Página em branco, que espaço libertador. Hoje no CAPS
(futuro Espaço Rizoma) houve dois fatos relevantes, um para mim especificamente
e outro para o grupo como um todo. O primeiro foi que na Oficina de Cotidiano
eu declarei minha “identificação” especial por L. (que ainda não havia lido o
blog e, portanto não sabe que foi citada aqui), declaração esta que me
deixou bastante envergonhado, mas saiu assim meio sem querer, querendo, como se
tivesse escapado do peito e pulado para fora da boca. O outro fato relevante
foi o desligamento, esperamos que temporário, de R. do nosso grupo. Foi muito
comovente e inesperado, pois, além de ser uma das mais necessitadas a meu ver,
era também a alma, a animação da “tenda eletrônica”. O CAPS certamente ficará
mais triste e calado sem a sua presença. Não agüentei ficar para as despedidas e
lágrimas finais, pois odeio os dois (mentira, adoro chorar, mas me é
extremamente raro e difícil fazê-lo [talvez por isso seja algo tão precioso]).
-X-X-X-
Queria que L. começasse a acessar o blog a partir deste
post, os três posts anteriores, das ideias esticadas, poderiam causar uma
impressão demasiado forte nela, pois estão mais próximos do meu lado profeta do
que do meu lado cotidiano. Tenho que admitir que a mais sexy do CAPS nem é L.,
é, sem dúvida alguma, M. Ela exala sensualidade, com seus lábios de Brigitte
Bardot e olhos felinos, além do corpo curvilíneo e apetitoso. Mas algo em L. me
cativa, me encanta, me seduz. Uma outra feminilidade, mais branda, mais gentil.
Não sei explicar, essas coisas não se explicam, se sentem.
-X-X-X-
Jô está preparando café e tenho comigo sete cigarros, alguns
herdados de nossa saudosa R. Espero que armado destes dois amigos do escritor
consiga retirar algum conteúdo da cartola – ou caixola – que magicamente está
vazia no momento. Na verdade não está, ainda trago a sensação de falar para o
grupo inteiro sobre L. Aquilo de alguma forma me aliviou tanto quanto me
constrangeu. Não sei se as consequências desse ato, se alguma, serão benéficas
ou maléficas para o nosso convívio cotidiano. Apostaria na pior opção, pois
geralmente é o que acontece comigo e as garotas. Mas deixemos que as cordas do
destino se estiquem e se contraiam trazendo consigo os movimentos que lhas
aprouver. Espero que o café esteja saindo, estou ansioso por um cigarro. Para
falar a verdade esta história de parar de fumar... Jô veio me avisar que o café
está pronto.
-X-X-X-
17h57. Duas xícaras de café e dois cigarros depois, o dia já
foi quase todo sufocado pela noite, restam apenas leves suspiros. Como ia
dizendo, esta história de parar de fumar até agora não passa de um grande
teatro encenado para a minha mãe assistir. Tenho fumado mais do que digo,
especialmente nestes dois últimos dias que foram de especial fartura, graças
principalmente a R. e a uma carteira de US comprada com o dinheiro desviado da
compra da Coca Cola (Zero!). Menti dizendo que havia comprado apenas quatro
Derbys cuja unidade custa 50 centavos. Então, qual é o ponto nisso? Não
desagradar minha mãe é um dos pontos, certamente, mas, pela minha saúde, tenho
feito muito menos do que devia. E a saúde deveria ser o ponto mais importante.
Vamos ver. O final de semana se aproxima e meu estoque não resistirá a uma
noite e dois dias inteiros. Ainda mais havendo poucas brechas para fumar, pois
minha mãe e meu padrasto estarão em casa full
time. Caso consiga passar esse período sem fumar, quem sabe não revigoro
minha meta e no CAPS, principalmente num CAPS sem R., eu não fume e assim
consiga deixar o cigarro de vez. É pagar para ver. Mas confesso que estou meio
descrente de mim mesmo nesse aspecto. 18h07. Todo esse papo sobre cigarro me
deu uma vontade danada de fumar, vou tomar mais um café e queimar mais um, quem
sabe dois.
-X-X-X-
18h19. Foi um cigarro só, como também uma só xícara. Agora
vou sossegar meu facho, pois não sei da dureza do dedo de Jô. Ela pode apenas
dizer que eu fumei, caso inquirida, ou pode dizer quantos eu fumei a julgar
pelas minhas saídas para o hall (como a maioria aqui já sabe, sou proibido de
fumar dentro do apartamento). Então é melhor prevenir. O teatro deve
prevalecer. Vou revisar e postar logo este texto, na esperança que L. o leia
hoje e antes dos anteriores.
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