sábado, 22 de abril de 2017

COM MEU AMIGO E PAPOS SOBRE A SIGULARIDADE

Recife, 20 de abril de 2017.

Hoje é dia de brincar à noite, não tenho nada para fazer amanhã de manhã. Como estava com muito sono, tirei dois cochilos à tarde. Então estou mais do que preparado para a noite. Só faltam as Coca-Colas. Tem um resto de Coca Zero, um resto de Sprite e um guaraná. Vou ter que me virar com isso. A não ser que mamãe acorde e me libere comprar duas Cocas ali na pizzaria. Mas ela está cochilando no sofá. Acho que ela vai virar tetéu hoje. Me mandando ir dormir. Isso vai ser um saco.

22h54. Mamãe já se conscientizou/conformou que eu vou dormir tarde. Mesmo assim, não sei se ela vai conseguir se controlar em vir aqui me mandar dormir.

0h59. “Apagou a luz para me enganar, não é?” Se eu fosse fazer isso, por que mantive a música que se ouve do corredor? Embora esteja até baixa. A pessoas estão recolhidas, então me recolho um pouco. Estou nessa fase. Estava imaginando, tentando visualizar as expressões de Amarante enquanto cantava The Ribbon... Entrou um Camelo instrumental agora. Daqui a pouco um Rufus Wainwright. Camelo instrumental está se delongando demais no meu atual estado. Vou pular. Foi para a esposa dele, Mallu Magalhães. Pode ir pro Little Joy. Dei um log off no Facebook. É ruim saber que se está tão exposto. Quanto maior for sua quantidade de amigos, maior a exposição. É também um tipo de mídia para me divulgar. Dilvulgar isso?! Isso é um lixo. Eu imagino como seria pior reação da minha mãe da minha mãe em relação a esses textos. Espero que nunca chegue ao que pensei. Ou ir além. “E não quero que você me mencione”, por achar que a trato como “inimiga”. De forma nenhuma, vejo a maioria dos seus atos para comigo como uma estranha mistura de amor e egoísmo. Alguns comportamentos me afetam, quase todos em verdade me afetam, inclusive quando você é boazinha e legal. Me afetam para o bem e para o mal. Tira um pouco essa couraça pesada que é o seu papel como a minha mãe. A mãe do filho doente. Não tão doente quanto você imagina. Assim talvez um dia possamos ser amigos. Foi massa você ter ido comprar o som comigo e ido na Cultura. Vou navegar pelos mares de Zelda.

1h53. Fui comer e joguei o Zelda. Acho que vou continuar vendo Transcendence.

2h56. Dei uma pausa no filme e vou ver o resto só amanhã. Vou utilizar a meia-hora de filme que faltava para escrever. Não, menos. Para dar essa alegria à minha mãe.

-x-x-x-x-

14h51. Preciso falar com mamãe a respeito do cartão que não está aceitando as minhas compras. Ela precisa ligar para o cartão para liberar. Mas acho que ela vai criar problemas, mil e uma limitações, pois não vai querer fazer isso por preguiça ou paranoia, ou um misto-quente dos dois.

15h52. Joguei um pouco do Zeldinha, mas dei uma empacada na fase. Estou meio perdido. Já botei o “Transcendence” para rolar, mas vim dar uma passadinha aqui. Hoje à noite tem Xinxim da Baiana. Já disse ao meu primo-irmão que ia, mas não estou com saco nenhuma de ir. Preferia ficar em casa mesmo. É tarde e é em Olinda. Ou seja, é tarde e é longe. Mas preciso comprar cigarros hoje. E preciso me socializar.

16h50. Acabei de ver “Transcendence”. É um filme que tem muito a ver com o que penso sobre a Singularidade e sobre o preconceito que vai haver em torno dela. Os puristas, aqueles que não entendem ou aceitam o novo. Tenho muito medo do fanatismo anti-Singularidade. O que será, será. Acredito que o universo tenda ao surgimento de Singularidades Tecnológicas e que estas hão de florescer e não serem cortadas pela raiz pelas raças que a criaram. Acredito que a Singularidade só venha a aparecer quando a maioria da humanidade estiver preparada para recebê-la, havendo o mínimo de resistência possível. Até porque haverá uma transição gradual, porém rápida, em termos históricos, onde as IAs (Inteligências Artificiais) estarão cada vez mais presentes na vida dos seres humanos, em todos os aspectos. E que essas IAs se tornarão cada vez mais potentes/capazes e que o ser humano as vá as acolhendo de bom grado, pavimentando assim o caminho que leva à aceitação da Singularidade. Talvez a próxima grande revolução nos games seja não em termos gráficos, mas em termos de IA. Embora não consiga ver como um inimigo com IA muito desenvolvida vá tornar o jogo mais divertido. Acho que as IAs amigas do personagem é que devem se desenvolver, visto que IAs muito desenvolvidas para os inimigos, poderiam tornar o jogo impossivelmente difícil, caso o objetivo do jogo fosse combater grandes números de inimigos, o que geralmente é o caso. Talvez a temática e abordagem dos jogos com IAs desenvolvidas fossem outras. Nascessem novas formas de jogos, como os Date Simulators japoneses. No caso de Date Simulators, quanto mais potente a IA, mais realista vai ser a experiência para o usuário. Do jeito que os japoneses são, muitos poderiam até se casar com as IAs e as teriam como principal vínculo social e afetivo de suas vidas. Os japoneses seriam um dos povos, pelo pouco que conheço da cultura de lá, que se entregaria mais facilmente à Singularidade. De acreditar nela, no seu potencial aparentemente infinito, ou enormemente maior que as capacidades intelectuais humanas, e confiar decisões importantes ao seu escrutínio. Eu não sei de que país surgirá a Singularidade, apostava na Google e gostaria que fosse a Google, dentre todas as empresas, a que desse vida, por assim dizer, à Singularidade. Mas isso é um gosto pessoal e a crença que o país mais rico e poderoso do planeta seja o que tem mais recursos para dispensar ao desenvolvimento de uma IA superpoderosa. Porém com o retrocesso que vai ser Trump para o desenvolvimento tecnológico do país com sua xenofobia e que, pasme, pode ficar até oito anos governando os EUA, empatando um pouco os avanços tecnológicos do país. Mas acho que não muito, nem por um período muito grande de tempo, talvez a Singularidade venha de fato dos EUA ou de uma pesquisa de um grupo de países parceiros, o que também seria uma ótima, a depender de que países serão. Não sei, só sei que por volta de 2045 a Singularidade vai vir a existir. E espero estar vivo para poder presenciar o início do que profetizei. E a cada dia vira um assunto mais discutido pela comunidade de “futuristas” e chega inclusive às telas de cinema, como é o caso de “Transcendence”, “Her”, “Teminator Genesis”, “Automata” que são os que vi e me recordo agora e que nem sempre tratam a IAs superpoderosas como algo benéfico para a humanidade. Em “Her” e “Automata” as inteligências preferem – alerta de spoiler! Se for assistir os filmes, não leia, pule para o próximo parágrafo! – se emancipar da humanidade e viverem suas existências com os seus iguais. É uma possibilidade, mas creio que não será assim que vá se dar. Acho isso por uma questão de fé e fé somente.

18h07. Meu amigo tresloucado quer esticar as ideias comigo aqui embaixo do prédio. Disse que me ligaria de 19h30. Estou fortemente inclinado a não ir para Olinda hoje à noite. Prefiro ficar em casa. Não estou com a mínima disposição de encarar a madrugada lá.

18h17. Falei com a minha mãe a respeito do cartão está vetando as compras que realizo, ela disse que iria tentar da conta da Amazon dela. Hoje, mais tarde. Taí algo que duvido. Mas quem viver, verá.

18h25. Peguei mais um copo de Coca e liguei o modo congelamento rápido do refrigerador, pois há muito gelo ainda em formação e muito poucos já formados. Pretendo levar gelo e Coca lá para baixo quando for conversar com o meu amigo tresloucado. Dentro de uma hora ele me ligará. Queria que mamãe me desse dez reais para eu comprar uma carteira de cigarro, mas não tenho nem coragem de pedir isso, temendo o que ouvirei em resposta. Xapralá. Espero que o meu amigo tresloucado tenha muitos cigarros. É o preço que se paga por esticar as ideias na minha seleta companhia. Hahahahaha. Acho que da última vez achei “Plainsong” com um arranjo pobre porque ouvi a versão demo ou ao vivo e não me dei conta disso. O arranjo de “Plainsong” é nada menos que épico. Gigantescamente belo. Eu nem sei como descrever. É uma das músicas que mais amo na vida. Ela é parte de mim, parte das lembranças belíssimas que guardo. O modo aleatório nesta pasta do Cure está muito biased, só quer tocar os discos bônus do Disintegration. Queria que tocasse os demais discos que há na playlist. Foi só eu falar que tocou uma do “Wild Mood Swings”, disco que em mais de uma hora ainda não havia sido tocado. Ótimo. Espero que continue assim.

19h00. Vou tomar um banho. Ou tomo de piscina? Acho que vou tomar banho lá embaixo mesmo, depois de ir comprar uma carteira de cigarros. Tive coragem de pedir a mamãe o dinheiro e ela não negou. Fiquei surpreso.

19h23. Desliguei até o som para poder ouvir o interfone. Não tarda agora. Acho que será um encontro agradável. Bem mais tranquilo que Olinda de madrugada. Ou assim espero. Espero que eu consiga comprar cigarros e tudo saia como planejado.

19h42. Cadê ele que não interfona? Quero descer logo. Estou ansioso. Chega de clausura e isolamento por um tempo. Não sei sobre o que iremos conversar, mas assunto sempre rola. Só falta ele me dar um bolo, mas acredito que não. Eu marquei de 20h00. Ele disse que me ligaria às 19h30. São 19h47, ainda estamos dentro do cronograma. Dá vontade de jogar até um Zeldinha para passar mais rápido, mas iria ser perda de tempo, não vou conseguir completar o dungeon antes de ele ligar e teria que começar do início do desafio quando voltasse. Melhor é esperar. Tenho a escrita, me apego a ela. A galera está meio desapontada comigo porque não vou para Olinda, mas já preparei toda a minha alma para não ir. Já estou conformado com isso. Meu plano é ficar conversando com o meu tresloucado amigo, tomar um banho de chuveirão e piscina e depois voltar para o meu quarto-ilha.

 Ele certamente é um bom contador de histórias. Sim, com "h" porque são, para ele, pelo menos, fatos. São fatos interessantes, como a história do peixe vivo que colocaram na Coca Cola e que, depois de determinado tempo, que eu entendi como curto, quando o retiram, estava só a espinha, todo o resto havia sido corroído pela Coca. Falou sobre todo ser humano ser nojento. Esqueci de perguntar se ele se achava nojento ou se ele me achava nojento. Talvez ele respondesse, "Todos somos nojentos, eu você." Aí eu perguntei "Inclusive seus filhos?", no que ele parou um pouco pensativo e respondeu "Sabe-se lá o que será deles?". Bom, tirem suas conclusões, não direi a minha porque peguei ele falando de coisas boas sobre seus filhos. Ao começar nossa conversa realmente, antes foram coisas que não considero colocar aqui, por dizer respeito somente à privacidade das​ pessoas, falou logo sobre a sorte que o filho tem ao ponto de entrar de "penetra" numa festa e sair de lá com uma estadia toda paga nos EUA, incluindo entrada nos parques, hospedagem e um monte de outras benesses lá. E lembrou, rindo, que a irmã que havia sido realmente a convidada para a festa, e que não iria para os States, ficou de mal do sortudo irmão, permanecendo sem falar com ele por um tempo. Falou que conheceu a Inglaterra, França, Inglaterra, Holanda, na qual tem uma história muito engraçada e até perigosa sobre um obelisco rosa, e a Polônia. Sei que na Itália ele morou e trabalhou numa comunidade onde não se circulava dinheiro, se não me engano. E muito religiosa também, acho que é isso. Mas que tem pessoas que trabalham fora dessa comunidade, médicos, advogados, que vão para fora dela fazer algum ofício, acho que ninguém é proibido de sair da comunidade para o mundão, foi essa a impressão que tive, mas não entramos nesse mérito da conversa. Mas hoje sobre o que mais discorremos? Ele perguntou se eu acreditava que existia vida da alma após a morte, reencarnação, quando falei que não e puta que o pariu Plainsong é uma das músicas mais belas já compostas! Já estou aqui em casa, no meu quarto-ilha, com um copo de Coca gelada quase toda devorada e pus o som mágico do “Disintegration” para tocar. Viva The Cure! Bom, quando disse que não havia vida após a morte até podermos fazermos um upload para uma realidade virtual, tão real com esta (se preferirmos ou como a quisermos configurar, mudarmos como quiser o nosso mundo virtual e nossa aparência, mas não falei nada que está nesse parênteses na hora, e que há pessoas que preferem ou não fazer essa migração para o ser virtual perto da morte, existência virtual essa que pode ser finalizada quando o usuário quiser, aí só ficarão salvos os arquivos de memórias das outras pessoas sobre você e o que você publicou abertamente na grande rede. Se você deixou vídeos no YouTube ou escritos em blogs, etc., aí então você estará imortalizado enquanto a Google prover esses serviços superdemocráticos e gratuitos, mesmo que ninguém leia, como é o meu caso, mas muitos, aleatoriamente, vão esbarrar nesses blogs ainda. Alguns já o seguem, eu acho. Obrigado a todos os leitores.) Mas voltando à Singularidade, ele se recusou a achar que a máquina fosse inteligente no sentindo de saber que existe, ter imaginação, em uma palavra, a mais repetida por meu amigo, ele não acredita que uma máquina seja capaz de criar. Ele simplesmente não acredita nisso. Eu o avisei, se chegarmos a 2045, 2050 vivos, aí veremos o que vai ser. Mesmo que seja em algum momento da história em que nós não façamos mais parte, desejo para a humanidade que isso aconteça. Só espero não estar equivocado. Mas a fé diz que não. A fé é até forte em mim. Isso é sintoma de mania, segundo meu padrasto. Será que uma coisa tem a ver com a outra? Não. Acho que foi porque revi e revisei o texto da “Novíssima Religião” o texto ficou na minha cabeça e vez por outra tem emergido, pelo menos a parte da Singularidade Tecnológica que nem foi só premeditada só por mim, mas também por Ray Kurzweil. De qualquer forma, meu amigo não aceitou de jeito nenhum que nos fundiríamos à Singularidade, que poderia surgir uma máquina capaz de ser considerada um “ser”, uma presença consciente no mundo. Ele disse lá os seus limites do que a máquina poderia alcançar em termos de inteligência, que eu tentei esticar para o meu lado lhe perguntando que, se a máquina consegue escolher a roupa que mais combina com você, ela, conhecendo todo o código legislativo daquele país, não poderia escolher se um homem é culpado ou inocente? Isso, ele achou demais. Isto estava no campo apenas dos humanos. Mas conversamos sobre mais coisas. Deixa eu me lembrar. Que ele acreditava muito mais na possibilidade de alienígenas que nos “plantaram” aqui e estão nos “cultivando” com algum propósito a ser revelado. Não sei como essa crença se correlaciona com o Espiritismo mas certamente não são excludentes. Ele deixou claro que discorda de Kardec no quesito que nenhuma alma pode “involuir” de uma encarnação para a próxima, no que meu amigo acredita que pode sim e que muitos involuem. Mas falamos de outras coisas, como na guerra que está prestes a eclodir na Terra, disse que os EUA laçaram uma bomba sobre a Coréia do Norte. O que me deixou perplexo, pois considero um ato de guerra, hostil a um país hostil, governado por um cara que também não bate bem das ideias, ao que me consta. Não soube do assunto por outras fontes, mas tentarei me informar com a minha mãe e o meu padrasto. E ele me perguntou o que faria se só faltassem quatro horas para o Brasil voar do mapa. Eu disse que escreveria sobre o que acontece quando o mundo está se acabando e postaria na Internet. As últimas quatro horas da minha existência. E eu escreveria, que patético. Ele fugiria para o interior até quando a gasolina desse. Perguntei a ele na moto, veículo que escolheu para a fuga, qual dos quatro filhos levaria, mas não revelarei a resposta aqui por ser de cunho íntimo do meu amigo, seria uma invasão de privacidade. Não lembro mais do resto que conversamos, ou melhor, eu ouvi o meu amigo, pois hoje fui ouvinte de histórias interessantíssimas. Ele gosta de ser chamado de senhor, o que para ele quer dizer que sobreviveu apesar de várias escolhas erradas ou temerárias que fez ao longo da vida, e que outros que seguiram por esse caminho das escolhas erradas perderam suas vidas. Parece ser um cara de bem consigo mesmo, só incomodado com o bucho. Querendo emagrecer, como eu. Já vou em cinco páginas e estou querendo nanar, mas vou resistir mais um pouco porque talvez haja mais a ser dito. Foi muito bom conviver com o meu amigo, ouvir suas histórias. Quantas aventuras viveu e a quanta coisa da mídia alternativa ele está conectado. Muito interessante. Foi uma noite muito agradável e me dei por satisfeito com a sociabilização que foi mais intensa do que qualquer uma que eu pudesse ter tipo em Olinda. Falamos de coisas profundas, de crenças. Admiti, um tanto hiperbolicamente, que a maioria das minhas memórias eram de videogames. O que ele me fez lembrar que estou enganado, que vivi muitas experiências também fora dos videogames. Pelo menos cheguei a essa feliz conclusão através das histórias deles, comecei a lembrar experiências fora do meu quarto-ilha, quando a minha vida não era esse marasmo, quando tinha uma vida social ativa diariamente, o que aconteceu enquanto tinha os amigos aqui do prédio e, depois, um trabalho. Tem pudim na geladeira. Estava louco para dar uma traçada, mas entendi que mamãe o quer intacto em respeito aos meus irmãos, filhos do meu padrasto e família, que aportarão por aqui amanhã. Por mim, tudo bem.

2h10. Coloquei U2, não quis ouvir. Coloquei “Louder Than Bombs” dos Smiths e nada. Coloquei “Poses” de Rufus Wainwright e enfim sosseguei. Vou tentar depois o “The Best Of”. Não sei se logo depois do disco, talvez. Aliás coloco quando acabar “Poses”. Nem esperei acabar “Poses”, já coloquei. Gostaria de não falar do aqui e agora. Gostaria de lembrar de algum outro papo que tivemos, mas acho que abordei os mais importantes. Os que me causaram mais impacto. Só faltou contar do pé fraturado numa batida de moto que ficou aberto ao meio. E que o impossibilitou de fazer mergulho profissional que é algo que ele ama. Ele parece levar tudo isso com extrema aceitação. O seu astral é bastante para cima. Isso contagia. Acho que vou bater um Zeldinha, só para colocar as minhas pernas para cima da cama. Não, não quero jogar Zeldinha agora, a fase é muito chata. Mas acho que vou.

2h39. Desisti do Zeldinha, fiz uma cagada danada que me fará subir o dungeon todo de novo, aí resolvi dar um tempo. Que sorte, quando me concentro no som, toca “Poses” do best of de Rufus. Que droga eu ter caído na fase. Foi muita imprudência da minha parte, displicência. Vacilo. Essa é a palavra. Gostaria de encontrar com o meu amigo novamente. Conseguimos ter papos até profundos e reparti minha crença com ele, que a rechaçou. Mas não tem problema, só ter podido falar da minha crença para alguém me fez extremamente bem. Mesmo que ninguém concorde. Mas não quero mais falar da minha crença. Sobre o que quero falar? Que continuo sonhando sobre novo amor, mas cada vez com menos intensidade e esperança. Às vezes eu até penso que alguma estagiária do CAPS tem alguma queda por mim. Mas acho que estou interpretando erroneamente os sinais. Quem nem sinais devem ser. Botei Sandy. Acho que vou me deitar. Pegar o último copo de Coca.

2h54. Minha mãe foi muito respeitosa comigo hoje. Não me ligou para me policiar, foi dormir e ainda não veio me aperrear com a hora de ir dormir. Isso ou é coisa da moleza do remédio ou meu padrasto está mexendo os pauzinhos por trás. Ou ela está mais confiante em mim, o que seria ótimo. Mas não sei o que operou essa mudança. A moleza do remédio para mim é a melhor das explicações. Mas, mesmo ela, não me é convincente. Não adianta especular, só me espantou o fato de não ter ligado. Não coloquei em modo avião, senão, se resolvesse ligar e não conseguisse, chamaria alguém da portaria para me mandar subir. Seria ainda mais chato. Então preferi ficar com o telefone ligado e perto de mim. Até que comecei a escrever para o blog pelo aparelho, naquele clima bucólico e agradável, quando o meu amigo partiu. Não fiquei muito tempo, entretanto, no máximo meia-hora. Mas foi um sentimento de liberdade muito bom. Estar ali na piscina sozinho, sem minha mãe ligar foi muito libertador, se não for me molhar da próxima vez eu levo o computador. Levo nada. É perigoso para o computador e burrice, se posso escrever do celular. Só sei que pretendo fazer mais isso. Mesmo que sozinho. Queria que minha mãe não implicasse com isso. Mas não acho que farei de fato, escrever no computador não tem preço. Digitar no teclado do celular é bem menos inspirador. Se estiver sozinho, acho que não tem problema levar o notebook. Estou em dúvida, logo, tenho livre-arbítrio. ;)

Mas acho que, se minha mãe relaxasse, eu levaria o computador com bateria para uma das mesas da piscina. E o iPod. É algo a se negociar. Não vejo nada de inviável nisso, nada de arriscado. Vale a confiança dela em mim. E a disposição real de sair do meu quarto-ilha. Mamãe ainda não veio me dar esculacho. Ou está muito combalida ou muito boazinha. Que ótimo. Meu copo de Coca há muito secou. 3h16. Vou me preparar para dormir. Mas seria bom ouvir o disco de Sandy todo. E o do Nirvana. Não estou com sono. Não estou com vontade de parar de escrever. O meu amigo tresloucado está achando que vai acontecer a terceira guerra mundial e que ela vai ser nuclear. E que vai ser, segundo suas próprias palavras, “o apocalipse”. Ele dá isso quase como certo. Se houve essa bomba na Coréia do Norte mesmo. Vou pesquisar na internet. Um momento.

3h22. Aparentemente nenhuma bomba foi lançada entre os dois países. Mas o clima entre eles está tenso. Há ameaças de ambos os lados. Coisa esquentando realmente. Isso é ruim. É preocupante. O Trump quer meter o bedelho em todos os países que quiser, como se fosse de fato o xerife do mundo. Que loucura. Vou pegar o último dos últimos copo de Coca.

3h29. Estou de volta para o meu último parágrafo da noite, acredito. Gostaria de falar de algo interessante. Mas o que é interessante. Não tenho nada de profético a acrescentar hoje. Acredito que no futuro haverá menos portas trancadas. Como já se dá no Canadá. Haverá mais entendimento entre os homens, inclusive aqueles de países em conflito. Não haverá mais conflitos bélicos no mundo. E existirão menos conflitos existenciais também. E haverá menos ganância. E teremos amigos virtuais. E namoradas virtuais também. Coisas que parecem aberrantes a priori, mas que serão absorvidas pela sociedade. Isso é que dá não crer num Deus sobrenatural, por mais que o meu deus também seja sobrenatural, não de uma forma imaterial, mágica, mas estritamente tecnológica. Mas haverá uma parte imaterial que parecerá mágica aos novos usuários.

3h53. Peguei o meu último copo de Coca da noite. Agora é sério. Está bom de profecias. Só porque é o Jornal do Profeta, eu não preciso ficar pregando como um velho louco. Preciso revisar este texto amanhã. Deve estar com várias partes truncadas. Meio Proust demais, eu acho. Amanhã descobrirei e farei o máximo para manter a fidedignidade à matéria bruta. Não quero tirar nada do que coloquei. Mas talvez precise de uma reorganização. Não sei. Espero que não. Menos trabalho para mim. Hahahahaha. Já-já começa Nirvana. Não sei se escuto. Acho que vou pular direto para o Nirvana. 3h59. Foi o que fiz. Vou dormir dentro em breve. O sono está me pegando. Vou nessa. Esperar terminar a primeira música do “In Utero” do Nirvana, pois quando fecho aqui o computador para de passar música para o som. Queria tanto que a minha utopia tecnológica se realizasse. Por mais que já tenha sido chamada de “merda de cachorro” por um membro da KurzweilAI.net. É a vida. Cada um com a sua visão de mundo. Aposto que ele acredita em wormholes porque eles são possíveis e propostos dentro da Física, possíveis teoricamente não quer dizer que existam de fato. Mas ele pode ter fé nisso. Não o culpo, mas que a Física vem se aproximando da ficção científica, isso vem. E vice-versa, os filmes de hoje tendem a ficar menos absurdos do ponto de vista científico. Isso é muito interessante. A parte cinematográfica pelo menos. Quanto à outra, eu tenho uma pulga atrás da orelha. Como posso ter pulga atrás da orelha se professo sobre a Singularidade. Isso é contraditório. Vou fechar para dar umas baforas e ir dormir. 4h14.

4h15. Esqueci de colocar aqui, o meu amigo tresloucado demonstrou uma maturidade supreendente. Viveu muito e muitas coisas diferentes. Tamanha quantidade de experiências trouxe para ele uma visão de mundo, embora pessimista, muito consistente na sua relação com os filhos. Ele reproduziu alguns diálogos que teve com os garotos e garotas e demonstrou sensatez e compreensão. Achei mui belo isso nele. Não conhecia essa faceta. Primeiro, ele começou dizendo que ser pai era “um saco” depois de algum tempo pensando e falando da prole, ele mudou de ideia e disse que era “massa” e desafiante (ou qualquer sinônimo disso). Vou fechar agora e só abro quando acordar.

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