O quadro clínico do meu avô piorou e pelas reações da minha
tia e meu tio que são médicos à fala do geriatra, de profundo abatimento e
choro, ficou mais ou menos claro que vovô provavelmente não sobreviverá. Ainda
tentarão, se ele melhorar, uma hemodiálise, visto que seus rins estão falhando.
Só nos resta esperar. Ainda estou meio sonolento. Principalmente agora que
acabei de almoçar. Se mamãe for dormir, acho que pego e embalo dela. Não sei.
Eu vivo dizendo isso, mas nunca durmo de fato. Acho que meu amigo T foi para o
Galo. Vamos ver se ele vai me chamar para ir à piscina. Estar com ele me faz
fugir desse tédio que é estar encastelado no carnaval. Embora não vá querer
tomar banho de piscina, gostaria de esticar as ideias com ele novamente. São
14h28. Mamãe disse que amanhã pela manhã irei ver vovô, se o quadro dele não
sofrer a alteração definitiva de hoje para amanhã. Ele estará sedado, acredito,
pois o sedaram hoje para que não ficasse lutando para tirar o tubo que está em
sua garganta. Que coisa horrível. Deve ser muito desconfortável a situação
dele, melhor estar sedado mesmo. Nessas horas eu me pego pensando em
Espiritismo. Se ele sai do corpo quando sedam, se vai se encontrar com outros
espíritos, espíritos de amigos e familiares que já morreram, se vê a sala de
hospital como se estivesse flutuando perto do teto, essas coisas. T me falou
ontem de médiuns que falavam sobre coisas que só a pessoa sabia, que
mencionavam nomes de familiares que nunca tinham ouvido falar e talz. Não tive
nenhuma experiência desse tipo com os médiuns com que me comuniquei, tudo me
pareceu muito fake. É pena não me
lembrar com detalhes. As interpretações das fotos Kirlian, que por sinal são
muito belas, também não me convenceram; minhas tentativas frustradas de
desenvolver a minha mediunidade através dos exercícios do “Livro do Médiuns”; nada
me fez crer que haveria existência humana ou espiritual, como queiram, após a
morte. 14h43. Vou pegar mais um pouco de Coca dentro em breve. Minha mãe e meus
padrasto estão na cozinha, ele folheando a Veja, ela falando com minha irmã
pelo WhatsApp. Poderia continuar a ver o episódio de “The Walking Dead” onde
parei. Não sei se o personagem vai ou não virar zumbi. Vou assistir. 14h46.
17h06. Estava assistindo “The Walking Dead” até agora. É
difícil para os roteiristas manterem a série com novidades, o truque até agora
tem sido a adição de novos personagens e morte e substituição de outros. As
locações também dão uma certa renovada na série e só. Mas não posso negar que
ela entretenha bastante, só não é a melhor série que assisti. Este posto vai
para “Black Mirror” por ser ficção científica e por cada episódio ser
totalmente diferente do outro. Gostaria muito de uma quarta temporada no mesmo
nível. Só estou com saco para assistir a série ou escrever, não estou com saco
para videogames. O chato da série é que é imensa, muitos episódios por
temporada. E sempre essa fuga desesperada dos zumbis. Ou chacina de zumbis.
18h04. Meu avô vai fazer hemodiálise, meus tios médicos não
estão muito esperançosos; nós, os leigos, vemos nisso uma ponta de esperança,
pois achávamos que ele não resistiria nem a tal procedimento. Mas acho que o
abatimento dos familiares médicos diz muito da situação do meu avô. Que
acredito, para eles, já seja irreversível, ou seja, só uma questão de tempo.
Pouco tempo. Baixei “Doutor Estranho” para ver, provavelmente com a minha mãe.
Espero que seja com ela, em verdade. Preciso dar esse pouquinho de interação,
atenção a ela. Não que ela esteja precisando, ela está muito bem vendo o
seriado dos vikings no Netflix. O filme viria até a atrapalhá-la. Por falar em
vikings, estou pensando em começar Assassin’s Creed Black Flag. Mas acho que
não hoje. Meu padrasto foi à festa de aniversário de seu neto. Só estamos eu e
mamãe em casa. Amanhã, se tudo correr bem ou melhor que o esperado pelos
médicos da família, eu irei visitar vovô. Creio que estará sedado, mas acredito
que vá ser a última vez que eu o verei com vida. Acredito também que haverá
muito mais gente amanhã para vê-lo que nos últimos dois dias. Se preciso for
cederei a minha vez a outra pessoa. Não é a lembrança que quero guardar do meu
avô, ele todo fragilizado e cheio de tubos e fios, quase morto. Já terei que
encará-lo no caixão, se eu não morrer antes, afinal, tudo é possível nesse
mundo sem sentido a não ser o que cada um dá a ele. Não vejo a morte com grande
preocupação, talvez por isso não fique tão abalado em saber que meu avô, uma
pessoa que amo demais, está morrendo. Se superei papai e o Imperador da
Casqueira, eu supero qualquer morte. Bem, talvez menos a do meu irmão ou da
minha mãe. Sei lá. Estou muito distante emocionalmente das pessoas que
realmente importam, das pessoas próximas. O calor que carrego na alma são
apenas das paixões platônicas. Tirando isso, sou um poço seco de emoções. E
isso não deixa de ser muito triste. Não queria me sentir assim. Talvez sejam os
remédios, talvez seja porque não me sinta participando de seus mundos
realmente, acho que criei meu castelo ou minha ilha e tudo o que me importa
está aqui. E tudo são coisas materiais. Por mais que sejam os videogames e
Netflix e filmes estimulantes emocionais e o Word, nem se fala, é uma
autoterapia completa. Mas me sinto culpado por não conseguir, pelo menos
ultimamente, ser ou agir diferentemente. Minha mãe sente a minha falta, ela já manifestou
isso várias vezes. Talvez eu precise assistir “O Náufrago” de novo para mudar
um pouco minha perspectiva sobre isolamento. Se bem que o final do filme,
mostra que o protagonista meio que se isola do mundo e segue o seu caminho
sozinho. O Word é meu Wilson. É com ele que converso no meu quarto-ilha. É ele
quem ouve todo o tipo de besteira que me sai dos miolos. Ou do coração. Por
mais que, como tenha dito, o meu coração ande meio vazio de sentimentos.
19h03. Este teclado é um pé no saco, as teclas de home, delete e end estão muito
mal posicionadas e são muito pequenas. Certamente não foi um teclado pensado
para pessoas que escrevem, pois estas, como eu, imagino, usam muito o recurso
dessas teclas. Especialmente a de delete.
Ainda não me acostumei com elas. Mas já me acostumei com as demais, que uso bem
mais, então está de bom tamanho. Produzo bem nesse computador. Eu sou dono do
Corel Draw agora, mas pouco o uso. Deveria usar mais, mas não tenho realmente
para quê. Vou pegar Coca.
19h14. Conversei um pouco com a minha mãe, dei um pouco da
atenção que me sinto culpado por não dar.
20h05. Estava conversando com Nina no Facebook e me perdi
naquele troço. Minha mãe não quer ver o filme hoje. Eu também não queria. O
faria mais por obrigação familiar.
20h24. Meu padrasto chegou e está discutindo com mamãe,
aliás comandando que mamãe não vá para casa da minha avó, que ela que venha
para cá. Já estavam falando de cremação no telefone. A situação não parece
muito boa. Acho que vou assistir “TWD”. Mas só quando “Kid A” acabar de tocar. Não
estou realmente com disposição de assistir o seriado agora, mas sei que se
colocar, assisto. Ele prende a atenção com seu constante fluxo de tensão. Não sei
se terei gelo suficiente para chegar até o final da noite. Isso me preocupa
porque beber Coca Zero quente não é tão legal assim. Vou encher umas caçambas.
Mas primeiro vou esperar o debate entre minha mãe e meu padrasto acabar.
20h48. Lembrando de T e de nossa conversa sobre Espiritismo,
será que reencarnei aqui nesse planeta, nessa época para presenciar o
nascimento de uma Singularidade Tecnológica? Para ver a transformação
acontecendo eu que, provavelmente vim de um lugar onde isso já ocorreu? Seria
uma boa teoria. Pelo menos uma boa estória. Seria um motivo para eu querer
reencarnar e todos os meus problemas psicológicos, de me achar feio odiar meu
corpo, de me odiar, de inadequação crescente no mundo seriam por causa desse
outro eu de uma civilização mais avançada aprisionado dentro de mim? É muita
petulância da minha parte viajar nessas hipóteses. Se eu fosse de uma
civilização mais avançada, eu seria como o meu irmão, naturalmente bom. Ou
talvez eu fosse da escória desse planeta e por isso vim parar nesse, como uma punição.
Isso não tem nada a ver com nada. Minha depressão teve o seu começo quando eu
me mudei de São Paulo para cá. Coincidiu com o início da puberdade e a falta de
um grupo de amigos fixo e frequente como tinha no prédio em São Paulo e que só
fui reencontrar quando me mudei para cá para este prédio. Mas aí o estrago já
estava feito. Mas os tempos áureos aqui do prédio, com a turma, foi um período
feliz da minha vida, por mais que tenha sofrido muito por amor. Ou melhor, pela
falta dele. Em mim ou nas outras. A verdade é que eu sou um ser defeituoso, algo
em mim veio quebrado ou se partiu no meio do caminho. Não acho que haja
conserto para isso. Apenas controle. Medidas de contenção. Mas voltei a gostar
de viver. Ultimamente tenho passado por uma fase não tão boa, espero que
passageira. O tédio da minha solidão começa a me incomodar. Se não existem
coincidências por que as percebemos? Coincidências são padrões sui generis que
captamos e que apresentam como característica mais marcante a sincronicidade.
Ou a repetição. Ou uma extrema diferença, como perder o vôo e o avião cair. Por
muitos anos o meu melhor amigo foi um videogame NES ou Super NES. Os únicos
videogames que eu comprei foram o GameCube e o Wii U. Todos os outros eu ganhei
da minha mãe ou do meu padrasto. Eu não tenho medo de morrer. Tenho medo do
sofrimento físico pré-morte. Acho que passarei por essa provação quando a morte
vier enfim me roubar do mundo. Queria, como já disse reiteradas vezes, estar
vivo para presenciar e imergir na Singularidade Tecnológica. Vou pegar a Coca
agora, acho que estão vendo televisão.
21h17. Meu padrasto trouxe vários salgadinhos da festa, fiz
a festa e farei ainda mais quando a fome dos remédios bater. “Kid A” acabou de
acabar. Vou ver “TWD”.
1h01. Assisti mais alguns episódios de “TWD” enchi caçambas
com água pois o gelo estava pouquíssimo, guardei todas as comidas que estavam
fora da geladeira e tomei um banho para poupar tempo amanhã quando for visitar
vovô. Isso se não houver nenhum acontecimento imprevisto hoje à noite durante a
hemodiálise. Creio que não haverá. Creio que ele sairá desta.
13h01. O geriatra que acompanha o meu avô não deu muito
tempo de vida a ele. Todos os órgãos começam a falhar, então é só uma questão
de tempo agora, quiçá horas. Tanto é que foi permitido à minha avó ficar ao seu
lado por mais tempo que as visitas em UTI permitem. Voltaremos ao hospital hoje
às 17h00 se ele ainda estiver vivo. Decisão do meu padrasto, por incrível que
pareça. Para mim, não foi muito desgastante emocionalmente, mas me sinto
cansado. Não queria sinceramente ir lá de novo. Provavelmente dessa vez ele
estará sedado, então a interação vai ser ainda menor que agora pela manhã. Será
nula. Pelo menos disseram que vão fazer o máximo para minimizar o sofrimento
dele. Estou ouvindo um zunido, já havia mencionado que o ouvia no silêncio, mas
agora o ouvi muito forte. Estranho. 13h15. Acho que vou dormir um pouco antes
de ir.
13h32. Peguei outro copo de Coca. O zunido está forte. Sinto
uma vontade de emprestar a ele um significado místico, mas isso é pura ficção
da minha cabeça. A presença da morte faz com que o meu lado místico se
exacerbe. Está me dando aquela tremedeira de quando eu não como. Acho que vou
me deitar mesmo. Senão mais três horas, pelo menos duas horas de sono. Vou
fazer como mamãe que levou uma garrafa térmica com água e levar um copo de Coca
dessa vez para o hospital. Se bem que lá tem uma placa pedindo para não
consumir comida ou bebida no ambiente. Vontade de pegar mais um copo de Coca,
mas aí minha mãe vai reclamar. Enfrento a reclamação e pego mais meio copo, só
para acabar o gelo que restou no copo.
13h42. Peguei e ela não disse nada. Está envolvida no
assunto dos procedimentos pós-morte com o meu padrasto, conversando que o meu
tio “carola” da família é quem tem que cuidar da parte do enterro e missas e
quetais. Estou me tremendo. Acho que vou comer um pouco. É melhor que durmo
mais fácil.
14h10. Ainda não consegui dormir. Acho que vou pegar mais
meio copo de Coca-Cola.
14h14. Mamãe foi se deitar, quando acabar esse copo de Coca,
farei o mesmo. Espero conseguir tirar um cochilo.
18h22. Tirei um cochilo e voltamos lá. Vovô estava
sensivelmente pior com uma pressão muito louca e a barriga inchada. Talvez não
passe dessa noite. Mas tudo é possível. Só queria que ele não sofresse. Meu tio
queria já convocar um padre para fazer a Extrema Unção, que agora, segundo o
meu padrasto se chama Unção dos Enfermos. Voltei para casa e, caso vovô chegue
ao dia de amanhã, estaremos novamente no hospital pela manhã e à tarde e assim
será até o fim. Triste fim. Ato final da vida – morrer – é um espetáculo
chocante e tétrico; bizarro. Um cadáver é algo tétrico e bizarro, muitas vezes
me dá impressão de ser um boneco da pessoa que habitava aquele corpo. Tanto
pela coloração quanto pela rigidez. O cheiro das rosas aumenta ainda mais o
clima funesto da celebração. Certamente terei que enfrentar tudo isso nos
próximos dias. E certamente não serei eu o que mais estará sofrendo nesse
processo. Como disse, apesar de achar bizarra, a morte não me agride
emocionalmente com a mesma intensidade das demais pessoas. Admito que me pegou
na morte do Imperador da Casqueira, a primeira grande perda que tive na vida.
Logo depois veio o meu pai. Mas aí já estava com a couraça endurecida. Depois
minha avó paterna, que menos impressão ainda me causou, pois morreu em estado avançadíssimo
de demência devido ao Alzheimer. Me assusta o Alzheimer, pois minha memória já
é ,nesta idade – 40 anos a se completar dentro de menos dois meses –, muito
combalida e cheia de lacunas. Meu avô materno também sofre de Alzheimer, este
que está à beira da morte, mas não chegou ao estado avançado dela. Nem chegará,
a indesejada das gentes chegará primeiro para levá-lo, ao que tudo indica.
18h58. Vou encher o copo de Coca e depois tentar tirar um
cochilo. Ou começo a ver “TWD”? Eis a questão. Não estou com sono. Mas estou um
pouco desgastado desse negócio todo de vovô. E já está ficando muito tarde para
eu tirar um cochilo. Já sei. A medida “Kid A”. Vou escutar o disco e quando
acabar começo a ver o seriado.
19h36. Estava escrevendo no outro blog por necessidade. E me
perdi no Facebook vendo o alegre carnaval dos meus amigos. Que diferença do
meu. Mas não reclamo. Não sou eu que estou no meu leito de morte. Sei que meu
dia chegará e que será tão ou mais doloroso que o de vovô, posto que maltratei meu
corpo bem mais que ele. Embora ele também não tenha sido muito bonzinho com o
dele. Mas ele era um touro. Eu sou apenas uma ovelha negra. Que cada vez menos
vê senso em se juntar às demais ovelhas. Minto. Queria muito a companhia dos
meus amigos. Nem que seja só para observá-los viver. Isso já me enche com
pulsão de vida. Tem um grupo no WhatsApp onde os meninos combinam como e onde
se encontrar para se divertir. Estão todos por Olinda. Pois é e eu aqui na
minha ilha-quarto-castelo. Ouvindo Radiohead e prestes a assistir “The Walking
Dead”...
Está acabando o CD e o gelo da geladeira. Essa última parte
não é uma boa notícia. E não fui eu quem tomou todos os gelos. O que não faz a
mínima diferença em verdade, o problema é não haver gelo suficiente para a noite.
Acho que vou encher algumas caçambas no modo “turbo” e botar para congelar no
freezer. Preciso que não haja ninguém na cozinha para que possa usar o modo
turbo – encher usando água da torneira –, pois sei que este seria sumariamente
reprovado pelos demais habitantes da casa, dois hipocondríacos e maníacos por
higiene. Não vou fazer isso agora, pois meu padrasto deixou a sua
toca-escritório e foi ter com mamãe que está repousando no quarto. Vou começar
a assistir TWD. Olho para o Wii U com um certo desejo de jogar, mas não quero
jogar os jogos que tenho. Poderia começar a jogar de novo “Little King’s
History” do Wii (o antigo), pois já tenho pilhas para o Wii-Remote e numa tela
grande seria bem mais fácil visualizar os fiéis seguidores que habitam o meu
reino. Mas já botei TWD. Está demorando para caramba para carregar. Agora foi.
19h59.
20h19. Não está dando para assistir, para para carregar de
cinco em cinco minutos e a resolução está uma m. Parece que todos estão
assistindo Netflix agora ou tem alguém usando a minha internet. Fato é que
estava um saco assistir em baixa resolução e com load times frequentes, então desliguei. Voltarei a ligar às 21h.
Quero assistir, este meio para final de temporada ficou bem mais empolgante e
interessante com os novos personagens e lugares que entraram.
22h59. O Netflix estava até pegando bem. Acho que vi dois ou
três episódios, mas travou de novo. Foi bom, bem na hora de eu dormir. Amanhã
tem nova visita a vovô. Vou preparar um leite com Toddy e farinha láctea para
mim, fumar o meu cigarrinho da noite e cair na cama. Amanhã reviso e publico
isso, se vovô não surpreender-nos.
8h58. Vovó faleceu às 3h15. Vamos ao velório e posterior
enterro. Hoje vai ser um dia diferente, da pior forma possível. Não sei se deva
avisar aos meus familiares paternos.
Minha mãe disse que sim, que devo comunicá-los, mas não dar
indicações da hora do velório e do enterro. Foi o que eu fiz, apenas comuniquei
o fato. Quando voltar, reviso isso e publico.
BLOGANDO DO CEMITÉRIO
Vovô transmite uma aura de solene tranquilidade. Há poucos
no velório. Tanto melhor. Vovó não quer sair do carro. Está sensivelmente
abalada.
10:57. Ela saiu do carro por alguns momentos e sentou-se ao
meu lado. Todos estão mais tranquilos agora e se permitem até alguns sorrisos.
As mais abaladas, afora vovó são as filhas de tia M, também são as mais novas
aqui. Eu diria que a mais abalada é a primogênita.
11:12. O enterro
estava marcado para as 11:00. Talvez ocorra por volta do meio-dia. O filho do
meu padrasto chegou. É bom que um faz companhia ao outro.
12:04. Caixão fechado, mausoléu lacrado, solenidade findada,
estamos no carro indo pra casa, espero. Mamãe quer almoçar fora; eu quero ficar
em casa. Não sei se minha mãe vai permitir. Provavelmente não. Queria que ela
respeitasse.
12h32. Meu padrasto convenceu minha mãe a me deixar ficar em
casa. Enfim, o lar.
13h23. Estou com sono. Vou tomar mais um copo de Coca e acho
que vou tirar um cochilo. Quem dera todos os enterros fossem assim, rápidos e
com pouca gente. Mas eu disse que iria revisar isso e publicar. Agora que o
ciclo se fechou acho que é uma boa hora para fazê-lo.