Meu primeiro e provavelmente único trabalho como arqueólogo
cibernético foi mais fácil do que pensava. Queria ver se encontrava a página
que o cara dividiu em um milhão de pedacinhos e vendia cada pedacinho por um
dólar. Botei “one million dollars page” e dei de cara com ela, agora com o
slogan “Own a piece of internet history!”. Hahahaha. Bem sacado, esta página
realmente fez história. O link é esse: http://www.milliondollarhomepage.com/
16h37. Acordei um pouco antes das 14h00. Tem até uns
anúncios novos na página de um milhão de dólares. Tem um que diz “Win Xbox 360”
e quando lançou essa página, que continua com todos os pixels vendidos, não sei
nem se havia o primeiro Xbox ainda. Faz tanto tempo na minha cabeça. Vou tirar
um print screen dela. Mas a que eu queria achar mesmo era a página que parecia
uma obra de arte, você ia clicando e cada link levava a uma página com um
design bem louco, uma coisa artística mesmo. E você ia navegando e parecia algo
sem fim. Eu, pelo menos, nunca cheguei ao fim. Queria muito achar essa página,
mas aí é um trabalho para um verdadeiro arqueólogo cibernético. Vou tentar de
qualquer forma.
16h59. Achei uma semelhante, mas nem de perto tão
interessante: http://wwwwwwwww.jodi.org/
. Tem esse também: http://mouchette.org/ ,
que parece um pouco mais com o que vi no passado.
Fui perguntar ao meu primo, que me mostrou o site, se ele
ainda lembrava do endereço e abri a caixa de mensagens do Facebook que mostra
nossas últimas conversas. Descobri que mandei algumas poesias para ele, quem
sabe, usar numa canção da sua banda, o que acho que não fez nem fará, então as
resgatarei e publicarei aqui. Lá vai.
O mundo não é tão cruel como eu
O destino e as escolhas brigam pela autoria
Desse intenso e longo breu
Respingado de esparsas alegrias
Como estrelas no céu sujo da cidade
Me explique alguém por caridade
Por que essa falta e excesso de dureza em mim
Essa falta de sim
E essa ausência de não
Talvez seja a idade
Como o Holiday
Talvez seja a idade
Que não soube me dar o necessário
Sempre abusei do arbitrário
Atuando num palco sem cenário
Sem plateia
Sem ter idéia do que fazer
E esse tão pouco eu de que é feita minh’alma?
Por que esta estranha calma no meio do turbilhão?
Como se não precisasse de chão
Como se não precisasse de paz
Como se negasse a sua mão
Que você nem chega a estender
Você nem chega a entender
A noite na cidade me faz esquecer e lembrar de mim.
A noite da cidade parece que não tem fim.
5/11/2016 17:08
Outra:
Borda
Estava à toa em mim
Quando me dei conta de ti
Mas eu não posso dar conta de ti
És demais para mim
Desejo demais
Carinho demais
Cuidado demais
Atenção demais
A tensão é demais
De quase romper a corda
De quase pular da borda
E cair no infinito amor
E a dor da queda
É a dor que medra
É a cor que cega
É a dor, é a dor
Mais outra:
Sei que não é lá grande coisa
Mas é a poesia que carrego
E descarrego na minha canção
Palavras achadas
No éter, do nada
Será que realmente as encontro
Ou elas encontram a mim?
Sei lá de onde vêm
Sei lá para onde vão
As palavras que carrego e descarrego
Na minha canção
Sei que não as encontro aí fora
Sei que estão dentro de mim
E surgem fora de hora
Surgem no aqui e no agora
Sem dar explicação
De onde vêm
As palavras que carrego e descarrego
Na minha canção?
Será que vêm de um amor eterno
Será que surgem do erro
De ousar criar esses versos ao léu
Será que merecem, dentre tantos versos
De artesãos diversos
Ter espaço os versos
Que carrego e descarrego
Nessa minha canção?
Será que é mesmo poesia
Ou será mera ousadia
De alguém que não sabe rimar
Que o mar então sorria
E encha de maresia
A poesia
Que carrego e descarrego
Nessa minha canção
Pronto. Não quiseram usar na banda, trouxe-as para o meu
blog. Não gosto de desperdiçar lixo. Prefiro reciclar. Hahahahaha. Vou
perguntar a ele do endereço do tal site, muito embora ele agora se encontre no
deserto de Atacama com a namorada, se não me engano. Mas deixo a pergunta lá, é
o meu último recurso investigativo como arqueólogo cibernético. Torcer para que
a memória dele seja excelente como a inteligência. Acho que tem boa memória,
mas não sei se chega a esse ponto. Torçamos, então, para que ele, ao voltar do
deserto, responda a minha mensagem com o endereço. Estou querendo, mas estou
com preguiça de jogar o Zeldinha. Acho que vou encarar.
18h54. Muito joguei e quase nada fiz, nada da main quest foi feito no Zeldinha. Não
sei onde encontrar os itens. Acho que vou ter que falar com os peixes de novo
para pegar as direções exatas que preciso ir. Evitando o furacão que me joga
para os mais distantes e improváveis lugares. Espero que minha mãe não leia o
Jornal do Profeta, vai achar que eu só faço falar mal dela. E o pior que faço
mais reclamar que elogiar. Parece que as coisas ruins se sobressaem realmente
na mente da gente, minha e dela, pelo menos. Mas ela está voltando a ter
hábitos que havia abandonado, como me pastorar à noite. Ou, como ontem, iria me
ligar de 22h00 se eu não subisse, ainda bem que meu amigo subiu antes. Não
cortei as unhas ainda. Não estou nem um pouco a fim de ir ao CAPS amanhã pela
manhã. Queria ir só no horário do grupo, mas isso é inaceitável aqui em casa.
Eu entendo. O CAPS é a minha única responsabilidade de fato e não a cumprir à
risca é o cúmulo da irresponsabilidade. E a pergunta fica: será que não terei
alta do CAPS nunca, então? Aparentemente não, se isso é encarado como a minha
“profissão”, enquanto o que considero como profissão é escrever, especialmente
para o blog. Preciso tomar banho e cortar as minhas unhas dos pés. O problema é
que está muito escuro para cortar minhas unhas na varanda agora. Só amanhã. O
banho não tem hora certa, entretanto. Vou escrever até as 20h00 – são 19h27 – e
vou tomar banho. Mas voltando à minha mãe, eu reclamo, mas ela está muito
melhor do que estava há alguns poucos meses atrás. Eu tenho consciência de sua
evolução, mas só acredito numa melhora substancial através da terapia. Curioso
é que sugeriram um arteterapeuta. Nem imagino como mamãe encararia uma terapia
tão pouco convencional. Espero que achasse interessante e desse uma chance, não
abandonasse logo. Espero que pelo menos ligue e marque uma consulta quando os
horríveis efeitos colaterais de seu tratamento contra o câncer cessarem. Quando
a vir melhor, se sentindo bem, vou recomeçar a cobrá-la, de forma branda e
amigável, senão isso ativará seu modo defensivo contra pressões e ela desistirá
da ideia. Acho que fará um bem danado a ela.
19h51. Foi só elogiar que minha mãe vem e mela tudo. Agora
está empatando a minha relação com o meu amigo. Está cheia de paranoias. Aí eu
tenho que dizer, que saco. É pelo menos um contato que eu tenho para sair do
meu isolamento durante a semana, se ela embaçar estará me trazendo um grande
prejuízo social. Nossos papos estão sendo muito legais e preciso aproveitar
enquanto ele não arruma um local para morar. Pois sei que depois disso, nossa
relação vai novamente se distanciar. É tão bom quando um amigo procura a gente,
em vez de a gente procurar o amigo. Faz um agrado ao ego. Mas não só isso, ele
tem uma conversa muito interessante. Me agrada conversar com ele.
20h18. Acabei de sair do banho. Como havia me proposto às
20h00. Voltando um pouco ao parágrafo anterior, espero que ela compreenda essa
reaproximação minha com o meu amigo e respeite esse meu novo espaço. Preciso é pôr
na cabeça que cada gota de liberdade que eu conquistar vai encontrar
resistência por parte dela. Eu até entendo, ele era visto como o “bad boy”, o
maloqueiro do prédio e foi assim que achei que iria encontrá-lo, mas na
realidade encontrei alguém bem mais maduro, o que foi uma surpresa para mim. O
tempo realmente opera mudanças profundas na natureza do ser. Não sei se ele
notou alguma diferença em mim. Ah, e ele gosta de ter essa maturidade, de ser
chamado de coroa pelos boyzinhos com quem cruza pela vida. Já tem um filho, se
não me engano, de 14 anos, a idade com que o conheci, eu acho, se não foi com
14, foi com 15, não mais do que isso. Não perguntei a sua idade, mas acho que
deve estar perto dos 40 também. Se meu irmão está, ele certamente está.
Chutaria que está com ou vai fazer 39. Depois dessa desconfiança toda da minha
mãe, quero ver como vou negociar com ela as minhas descidas para escrever lá
embaixo...
20h34. Novo copo de Coca, mesmo gelo, pois está acabando.
Devia ter me precavido. Agora é tarde, o gelo não vai ficar pronto em tempo
hábil. “Guilt Is A Useless Emotion”, gostei dessa frase, a culpa é algo que me
assola constantemente, quase permanentemente. É algo de que preciso me
desvencilhar, pois realmente é uma emoção desnecessária. Não estou fazendo nada
demais. Nada que bagunce o coreto. Está tudo na mais absoluta ordem. Se falho é
em não almoçar com minha mãe e meu padrasto. Mas em comparação com o que eu
aprontava, eu estou um santo. E quero continuar assim, do jeitinho que venho
levando a vida. Talvez a introdução de uma namorada me fizesse bem, mas ando
meio assustado com a ideia, com a completa reviravolta que seria em minha vida,
especialmente sexual. Estou me tornando tão antissocial que até algo que era um
desejo grande para mim e em mim, está se tornando algo a se recear. Isso me
preocupa. Mas não muito. Se continuar como está, está bom demais. É o
suficiente. Dispenso até a namorada. É isso mesmo. Vou deixar de procurar e de
me preocupar com isso. É um ditame social que eu não tenho obrigação de seguir.
Talvez não caiba ao papel social que agora exerço, a quem eu sou no momento,
pode ser que mude. A palavra é aceitação. Aceitar as coisas como são. É um
comportamento passivo, eu sei. Mas é melhor aceitar as circunstâncias que viver
a combatê-las, na maior parte sem sucesso. Embora, eu queira batalhar pelo meu
direito de escrever na piscina do prédio. Então não estou totalmente acomodado,
não estou aceitando tudo. Mas uma namorada, correr atrás de mulher, não estou
com a mínima disposição. Quem sabe logo quando eu desisto disso, a coisa se
materializa na minha vida? Seria muito irônico. 21h26. Pretendo dormir de
meia-noite. Ouvindo “Your Silent Face” do New Order, perfeita. Amo demais.
Entranhada na minha alma completamente. 21h30. Estou na indecisão se jogo o
Zeldinha ou não. Pela mesma razão do outro post, toma muito tempo da minha
vida, muito rápido. E quero apreciar esse momento de paz e as poucas horas que
me restam antes do sono. Estava salvando imagens do Pinterest cujo tema é
“Locais e Natureza”. Algumas bastante interessantes. A fome do remédio está
começando a me atacar.
21h52. Comi o resto do macarrão integral – que minha mãe
inventou de temperar com cravo que eu acho de um sabor superativo e
superenjoativo – com muito azeite, queijo ralado e sal para temperar churrasco.
Ainda comi o restinho de farinha láctea e duas colheradas do Hershey’s Creamy.
Pronto, ganhei tudo o que perdi por não almoçar. Droga. Esse negócio de perder
peso com um remédio que me dá uma larica dos infernos à noite é meio
contraproducente. Mas vamos levando. Devagarinho vou perdendo peso. Ou assim
espero. Acho que vou dar mais uma olhada no Zelda. 21h56. Vamos ver de que hora
emerjo de lá.
22h44. Não produzi praticamente nada no Zelda. Estou
empacado. Mas desempaco. Ah, se desempaco. E sem filar na internet. Ainda estou
com fome, acho que vou atacar o Torcida e o Creamy. E pegar mais Coca.
22h51. Mamãe trancou a porta da despensa, então fiquei sem
acesso ao Torcida. Uma barata grande voadora pousou na minha mão quando tirava
gelo para a Coca, quase levei um susto. Só não foi um susto mesmo pois só
constatei que era uma barata voadora quando, da minha mão, ela pulou-voou para
o balcão das pias. Aí concluí que se tratava desse inseto do qual possuo certa
fobia e não tenho coragem de matar. Não tenho coragem de matar nenhum animal,
mas certamente sou um dos que obriga matadouros a matar diversos deles para me
alimentar. Ainda estou com fome, mas vou me controlar agora. Ataquei o Ovo
Maltine, duas colheradas de sobremesa. Adeus, dieta. Se na geladeira tivesse
minha paçoca com feijão seria o bicho. Por mim almoçava e jantava paçoca com
feijão todos os dias. 22h58. Vou aproveitar o gelo que tem no copo e pôr mais
Coca. Acho que vou fumar o meu último cigarro da noite.
23h05. Foi um cigarro muito gostoso. Valeu a pena. Se ele
não me causar um derrame ou qualquer das doenças a ele atribuídas, é claro.
Agora vou de Vaporfi. Queria tanto amanhecer amanhã com 93 quilos e bem
pouquinhas gramas. Quem sabe até um 92,8 kg. Seria perfeito, mas não guardo
muita esperança nisso. A barata pousou na minha mão e não tive um super-susto,
incrível. Não sei mais sobre o que falar, acho que vou me deitar. Não, não
ainda, ainda falta tanto tempo para a meia-noite. 23h11. Mas sobre o que
escrever? Nada me move para escrita. Aposto que se tivesse conversado com o meu
amigo, eu teria várias coisas para contar. Parece que o All-Clear funcionou, ao
menos na minha barba, não está mais com caspa. Mas passei um bocado do xampu
nela. Vai ver que tenho que fazer isso com o cabelo também. Tentarei amanhã.
Vou cortar minhas unhas aqui no quarto mesmo.
23h24. Consegui. E consegui jogar todos os pedaços de unha
no lixeiro. Parabéns para mim. Hahahaha. É interessante como as unhas do meu pé
têm crescimento irregular, umas estavam bem maiores que as outras. O que fazer
com o livro que comprei para uma amiga do Facebook? Aparentemente, ela não está
disponível para receber o livro. Foi um ato impulsivo da minha parte, não
deveria tê-lo feito. Mas uma vez feito, o que fazer com o livro? Está lacrado,
novinho. Sei lá. 23h34. A hora de dormir se aproxima. Vou pegar o meu último
copo de Coca.
23h39. Acho que ainda há gelo para três ou quatro copos, mas
não há tanta Coca e, se depender do meu racional este é o último copo de Coca.
Talvez o penúltimo. Não me decidi ainda. Esta pasta do New Order é interminável
e isso é algo bom. Não fica cansativa. Há pontos de convergência entre o som do
New Order e o do The Cure, um seria a canção “Sunrise”. Ela tem um quê de The
Cure da época de “Pornography”. Embora tenha o tradicional baixo de Peter Hook.
23h46. O copo de Coca já acabou. Vou encher o último.
23h52. Vou acabar de beber esse copo de Coca para me deitar,
é bom já fechar isso para começar a entrar na vibe do sono. Inté.
-x-x-x-x-
Estou no CAPS, no período dos grupos dos quais não
participo. Fui convidado para ambos, mas resisti. Por isso venho aqui preencher
o meu tempo no meu casulo portátil, celular e iPod. Ouvindo "Clarisse",
da Legião. À tarde terei o grupo AD. É impressionante como este teclado é
inteligente, depois de escrever "grupo", ele prontamente sugeriu
"AD". São 11:44. O grupo vai até as 12:30 e é seguido pelo almoço.
Não sei se o grupo AD começa às 13:30 ou às 14:00. Sei que o último acabou de
forma meio abrupta e pesada, com o questionamento sobre o que cada um busca no
tratamento. Minha resposta? Acolhimento, ocupação, socialização e
aprofundamento nas minhas questões do ser. Esta última parte acontece mais
quando pego um psicólogo nesses intervalos em que não participo de nada para
uma conversa bipessoal, o que não tem acontecido muito ultimamente. Sinto falta
disso e acho melhor que uma terapia mesmo, não sei explicar por quê. Acho que
porque não tem o peso de uma consulta. É algo mais leve e variado. Realmente
não sei, acho que ando meio abusado de terapias. Como não vejo nenhuma das
meninas livre para conversar, converso comigo mesmo aqui. Amor, como disse
antes, deixou de ser uma prioridade, deixou de consumir tanta energia emocional
e me sinto aliviado por conta disso. Eita, vou lavar minhas mãos, estão sujas
de tinta da árvore que pintei de manhã, um pé de eucalipto que surgiu das
minhas reminiscências de infância, quando meu avô tinha uma casa em Aldeia e o
pé de eucalipto me chamava particular atenção pelo aroma e por destoar das
frondosas árvores tropicais. Vou lá levar as mãos.
Meu companheiro de grupo que sempre chega perto da hora do
almoço, o que toca violão, chegou e, por sinal, já o pegou e está o afinando
aqui ao meu lado. Já está tocando e cantando, espero que não muito alto, pois
está havendo grupo aqui perto, no antigo fumódromo. Não consigo ouvir, pois o
iPod está muito alto rolando New Order, mas ouço alguma coisa, o que significa
que ele pode estar atrapalhando o grupo. Ele está cantando baixinho, pude
aferir agora. Ainda bem. Fomos fumar um cigarro antes disso. São 12:23, logo os
grupos estão acabando e a hora do almoço se aproxima. Já há pessoas na fila do
almoço. Vou sair daqui de perto da fila e ir para o fumódromo, onde o grupo já
terminou. Mas falava da desistência de procurar novo amor e do alívio
decorrente dessa decisão que me encerra ainda mais na minha solitária zona de
conforto. E, infelizmente ou felizmente, não sei aferir, isso não me incomoda.
Já sou coroa, como meu amigo da piscina muito bem colocou, o que torna ainda
mais difícil conquistar alguém do "naipe" que me agrada. Não vou mais
esquentar a cabeça com isso, o que a deixa bastante mais arejada e fresca. O
interessante do grupo da árvore foi o que a terapeuta disse no final, que as
árvores eram representações de nós mesmos. Me identifico com o pé de eucalipto,
por ser diferente da flora local, não ser uma árvore frondosa e bela, mas
guardar um forte perfume, que muitos acham ter propriedades medicinais, tanto é
que fazem chá de eucalipto para os doentes, e por me remeter à infância.
12:50. A mesa está completamente lotada, uma das psicólogas
dos grupos AD, está querendo que eu vá para o "Grupo de Convivência"
que é uma atividade que leva um grupo de pessoas com dificuldades de
convivência para passeios pela cidade. Ela disse que eu estou na sua
"lista" para o grupo, do qual não poderia estar mais fora, seria uma
perturbação grande para o meu agradável cotidiano. Não quero de jeito nenhum.
Por mais que as pessoas que participam dizerem que gostam. Está difícil de me concentrar,
pois não estou usando o iPod por respeito às demais da mesa, que foi tomada por
mulheres, seis ou sete para dois homens. Vou fumar.
13:24. O grupo está prestes a começar. Será que a psicóloga
vai pegar o gancho do grupo anterior? Cobrar a resposta da pergunta que deixou
no ar ao fechar o grupo, antes da hora, se não me engano? Seria um bom e
desafiante começo de grupo para a maioria dos integrantes. A psicóloga já
trouxe o material de hoje para a mesa, massa de modelar. Não gosto nem sei
modelar direito, mas o jeito é encarar. Só estamos à mesa eu e o amigo do
violão. Estou com vontade de fumar um cigarro. Vou escapulir para fazer isso.
13:37.
-x-x-x-x-
15h19. Já estou em casa. E não deu tempo de eu falar no
grupo. Não que isso me incomode. Não tinha muito o que dizer mesmo. Não sabia
nem o que “desenhar” ou “pintar” com massa de modelar no papel. Geralmente sei o
que vou fazer antes de começar, mas hoje não fazia idéia, aí fui fazendo uma
linha que me lembrou um gráfico de estatística ou algo assim. Começava na
esquerda de um ponto mais baixo e ia gradualmente subindo para a direita.
Fiquei na dúvida em relação a que lado minha vida estava indo, por isso, ao
pedir para nomear a minha obra, não tive dúvida quanto à dúvida e coloquei como
título “Descendente ou Ascendente?”.
Ainda bem que não tive tempo de falar, pois não sei o que diria, talvez
que ascendente na maioria dos âmbitos da minha vida e descendente apenas no
aspecto social. Estou gradualmente virando um recluso, por mais que os
encontros com meu amigo sejam uma novidade e fonte de imensa satisfação, pois
temos papos longos, aprofundados, divertidos, coisas que não consigo ter numa
night com o meu primo-irmão e a turma geralmente. Talvez porque nessas ocasiões
não crie de fato a oportunidade de fazê-lo. Mas acho também que a situação dificulta.
Consegui ter um papo profundo com a minha prima, irmã do meu primo-irmão, no
dia em que ela foi à CiBrew. No mais, tive papos de relativa profundidade com
três amigos e duas amigas em quatro dias diferentes, então até que não vou tão mal
quanto pensava. Mas houve vezes de não conseguir manter contato relevante
nenhum com ninguém. De, inclusive, recorrer ao meu casulo portátil. Com meu
amigo fico com vontade de documentar o nosso papo, mas não conseguiria digitar
tudo o que é conversado, restando-me apenas apelar para memória e sintetizar
nossas conversas aqui. Por sinal, hoje eu disse que era dia de batermos nosso
papo, mas amanhã tem CAPS e preciso dormir cedo. Mas tudo é possível. Inclusive
se nos encontrarmos hoje, talvez eu leve o computador. Mas isso será assunto
para outro post, pois este já está grande demais. Vou revisar e postar. Que
ousadia colocar “três poesias” no título. Hahahahaha.
Caramba!!! VC escreve poesias tão intensas... Gosto de poesias, elas nos revelam mais do que escritos casuais. Gostaria de ler mais poesias suas 😁
ResponderExcluir