terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Adrianinha, uma puta

Esta não é Adrianinha, mas garanto que ela é tão linda quanto.

Algo me fez lembrar de Adriana, que apelidei carinhosamente de Adrianinha, uma prostituta linda com quem estive duas vezes. Ela era da famosa Casa de Odete, para vocês terem uma ideia. Mas não era um mulherão, desses tipo “capa de Playboy” (não que não houvesse dessas lá, lembro especificamente de uma de olhos azuis a longos cabelos negros cujo primeiro pensamento que tive ao vê-la foi justamente “putz, é capa de Playboy”). Adrianinha não era uma putona, estava mais para putinha. Não tinha um corpão, bundão, peitões, nada que o brasileiro padrão procuraria numa mulher que presta estes serviços. Ela tinha cara e jeito de garota, cabelos lisos (isso é essencial para mim), castanho claros e um rosto de boneca com um narizinho lindo e perfeito olhos miúdos mais muito vivazes e uma boquinha pequena extremamente bem desenhada. Quando bati os olhos nela, todas as outras mulheres desapareceram. Se eu fosse sair com alguém dali seria com ela. Era a minha primeira vez num cabaré a procura de uma prostituta, estava sozinho e há muito, muito tempo solitário, motivo que me levou a esta medida extrema de ir bater lá. (Admito que uma certa curiosidade também me motivava, pois sempre ouvi falar da Casa de Odete e de suas mulheres.)

Pedi cerveja e um balde com Heinekens no gelo a preço extorsivo foi servido à minha mesa. Fui bebendo, procurando em cada gole a coragem de chamar Adrianinha para sentar-se comigo. Depois de muita cerveja, já bem mais para lá que para cá, finalmente a coragem resolveu aparecer e com ela uma sorridente menina linda veio, num tomara que caia preto justo ao corpo – mas de forma nenhuma vulgar – ter junto a mim. Conversamos um pouco, não lembro bem o quê, nervoso que estava, sei apenas que em algum momento combinamos o preço, alto, e que o local da nossa noite seria o apartamento do meu pai, que estava ausente. Ela relutou um pouco por não ser em um motel – segurança e precaução na vida de uma puta são essenciais, percebi com o tempo – mas acabou concordando e tomamos um táxi para a minha casa.

De repente, ela estava nua e se deitava na minha cama. Lembro que não achei seus seios bonitos, todo o resto era. Lembro que não podia beijar-lhe a boca, mas fui beijando o resto do corpo, parando nas partes agradáveis e nas erógenas e descendo até chegar aonde queria. Chupei como gosto e saudade de chupar até um momento em que ela disse “não aguento, posso gozar na sua boca?” Aí foi que chupei com gosto e vigor redobrados, nem lembro se ela gemeu, mas se gemeu, gemeu baixinho. Ela disse que fazia tempo que não gozava assim, que havia chegado há dois dias do Ceará e que quem a chamava de Adrianinha era o seu pai. Não sei quanto disso foi ou é verdade. Sei que fiquei contente em vê-la repartir intimidades comigo. Ela quis retribuir o favor sexual, mas eu me neguei, não estava, pela bebedeira e por timidez, afinal ainda era uma estranha para mim, com o mínimo tesão fálico. Disse a ela que o que eu queria mesmo era dançar uma música lenta com ela. Fomos para a sala, ela ainda nua, coloquei duas taças de licor (43 para ela, se não me engano, Strega verde para mim, provavelmente) e Blue Moon Revisited do Cowboy Junkies no CD player. Dançamos, quase como dois namorados, o mais próximo que uma puta e um novo cliente podem chegar disso. Percebendo que o sexo não iria rolar mesmo, ela decidiu que era hora de partir. Acredito que antes tomou um banho e quero crer que me deixou vê-la tomar esse banho, mesmo que um tanto envergonhada. Ela chamou o táxi que atendia o cabaré e fui deixá-la lá embaixo. Ela me agradeceu, especialmente por tê-la feito gozar. Acho que cheguei a ir mais uma vez sozinho à Casa de Odete à procura de Adrianinha, mas ela não estava, nem chegou por lá no dia em questão.



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A segunda vez começou com um singelo almoço da turma da agência num restaurante próximo. Meu chefe e eu ficamos bebendo enquanto todo mundo voltou para trabalhar. As horas passavam, as cervejas entravam até que já era noite e algum papo, talvez falando de cabarés, me trouxe à cabeça a Casa de Oedete e Adrianinha. Convenci meu chefe a irmos para lá, mesmo ele dirigindo e tendo que cruzar a cidade do restaurante para o prostíbulo. Naquela época a Lei Seca praticamente inexistia, diga-se de passagem. Ao chegarmos lá, para a minha alegria, Adrianinha estava atendendo. Mostrei-a a meu chefe, disse que era quem eu tinha mencionado e que queria sair novamente com ela. Ainda passou pela cabeça do meu chefe pegar uma de suas companheiras de trabalho, mas à época ele estava num relacionamento e desistiu da ideia. Chamamos Adrianinha e, novamente, a linda moça sorridente se fez presente em nossa mesa. Bebemos por minha conta em Odete e depois meu chefe nos deixou num motel das redondezas. Pegamos um quarto amplo com hidromassagem, ela fez questão da hidromassagem, tanto que fazer-se nua e entrar na banheira foi a primeira coisa que fez ao chegarmos ao quarto. Depois, lembro-me de estarmos na cama, ela tentando chupar meu pau, que depois de tanta cachaça nem dava sinal de vida. Quis chupá-la de novo. Foi quando ela disse que já tinha gozado na hidro e que eu não precisava de uma namorada, não de uma puta, nisso se vestiu e pediu para o cara do motel chamar um táxi. Gastei mais de R$ 400,00 nessa noite (pois paguei integralmente pelo seu [des]serviço) e fiquei numa pior. Era mais que um salário mínimo à época. Foi a última vez que vi Adrianinha. Algum tempo depois, não sei se muito ou se pouco, soube que a Casa de Odete havia sido fechada, o que destruiu de vez a chance de rever aquele rosto angelical, aquele corpo de garota, com palavras tão acertadas na boca.

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Não sei por que me peguei pensando em Adrianinha agora, hoje, só sei que estava olhando para geladeira, cismando sobre todas as coisas e nenhuma ao mesmo tempo, quando a lembrança dela me veio e com ela a vontade de narrar nossa breve história aqui. Deve ser o período de vacas esquálidas por que passa minha vida sentimental nos últimos anos. Pois é, anos... Foram anos de completo deserto emocional que me levaram à Casa de Odete daquela vez. Pena não haver dinheiro, nem Odete, nem espaço para fantasias com putas mais... as palavras de Adrianinha, se este era mesmo seu nome, as destruíram. Pena meu pai não ter tido uma Adrianinha para lhe dizer que não há sentimentalidades com putas. Coitado, passou o final da vida mendigando, em vão, migalhas disso a elas.

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