(Nota 14/11/11: encontrei o texto que escrevi um dia antes de ser internado no manicômio)
17 de agosto de 2011, ouvindo 4, do Los Hermanos
A melhor parte do dia foi vê-la mais feliz e solta e livre do que jamais vi. Quase sonho, toda poesia, de cabelo preso engraçado, nuca nua, gestos soltos e sorrisos incontidos, francos, maiores que os seus outros sorrisos, indescritivelmente lindos. Um espetáculo mágico do universo, amplificado em esplendor pelo meu sentimento, se desenrolando gratuitamente à minha frente. A vida, às vezes, vale muito a pena. Gostaria de ter memória fotográfica (ou melhor, cinematográfica) e não apagar nunca esses poucos minutos, se minutos foram, das minhas recordações.
O resto do dia, infelizmente, foi infeliz. De uma tristeza que veio sabe-se lá de onde, sabe-se lá pra quê, que me roubou de mim e me deu vontade de fazer nada. Enfim, chegado em casa, fechei-me na escuridão dos meus sonhos.
Sonhei com meu avô morto. E ele se mexia. Ele estava deformado e seus órgãos estavam na geladeira, dentro de potes de vidro e sacos plásticos. E ele insistia em se mover. Em não morrer. Para meu alívio e desespero. Morto-vivo. Sem palavras, só movimentos lentos de quem não queria abandonar o mundo mesmo tendo passado a sua hora. E a neta caçula dele sempre por perto, o querendo, provavelmente, mais do que eu, seu neto primeiro. Eu, desespero; ela, tranqüilidade. Como se soubesse, ao contrário de mim, que aquilo tudo era apenas um sonho ruim. Tenho tido desses (e lembrado) ultimamente.
Sonhei com meu avô morto. E ele se mexia. Ele estava deformado e seus órgãos estavam na geladeira, dentro de potes de vidro e sacos plásticos. E ele insistia em se mover. Em não morrer. Para meu alívio e desespero. Morto-vivo. Sem palavras, só movimentos lentos de quem não queria abandonar o mundo mesmo tendo passado a sua hora. E a neta caçula dele sempre por perto, o querendo, provavelmente, mais do que eu, seu neto primeiro. Eu, desespero; ela, tranqüilidade. Como se soubesse, ao contrário de mim, que aquilo tudo era apenas um sonho ruim. Tenho tido desses (e lembrado) ultimamente.
Fome. Vou fazer bananas fritas (pela primeira vez na vida). Volto já.
XXXXX
IRRELEVANTÍSSIMO
Fritar as bananas foi mais difícil do que eu pensava pela consistência molenga que as fatias adquirem à medida que vão sendo fritas/cozidas. Virá-las foi muito complicado. Finalmente percebi que a dificuldade vinha menos da minha inépcia e mais do fato de não haver uma escumadeira (espátula?) na cozinha. Houve fatia que não consegui virar. De qualquer forma, fritei as bananas razoavelmente. Nalgumas coloquei os tradicionais açúcar e canela, noutras coloquei Toddy e mel (que é o que coloco quando como bananas cruas). Confesso que a versão tradicional é realmente definitiva, embora o experimento achocolatado tenha sido válido.
Bom, perdi a “virgindade” na produção de bananas fritas. E, tenho certeza, que, como no sexo (não tiro isso da cabeça ultimamente [para o bem ou para o mal]), vou ficando melhor a cada nova tentativa.
Não frite bananas sem ela! |
XXXXX
Aviso aos navegantes: vou recair amanhã, ou seja, cheirar cola. Não sei estou colocando isso aqui antes por audácia (porque sei que ninguém vai ler ou o faço como pedido de ajuda (na esperança que alguém leia e me impeça). Amanhã posto as conseqüências.
(Nota 14/11/11: como disse, a conseqüência da recaída foi o meu primeiro internamento no manicômio. Veja impressões do dia da recaída aqui).
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