quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

CAPS - PRIMEIRO POST POR CELULAR DE 2017

11:26. Estou no CAPS, mas sem a mínima vontade de participar da oficina de teatro. Aliás, sinto-me até intimidado. É uma oficina que, sempre que participei, me gerou extremo desconforto e raros momentos de catarse. Mas o desconforto obscurece a possibilidade de entrega e, quem sabe, catarse. Zerei o Super Mario 3D World, porém descobri na Internet que há mais três mundos a desbravar, além dos que pensava existir. Não os joguei da primeira vez na casa da minha tia, quando minha prima tinha o Wii U, então se afiguram conteúdos totalmente novos para mim. Estou ansioso por jogá-los, por mais que pareçam extremamente difíceis. Sempre posso apelar para o "white tanooki", ou sei lá como chamam. É um power up que aparece na fase se se morre muitas vezes nela. Apelei para esse expediente em três fases em todo o jogo. Estrilei, achei muito difícil e apelei. Não me envergonho disso. Bem, só um pouquinho.

11:41. Cheguei atrasado ao CAPS porque fui tirar sangue e o laboratório estava lotado. Encontrei uma amiga lá, a que faz as festas de aniversário dos sonhos de qualquer criança, inclusive da minha interior, mas fiquei com vergonha de falar com ela. Ela veio me cumprimentar, entretanto, quebrando o gelo. Foi bom vê-la grávida e bem e ter interagido, mesmo que brevemente com ela.

Não tenho muito o que dizer, estou escrevendo mais para passar o tempo. Estou meio sonolento, por mais que tenha dormido cedo. É que ainda não me acostumei ao novo fuso-horário da minha vida. Esse negócio de acordar cedo realmente me quebra. Odeio. Fico feliz que o terapeuta que sempre me coage a entrar nos grupos não o tenha feito, ele está conversando com outro usuário do CAPS. Gostaria que a psicóloga do sorriso bonito, mesmo que imperfeito, viesse conversar comigo, mas acho que ela está dentro do grupo de teatro. Certamente não está aqui no pátio. Aqui, só os enfermeiros e o psicólogo que me coage, além de mais dois usuários: o que conversa com o tal psicólogo e outro que parece estar pintando.

11:59. Mamãe está muito mais relax comigo, chega a ser até estranho. Fico pensando até quando isso vai durar. Ou se é uma transformação permanente. A principal mudança é no modo que ela fala. E também no que exige de mim, que é bem menos que o normal. Isso é muito bom e dá uma sensação de paz e tranquilidade em casa como nunca senti. Ainda bem que não participei do teatro, além de ser teatro, é em grupo. Outra coisa que odeio desde que me entendo por gente: trabalho em grupo. Unindo uma coisa à outra, eu estaria passando pelo inferno lá dentro. Não o inferno, inferno mesmo, existencialmente falando. Esse seria a depressão unida ao trabalho. Ou acarretada por ele. Sei lá. De toda sorte - e bote sorte nisso - não trabalho mais e nunca mais passei por angústia que pudesse chamar de depressão, então está tudo bem do jeito que está. Fora do grupo de teatro, gostando da vida, tendo um Wii U me esperando em casa e ainda tendo mais um cigarro para fumar na carteira. Fora o eletrônico, que anda sempre comigo.

12:15. Em tese o grupo acaba de 12:30. É servido o almoço e aproveito o ensejo para me mandar. Vou ver ali qual o grupo da tarde mas creio ser bioenergética. Se for, fui. É outro dos quais não participo mesmo. Ficar se tremendo todo, coisa mais desagradável. O grupo acabou, é chegada a hora do almoço. Paro por aqui. Depois, se der na telha, continuo em casa. Penso em passar no banco para sacar dinheiro para comprar cigarros. Só tenho um na carteira e quatro unidades em casa. Não dá nem pra amanhã. Vou nessa.

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20h03. Estou em casa, obviamente. Ao fundo, em vez de música, ouço uma palestra de Noam Chomsky. Obviamente também, eu não consigo me concentrar na palestra enquanto escrevo, torço apenas que meu subconsciente absorva alguma coisa. Sobre as novas fases do SM3DW só consegui passar da primeira com o auxílio do “White Tanooki suit”, ou seja, apelando. Está tão difícil que ficou chato. É para hardcore players mesmo. Mas tentarei passar usando o power up especial que se torna disponível depois de morrer 5 ou 7 vezes tentando a mesma fase. Os prospectos de Noam Chomsky para os Estados Unidos não são nada animadores. E do mundo em geral também. Pelo pouco que posso entender. Ele foca na possibilidade cada vez mais real, em sua visão, de guerra nuclear e dos perigos da mudança climática. Agora entraram outros dois convidados. Entrou em uma parte que eu já havia assistido em outro vídeo que era um trecho deste. Cliquei em outro para assistir mas aí apareceu a tela dizendo que eu estou bloqueado do Facebook por causa do vídeo Humans & Bonobos (English Version) que viola os critérios do YouTube. O curioso é que peguei os vídeos que o compõem do próprio YouTube, mas confesso que é um vídeo deveras chocante – a parte humana dele – e que entendo a retirada do vídeo. Desde que retirada a fonte de onde o extraí também. Mostra um homem, um ladrão ao que tudo indica, sendo linchado e queimado vivo até a morte. É uma cena real da prole fazendo justiça com as próprias mãos em algum país africano, talvez, pois todos os que aparecem no vídeo são mui negros. Mas pode ser em outro lugar também. Sei lá. Fato é que são vários minutos de barbárie e que certamente vão de encontro aos critérios de imagens do YouTube que renega violência explícita e quetais. Isso certamente vai de encontro à emenda constitucional americana da liberdade de expressão, mas a sensação que me dá sempre que sou banido ou bloqueado de algo é que toquei na ferida de alguém, fiz alguém pensar. Para o bem ou para o mal. Mas o vídeo tinha um caráter questionador, mostrando a civilidade dos bonobos contraposta à selvageria humana exposta no linchamento. É incrível tanto a capacidade dos bonobos de cooperação e caridade, quanto a covardia com que é torturado e morto o ser humano, que para as várias pessoas que praticaram e presenciaram o ato não era visto mais como um ser humano, como um igual, mas sim como algo odioso e desprezível como uma barata. Por sinal, não mato baratas. Para mim, elas têm o mesmo direito de existir que eu. Já tive uma barata grande como companheira de quarto. Sabia que ela não viria para perto de mim, pois eu sou uma ameaça para ela. Ou assim quis acreditar. Fato é que nunca mais a vi, já deve ter morrido. Até porque minha mãe já dedetizou a casa diversas vezes após esse compartilhamento de cômodos. Compartilho agora o quarto com as cinzas do meu pai. E parece que vou ter que esperar mesmo pela chegada do meu irmão no final do ano para a concretização do ritual em Macau. Não tenho certeza, pois apaguei todas as conversas de todos os grupos de WhatsApp sem lê-las, em busca de espaço livre para fazer o update dos poucos softwares que tenho no meu celular. Poucos, entre aspas, pois há a suíte toda de aplicativos da Google que não posso apagar porque o meu celular é um modelo da Google. Ele quando iniciava antigamente, em vez de mostrar o logo da Motorola, mostrava o da Google, para você ter uma ideia. Só isso já me ferra a maior parte da memória. Devo ter mais uns oito aplicativos, que me são essenciais, senão os desinstalava, ou seja, preciso consulta-los para saber de coisas relevantes da minha vida. Fora isso tenho o WhatsApp e o Messenger, que hoje em dia são ferramentas indispensáveis de comunicação, mais do que as próprias chamadas de celular. Está me dando uma coceira para tentar a fase do Super Mario de novo. Usando o power up especial claro. Sem ele, nem me animo. O pior que tinha pegado duas estrelas e quando fui pegar a terceira, morri. Podia ter sido menos fominha e ter terminado o estágio somente com duas. Assim abriria o próximo. Mas o jogo está frustrante de tão difícil. Aí eu perco o tesão de jogar, pois, mesmo apelando, o negócio é complicado. Vai te reiar.

Sim, apaguei as mensagens do grupo da família paterna, então não sei se alguém vai para Macau e se se disponibilizou para me levar. Vacilei. Espero que quando o meu celular carregar. Ele descarregou completamente, só gosto de carregar assim, para aumentar a vida útil da bateria que já não está mais lá essas coisas. De toda sorte, não costumo liga-lo quando está carregando. Aí é superstição mesmo, acredito que se ligar, vai detonar a bateria quase da mesma forma que se carrega-lo quando ainda estiver com bateria. Mas não tenho, nem procurei confirmação disso. Em uma palavra, não posso ver se novas mensagens dos membros da minha família paterna foram postadas no momento. O pior é que o celular acabou de descarregar. Antes que eu tivesse a ideia de checar o grupo. É a vida. Fiquei de ligar para Maria de Buria desde ontem e ainda não o fiz. Estou com mania de dormir à tarde e hoje acabei dormindo demais. Umas quatro horas. Mas ainda me sinto cansado. Espero que continue cansado até às 23h00, quando pretendo dormir. Coloco dois pontos entre horas e minutos quando digito do celular, pois é imensamente mais fácil que colocar o “h”, mas, como voltei para o meu computador o “h” também voltou. 20h58. Vou dar mais uma chance ao Super Mario.

23h40. Hora de ir dormir. Amanhã tenho CAPS novamente... Estranho, desta vez não estou nem um pouco empolgado em ir para o CAPS. Por mim, ficaria em casa. De repente, se arrumar uma terapeuta, minha mãe me libera do CAPS. Sonho meu...


Passei de mais duas fases do mundo superdifícil do Super Mario. Uma consegui passar sem o auxílio luxuoso do “White Tanooki suit”, só na destreza mesmo. Fiquei contente com isso. Mas preciso do power up do gatinho para pegar todas as estrelas e o carimbo e fechar a fase de verdade. Preciso aprender a dar o super pulo. Mas não funciona da mesma forma que no Wii. É bem mais complicado e o super pulo não é tão super quanto nos Mario Galaxies. Acho que vou deixar esta história de super pulo para lá. Vou tomar só mais um copo de Coca e vou fechar o barraco por hoje. 23h46.

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