segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Diários de um Manicômio VII

25 de agosto de 2011

Uma semana aqui. Se este local tem um rosto, é Adeline (que já partiu). Ela despertou em mim o amor-carinho-infância que nunca mais imaginaria que fosse sentir, que dirá trocar. Saudade dos breves eternos momentos.

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Direcionei minha libido (sem nenhum amor-carinho-infância) para Eriquinha, a menina com borderline, 16 anos e a durezinha e belezinha da juventude. Ela, porém, é muito mais mulher, muito mais sensual, muito mais dona/mestra dos seus artifícios/atributos que Adeline (que tem 22). O apelo para o corpo me parece uma estratégia para desviar a atenção/esconder do mundo exterior o caos e sofrimento que se passam dentro dela. Por outro lado, a vulgaridade/erotização da garota, as partes jovens e duras sempre à mostra e salientes, despertam minha sexualidade, meu cio, o desejo de possuir tudo aquilo que me é revelado (e a todos) e o pouco que resta escondido. Ela gosta de relações de amor e ódio (montanhas-russas emocionais), da eterna perda e reconquista. Não sei se consigo fazer este papel, mas a tentativa vale a pena. Só pelos seios, lábios e lábios para os meus lábios e o meu pau.

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A parte isso, uso minha psico-filosofia de botequim com os pacientes (mais com as pacientes, pois elas estão mais abertas a um conselho masculino [homens competem mais com homens em vez de trocarem ombros]). Em geral, também afiro resultados mais positivos que negativos com estas tentativas, o que me leva a crer que talvez intervenções psicoterápicas “ocultas” (com profissionais se passando por pacientes), pudessem ter efeitos terapêuticos diferenciados, dada a imersão completa e o acesso a todos os diálogos “por baixo dos panos” que tanto poderiam ajudar o restante da equipe técnica. Não! Estou sendo maquiavélico/nazista/canalha com essa sugestão. Permito-me agir, pois não tenho comprometimento ético nenhum com a Academia. Os profissionais, por outro lado, têm.

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Ainda penso muito em cola. E, mais e mais, a liberdade, o estar fora daqui, é sinônimo de saboreá-la. Continuo acreditando que, ao usá-la, vejo uma realidade mais completa e o que realmente sou. E que quanto mais eu o fizer, mais perto estarei da “iluminação” (impossível para mim pelos métodos budistas por causa do mundo impacífico em que vivemos e à grossa camada de verniz ocidental que comprime o eu luz dentro de mim).

(Nota 04/09/11: isso é mentira, não tento outra coisa {budismo, meditação, respiração sei lá qual ou qualquer outra coisa} que não a cola porque não quero. Segundo consta, Buda teve todo tipo de intempérie para atrapalhar a sua meditação e se manteve plácido até alcançar o nirvana. A verdade é que a cola é a minha escolha, meu vício, meu desejo, meu ícone, meu caminho. Tenho preguiça e indisposição com qualquer outro.)

Quero cola. Mas antes quero contato sexual com Eriquinha. Quero jogar Zelda – Skyward Sword no final do ano. Quero resolver o inventário de papai. E quero cheirar mais e mais cola.

Quero a paz e o prazer da cola.

Não sei se me revoltarei com esta prisão. A incomunicabilidade “normal” prolongada (inclusive com a equipe técnica) é enervante e o que há de mais “revoltante” até agora.


(Nota 14/11/11: é incrível como o óbvio me escapa aos olhos quando vivo a vida. A “revolta com a prisão” começa coincidentemente com a partida de Adeline...)

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