Tantos pensamentos enquanto fumava, não sei bem quais botar
no papel. Não me vejo como pai, pois não quero que porventura meu filho herde
de mim esta doença que me fez odiar boa parte da minha vida. Afora isso, acho
que daria um bom pai, mas só me arriscaria nesta aventura se a mãe insistisse,
mas insistisse muito. E eu tivesse algum provento, obviamente. Apostaria na
probabilidade do gene não passar para ele. E se passasse? O que faria a não ser
oferecer amor, compreensão e tratamento adequado e torcer para que essa soma
resultasse em melhora ou amenização da dor? Nada, não haveria mais nada a
fazer. E isso me assusta. Por outro lado, ele poderia herdar os genes da mãe e
ser saudável. Esse é um dos fatores pelos quais meu coração pende para o lado
de L. e não de M. Ela me parece mais com a mãe que eu sonho para um filho meu.
Uma filha. Eu gostaria de uma filha. Maria, como a minha babá. Maria simplesmente.
Meu irmão já está no segundo e parece se divertir muito com eles. Amanhã começo
a diagramar o livro de vovô, gostaria de ter o texto final, entretanto. Não sei
se tenho. Não sei se meu avô sabe onde está no computador dele. Não queria
nunca mais diagramar ou fazer nenhuma parceria criativa com meu avô. Queria que
minha produção criativa se limitasse ao meu ilimitado blog. Imaginei se L. me
chamaria para uma conversa, sabendo do ocorrido na Oficina de Cotidiano.
Imaginei o que eu diria. Não consegui pensar em muita coisa. Tenho que parar de
pensar nela, não adianta alimentar esse fogo. Não há fogo. Gelo é mais
provável. Mas essa conversa muito provavelmente nunca ocorrerá, é mera
racionalização da minha parte. Ou seria sonho, desejo? Parar de pensar nela,
lembrar disso. Pronto. Mudar de assunto. Antes, fumar um cigarro porque a fome
está me consumindo e eu não quero comer mais nada hoje para ver se emagreço
algumas gramas daqui para amanhã. Mas que eu queria comer um Sucrilhos, isso eu
queria, com leite com Toddy. Acho que acabarei sendo vencido pela fome. Acho
que já fui. Vou comer o tal Sucrilhos.
-X-X-X-
Pensando bem, por que não posso pensar em L. se isso me dá
prazer? Um platonismo a mais ou a menos não faz diferença para mim. E não tem
nada que eu possa efetivamente fazer para parar os pensamentos, eles simplesmente
me vêm e eu os saboreio. Se não passarão disso, de pensamentos saborosos, que
mal há nisso? Pensamentos saborosos são melhores de pensar que pensamentos
amargos. Então, por que me privar disso, desse pequeno deleite que minha alma
me dá? É uma fuga da realidade, será isso o errado dessa história? Eu ainda não
ouvi um não, provavelmente o ouvirei, na forma da impossibilidade de conciliar
nossos papéis de paciente e psicólogo com o de amantes, mas ainda não ouvi.
Então deixe, ego dos infernos, me deleitar, solta um pouco do meu id. Publico
isso? Por que não? Sou eu. É meu espaço. Vou postar e vou dormir. Amanhã terei
de acordar especialmente cedo, devido a algum dos infindáveis médicos de mamãe.
Ouvindo Só Se For a Dois com Cássia
Eller. Linda, arrebatadora, sincera, escancarada, alma na voz. Me identifico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário