Surpresa, um passo foi dado
Surpresa, o passo foi meu
Avancei pouco
Mas adiante estou
Do que estava e era
Surpresa, foi tão mais fácil
Surpresa, foi bom
Estar um passo mais próximo
De você.
Não sei se você vai recuar
Ou se caminhará em minha direção
Tudo é surpresa, descoberta
Ou redescoberta
Uma lufada de vento
No meu coração empoeirado
Cheio de velhos troféus
Cheio de novos sonhos
Você é sonho em botão
Será que, para a minha surpresa
Desabrochará em possibilidade
Firme e plena
De viva cor
Da cor que você escolher
Pode me surpreender
Surpreendente será (se for)
De qualquer maneira.
Faço essa poesia(?) porque minha alma pede. Está repleta de
aspirações. Até demais. É melhor baixar o facho. E, vendo as fotos dela, vejo
como o mundo é pequeno. Ou como conheço muitos psicólogos. Hahahaha. Tem uma
companheira de trabalho dela que foi um grande crush meu quando estava internado no Albergue de Drogados. Paixonite
aguda. Também naquele espaço de carência afetiva absoluta. E sem contar que era
(e continua sendo, pelo que vi) uma supergata (para os meus padrões). Se eu
trocaria uma pela outra? Não posso dizer, não conheço nenhuma das duas bem o
suficiente. Mas meu foco é a garota da noite. Não tem nem sentido eu viajar na
outra, se brincar já deve estar casada, sei lá. Além de ser um tremendo
desrespeito com a garota da noite. Meu deus, como viajo. Viajando que há alguma
possibilidade de eu ter alguma coisa com a garota da noite. O meu bucho é a
primeira coisa que me faz desinteressante e não desaparece do dia para a noite.
Queria que ela respondesse as últimas mensagens que enviei. Ficou off-line. E
acusa que minhas mensagens não chegaram. Bom, é a vida. Hoje já foi para mim um
dia de grandes conquistas. Me aproximei um pouco mais de uma garota. Uma garota
de verdade. Uma garota que não é de todo impossível. Pode ser muito difícil,
mas comecei jogando o mais aberto possível e ela já sabe da minha aparência, do
meu bucho, da minha idade – se olhou o meu Facebook – do meu interesse, da
minha timidez. Tudo, enfim. Só não falei do crush
que tive pela amiga dela. Mas descobri isso agora. Depois conto. Ou publico
isso. Mas não sei se ela vai ler. Digo-lhe pessoalmente ou num próximo encontro
virtual. Será que preciso mencionar isso? Acho bom. Tenho que ir dormir em
breve. Amanhã tem consulta com a Doutora. Prevejo que será uma consulta muito
mais para a minha mãe que para mim. Nossa, como o mundo é pequeno. Logo uma das
minhas paixões platônicas trabalha junto com ela. Já havia até esquecido da
existência dela. Espero que isso não se interponha como um problema. Um
problema de algo que nem começo tem. E que nem sei se terá. Talvez isso venha
até em meu benefício me ajudando a tirar a garota da noite de qualquer pedestal
que eu possa teimar em colocá-la. Ela é uma garota e uma garota apenas, não é
um anjo que veio do céu para me salvar. Embora ela possa fazer uma
transformação no meu modo de vida. Qualquer relacionamento afetivo faria. E isso
me aterroriza, pois me tiraria completamente da zona de conforto. E o sexo? Ah,
ela teria que ter paciência. Muita paciência, eu creio. Não pular etapas.
22h45. Contei-lhe logo sobre a paixonite que tive por sua
colega de trabalho para que não comece com obscuridades. Achei melhor. Ademais,
sua amiga nem deve se lembrar que eu existo, como registrei na mensagem que
enviei. Eu não lembrava. Mas é de se esperar, na possibilidade de que haja um
enlace afetivo, que o encontro com a amiga seja inevitável. Afinal, seu círculo
social iria se mesclar ao meu. O dela não iria ampliar muito, pois o meu
círculo é super-restrito. De qualquer forma, abrindo essa situação evito
quaisquer saias justas para os três que porventura, num futuro hipotético – e
bote hipotético nisso –, possa acontecer. Acho que vou ter muita vergonha disso
que escrevo agora. Quando der com os burros n’água. Tanta fantasia pelo que tem
tudo para não acontecer. Eu tenho essa mania de sonhar e de me deixar levar
pelo sonho. Mas creio que estou com os pés no chão. Não me sinto apaixonado.
Não tem nem como. Mas não nego que seja uma possibilidade. Não muito distante
da minha realidade. Precisa apenas de uma fagulha, eu acho. Ou posso beijá-la e
não sentir nada, o que seria terrível. Gostaria de apresentá-la como minha
namorada à minha família. Como gostaria de me olhar no espelho e pensar, cara,
você namora uma garota fantástica. Mas tudo isso está a anos-luz da realidade.
A realidade é que ela leu as impressões que tive sobre ela e se sentiu
lisonjeada, lisonja essa que a fez me aceitar como amigo e a motivou a travar
um pequeno diálogo comigo pelo chat do Facebook. Só foi isso que aconteceu.
Nada mais, nada menos. O acesso ao Facebook dela me deu subsídios para conhecer
um pouco mais da sua vida. Como o meu deve ter tido o mesmo efeito, se ela o
visitou. O pior é que tem a minha ridícula foto com os cabelos vermelhos.
Vergonhoso. E praticamente irreconhecível. Ou reconhecível até demais,
infelizmente. Faz muitos anos, acho que de uns 15 a 20.
23h21. Fui pegar Coca e fiquei sem o que dizer, o que é
ótimo, pois preciso ir dormir cedo para enfrentar a Doutora amanhã. O pior é
que gota de sono não há. Vou beber mais um copo de Coca e passar para a água.
Ou ir morrendo de sono para a Doutora, pouco se me dá.
23h36. Fui fumar um cigarro. E como acho que vou me
arrepender de escrever essas baboseiras. Mas é onde o meu espírito está agora.
É onde ele – eu – quer estar. Mergulhado em fantasias românticas. Não é um
lugar ruim de se estar, não fora tudo fantasias. Achei ela uma graça de óculos.
Combina com o rosto dela. Percebe-se através das fotos uma evolução dela como
mulher confiante e dona da sua feminilidade e sensualidade. Hoje parece muito
mais segura de se expor provocante ma non
tropo, na medida exata, sem parecer vulgar, mas mulher plena. Antes se via
uma pessoa mais acanhada, menos empoderada da condição de mulher, ainda não
capaz de explorar toda a sua feminilidade. Hoje parece que a insegurança de
outrora ficou para trás e ela sabe muito bem onde pisa. Quando revelei a meu
primo-irmão quem era a fonte do meu interesse, ele se limitou a dizer que era a
nêga com quem um amigo nosso havia ficado. Não sei se quis dizer isso como
incentivo ou como alguém proibida para mim. Realmente não entendi o comentário.
E não sei o que significa essa palavra, “ficada”, será que sempre envolve sexo?
Não faço ideia e não sou afeito a isso. De passar do conhecimento ao sexo em
uma noite só. Sou devagar com sexo, mas acho que aqui já me repito. E, em me
repetindo, vou me retirar por hoje.
-x-x-x-x-
13h25. Acabo de voltar da consulta com a Doutora, foi
tranquilo. A melhor parte foi mamãe arranjar a referência de uma médica para
ver o que são esses esquecimentos, confusões mentais e falta de foco que a
acometem. Encontrei com o meu ex-psicólogo e disse-lhe que participar dos
grupos que realiza no Manicômio me trazia péssimas recordações. Ele
compreendeu. E me deu a boa nova que uma amiga em comum havia parido e tudo
estava ok. Massa. Reencontrei com Popeye e ele me perguntou das fotos, disse
para eu não mostrar à polícia. Hahahaha. Penso em fazer uma camisa com a
imagem, já fiz uns estudos de layout, mas não sei se estou satisfeito. Estou
muito enferrujado nessas coisas. A Doutora retirou o Rivotril do meu cardápio.
Mas parece que ampliou a dosagem de outro. Para mim, não vai nem vem, não sei
para que os remédios servem mesmo. Ela perguntou ao me saber sem terapeuta por
que não voltava ao meu ex-psicólogo, ainda bem que minha mãe respondeu por mim.
E sua resposta foi melhor que qualquer sinceridade que pudesse dizer ou
insinceridade que pudesse conjurar. Disse que eu não dei grandes razões e que
queria tentar com uma terapeuta do CAPS. Por falar em CAPS, tanto minha mãe
quanto a Doutora acham um ótimo lugar para eu frequentar. O problema é que não
quero passar a minha vida toda indo para o CAPS. Não há razão para eu ir para
lá, só se eu tivesse uma recaída. Mas ir à psicóloga do CAPS para consultas
semanais acho superválido e pretendo fazer isso uma vez que volte dos EUA. Mas
não quero nem falar nisso, dos EUA, pois me gera uma moderada angústia. Às
vezes me pego cismando sobre qual o valor de depositar minhas palavras e meu
tempo aqui. Nessas vezes eu geralmente concluo que é um esforço completamente
em vão. Meu superego é cruel. Mas domo ele com a verdade, eu me realizo fazendo
isso. É o que faço que mais me agrada, me preenche e dá prazer. Que mais posso
pedir de um hobby ou afazer ou ofício?
14h06. Fui pegar um copo de Coca. Quem me dera o Odyssey
rolasse hoje. Seria muitíssimo bem-vindo, mas minha intuição me diz que não vai
rolar essa semana. Espero estar intuindo erroneamente. Veremos. Eu poderia ser
mais incisivo e perguntar na grande quando vai rolar, mas não quero pressionar
meu amigo jurista a fazer algo que talvez não esteja a fim de fazer essa
semana. Embora eu ache que ele teria abertura para me dizer que não dá essa
semana. Vou perguntar. Péra.
14h20. Perguntei. Vamos ver qual será a resposta, quando ela
eventualmente vier. Por falar em respostas, vi que os meus comentários chegaram
à garota da noite só que ela ainda não viu. Pelo menos é o que os sinais do
Messenger dão a entender. Não sei se deveria ter mencionado a minha paixão pela
companheira de trabalho dela, mas no fundo acho que foi o mais sensato e
honesto a fazer. Aposto que todo esse empenho emocional que dispendo não vai
dar em nada, no máximo em mais uma amizade frouxa.
14h51. Estava conversando com o meu amigo jurista. Hoje
nasce seu sobrinho ou seja..., mas ele disse que parou o Mario para jogar
comigo e está na secura. Quer ir ao cinema também. Quem sabe semana que vem?
Bom, é dar tempo ao tempo. O cara tem uma vida atribulada. Mulher, trabalho,
filha. Tudo o que não tenho. Hahahaha. Poucos seres humanos têm o que tenho e menos
ainda passariam ou passam os dias a escrever. Com um mundo recheado de prazeres
para serem experimentados (o que geralmente requer grana e a minha está sob o
controle da minha mãe), a experiência mais edificante e gratificante que
encontro é sentar a bunda na cadeira e ficar no computador a escrever asneiras.
16h01.
16h14. Mil pensamentos, mas nenhum que se preste a ser
postado aqui. Um deles é que hoje é mais um dia só. Não tem programa para eu
fazer. Aliás, até tem, ir ao jantar de aniversário da minha prima aqui pertinho
no japonês que fica a dois quarteirões da minha casa, mas acho que vai ser só a
família nuclear. Vou perguntar à aniversariante. Pronto. Só falta, para variar,
a resposta. Mas, de longe, a comunicação que eu mais queria receber era da
garota da noite. Gostaria muito que ela achasse a história da sua amiga de
trabalho engraçada ou curiosa apenas. No máximo. E que a amiga não queimasse o
meu filme.
16h49. Perguntei à mãe da aniversariante também e não obtive
resposta. Mais uma noite on my own.
Queria eu ter coragem de mandar uma mensagem para a garota noite perguntando o
que ela vai fazer hoje. Mas não cheguei a esse grau de ousadia. Nem acho que
algum dia chegarei. Nem acho pertinente, pelo contrário, acho impertinente da
minha parte ficar fantasiando aqui e querer que a pessoa seja recíproca a tais
fantasias. Vou deixar a garota da noite quieta no canto dela e parar de
mencioná-la aqui. Se ler, vai me ter por algum tarado ou maníaco e deus me
livre passar essa impressão. É que faz tanto tempo que não chego tão próximo,
embora ainda muito distante, de uma garota que me interessa. Nossa, uma
eternidade. Mas tenho que me conscientizar que essa é outra vez que não vai dar
em nada. Que continuarei sozinho, o que parece ser a minha sina. Estou sendo
melodramático? Olhe as estatísticas, em mais de dez anos de carreira solo só
fui agarrado uma vez por uma garota ninfomaníaca e obviamente não dei conta do
recado. Foi por conta desse episódio que passei a me considerar demissexual. Na
verdade, só descobri o termo uns dois anos depois, mas sabia já que não era
cara de “ficadas” só pelos prazeres da carne. Constatei isso na prática.
Tampouco sou galinha. Gostaria muito de ser, tanto de ficadas quanto galinha,
minha vida seria bem mais fácil, mas infelizmente essa parte da vida não é nada
fácil para um romântico babaca como eu. Romantismo saiu de moda. Até nas
músicas, que só falam de sexo hoje em dia. Pelo menos as de massa. As poucas
que ouvi. Também não vou generalizar. Toda generalização é burra, já me dizia o
meu velho pai. Mas hoje parece que a busca é por relações rápidas e
superficiais. Superficiais no sentido do afeto e da intimidade, mas bastante
profundas no sentido sexual. Eu funciono na polaridade contrária, afeto e
intimidade vêm na frente do sexo. 17h27. Vou pegar Coca e meditar se continuo
aqui ou vou para uma realidade alternativa, seja jogo ou filme.
17h32. Voltei para cá, estou ouvindo som alto, como não
posso quando o casal está em casa e isso me apraz. “Virus”, versão remix, magnífica.
Só alto assim eu consigo ouvir a riqueza da música que é muito maior do que
julgava. Me alegra a alma ouvir e redescobrir uma música que eu gosto por causa
do som mais potente que hoje possuo. Nada demais, 400W, mas é o suficiente. Nem
boto no máximo, pois nem eu aguento, mas essa potência extra, gera uma
profundidade e clareza do som que nunca havia experimentado antes. É uma das
delícias da minha vida, um prazer raro, como devem ser os grandes prazeres,
para que não corram o risco de cair na banalidade. Minha tia respondeu sobre o
restaurante japonês, será só a família nuclear. Então, estou fora. Again on my own. Not a bad
company after all just the same
company as every other day. Me perdoem pelo parco e porco inglês.
Não sei porque resolvi escrever em inglês. Saudades do blog de bonecos? Um
pouco talvez, mas não tenho conteúdo para escrever nele. Poderia receber uma
mensagem da garota da noite para eu ganhar o meu dia e para eu descobrir o
estrago que a minha declaração sobre sua amiga causou. Que babaquice, Mário!
Deixa dessa frescura! Vai catar coquinho que é melhor. Para de falar dessa
menina, não vê que não vai rolar nada? Muda o disco que esse já cansou. Ok,
superego. Mas não tenho mais nada o que comentar. Continuo aqui na frente do computador,
a noite já se debruçou sobre esta parte do planeta e não tenho ânimo para fazer
coisa outra que não escrever.
18h12. Fui fechar a porta para a fantástica faxineira e
acabei comendo um pão com presunto. A comida na barriga me deu sono. Talvez me
deite um pouco, já que não posso mais falar do que gostaria de falar sob pena
de parecer excessivamente excessivo.
18h26. Eu fui uma criança mais bonita do que o adulto que me
tornei. Por fora, pelo menos. Se bem que hoje sou muito parecido com a criança
que eu era por dentro. Incrível quanto da criança sobrevive em mim nos dias de
hoje. Inclusive partes que eu desgosto dela. Espero melhorar nessas partes.
19h34. Minha mãe chegou com as compras e fui ajudá-la. Estou
meio para baixo hoje, achando a vida despropositada. Mas só um pouco. A solidão
às vezes se torna cansativa, por mais que preze pela minha privacidade e a
tranquilidade do meu quarto-ilha. Ella & Louis “Moonlight In Vermont”. Que
coisa linda. Faz sonhar. Aí entra Faith No More, quebra o clima. Mas curto a
música mesmo assim.
19h48. Meu padrasto chegou. E alguma coisa já o desagradou,
espero que não tenha sido o danado do Vaporfi. Sem inspiração para escrever. Há
um problema na viagem, não há quem vá buscar-nos no aeroporto dos EUA. No grupo
de WhatsApp há um debate entre alugar um carro para ter mobilidade ou apenas
uma van-táxi ou coisa do gênero. Bom, isso é da alçada da minha mãe, visto que
não dirijo, não tenho acesso ao meu dinheiro e não estou nem um pouco a fim de
fazer essa viagem. Outro assunto que baixa o meu astral. Eu sei que todo mundo
de país tropical sonha em ver neve, infelizmente esse não é o meu caso. Acho
que vou me deitar um pouco.
21h09. Estava tirando um cochilo e fui acordado por uma
mensagem da garota da noite no meu celular comentando que me explicaria o que
pedi que me explicasse e comentando como o mundo era pequeno (em relação à
amiga). Eu respondi, no susto, exatamente isso, “Eu fiquei de cara e temendo
que ela por algum motivo queimasse meu filme com você... Sou besta mesmo, me
perdoe...”
21h18. Não resistindo, ainda emendei, “Não que eu queira
ocultar algo de você, o que quiser saber, eu te falo, só perguntar. Sou afeito
à sinceridade e à honestidade.” E fui absolutamente honesto e sincero nessa
observação. Pelo menos alguma coisa para me dar uma enxurrada de adrenalina
boa. Quem sabe ela não me responda uma vez mais. Só acho incrível como as
mensagens demoram a sair do celular dela para o meu. E vice-versa. Só chegou
uma para ela. A segunda ainda não e ela não viu nenhuma. Desculpe superego, mas
tinha que narrar esse acontecimento.
22h42. Peguei algumas estrelas em Mario Galaxy. Estou quase
assistindo “Atomic Blonde”. Acho que vou dar uma chance ao filme... já-já.
22h52. Vou não, vai ficar tarde demais, já são quase 23h00.
Vou tentar dormir mais cedo hoje. Que coisa a minha cabeça, não paro de pensar
na garota da noite. Ela vai pegar a minha ficha clínica com a amiga e aí adeus
quaisquer chances. Hahahaha. Se bem que se ela me perguntasse eu teria de
contar mesmo. Vamos ver quão mente aberta pode ser uma psicóloga. Mas duvido
que para um fruto bichado e buchudo ela tenha alguma disponibilidade. Hahahaha.
Rio para esconder a minha frustração. Será que ela continua lendo o blog?
Espero que não. Não deve ter tempo nem paciência. Ainda bem. Me parece a
suposição mais acertada. Sei que não consigo converter leitores com essa facilidade.
Tanto é que o meu último post teve apenas 27 acessos até agora. Não acho que vá
passar disso. Nem acho que eu e a garota da noite nos cruzaremos nesse final de
semana. A probabilidade é baixa. Da forma como meu primo-irmão se referiu a ela
foi como se não tivesse essas intimidades todas, ela nem está no grupo de
WhatsApp da turma, talvez por pertencer a uma turma diferente, não sei. Sei que
não vou ter o embasamento do outro cara “que a pegou” para debater psicologia,
aliás me sinto incapaz de debater qualquer coisa. Mas isso, como o meu superego
diz, é frescura, acredito que seja capaz de conversar, só me sinto bastante
acanhado para tal. O negócio é sobreviver até quebrar o gelo. Quem me dera eu
ter coragem de fazer festa e pedir um abraço. Por que o abraço? Para ver se
nossos corpos se encaixam. Há pessoas cujos corpos não se encaixam num abraço.
Pelo menos eu tenho essa teoria. Houve pessoas que abracei que não encaixaram
comigo. Vai muito do jeito de abraçar, eu acho. Nossa, me sinto liberto depois
que abandonei o baixo astral dos grupos de assexuais. Eu gosto bastante até as
preliminares, a penetração e o orgasmo é que não são a oitava maravilha que
todos apregoam. Se bem que eram de legais a bem legais com as minhas namoradas.
Mas faz tanto tempo isso. De toda sorte, de onde eu estou até um negócio desses
vai um looongo caminho. Que nem sei se vai ser trilhado. Eu não sei nem quando
a reverei. Se reverei at all. São
tantos “se”, a maioria com probabilidade de não que é melhor eu defenestrar essa
ideia da cabeça. Não, não vai ser dessa vez que arrumarei alguém para amar. Nem
sei se estou disponível para isso. Tudo indica que sim, sinto forte inclinação
por dar início ao processo, mas com calma e parcimônia. Nada de pressa. O que
estou falando, meu deus? “Milhões de vasos sem nenhuma flor”, como diria o
poeta. Vou pegar Coca. Acho que mais dois ou três copos e vou dormir.
0h00. Mudança de planos. Resolvi jantar e acho que isso vai
me dar sono. Não comi muito nem pouco e somando ao que me alimentei no resto do
dia acho que não devo ter consumido as 2.000 calorias diárias, então talvez
amanhã acorde um pouco mais magro. Pouco. Melhor que acordar mais gordo!
Hahahaha. Vou me retirar. Amanhã reviso e posto.
-x-x-x-x-
18h21. A garota da noite me mandou uma mensagem que não
entendi, muito evasiva, acho que não responderei. E demorarei para responder.
Será que vai ter dois beijinhos? Minha mãe chegou. Estava no Desabafos do Vate
talvez role um novo WhatsApp para Bic, mas não vou contar aqui.
19h24. Mandei, mas é muito nada a ver, por isso mantenho no
Desabafos. Acho que meu padrasto já reclamou do “cheiro” do Vaporfi uma vez
mais. Eu acho, não ouvi direito e posso não ter ouvido certo.
19h34. Pensando que é uma boa hora para encarar um game ou
filme. Acho que vou de Mario Galaxy.
20h21. Meu padrasto está discutindo o negócio do Vaporfi de
novo. Meu irmão, que novela. Porque ele insiste nisso? Meu deus, é uma cruzada
antitabagista. Que saco. Virou questão de argumentos frequentes com a minha
mãe. Ainda bem que não é comigo. Passou meses e meses sem sentir coisa alguma,
ninguém nunca sentiu. Subitamente ele desenvolve narinas supersensíveis que
passam a detectar o odor do Vaporfi, coincidente depois que me viu dando uma
baforada dentro do quarto com a porta aberta. Meu irmão, se isso não é
perseguição, não sei o que é.
Abri a janela, deixei a cidade invadir meu quarto-ilha. A
cidade à noite e seu murmurar característico, um silêncio que não é de todo
silencioso. E que é quebrado por rompantes de homens, máquinas e animais. Claro
que não é o barulho e ininterrupto da manhã, o burburinho matinal. Esse não me
agrada tanto quanto a noite.
20h52. Havia desligado o celular há algum tempo. Não sei o
que responder à mensagem da garota da noite. Acho que vai ficar sem resposta. Eu
não sei o que dizer.
21h26. Botei um sorriso. Foi o mais simpático e pertinente
que pude ser com o que ela comentou. Não havia realmente nada a dizer. Não
consegui divisar. Se ela não quiser nada comigo, que é o mais provável, o que farei
da minha vida afetiva? Voltar à estaca zero, claro. Pelo menos flutuei um pouco
acima do chão, como pena em que bate brisa leve. Se eleva um pouco no ar e
suavemente volta ao chão. Acho que vai ser uma aterrissagem suave, sim.
Primeiro porque sou sonhador aqui, mas realista de fato. Segundo porque acho
que não vai haver nenhuma agressividade ou rejeição instantânea da parte dela,
até porque se eu tomar alguma iniciativa é a de conversar. Uma colega da turma
que participava, ministrada pelo meu ex-psicólogo, que encontrei quando fui ao
Manicômio para a consulta com a Doutora, me disse que mulher gosta de homens
que as façam rir. Se for esse o fato, estou em maus lençóis, pois ando tão sem
graça ultimamente. Se eu bebesse talvez. Mas não vou beber. Questão de
sobrevivência. E prefiro sobreviver a arriscar voltar àquele lugar infernal.
Terei que ser quem eu sou e isso vai ter que bastar.
22h23. Meu amigo da piscina chegou de sua saída, vai jantar
e quer que eu desça para conversar com ele. Acho que vou. Não estou fazendo
nada. Não pude ir para o Mimo, para onde meu primo-irmão foi, porque meu
padrasto estava lá debatendo com a minha mãe sobre o Vaporfi. Espero que amanhã
eu consiga sair com ele.
23h41. Tivemos uma boa conversa eu e meu amigo da piscina e
ele me convenceu a fazer um layout de alguma coisa. Me convenceu de ao invés de
vir escrever, ir direto para o Corel.
1h48. Acabei de fazer. Fiz da Coca Zero. Um do jeito que eu
queria e uma seguindo as normas. Não posso dizer que me senti bem fazendo,
especialmente o layout mais careta, mas não me senti terrível. Mas prefiro
ficar longe disso. É outra coisa que me leva a ruína psicossocial.
Vou revisar e postar... quando acordar. Vou é dormir agora.
1h55. Estou com sono. Vontade de fumar um cigarro. Acho que vou. O saideiro da noite.
Vou.
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