Esta não é Adrianinha, mas garanto que ela é tão linda quanto. |
Algo me fez lembrar de Adriana, que apelidei carinhosamente
de Adrianinha, uma prostituta linda com quem estive duas vezes. Ela era da
famosa Casa de Odete, para vocês terem uma ideia. Mas não era um mulherão,
desses tipo “capa de Playboy” (não que não houvesse dessas lá, lembro
especificamente de uma de olhos azuis a longos cabelos negros cujo primeiro
pensamento que tive ao vê-la foi justamente “putz, é capa de Playboy”).
Adrianinha não era uma putona, estava mais para putinha. Não tinha um corpão,
bundão, peitões, nada que o brasileiro padrão procuraria numa mulher que presta
estes serviços. Ela tinha cara e jeito de garota, cabelos lisos (isso é
essencial para mim), castanho claros e um rosto de boneca com um narizinho lindo
e perfeito olhos miúdos mais muito vivazes e uma boquinha pequena extremamente bem
desenhada. Quando bati os olhos nela, todas as outras mulheres desapareceram.
Se eu fosse sair com alguém dali seria com ela. Era a minha primeira vez num
cabaré a procura de uma prostituta, estava sozinho e há muito, muito tempo
solitário, motivo que me levou a esta medida extrema de ir bater lá. (Admito
que uma certa curiosidade também me motivava, pois sempre ouvi falar da Casa de
Odete e de suas mulheres.)
Pedi cerveja e um balde com Heinekens no gelo a preço
extorsivo foi servido à minha mesa. Fui bebendo, procurando em cada gole a
coragem de chamar Adrianinha para sentar-se comigo. Depois de muita cerveja, já
bem mais para lá que para cá, finalmente a coragem resolveu aparecer e com ela
uma sorridente menina linda veio, num tomara que caia preto justo ao corpo –
mas de forma nenhuma vulgar – ter junto a mim. Conversamos um pouco, não lembro
bem o quê, nervoso que estava, sei apenas que em algum momento combinamos o
preço, alto, e que o local da nossa noite seria o apartamento do meu pai, que
estava ausente. Ela relutou um pouco por não ser em um motel – segurança e
precaução na vida de uma puta são essenciais, percebi com o tempo – mas acabou
concordando e tomamos um táxi para a minha casa.
De repente, ela estava nua e se deitava na minha cama.
Lembro que não achei seus seios bonitos, todo o resto era. Lembro que não podia
beijar-lhe a boca, mas fui beijando o resto do corpo, parando nas partes
agradáveis e nas erógenas e descendo até chegar aonde queria. Chupei como gosto
e saudade de chupar até um momento em que ela disse “não aguento, posso gozar
na sua boca?” Aí foi que chupei com gosto e vigor redobrados, nem lembro se ela
gemeu, mas se gemeu, gemeu baixinho. Ela disse que fazia tempo que não gozava
assim, que havia chegado há dois dias do Ceará e que quem a chamava de
Adrianinha era o seu pai. Não sei quanto disso foi ou é verdade. Sei que fiquei
contente em vê-la repartir intimidades comigo. Ela quis retribuir o favor
sexual, mas eu me neguei, não estava, pela bebedeira e por timidez, afinal
ainda era uma estranha para mim, com o mínimo tesão fálico. Disse a ela que o
que eu queria mesmo era dançar uma música lenta com ela. Fomos para a sala, ela
ainda nua, coloquei duas taças de licor (43 para ela, se não me engano, Strega
verde para mim, provavelmente) e Blue
Moon Revisited do Cowboy Junkies no CD player. Dançamos, quase como dois
namorados, o mais próximo que uma puta e um novo cliente podem chegar disso.
Percebendo que o sexo não iria rolar mesmo, ela decidiu que era hora de partir.
Acredito que antes tomou um banho e quero crer que me deixou vê-la tomar esse banho,
mesmo que um tanto envergonhada. Ela chamou o táxi que atendia o cabaré e fui
deixá-la lá embaixo. Ela me agradeceu, especialmente por tê-la feito gozar.
Acho que cheguei a ir mais uma vez sozinho à Casa de Odete à procura de
Adrianinha, mas ela não estava, nem chegou por lá no dia em questão.
-X-X-X-
A segunda vez começou com um singelo almoço da turma da agência
num restaurante próximo. Meu chefe e eu ficamos bebendo enquanto todo mundo
voltou para trabalhar. As horas passavam, as cervejas entravam até que já era
noite e algum papo, talvez falando de cabarés, me trouxe à cabeça a Casa de
Oedete e Adrianinha. Convenci meu chefe a irmos para lá, mesmo ele dirigindo e
tendo que cruzar a cidade do restaurante para o prostíbulo. Naquela época a Lei
Seca praticamente inexistia, diga-se de passagem. Ao chegarmos lá, para a minha
alegria, Adrianinha estava atendendo. Mostrei-a a meu chefe, disse que era quem
eu tinha mencionado e que queria sair novamente com ela. Ainda passou pela
cabeça do meu chefe pegar uma de suas companheiras de trabalho, mas à época ele
estava num relacionamento e desistiu da ideia. Chamamos Adrianinha e,
novamente, a linda moça sorridente se fez presente em nossa mesa. Bebemos por
minha conta em Odete e depois meu chefe nos deixou num motel das redondezas. Pegamos
um quarto amplo com hidromassagem, ela fez questão da hidromassagem, tanto que fazer-se
nua e entrar na banheira foi a primeira coisa que fez ao chegarmos ao quarto.
Depois, lembro-me de estarmos na cama, ela tentando chupar meu pau, que depois
de tanta cachaça nem dava sinal de vida. Quis chupá-la de novo. Foi quando ela
disse que já tinha gozado na hidro e que eu não precisava de uma namorada, não
de uma puta, nisso se vestiu e pediu para o cara do motel chamar um táxi.
Gastei mais de R$ 400,00 nessa noite (pois paguei integralmente pelo seu [des]serviço)
e fiquei numa pior. Era mais que um salário mínimo à época. Foi a última vez
que vi Adrianinha. Algum tempo depois, não sei se muito ou se pouco, soube que
a Casa de Odete havia sido fechada, o que destruiu de vez a chance de rever
aquele rosto angelical, aquele corpo de garota, com palavras tão acertadas na
boca.
-X-X-X-
Não sei por que me peguei pensando em Adrianinha agora, hoje,
só sei que estava olhando para geladeira, cismando sobre todas as coisas e
nenhuma ao mesmo tempo, quando a lembrança dela me veio e com ela a vontade de
narrar nossa breve história aqui. Deve ser o período de vacas esquálidas por
que passa minha vida sentimental nos últimos anos. Pois é, anos... Foram anos
de completo deserto emocional que me levaram à Casa de Odete daquela vez. Pena
não haver dinheiro, nem Odete, nem espaço para fantasias com putas mais... as
palavras de Adrianinha, se este era mesmo seu nome, as destruíram. Pena meu pai
não ter tido uma Adrianinha para lhe dizer que não há sentimentalidades com
putas. Coitado, passou o final da vida mendigando, em vão, migalhas disso a
elas.
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