domingo, 19 de novembro de 2017

HOJE, SÁBADO, EU PRECISO SAIR


Eu tenho que sair hoje. Minha mãe quis que eu tirasse uma parte de um post que escrevi, ou seja, censurou o meu blog. Não sei porque dei o meu braço a torcer. Não darei mais. Ela usou o argumento que nenhuma menina iria querer ficar comigo se soubesse do que narrei. Realmente não é nada que eu precise narrar para ninguém, mas a pessoa que ficar comigo vai ter que saber que tenho problema com droga. Não posso nem tenho como ocultar isso. É um dos ônus de ficar comigo esse meu passado nigérrimo. Que fique no passado. Como o fato de ser curatelado tenha que vir a luz. Que não posso casar no papel. Que não sei dirigir, nem sei se posso. Não posso votar. Não sei mais o que eu não posso. Mas não resta muita coisa. Ah, e que tenho em teoria transtorno bipolar sob controle.

16h34. Mandei um WhatsApp para o meu primo-irmão sobre a saída, mas este ainda não deu resposta. Estou quase perguntando qual é a boa de hoje para a garota da noite. Quase é mentira, mas foi uma ideia que me cruzou a cabeça. Pena que não ache que tenha intimidade o suficiente para indagar isso. Estou com a cabeça nas nuvens ou névoas hoje. Tico e Teco estão demorando para engrenar. Ou talvez esteja sem saco para escrever. Uma coisa que vai ser complicada, caso eu arrume alguém algum dia, será o fato de que a pessoa talvez não goste de ter a sua vida exposta aqui. Pelo menos a parte da vida que se intersecciona com a minha, que é a que poderia narrar. Ah, uma coisa que tenho que deixar claro para uma futura companheira é que não gosto de carnaval. Nada contra quem gosta, se ela gostar, que vá e se divirta bastante, só não espere a minha companhia. Tentei por muitos e muitos carnavais ver graça nele, mas, aparte as criativas fantasias, nada mais me apetece. E ver as curiosas fantasias não valem o calor, o aperto, as mesmas músicas, tudo isso sem beber. Não, não dá para mim. Como disse, tentei. Só saio no Saia Dessa Noia e estico para Os Barbas quando dá tempo. A isso se resume o meu carnaval. Olinda, bailes, prévias, tô fora. Recife Antigo à noite é um caso a ser considerado com muito carinho. Que ela, seja ela quem for, vá para tudo isso e aproveite a vida da forma que lhe aprouver. Só me inclua fora disso. Espero que a pessoa respeite a minha decisão. Como respeitarei a dela de ir, caso goste dos festejos de momo. Mas a quem estou querendo enganar, vou ficar literalmente para titio, sou tão tímido e atrapalhado com esse negócio de conquista que nunca lograrei outro sucesso. Estou praticamente conformado que o meu quinhão de amor eu já vivi, bela e intensamente. Com todas as delícias e amargores que envolvem os grandes amores. Não me ressinto de nenhum. Inclusive minha ex é a minha melhor amiga, algo que qualquer futura pretendente vai ter que entender e acatar. Não vou me desvincular da Gatinha por nenhuma razão. Até porque ela está muito bem afetivamente com o seu namorado. Finalmente parece ter acertado. O cara é bem legal, muito pé no chão e parece gostar dela, vivem uma relação sadia à maneira deles. O que acho ótimo, afinal a Gatinha já teve sua quota de sofrimento na vida. E suplantou todos eles. Somos ambos sobreviventes, ela das crueldades do mundo, eu, de mim mesmo. Fui por muito tempo o meu pior inimigo. Muito devagarinho vou fazendo as pazes comigo. É um processo para lá de conturbado, mas positivo, e acho que a terapia talvez me ajude com isso.

17h34. Eu e meu primo-irmão vamos para o Mimo hoje, um festival em Olinda. Minha mãe ficou relutante, não sei por quê, mas obviamente não iria me impedir. Avisei à garota da noite. Disse que se quisesse maiores informações, falasse com ele. Eu vi as atrações e, embora não conheça nenhuma parece ser música de qualidade. Pelo menos os shows vão valer a pena. Claro que gostaria de contar com a presença da garota da noite, mas acho um tanto improvável. E, pela foto que vi do festival, pela quantidade enorme de pessoas, deve ser difícil se encontrar por lá. Bom, a sorte está lançada. Vou me preparar para ir, já vai dar 18h00 e ele quer que eu chegue lá na casa dele às 19h00. E pediu para eu ser pontual. Deixar acabar “Moonlight In Vermont”.

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3h09. Qualquer ilusão a respeito da garota da noite foi quebrada, esmigalhada, triturada, destruída. Ela passou por mim e rapidamente me deu dois beijinhos e seguiu reto, deixando até as suas amigas perplexas. Estava, se percebi corretamente, com uma blusa vermelha de alças bem finas, tinha a boca igualmente rubra, como de costume, e nem me olhou nos olhos. Achei-a tão bela quanto da vez anterior. Vai ver que continuou lendo esse blog, minha maldição. As suposições é que teria ficado com o nosso amigo bonitão, mas foram só especulações de um ser embriagado. De qualquer forma, fato é que certamente causei alguma reação de repulsa forte nela. Tanto é que nem me aventurei a seguir com a turma para não causar constrangimentos desnecessários a mim e a ela. Foi bastante ozzy. Não esperava um cortada tão cirúrgica quanto o total desprezo. Confesso que doeu um pouco. Estava alimentando realmente uma vã esperança, admito. Mas agora estou de volta ao deserto afetivo. Como pude ser tão burro de continuar postando aqui? O irônico é que quem cantou a pedra do Mimo para ela fui eu. Não sei se iria de qualquer forma. Talvez. Só achei sua reação surpreendente. Não consigo parar de pensar que este blog foi o causador de tudo. Bom agora ela não mais será mencionada aqui. Talvez era isso que ansiasse. Pois bem. Só queria saber a razão e não especulá-la. Mas não vou saber e tenho que me conformar com isso também. Nem sempre a vida sai do jeito que a gente quer. Saiu até por tempo demais, fiquei surpreso. Uma semana da ascensão à queda. Isso dá um baixo astral, uma tristeza fina e azul, uma não-sei-quê que se apaga na alma. Ainda bem que estou mais de pé no chão. Hahahaha. Sei que você que vem acompanhando as últimas postagens deve estar rindo da minha cara. Como pode alguém estar com a cabeça nas nuvens e os pés no chão, mas sendo honesto, foi assim que se deu comigo. O fora foi mais brusco e grosseiro do que poderia sequer imaginar. Mas cá estou em terra firme, ou quase, com os pés fincados no chão do meu quarto-ilha. É a vida. Obrigado, vida, por mais essa. Aprendi um pouco mais. A couraça ficou um pouco mais dura e vejo que continuo – e nisso evoluí muito – a suportar frustrações com tranquilidade. “U R So Fucked” coincidente passa no som. É, em quesito do coração eu estou bastante fucked. Mas esse é só um aspecto da minha vida. Os demais estão satisfatórios. Na média geral estou bem. O entrave é aí mesmo. Ainda estou de cara. A verdade é essa. Me indagando o que precisamente eu fiz de errado para não merecer nem a amizade frouxa. Também não sei se estaria a fim de uma amizade frouxa. Bom, quebrei a cara. Normal. Acho eu. Meu melhor não foi suficiente. Talvez seja excessivo. Se ela ficou com o meu amigo bonitão, isso me põe um tanto mais para baixo, pois sei que é uma coisa fútil e superficial. Mas disse que não iria mais mencioná-la. Ou pelo menos farei o meu melhor. Vou dormir. 4h30. Deveria revisar e postar isso.

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15h58. Ser bonitão é uma vantagem evolutiva até certo ponto. Não sei se iria querer um bando de meninas que não me interessam no meu pé. Não saberia o que dizer para elas.

16h03. Não sei mais o que dizer por ora, acordei há pouco, me percebo ainda mexido emocionalmente, mas não sou nenhum bonitão, era de se esperar. Eu em certa medida estava esperando. Em outra medida mais profunda estava esperando outra coisa, outro desfecho um pouco mais colorido para o meu lado. Não deu, não foi, não será. Bola para frente. O pior é que não há outra amiga do meu primo-irmão que me interesse. Ou que tenha despertado meu encantamento assim. Não que eu me lembre. E disso me lembraria. É uma pena (para mim). Para ela deve ter sido com tirar um sapato que lhe aperta e faz calos nos pés. Alívio. Que bom, pelo menos essa sensação de liberdade a proporcionei.

16h22. O nosso amigo bonitão disse que Recife é uma cidade doente. Me indago que grande metrópole não o é. Percebi que a minha postura de figurante está se cristalizando dentro do grupo. Passei boa parte da noite com o meu primo-irmão e meu amigo cervejeiro e eles simplesmente ignoraram a minha presença e ficaram conversando entre si. Isso me incomodou, mas também estavam para lá de Bagdá e trocando juras de amizade, porém não o tempo todo. Sei lá. Foi uma noite diferente, cheia de novas percepções. Pena que a maioria delas um tanto quanto amargas. Ei, as bandas foram boas e a companhia foi ótima, houve momentos em que interagi com todos, do sexo masculino, da turma. Por incrível que pareça com quem interagi mais foi com o meu amigo cervejeiro. Ele estava particularmente comunicativo, o que foi ótimo para mim. Se disse num astral ótimo o que contrabalançou o meu. Não em entenda mal, não fora pelo completo desprezo de um certo alguém, a noite foi ótima. Há muito não me encontrava com um grupo com o qual eu tenho intimidade suficiente para conversar. Houve momentos em que fiquei de figurante? Sim, mais do que interagi, mas interagi bem, não foi uma noite praticamente nula de interações, eu diria que, em vista dos últimos programas, foi uma noite rica nesse aspecto.


16h51. Sabe de uma coisa? Vou parar de me botar para baixo por um tempo. Não tem para que eu ficar como submarinho emocional, navegando nas profundezas de mim. Se bem que agora seria um bom momento para ouvir a música de roedeira que eu salvei na lista 6, “Tola Foi Você”. Mas vou deixar o modo aleatório decidir por mim. Foi uma noite que valeu a pena ser vivida, muito melhor do que ficar aqui trancado no meu quarto escrevendo. Isso eu já faço todos os dias. Foi uma noite de aprendizado, do emocional ao musical. Interagi com pessoas que sinceramente gosto. Sei mais o que escrever não, vou postar. 

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