Nada de X hoje I
wonder why... ah, são 9:55, está tendo aula de ioga. Já não me sinto tão
apegado a ela como na semana passada, mas sinto que bastaria uma conversa para
reanimar meus sentimentos. Assisti "The Walking Dead" até a hora de
dormir, por volta da uma da manhã. Tive uma conversa simpática com outra
estagiária do CAPS enquanto dava minhas últimas baforadas no vaporfi que acabou
de ficar sem bateria. Pedi que ela me recomendasse um filme e ela me sugeriu
"A Chegada", que já havia assistido com minha mãe há algumas semanas.
Bom filme, por sinal. Acho que comentei sobre ele em outro post sob o nome de
"Arrival". Acho que vou fumar um cigarro... e ficar somente com três
na carteira para aguentar até as 15:00... isso não vai dar certo. Acho que vou
ter que pegar a outra bateria do vaporfi na hora do almoço. É a única solução.
Posso até pegar mais cigarros, mas principalmente a outra bateria. Vou fumar.
Estou ouvindo "Leila" do Legião, que me lembra uma grande amiga.
11:07. Eu fui em casa, peguei a bateria e mais dois
cigarros. Agora estou bem guarnecido até as três da tarde. Uma pena X não ter
vindo, mas não muita, o que é ótimo, pois significa que não sofrerei muito por
causa dessa paixão platônica. Pelo menos assim me parece, senão o sentimento de
frustração estaria me corroendo agora, o que não acontece. Não sei mais o que
escrever. Dentro em breve começa o próximo grupo e não estou com a mínima
vontade de participar. Para ser sincero, nem do grupo AD estou afim hoje.
Também não gostaria de estar em casa. O que eu estava mais a fim de fazer era
conversar com uma psicóloga. Sobre mim, sobre trivialidades. Conversar. Ser
ouvido, mais precisamente.
12:52. Fui chamado para o grupo de arteterapia e acabou que
não foi nada de outro mundo, posso até dizer que foi legal. Divididos em dois
grupos, tivemos que preencher duas silhuetas humanas e depois
"significar", ponhamos assim, a criação do outro grupo. Achei curioso
que algumas pessoas se sentiram invadidas em sua criação pela interferência do
outro. Foi o que mais me chamou a atenção. Das palavras postas nas imagens a
que achei mais interessante foi terem colocado "orar" nos joelhos que
desenhei. Nunca imaginaria que essa era uma das funções do joelho, pois nunca o
utilizei para isso. Em segundo lugar foi terem colocado como função de uma das
mãos "pegar remédios". Para variar, não almocei na minha querela para
emagrecer (que não vem surtindo muito efeito por causa dos meus arroubos de
fome depois dos remédios noturnos). Lembro do desdém com que olhava para os
gordinhos quando consegui perder mais de dez quilos com a minha dieta somaliana
leve. Olhava-os como fracos de espírito, em especial um morador do meu prédio
com seu personal trainer tentando perder peso e semana saía, semana entrava e
não via evolução nenhuma em sua silhueta. Hoje, entretanto, ele está muito mais
magro e eu ganhei todo o meu peso de volta. Bem feito para a minha empáfia.
Tenho que tomar coragem e vergonha na cara e recomeçar a pedir que minha mãe
tranque a cozinha à noite. Só assim vejo futuro na minha dieta. Eu, por força
de vontade apenas, não sou capaz de enfrentar a larica dos remédios. Quem sabe
não comece hoje a trancar a cozinha. Vamos ver. Espero conseguir. Espero que
minha mãe concorde. Acho que vai. Ela pode deixar um sanduíche na mesa da sala
para mim. Pelo menos algo para enganar a barriga. 13:20. Não demora muito para
o meu grupo AD começar. Vou fumar vaporfi. É estranho X não ter vindo hoje.
Espero que não seja nada relacionado a mim. Hahahaha. Quanta petulância da
minha parte achar que posso interferir no cronograma de um estagiário daqui.
Talvez tenha havido alguma alteração no dito cronograma devido à junção das
duas casas após o Carnaval. Bem, sabe-se lá o que se deu ou dá e pouco se me
dá. Só um pouco mesmo. Vou lá baforar.
15h23. Já estou em casa. O grupo AD foi bastante
interessante e profundo, pelo menos para mim e para a nova integrante da turma.
Acho que foi para o nosso outro colega também. Nos foi pedido que escolhêssemos
uma imagem, dentre várias postas à disposição e, após isso, fazer um brainstorming
baseado na imagem eleita, depois disseram para selecionarmos duas das palavras
do brainstorming que achamos mais relevantes e fazer outro brainstorming sobre
elas. Finalmente, nos foi pedido para eleger as palavras mais relevantes de
todas as etapas e construir um texto com elas. Depois deste processo, o
resultado que alcancei foi o seguinte:
Solidão. Companheira
que não devia ser. Inveja de quem tem namoro. Frustração pela minha vergonha.
Solidão. Conforto de quem não tem companheira. Conforto de se ter como
companheiro. Tenho tudo na minha solidão, só me falta o amor.
Eu fui o primeiro a falar, por sugestão da nova integrante,
que estava curiosa com a minha produção (acho que porque produzi muitas
palavras nos brainstormings e porque
meu texto foi mais longo que os demais). De toda sorte, a psicóloga me questionou
sobre que lugar seria confortável para mim, mais propício para arrumar uma
namorada, com um porém: que lugar interior.
Esta é uma pergunta que para mim ainda está sem resposta, visto que muito
profunda e complexa. Tanto é que ainda a estou digerindo. Minha ideia é fazer
um brainstorming aqui sobre o assunto e ver no que é que dá. Mas não agora.
Estou com sono. Acho que vou tirar um cochilo. Isso pode até ajudar a colocar
as ideias no lugar. Agora o pensamento que me veio foi da minha paixão
platônica maior, não sei por quê. Entretanto até para ter uma chance de conquistá-la,
eu preciso descobrir esse novo lugar ou nova arrumação da minha alma que seria
propício para conquistar uma garota. 15h49. Hora do cochilo.
16h04. Tentei me deitar, mas me senti extremamente
desconfortável com isso. Com a cama e com o estar na cama. A cama me pareceu um
lugar extremamente desconfortável. E é uma cama confortabilíssima. Muito
estranho porque estou com sono. E sem disposição para escrever ou fazer mais
nada. Vou tentar de novo. Me deitando de bruços agora, para ver se me sinto
melhor. Talvez colocando uma camisa sobre os olhos, eu sempre fazia isso quando
ia dormir nos internamentos (devido ao apaga-acende de luzes ou porque fosse
dormir durante o dia. Uma camisa ou pano sobre os olhos virou sinônimo de sono
para mim quando estava internado. Pode funcionar aqui.
17h20. Tentei, tentei e não consegui de fato dormir. Vamos
ao brainstorming.
Que lugar é esse em que eu preciso me encontrar para conseguir
conquistar uma garota? Primeiramente eu tenho que gostar de mim, achar quem eu
sou alguém interessante, se possível apaixonante ou apaixonável. Eu não posso
me achar feio, tenho que me achar, no mínimo uma pessoa normal. Para isso,
emagrecer é essencial. É tudo uma questão de autoestima, eu preciso elevar a
minha autoestima, como, eu não sei. Emagrecer seria um enorme primeiro passo.
Lembro que quando vi, depois de ter ganho meu peso de novo uma foto de mim doze
quilos mais magro, me achei uma pessoa bem mais interessante. Preciso perder
vinte quilos, preciso emagrecer até perder o bucho. Se para isso terei que
passar fome à noite, que seja. Preciso começar a fazer marinheiros, para
definir mais os meus braços e peitoral. Mas a preguiça é grande. A inércia é
grande. Vou começar fazendo cinco. Agora. 17h36.
Pronto, fiz cinco. Amanhã tento fazer sete. E assim
sucessivamente. Não vou caminhar, pois não gosto. Só me resta passar fome. Ou
seja, passar alguns dias da semana à base do sanduíche que vou pedir para minha
mãe fazer e deixar do lado de fora da cozinha. Vou falar para ela trancar a
cozinha e fazer o sanduíche e vou fazer isso agora.
17h40. Combinei com ela para trancar e deixar o sanduíche.
Ela topou. Agora a somaliana leve vai de fato começar. Almoçando dia sim, dia
não e jantando apenas sanduíche, acho que consigo emagrecer. Foi assim que
consegui da outra vez, talvez com um pouco mais de privação, não lembro. Mas
acho que esse combinado está bom. Não sei se vou lembrar de fazer os
marinheiros. Em verdade não queria fazê-los, mas vou tentar mesmo assim. Fiz
mais dez agora. É um esforço chato, mas não é nada que não se possa fazer todos
os dias. E, com meu peso diminuindo, vai ficando mais fácil. Emagrecer,
entretanto, é uma mudança exterior e, segundo a psicóloga, eu preciso de uma
mudança interior. Preciso aprender a ver as minhas qualidades. Que qualidades
eu tenho? Sou bem articulado com as palavras, me expresso com clareza.
Costumava ser bem-humorado e ter senso de humor. Podia-se até dizer que era
brincalhão. Um pouco disso pode voltar. Não sei bem como. Primeiro, tenho que
voltar a falar quando sair. Não ficar apenas escutando, sendo sujeito passivo.
Tenho que ser mais ativo. Isso é um exercício. O pior que essa semana agora é
carnaval e provavelmente não sairei para canto nenhuma. Gostaria de ver o
Rec-Beat no Recife Antigo, mas isso só vai ser possível se meu primo for e acho
que ele vai passar o carnaval inteiro em Olinda, dormindo lá. Não vai querer
perder a fortuna que pagou para ter isso para se deslocar até o Rec-Beat. Preciso
me conscientizar que não vou sair nesse carnaval. Esse meu plano de
socialização ativa vai ter que ficar para o outro final de semana. Acho
inclusive que vou para o CAPS na quinta, porque acho que já estarei saturado de
ficar em casa. Então sair para qualquer lugar se fará urgentemente necessário. Seria
tão bom que a tia da minha cunhada voltasse antes do carnaval, mas acho
difícil. Voltasse e trouxesse os games para eu jogar durante o carnaval, digo.
De repente, começo a jogar algum do meu PS3, em vez de só focar no Wii U. Argh!
Não quero jogar nada, nem escrever nada agora. Vou tentar o cochilo de novo.
Ainda não achei grandes resposta para os meus dilemas. Emagrecer é uma. Mas há
muitas coisas internas para consertar. Volto a este brainstorming depois. Vou
tentar um cochilo agora.
19h31. Acho que fui mais bem-sucedido agora em relação ao
cochilo. Não lembro de quase nada desse tempo que passou. Acho que pensei/sonhei
com o meu irmão. Acho que pensei/sonhei com o Wii U, mas não tenho certeza de
nada disso.
Novamente estou achando o texto ridículo. Não gosto dessa
nova tendência em mim. Não gosto de ficar achando o que escrevo ridículo. Não
sei por que isso agora. Parece que é uma coisa subconsciente me impelindo a
parar de escrever. Mas não vou parar, não. O subconsciente ou o superego que me
perdoem. Então, eu em teoria iria buscar em mim, através de um brainstorming em
que lugar eu preciso me colocar emocionalmente para conseguir uma namorada.
Certamente não no lugar onde estou. Onde estou, não gosto de mim por dentro nem
por fora. Como disse vou tentar o que dá para melhorar por fora que é perder
peso. Preciso também aparar a barba que já está grande. Por dentro, acredito
que com a perda de peso, haja um acréscimo de autoestima, mas eu preciso, além
disso, me tornar mais sociável e me achar uma figura pertinente de ser desejada
pela mulherada. Preciso também arrumar alguma confiança sexual e ver se os
remédios que eu tomo inibem de alguma maneira a minha libido, posto que estou
meio que desinteressado por sexo. Acho sexo uma coisa irrelevante. Não sei se
ao entrar em um relacionamento e a troca de carícias for aumentando se não me
animo para a coisa, mas não aconteceu isso direito nas duas ficadas que eu dei
há algum tempo atrás. Eu meio que broxei nas duas tentativas. E fiquei sem
fôlego na segunda, cansadão mesmo, no meio do ato, meus músculos ficaram
exaustos pela falta de preparo físico. Eis aí um grande problema, pois não
quero me condicionar fisicamente, o máximo que me permitirei fazer são os
marinheiros – já tinha inclusive esquecido deles – e andar para os lugares que
preciso andar, mas não ficar dando voltas na Praça. Ou sei lá, talvez minha
cabeça mude e eu comece a andar na Praça. Seria uma boa mudança, racionalmente
falando, mas não sinto o ímpeto interior de fazer isso. Vamos ver se consigo
introjetar essa meta de andar na Praça ou até o Açude de Apipucos, o que acho
mais aprazível, posto que há uma mudança de cenário e um destino, em vez de
andar em círculos em meio a novos burgueses e velhos burgueses. A porta da
cozinha já foi trancada. Agora só será reaberta amanhã. Minha mãe foi generosa
e fez dois sanduíches de mortadela para mim. Só comerei quando estiver morto de
fome, o que ainda não se dá pois acabei de tomar os remédios. Aos poucos o
plano de emagrecer vai tomando corpo. Primeiro passo dado. Agora descobrir
qualidades em mim. Vou fazer o brainstorming do que acho que gosto em mim. Me
sinto até envergonhado com isso, como se fosse um tipo de vaidade ou de contar
vantagem, sei lá. Mas vamos ver o que é que sai: gosto dos meus cabelos, embora
estejam quebrados, gosto da minha pele, tenho as mãos macias, acho que sei dar
carinho, acho que sei fazer sexo oral, não sou culto, mas também não sou um
completo ignorante, tenho uma boa compleição física não estivera gordo, sou relativamente
simpático, eu acho, sou bem articulado, gosto de escrever, não sou de guardar
mágoas, não sou ciumento, sou compreensivo, sou capaz de escutar, consigo me
colocar no lugar do outro na maioria das vezes, tenho um sorriso sincero, tenho
senso de humor, mas estou meio enferrujado nesse aspecto, sou relativamente
afinado por mais que as cordas vocais não sejam mais as mesmas, gosto de viver,
gosto de repartir, não bebo álcool, sou uma pessoa relativamente simples, sem
muitas frescuras, bem, só algumas, sou fiel... isso não está sendo um
brainstorming porque tenho que pensar um bocado para achar qualidades, mas pelo
menos estou achando algumas. Bem, vamos continuar a espremer essa laranja para
ver se ainda há algum suco... tenho um grande coração, que já foi maior (e já
foi menor também), gosto da companhia de pessoas queridas, para mim, o melhor
lugar é onde os amigos estão (menos Olinda no carnaval, aí eu pulo), a criança
ainda existe em mim, gosto de dançar música lenta, já plantei uma árvore e
escrevi um livro infantil (só para a família), consigo amar depois que a paixão
passa, desde que haja admiração, amizade e companheirismo na relação, era para
eu estar usando ponto e vírgula para pontuar esses tópicos, mas agora que já
comecei sem isso, vai ficar sem isso, sou sincero na maioria das vezes, se não
for para ser sincero, então prefiro calar e isso é tudo que consigo pensar por
ora. Saiu até um bocado de coisas. Agora que já cumpri essa que foi uma
excruciante tarefa, vou assistir “The Walking Dead”. Depois ou amanhã, reviso e
publico. Aliás, o que preciso mudar: ser mais extrovertido, como já fui, mais
magro, como já fui, mais ativo nas conversas, como já fui, chegar para puxar
papo com meninas que eu achar interessantes, mesmo que desconhecidas, o que
nunca consegui fazer a contento, confiar no meu taco, assumir que posso ser uma
pessoa interessante e atraente, me ver como um cara normal, não como um freak,
me vestir melhor, de repente investir em algumas camisas de grife, embora ache
que meninas que liguem para isso não combinem comigo então fico meio
ambivalente sobre esse investimento, olhar mais nos olhos das pessoas, o que
para mim é muito difícil, descobrir como ser charmoso, já que não sou bonito, embora
ache que ser charmoso é um dom, não se aprende, fazer a barba com mais
frequência, usar condicionador para deixar meus cabelos mais macios e sedosos,
ter menos vergonha na cara e abordar as meninas com cortesia, mas abordá-las,
parar com esse movimento de paixões platônicas, sair mais, me aculturar mais,
está por dentro do que acontece no mundo para ter o que conversar, não ir
abordar a menina já achando que vou levar um fora, ser mais autoconfiante, em
uma palavra, aprender a gostar de mim com minhas imperfeições que são inúmeras,
acreditar que tenho o mesmo tanto delas que qualquer ser humano, essa é a parte
talvez mais difícil e, o que seria a culminância de tudo isso, me aceitar como
sou, imperfeito, porém com qualidades, algumas delas raras e belas. Ver “The
Walking Dead”. É o melhor que eu faço. Esse experimento me embaraçou profundamente.
Quero ver quando relê-lo amanhã. O pior é que não quero ver seriado agora, acho
que quero escrever mais. Mas já está com cinco páginas este texto. Mas o que é
que tem isso? O blog é meu, eu escrevo o quanto eu quiser. Seria mais fácil
escrever os meus defeitos, mas não me darei a isso. Já o faço nos demais posts.
Vou pegar mais Coca-Cola. 22h04.
22h06. Já estou de olho nos sanduíches, mas a fome infernal
ainda não me assolou. Estou com sono, na verdade. Meu cabelo já foi melhor, não
sei porque há tantos cabelos não lisos na minha cabeça. Ou isso é coisa da
minha cabeça. Acho que fico mais apresentável com os cabelos presos. Acho mais
charmoso. Estou com vontade de fumar um cigarro de verdade. A parte que eu
deixei do que acendi à tarde. Talvez fume depois. Agora uma vontade maior de
assistir o seriado se faz presente, vou seguir o meu impulso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário