mais do que
suficiente. Não procuro quase mais nenhum tipo de liberdade pois eu me basto em
mim através destas palavras. Claro, óbvio, que um novo amor me faria um bem
enorme, mas para isso eu teria de me utilizar de uma resiliência que não sei
mais se disponho. Se fosse me comparar a um personagem, acho que escolheria o
Garfield. Não gosto muito do personagem nem das tiras, quando costumavam ser
publicadas em um jornal a que tinha acesso, mas ele é um bon-vivant totalmente
à vontade na condição em que se encontra. Assim sou eu. E defendo-me de
qualquer ameaça que venha me roubar isso. Eu tenho muito tendo muito pouco.
Graças às palavras. Graças a elas me livro do tédio e não tenho que usar da
pouca resiliência que me resta, salvo inevitáveis exceções. Acho que já começo
a redundar no tema, então vamos ao próximo, mas, antes, um providencial copo de
Coca. 21h30.
21h32. Se bem me lembro o próximo tópico é a luta para
manter a forma física. Bem, como é sabido do leitor a forma que encontrei de
perder o bucho é comendo o mínimo possível, forma essa que é frequentemente
sabotada pela minha mãe que me obriga a comer quando não estou com fome. Mas,
apesar disso, venho perdendo lentamente o peso. E assim segue a minha luta para
mudar a minha forma física rotunda para algo mais retilíneo. Exercícios, estou
fora. Completamente fora. Caminho somente o necessário para me deslocar para os
lugares que necessito ir ou me são designados por vias de alguma circunstância
especial. E só. O meu negócio é fechar a boca para perder peso. E só. E não
tenho a mínima vergonha de admitir meu sedentarismo, não.
21h40. Vamos ao último tópico, “tornar-se adulto”. Se isso
significar ser alguém como os meus pais, que foram os meus adultos de
referência, não, nunca conseguirei ser adulto. Se ser adulto é arcar com as
consequências dos seus atos. Digamos que eu sou forçado a lidar com elas. Mas
minha vida é muito “inconsequente”, digamos assim. Não faço muita coisa além de
escrever, então não tenho grandes responsabilidades. E não costumo assumir
novas responsabilidades. Como já disse em posts anteriores, sou alérgico a
estresse e a obrigações, então as evito ao máximo. Tudo me vem, por sorte, ou
pela forma que me posicionei no mundo, de mão-beijada. Abdico de muito, mas
estou satisfeito com o pouco que tenho. E não acho que tenho pouco. E sou
extremamente bem-afortunado. Tenho todas as facilidades que um homem moderno
pode desejar. E um pouco mais. Não tenho do que reclamar. Não trabalho – embora
considere minha escrita uma forma de labor, mesmo que não remunerada –, não
tenho filhos, não tenho contas para pagar, tenho algumas dívidas que o que
sobra da minha pensão cobre, não dirijo, não tenho quase nenhuma
responsabilidade que um adulto possui, apenas tenho a idade de um adulto. Mas
nada na minha vida e em mim, a não ser o aspecto físico, aponta para um ser
adulto. Não me envergonho disso também. Não queria nunca ser como os meus pais.
Não vejo nenhuma benesse em ser adulto. A não ser a independência, mas essa já
me foi juridicamente tirada. Minha independência a exerço no que escrevo. Onde
exerço minha autoridade, minha autonomia, a minha independência, a minha
liberdade, aqui sou senhor de tudo e, em vista disso, responsável por tudo.
Aqui é o espaço onde sou mais adulto. Talvez esteja sendo um pouco hiperbólico.
Devem haver aspectos outros na minha vida em que me coloco como adulto, mas,
sinceramente, não os reconheço. Estou entre a criança e o adolescente. E o
velho, que também significa um retorno à infância. Admito ter alguma maturidade,
é inevitável não a adquirir à medida que se adquirem anos. Estou já com 40.
Oito dias para o ingresso no imenso clube dos “enta”. Do qual, salvo o advento
da Singularidade, eu não mais sairei. Abusei demais da máquina que carrega o
meu ser para que ela aguente mais do que outro tanto de anos equivalente aos
que já vivi. Talvez morra até muito antes disso, tamanho é o descaso com o
corpo. Me sinto fisicamente velho. É onde o meu velho se manifesta com maior
proeminência e o acolho de bom grado. Não vou atrás de nenhuma fórmula de
juventude. O corpo é um bem tão perecível quanto é inalienável. E estou
absolutamente convicto que não mais desabrocho, essa fase já passou, agora
lentamente e incessantemente vou murchando. Até a vida decidir se abandonar de
mim. Não me incomodo com isso. É um ciclo. É o tempo que é me dado, da forma
como me é oferecido. E sou grato por ele. Já amaldiçoei muito a vida, mas
cheguei a uma configuração de vida na qual considero bom estar, gosto de viver
a minha vida assim. Estou relativamente em paz comigo e com o mundo. Me falta a
garota. Talvez. Algo muito profundo e seminal diz que sim, mas não faz mais
tanta falta como já fez. Depois de tanto tempo solitário, acabei me acomodando
a isso também. Embora ainda há uma chama que queime. Ainda há uma esperança
nalgum canto da alma. Mas não a persigo como se isso fosse vital para mim. Não
mais. Se acontecer ou se eu fizer acontecer, tanto melhor. Senão, se não, não
vai mais fazer a tremenda diferença que faria. Acho que aqui estou sendo exageradamente
displicente em relação a importância que dou a um relacionamento, mas é assim
que minha alma se afigura hoje e agora. Em suma, sou um adulto infantilizado,
acomodado e solitário que está bem acima do seu peso ideal. E sendo isso, estou
de bem com a vida. Passei tanto tempo de mal com a vida, odiando os meus dias e
desejando a morte, justamente, em grande parte, por não suportar o fardo de ser
adulto, de acha-lo muito tedioso, que essa situação mediana ou até medíocre
para muitos, me apraz, posto que não me deixa mal. Me sinto bem e de bem com a
vida. Acho que é isso o que realmente importa. Posso me sentir melhor? É claro!
Busco isso? Bem, não com o ímpeto das pessoas em geral, mas busco. Entretanto
me sinto satisfeito com o muito que tenho. Eu pelo menos acho muito. Gostaria
de gostar um pouco mais de mim, mas hoje até que estou satisfeito com o que
sou. Hoje é um dia especial, pois me pego satisfeito comigo. Isso costuma ser
raro, mas depois de todos esses temas que abordei a pedido do meu (ex?)
psicólogo, eu me sinto especialmente bem comigo mesmo. Gosto do que faço –
escrever –, não desgosto do que sou, não tenho grandes necessidades materiais a
serem realizadas, então hoje – 11 de abril de 2017 – estou em paz comigo e com
o mundo. E preciso desesperadamente de um copo de Coca. 22h30.
Incrível. Me pesei antes sair do quarto e estava com 95,6
kg. Fui fazer xixi, me pesei de novo e deu 93,7 kg. Massa. Vou tentar revisar
essa monstruosidade que escrevi hoje, para publicar e repartir nos grupos de
escritores e leitores e com o meu (ex?) psicólogo. Duvido que ele leia tudo. Hahahahaha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário