terça-feira, 11 de abril de 2017

SEI LÁ II (VÁRIOS TEMAS!)

A inserção do post sobre o blog na minha página pessoal do Facebook não gerou o boost de acessos que estava imaginando, especialmente levando-se em conta que não publico sobre o blog há muito tempo. Que pena. Continuarei nos meus canais normais mesmo, deixar de lado a minha página pessoal, assim me sinto mais confortável em comentar o que quiser aqui. Ou quase tudo o que eu quiser. Há o que só deva ser comentado no meu blog privado. Mas isso é uma parcela pequena da minha vida.

21h12. Outro palíndromo numérico. Mamãe está superdesconfiada de mim, isso é um saco. Ela deveria relaxar um pouco de mim. Dessa paranoia. Me deixa paranoico também. Pense em um negócio chato. Ameaçando me internar se eu usar qualquer coisa. Um estresse. Ter traumatizado minha mãe deu nisso. Mas ela está sendo muito extrema. Aliás, enquanto eu estiver sendo um ser humano funcional, não criar problemas que existam fora da cabeça dela, ela não deveria se preocupar comigo. Eu cumpro minhas obrigações com o CAPS, saio com meus amigos e escrevo e escrevo. É o que me preenche ultimamente. Depois pode ser que venha alguma outra coisa tomar o lugar da escrita, mas acho que esse amor é chama difícil de apagar. Odeio declarar coisas assim, pois acabo me contradizendo, me desobedecendo. Não queria que isso acontecesse com a escrita por causa de uma frase. Pronto, só porque escrevi isso, já estou com vontade de jogar o Yoshi. Mas não tanto assim. Eu deveria dormir cedo para acordar cedo amanhã e ir ao banco com mamãe. Não sei se serei capaz. Quase não dormi de ontem para hoje. Levantei várias vezes durante a noite, quase pensei em desistir de dormir, mas finalmente, às quatro da manhã entrei em sono profundo. E peguei no sono à tarde também. Acho que dormi uma hora, hora e meia.

22h59. Hoje não estou com muita inspiração para escrever aqui. Não tenho nada de novo ou relevante para dizer. Acho que minha mãe andou bisbilhotando o meu computador, que esqueci aberto pois havia deixado um filme baixando à noite e deixei aberto quando fui para o CAPS. Mas aí seria o cúmulo da invasão de privacidade. Porém estava aberto no arquivo do e-book no qual não mexi ontem. Muito estranho. Muito estranho mesmo. Só posso supor que ela veio bisbilhotar os meus arquivos.

23h05. E meu padrasto ainda não foi dormir. Quem está ficando com sono sou eu. Era a falta de claridade, estava só com uma pequena luminária acesa para dar um ar mais aconchegante ao quarto que me saiu aconchegante demais, tanto que estou com sono. O meu padrasto acaba de fechar a porta e apagar a luz do corredor. Agora a noite é minha, mas para fazer o quê? Talvez começar a jogar Zelda Wind Waker HD enquanto não ganho o novo Zelda. E ainda tenho Twilight Princess HD para jogar. Mas esse não estou muito a fim. O tutorial dele é muito demorado antes de começar a ação de fato. Só a fase de botar búfalos no curral é um saco. O maior de todo o tutorial. E o mundo do Wind Waker é bem mais atraente para mim que o do Twilight Princess. Eu nem sei porque comprei o Twilight Princess HD, na verdade. Me lembro que me diverti com ele, mas não é um jogo que queira revistar tanto quanto o Wind Waker. Também joguei bem mais recentemente que o Wind Waker. Embora muitas partes deste último estejam guardadas na minha memória. Eu explorei muito ambos os jogos, horas sem fim. Acho que se for jogar um game hoje será Wind Waker.

3h28. Estava escrevendo no outro blog. Postei um novo post no “Comments on Collectible Figures”. Já tem mais de 700 visualizações. E esse “Jornal do Profeta” para chegar em 50 é uma luta. Falei mal dos preços de um boneco que está fazendo muito sucesso, então fica fácil atrair a atenção desse público. Vou dormir, boa noite mundo. Siga seu fluxo, universo. Axé, meu povo. Namastê. Deus vos abençoe. Tupã os ilumine.

15h50. Mamãe está completamente paranoica comigo. Acha que alguma coisa muito errada está acontecendo. Isso está se tornando insuportável. Recebi hoje a mesma boneca que tento enviar a bem mais de um mês para os EUA e pela segunda vez remetem de volta para mim. Quanta incompetência! E minha mãe não quer que eu vá sozinho lá nos Correios tamanha está a sua paranoia. Foi tirar um cochilo e disse que quando acordasse, nós iríamos. Também estou com preguiça de ir. Mas assim, do jeito que andam as preocupações dela em relação a mim, ela vai acabar me proibindo de sair. Vou ficar o mais “pianinho” possível para ver se essa quizomba dela passa. Só não sei como vou fazer para dormir mais cedo. Eu adoro a noite. Durante a madrugada, a noite parece ser minha, o mundo parece ser meu. É uma sensação muito boa e gosto de desfrutar dela. Além de estar acostumado com o horário alterado. Esta parte não sei como soluciono nem sei se quero solucionar. Ela podia respeitar os meus horários “trocados”, introjetar que eu sou notívago. Que certas pessoas funcionam melhor à noite e que esse é o meu caso. Só me resta ter muita paciência. E esperar que essa fase se resolva em sua cabeça. E seguir sugerindo que faça terapia. Mas, quanto a esse assunto, não posso ser muito insistente, pois isso, tenho absoluta certeza, gerará uma repulsa dela em relação à terapia. Ela me pressiona o tempo todo, mas ninguém pode pressioná-la. Eu muito menos. Muito irônico isso. Irônico, injusto e chato. Já estou até vendo, ela vai sempre botar uma prioridade mais importante á frente da terapia e nunca vai fazê-la. Tomara que não, este é o pior cenário. Pode ser que ela tenha real interesse em fazer terapia – será arteterapia, segundo ela me contou, o que não deixa de ser um método curioso que acho que ela vai achar estranho a priori, mas pode acabar gostando – e, se for o caso, se o interesse partir dela mesma, ela pode levar a proposta adiante. Vamos torcer pelo melhor cenário. Meu (ex?) psicólogo acha que “seria muito bom para todos”. Eu concordo em gênero, número e grau. Falta ela enxergar isso. Continuar nesse clima opressivo para cima de mim é que não dá. Está tudo indo bem, estou cumprindo minhas obrigações e, quando não tenho nada no outro dia, aproveito a liberdade da noite, mesmo que ilusória, visto que estou enfurnado no meu quarto-ilha. Acho que quarto-ilha não tem hífen, mas me parece tão estranho escrever quartoilha que continuo a meter hífen. São 16h27 e eu estou ouvindo Sandy. O ao vivo. Tem certas músicas que já me enjoam como a cover de “All Star”, de Nando Reis. Aliás, acho que essa é a única que me incomoda, das demais eu gosto. Da abertura, “Meu Canto”, também estou um pouco farto. Vou pegar outro copo de Coca. Será que vou ser obrigado a tentar dormir cedo para que essa celeuma com a minha mãe seja solucionada? Espero que não. Não abrirei mão de um direito que me assiste. E que em nada atrapalha a vida de ninguém. Acho até que meu padrasto prefere almoçar só com mamãe, pois podem conversar abertamente de seus assuntos. Sem precisar levar em conta a minha presença e falar de algum tema mais abrangente. E podem falar do jeito que se falam quando a sós. É um momento em que acho que minha presença é mais um atrapalho que um prazer. E quero perder peso. Através da minha dieta somaliana leve. Se ela não está fazendo nada para controlar seu peso, deveria respeitar a minha tentativa. Deveria entender de uma vez por todas que eu sou diferente dos demais, que eu tenho um modo de levar a vida que não segue especialmente as convenções sociais, tampouco as quebram, digamos que eu sou um tanto excêntrico, mas sem extravagâncias que choquem a maioria das pessoas. É engraçado, na casa da minha tia, respeitam muito mais os meus horários e minha “excentricidade” de modo geral do que na minha própria casa. Que mamãe não leia isso, senão se magoará e fará algum tipo de chantagem emocional do tipo “então vá morar lá com a sua tia” e talvez acrescentar “vamos ver se ela lhe aguenta”.

16h52. Minha mãe acordou tarde demais para irmos aos Correios. Espero que ela deixe eu ir na quinta. Está aparentemente mais calma. Não sei até quando. Estou preocupado com a questão de publicar um e-book, ele ser vendido e tributado em meu nome e isso de alguma forma invalidar a minha pensão. Espero que não. O Nirvana entrou. “In Utero”, para variar. Depois vem o “Nevermind” que ando permitindo tocar, seguido do “Bleach”, que aí já não passa. Meu computador está muito lento, espero que não seja o aplicativo do Spotify que instalei. Pelo menos, desde que migrei do site para o aplicativo, as músicas têm tocado quase sem engasgar, o que é ótimo. Desde que coloquei para tocar agora, não engasgou nenhuma vez. Tocou o de Sandy todinho e já vai na segunda do “In Utero” sem interrupções. Cada vez que ouço este do Nirvana, gosto mais dele, como acontece com quase qualquer disco, em verdade. Pelo menos comigo. A repetição é a melhor amiga das canções, pois me levam a me familiarizar com elas, me apodero delas, passam a fazer parte da minha vida, ficam impressas na minha alma. Não que eu faça isso com toda e qualquer música, há uma boa dose de preconceito musical em mim. Não gosto e evito as músicas que fazem muito sucesso hoje em dia no Brasil, pois as poucas que tive a oportunidade de conhecer eram de um gênero que não me apetecia nem um pouco. A mim me parece que forró eletrônico, sertanejo e brega estão se fundindo num gênero só, não consigo mais distinguir uns dos outros. E nenhum dos estilos e principalmente este novo estilo amalgamado me agrada. Não gosto do funk também. Enfim, tenho um gosto musical muito limitado, limitação esta que me faz sofrer um pouco mais no mundo de hoje. Ainda bem que quando estive internado, a turma botava na Nova Brasil FM. Ou levavam CDs e músicas que nada tinham a ver com essa cena musical predominante no Brasil atualmente. Obviamente quando a fonte musical eram CDs, nem sempre me agradava o que era posto também. Não gosto de Heavy Metal, por exemplo. Mas me desagradava menos que ouvir o que hoje é produzido para as massas em nosso país. Acho de uma pobreza lírico-musical sem precedentes na história da nossa música. Para ser sincero, parei nos anos 80-90, poucas são as coisas novas que realmente me agradaram depois disso. Conto nos dedos de uma mão: Los Hermanos, Strokes, Belle & Sebastian, Sandy – se você contar a carreira solo como algo à parte da dupla, que é como deveria ser considerada – e acho que só. Confesso que não garimpei, nem me mantive antenado com a música alternativa no mundo, como muitos dos meus amigos. Não ouvi Arcade Fire, Interpol, Sigur Rós etc. Ouvi aqui e ali e algo me agradou. A única que não me desceu de jeito nenhum foi Coldplay. Não sei bem por quê. Não vejo originalidade, não vejo alma, me dá a impressão de que falta algo para aquele som me tocar. E não me toca, mas prefiro ouvir Coldplay que os sucessos do momento no Brasil. Para me defender de ambos tenho o meu iPod sempre à mão. E às vezes ligo mesmo meu “autismo auditivo” e fico viajando nos meus sons. Para a minha tristeza e às vezes irritação, o meu iPod já está com um defeitozinho no fone de ouvido, dependendo do movimento ou da posição em que fica, toca só um lado, está com algum tipo de mau contato. E é original da Apple que, reza a lenda, tem produtos altamente duráveis e confiáveis. Não sei se é porque enfio nele também o cabo que o liga ao som e este de alguma forma danificou o iPod, mas acho que não, acho que é problema do headphone mesmo. Se for realmente à Europa, eu compro outro fone por extorsivos 35 euros. Ou peço para o meu irmão ver se chegou o que comprei nos EUA na casa dele e que traga no final do ano. Acho a segunda opção muito mais econômica e que deve ser avaliada antes de desembolsar 35 euros. Afinal eu comprei o fone e ele foi tido como entregue, logo não tem porque eu gastar dinheiro com um terceiro. E, sim, eu sei, com o Spotify eu posso explorar as bandas que quiser, mas não sinto ímpeto para isso, as possibilidades são por demais acachapantes para mim que não consigo nem escolher que videogame jogar dentro da minha coleção. Mas não falarei de videogames de novo. Chega. Vou dar um tempo nesse assunto, por mais que me assole. 17h55. Não sei de onde vem tanto conteúdo – fútil, eu sei – para preencher estas páginas. É algum tipo de mágica que se opera no meu ser que sigo escrevendo e algo sempre me surge. É só escrever isso que, de repente, algo em mim me desobedece e a inspiração foge como um raio de mim, me deixando sem palavras. Ouvindo “Nevermind”. É realmente um clássico do rock. Todas as músicas são instigantes e grudentas no ouvido. Só tem hits. É incrível. E tão cheio de energia e vida. Cheio de gana de fazer sucesso. Acho que eles, do Nirvana, e o produtor sabiam que tinham um diamante nas mãos e fizeram o máximo para lapidá-lo e o tornar o mais brilhante possível. Mas já tratei disso aqui. É porque até o meu repertório musical é limitado. Por mim mesmo. Como acho que os demais repertórios que carrego na vida também o são. Fiquei feliz que consegui engajar uma conversação com as garotas no sábado. Foi um dos melhores momentos da minha semana. Certamente foi o acontecimento social mais relevante para mim. Mesmo com todas as restrições de repertório eu fui capaz de conversar. Isso me fez muito bem e me deu um pouco mais de autoconfiança para novas interações da mesma natureza, o que é raro. Geralmente, encontro já com amigas conhecidas. É raro meu primo-irmão trazer novas pessoas à baila social. Especialmente que sejam interessantes para mim. Pois o improvável aconteceu no forró da Casa Astral nesse sábado e só desfrutei dele por poucos minutos, o que é uma pena. Poderia ter sido mais afoito e tê-los seguido até o salão de dança, mas não me aventurei, achei muito cheio e barulhento para me arriscar. Ainda mais que não danço. Poderia pelo menos ter esperado até o forró acabar para nova chance de interação, mas algo se operou em mim que julguei ser melhor voltar para casa. Hoje, me arrependo. Poderia ter interagido mais com as meninas no breve intervalo depois da festa e antes da partida para o Recife Antigo. Isso se o magneto de atenções que é um amigo nosso me deixasse falar com alguma delas e não ficasse o tempo inteiro captando a atenção de todos com o seu monólogo interminável. Ele consegue fazer nas conversações o que só atinjo escrevendo aqui. Com a diferença de que ele prende a atenção dos ouvintes e eu não sei se prendo a atenção do leitor que aqui aporta. Chega a ser impressionante o seu desempenho e desenvoltura sociais. Bom, perdi a oportunidade e o que passou, passou. Que venham mais ocasiões semelhantes. Mesmo que bastante esporádicas. Acho legal que já estão aprovando os meus textos nos grupos de leitores e escritores automaticamente, como se tivessem desenvolvido uma confiança no meu conteúdo. Acho muito bom isso. Me aquece a alma de escritor. Sei que é algo minúsculo isso, mas para mim é de uma importância significativa.

18h29. Enchi o copo de Coca e porque estava na última música do “Nevermind” recoloquei a lista começando agora do começo, do último disco de estúdio de Sandy. Então vai rolar mais ou menos uma hora de Sandy agora. Preciso voltar a digitar o diário da minha última internação. A coletânea desses diários será o conteúdo do meu próximo e-book. O primeiro foi um desafio que me coloquei de escrever 50 páginas em 15 dias e escrevi tanto que acabei por alcançar a meta em uma semana! Hahahahaha. Lembro que havia me proposto a mesma coisa há algum tempo atrás, alguns anos atrás, e chegaram os 15 dias e fiquei apenas com 46 páginas. Alguma coisa mudou de lá para cá. Não sei o que foi. Não sei se encontrei a minha voz literária ou aceitei a voz que tenho e, com isso, o prazer de escrever aumentou e a motivação para fazê-lo está sempre presente e pulsante. É uma das maiores delícias da minha vida. Talvez a maior delícia, escrever isso. Escrever por escrever, só para soltar o verbo, deixar o texto me levar pela mão e me guiar, deixar as rédeas frouxas para que siga o texto por onde quiser ir. Raras são as vezes que necessito puxar as rédeas. Me acostumei com o tipo de conteúdo que cabe aqui e consigo separá-lo automaticamente do que pertence ao “Desabafos do Vate”.

19h13. Me perdi em alguns afazeres, mas, findados, volto aqui para o meu esporte favorito. Jogo individual. Gostava de jogar vôlei. Não era dos piores. Isso há o quê? 20 anos, no mínimo. Como o tempo passa rápido, para mim parece que foi na semana ou quinzena passada. Fora de brincadeira, a lembrança me veio muito próxima, a sensação de prazer muito próxima e sólida. O desfio, os acertos, o jogo como um todo me tomou de forma intensa. Mas jogar vôlei é algo agora muito distante de mim porque assim o quero, porque assim é mais cômodo. Não saberia onde jogar. Não me deslocaria até as praias para fazê-lo e fazer feio pois, como disse, há 20 anos não jogo. Não, não e não. Fora de cogitação. Não me daria prazer hoje, apenas muito cansaço e vergonha. E eu não teria cara de chegar a um grupo de desconhecidos e pedir uma chance no jogo. Está para muito além das minhas aptidões sociais. Outro jogo que gostava bastante era frescobol. Eu posso até dizer que era relativamente bom nele. Fui bom. Faz 20 anos também que não jogo. Talvez um pouco menos, mas não muito menos. Lembro particularmente de uma vez que eu e meu irmão jogamos em Pipa, quando das férias com meu pai e da minha madrasta lá. Nossa, como a minha madrasta foi baixa comigo na questão da curatela. Para me impedir de adquirir o benefício, ela montou um dossiê com todas as fotos felizes que eu tinha no Facebook e entregou no órgão competente alegando que eu não tinha as complicações que ela mesma vivenciou comigo. E alegava que tinha um sentimento maternal por mim e eu a tratava superbem, talvez o único da família, além talvez do meu tio de Macau, que ainda mantiveram uma relação com ela. Uma boa, excelente relação. É incrível como o dinheiro corrompe a alma. Para não perder metade da pensão, ela se utilizou desse expediente do Facebook. E, por causa disso, tive de dar nova entrada para uma terceira e definitiva perícia sobre o assunto que felizmente, para o meu inexprimível alívio, me foi favorável. Não desejo o mal à minha madrasta, entretanto. Como acho que não desejo a ninguém. Só que o que ela fez tornou a nossa relação inviável, pois tudo o que ela dizia sobre mim e nossa relação perdeu completamente a credibilidade para mim. Seria talvez uma tarefa impossível voltar a acreditar nela. Não sei. Passou e que fique no passado. Foi uma tremenda decepção para mim, não esperava nunca isso dela, mas aconteceu e está feito. Graças aos céus, consegui a minha pensãozinha querida e amada; a minha paz no mundo. A minha garantia de vida. Nunca deixarei de ser grato por essa bênção. E espero nunca a perder. Se isso ocorresse, acho que eu entraria em parafuso, em completo desespero. Por favor, a quem de direito, me mantenha com a minha pensão até o final da minha vida. Perder a minha pensão talvez seja o maior medo que corra em mim. Que me ocorra agora. Perderia o meu chão. Nem sei, vou até mudar de assunto, pois esse é um assunto muito delicado que ao mesmo tempo que me provoca alívio, vem acompanhado de eterna apreensão. Da eterna insegurança de “e se eu perder?” Vixe, deixa esse assunto para lá. 19h52. Vou pegar Coca.

19h55. Meu padrasto chegou e comuniquei-lhe que minha mãe havia ido à hidroginástica, como esta me pediu. Estou sem assunto. Era bom ter uma caixinha com várias palavras ou frases a qual eu pudesse recorrer em busca de um tema. Tive uma ideia, vou pedir um tema a alguém que está online no Facebook! Hahahahaha. Não poderia ter escolhido pessoa mais adequada, é a que está no topo da minha lista agora, o meu (ex?) psicólogo. Ele pode dar um tema bem interessante para eu desenvolver. Acho que ele vai me ajudar. Perguntou detalhes sobre o blog. Vou pegar uma Coca. Espero que ele sugira um tema.

20h13. Ele respondeu:
“Certo. Você pode falar de conflitos diários e universais. Dificuldade de arrumar uma companheira, como lidar com o tédio, a difícil arte da resiliência, lutar para manter o corpo nos padrões sociais, se tornar adulto e por aí vai.”

Bom, ele me deu uma gama de temas. Cabe a mim escolher um. Sobre o tédio, eu lido escrevendo, com o CAPS e saindo com o meu primo-irmão. É verdade que preciso ampliar o grupo de pessoas com quem eu saio, pois, por mais que meu primo-irmão, graças aos céus, saia praticamente todo final de semana, eu poderia variar de círculo social, o que talvez me abrisse alguma porta para conseguir uma nova companheira, muito embora ache que não fosse me interessar por nenhuma das amigas da gatinha e sair com o meu outro primo me ofereceria um universo em que já conheço todos e todas e essas não querem nada comigo ou eu não quero nada com elas, mas seria bom rever esta parte da minha turma, que há muito não reencontro. A Gatinha me chamou para ver Logan, mas depois não falou mais no assunto e eu não o puxei. Ia contatá-la pelo WhatsApp, mas acabei perdendo a coragem, não sei por quê. Não estou a fim de ir ao cinema, talvez. Não, isso é pura acomodação. Vou contatá-la. Pronto mandei um “E aí o Logan?” para ela. Finalmente sobre o tédio, me incomoda o fato de não querer usar os videogames para combatê-lo, mas isso quem lê esse blog já está careca de saber. Desta minha crise com os videogames.

20h29. Sobre a minha dificuldade de arrumar uma companheira, acho que é um tema recorrente do blog, entra post e sai post e este tema reaparece. O fato é que tenho extrema insegurança em abordar uma desconhecida, o que atrapalha muito as coisas. Se for uma menina que esteja inserida no grupo social em que estou, aí já facilita bastante como pude perceber no sábado passado na Casa Astral. Não sei, entretanto, como conjurar novos encontros no mesmo formato. Acho que isso vai ficar meio a critério do acaso mesmo. Sobre abordar desconhecidas, acho uma atitude social tão artificial e forçada para mim que fica difícil tomar tal tipo de iniciativa. É muito não-eu. Se pelo menos formos apresentados um ao outro por uma terceira parte e iniciarmos o papo com a presença pelo menos dessa terceira pessoa, acho que a coisa flui mais fácil.

20h39. Sobre a difícil arte da resiliência? Segundo o Wikipedia “A resiliência é a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades.” Confesso que estou meio enferrujado nas artes da resiliência porque, sinceramente, tenho procurado o caminho mais fácil para mim. Com menos dificuldades e adversidades possível. Então diria que a minha forma de lidar com a resiliência é evitando tudo o que possa invocá-la a ser necessária. A Gatinha me respondeu que ia para Logan. E que iria tirar um cochilo. Fiquei sem entender direito. Mas voltando à resiliência, acredito que a vida me tem sido boa em relação a adversidades, mas quando essas se me apresentam, tento encará-las com o máximo de frieza possível. Sem me estressar. Estresse não leva a nada. Talvez seja até por isso que esteja evitando videogames. São fontes de estresse desnecessário. Eita, pode ser isso. Acho que é isso! Eureka! Eu estou encarando videogames como uma fonte de estresse, que são, sem conseguir enxergar que é um tipo de estresse recompensador, que entretém. Preciso, como disse antes, parar de olhar para o receio e me focar na vontade ou no prazer, nesse caso, que o videogame vai me oferecer. Preciso ser mais resiliente em relação a isso. O problema é que é muito mais cômodo evitar estresses desnecessários. A escrita não me oferece estresse algum, eu tenho o controle de tudo. Não há variáveis que não estejam subjugadas à minha vontade. Afinal, o texto é uma manifestação estrita da minha vontade de dizê-lo, senão não o faria, senão escreveria outra coisa ou não escreveria. Aqui, no Word, é o núcleo da minha zona de conforto. Só preciso sair daqui para pegar Coca. Às vezes tomar um banho, às vezes comer alguma coisa, dormir, enfim, o básico para viver com o máximo de conforto e o mínimo aceitável de asseio. Claro, há o CAPS e as baladas também. Mas, para esses, interrompo a minha escrita com prazer. Mas o núcleo, o epicentro da minha vida é escrever aqui. Não há estresse dentro do Word. Não há desafios, não há obstáculos, não há adversidades, não há nada que possa me incomodar e me agarro a isso como quem se afoga se agarra a uma boia. E me diverte muito ainda por cima. Principalmente me diverte muito. Pois não faço por obrigação, faço por vocação e prazer. Por vocação, entenda-se que tenho uma inclinação especial pela palavra escrita, pois é onde encontro mais liberdade na minha vida deveras limitada e cerceada. Acho que a escrita é a forma de impor minha resiliência contra a opressão das circunstâncias limitadoras. Em vez de tentar mudar essas circunstâncias, impondo os meus desejos, o que geraria conflitos, estresse e talvez medidas ainda mais duras de cerceamento de liberdade, eu me liberto aqui na escrita. É minha grande válvula de escape. É uma liberdade que ninguém me rouba. A não ser que me privem do meu computador. O que seria uma crueldade sem tamanho comigo. Seria quase como me amputar um membro. Mais uma vez, não se confunda aqui vocação com talento. São duas coisas, dois valores completamente diferentes. Não sei se tenho talento para escrever, sei que tenho uma inclinação natural para escrever e mais do que escrever para escrever isso que agora escrevo. Não romances, palavras de sabedoria, críticas sociais ou seja lá o que for, escrevo apenas o que me dá no tino, essa liberdade ampla e larga é que me encanta no escrever, não me importo com o que o leitor vai achar. Até porque reparto meus textos com pessoas desconhecidas para evitar esse tipo de censura. Embora a imponha quando o muito íntimo, o secreto se apresenta. Aí corro para o “Desabafos do Vate”, mas isso são momentos muito raros e esparsos. Mas sobre resiliência o que posso dizer mais? Não há nada mais a dizer, sou um fugitivo de tudo o que me incomoda ou pode me causar alguma dificuldade. Ou quase tudo. Há obstáculos e desafios que eu acho válidos enfrentar, visto que a recompensa me parece maior que o esforço. Ficar limpo das minhas drogas de preferência, por exemplo, requer às vezes certo esforço, mas a recompensa é muito maior. Não beber mais álcool já nem me incomoda mais. Me adaptei à vida com as limitações que as minhas drogas de preferência me impõem. A antes necessária resiliência virou hábito. Tenho muito medo de precisar usá-la, pois me falta resiliência, eis a verdade mais verdadeira. Se a possuía a cada segundo a possuo em menor quantidade. Quase nada me resta de resiliência, estou quase que plenamente acomodado como estou. E na acomodação não há dificuldades. Se me envergonho disso? Dessa acomodação, dessa falta de desafios e obstáculos e adversidades? Bem, um pouco. Mas me sinto muito mais abençoado por conta disso e esse sentimento empalidece qualquer vergonha que tenha da minha acomodação. Acredito que muitas pessoas gostariam de estar na minha situação. E por isso me envergonho. Tenho todo esse rol de facilidades que em muito se sobrepujam às dificuldades oferecidas pela minha condição e vivo uma vida leve e fácil. O mais leve e fácil que consigo. E sou livre por causa do Word e praticamente dele apenas. E ele me é mais do que suficiente. Não procuro quase mais nenhum tipo de liberdade pois eu me basto em mim através destas palavras. Claro, óbvio, que um novo amor me faria um bem enorme, mas para isso eu teria de me utilizar de uma resiliência que não sei mais se disponho. Se fosse me comparar a um personagem, acho que escolheria o Garfield. Não gosto muito do personagem nem das tiras, quando costumavam ser publicadas em um jornal a que tinha acesso, mas ele é um bon-vivant totalmente à vontade na condição em que se encontra. Assim sou eu. E defendo-me de qualquer ameaça que venha me roubar isso. Eu tenho muito tendo muito pouco. Graças às palavras. Graças a elas me livro do tédio e não tenho que usar da pouca resiliência que me resta, salvo inevitáveis exceções. Acho que já começo a redundar no tema, então vamos ao próximo, mas, antes, um providencial copo de Coca. 21h30.

21h32. Se bem me lembro o próximo tópico é a luta para manter a forma física. Bem, como é sabido do leitor a forma que encontrei de perder o bucho é comendo o mínimo possível, forma essa que é frequentemente sabotada pela minha mãe que me obriga a comer quando não estou com fome. Mas, apesar disso, venho perdendo lentamente o peso. E assim segue a minha luta para mudar a minha forma física rotunda para algo mais retilíneo. Exercícios, estou fora. Completamente fora. Caminho somente o necessário para me deslocar para os lugares que necessito ir ou me são designados por vias de alguma circunstância especial. E só. O meu negócio é fechar a boca para perder peso. E só. E não tenho a mínima vergonha de admitir meu sedentarismo, não.

21h40. Vamos ao último tópico, “tornar-se adulto”. Se isso significar ser alguém como os meus pais, que foram os meus adultos de referência, não, nunca conseguirei ser adulto. Se ser adulto é arcar com as consequências dos seus atos. Digamos que eu sou forçado a lidar com elas. Mas minha vida é muito “inconsequente”, digamos assim. Não faço muita coisa além de escrever, então não tenho grandes responsabilidades. E não costumo assumir novas responsabilidades. Como já disse em posts anteriores, sou alérgico a estresse e a obrigações, então as evito ao máximo. Tudo me vem, por sorte, ou pela forma que me posicionei no mundo, de mão-beijada. Abdico de muito, mas estou satisfeito com o pouco que tenho. E não acho que tenho pouco. E sou extremamente bem-afortunado. Tenho todas as facilidades que um homem moderno pode desejar. E um pouco mais. Não tenho do que reclamar. Não trabalho – embora considere minha escrita uma forma de labor, mesmo que não remunerada –, não tenho filhos, não tenho contas para pagar, tenho algumas dívidas que o que sobra da minha pensão cobre, não dirijo, não tenho quase nenhuma responsabilidade que um adulto possui, apenas tenho a idade de um adulto. Mas nada na minha vida e em mim, a não ser o aspecto físico, aponta para um ser adulto. Não me envergonho disso também. Não queria nunca ser como os meus pais. Não vejo nenhuma benesse em ser adulto. A não ser a independência, mas essa já me foi juridicamente tirada. Minha independência a exerço no que escrevo. Onde exerço minha autoridade, minha autonomia, a minha independência, a minha liberdade, aqui sou senhor de tudo e, em vista disso, responsável por tudo. Aqui é o espaço onde sou mais adulto. Talvez esteja sendo um pouco hiperbólico. Devem haver aspectos outros na minha vida em que me coloco como adulto, mas, sinceramente, não os reconheço. Estou entre a criança e o adolescente. E o velho, que também significa um retorno à infância. Admito ter alguma maturidade, é inevitável não a adquirir à medida que se adquirem anos. Estou já com 40. Oito dias para o ingresso no imenso clube dos “enta”. Do qual, salvo o advento da Singularidade, eu não mais sairei. Abusei demais da máquina que carrega o meu ser para que ela aguente mais do que outro tanto de anos equivalente aos que já vivi. Talvez morra até muito antes disso, tamanho é o descaso com o corpo. Me sinto fisicamente velho. É onde o meu velho se manifesta com maior proeminência e o acolho de bom grado. Não vou atrás de nenhuma fórmula de juventude. O corpo é um bem tão perecível quanto é inalienável. E estou absolutamente convicto que não mais desabrocho, essa fase já passou, agora lentamente e incessantemente vou murchando. Até a vida decidir se abandonar de mim. Não me incomodo com isso. É um ciclo. É o tempo que é me dado, da forma como me é oferecido. E sou grato por ele. Já amaldiçoei muito a vida, mas cheguei a uma configuração de vida na qual considero bom estar, gosto de viver a minha vida assim. Estou relativamente em paz comigo e com o mundo. Me falta a garota. Talvez. Algo muito profundo e seminal diz que sim, mas não faz mais tanta falta como já fez. Depois de tanto tempo solitário, acabei me acomodando a isso também. Embora ainda há uma chama que queime. Ainda há uma esperança nalgum canto da alma. Mas não a persigo como se isso fosse vital para mim. Não mais. Se acontecer ou se eu fizer acontecer, tanto melhor. Senão, se não, não vai mais fazer a tremenda diferença que faria. Acho que aqui estou sendo exageradamente displicente em relação a importância que dou a um relacionamento, mas é assim que minha alma se afigura hoje e agora. Em suma, sou um adulto infantilizado, acomodado e solitário que está bem acima do seu peso ideal. E sendo isso, estou de bem com a vida. Passei tanto tempo de mal com a vida, odiando os meus dias e desejando a morte, justamente, em grande parte, por não suportar o fardo de ser adulto, de acha-lo muito tedioso, que essa situação mediana ou até medíocre para muitos, me apraz, posto que não me deixa mal. Me sinto bem e de bem com a vida. Acho que é isso o que realmente importa. Posso me sentir melhor? É claro! Busco isso? Bem, não com o ímpeto das pessoas em geral, mas busco. Entretanto me sinto satisfeito com o muito que tenho. Eu pelo menos acho muito. Gostaria de gostar um pouco mais de mim, mas hoje até que estou satisfeito com o que sou. Hoje é um dia especial, pois me pego satisfeito comigo. Isso costuma ser raro, mas depois de todos esses temas que abordei a pedido do meu (ex?) psicólogo, eu me sinto especialmente bem comigo mesmo. Gosto do que faço – escrever –, não desgosto do que sou, não tenho grandes necessidades materiais a serem realizadas, então hoje – 11 de abril de 2017 – estou em paz comigo e com o mundo. E preciso desesperadamente de um copo de Coca. 22h30.


Incrível. Me pesei antes sair do quarto e estava com 95,6 kg. Fui fazer xixi, me pesei de novo e deu 93,7 kg. Massa. Vou tentar revisar essa monstruosidade que escrevi hoje, para publicar e repartir nos grupos de escritores e leitores e com o meu (ex?) psicólogo. Duvido que ele leia tudo. Hahahahaha.  

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