2h20. Estou sem sono. Li um bando de frases motivacionais de
escritores famosos colecionadas por um amigo que estudou comigo na faculdade.
Elas só fizeram corroborar com isto que faço, o que me deixou deveras feliz. Já
não me preocupo se me repito no meu repertório vocabular. Ele é parco, mas é
com ele que escrevo e é dele que dependo. Se escrevo bem ou mal, isso importa,
mas não é tudo. Pode ser que a prática leve ao aperfeiçoamento como é tão
apregoado por aí. Eu não estou nem aí. Sigo escrevendo como quero e o que
quero. Nessa madrugada estou feliz. Uma estátua que considerava essencial à
minha coleção está finalmente encaminhada, como quem leu o outro post deve
saber. Conquistei a Red Sonja. E o Hulk está nas parcelas finais para partir
para o Brasil. São, sem dúvida, duas das minhas estátuas prediletas desde já.
De já, não. Há muito tempo as venho namorando. O Hulk até há mais tempo que a
Red Sonja, desde que o vi em processo de escultura num vídeo da Sideshow. Ah,
eu não contei para mamãe, não tive coragem, mas aproveitei a promoção do
Spooktacular que estava dando 15% de desconto e frete grátis e comprei uma
camisa da Sideshow. Usarei com muito orgulho, pois a maioria das figuras que
tenho, todas as grandes, 1/4 e 1/5, são da Sideshow. E pode ser que usando ela
encontre novos colecionadores por aqui. É a camisa que todos os escultores usam
quando são entrevistados e é apenas uma camiseta preta com o logo da companhia.
Prefiro do que uma camisa com o logo da Coca-Cola, que deve custar muito mais,
visto que a Coca-Cola é uma grife conhecida e cara. Então estou feliz. Meu lado
colecionista foi saciado. Falando em consumismo, não sei se o celular que estou
observando vai caber no meu bolso. Creio que sim, mas não tem como ter certeza.
A verdade é que não me interesso por celulares. Mas é verdade também que o meu
está para lá de datado com seus 8GB não expansíveis. Tive que apagar fotos para
poder atualizar os aplicativos. E essa coisa de vir com os aplicativos todos da
Google pré-instalados e impossíveis de desinstalar só fazem os 8GB encolherem
ainda mais. O celular que encontrei é o que tem melhor custo quando comparado
ao brasileiro, por isso meu foco nele. Por isso e porque foi o único que
encontrei com 128GB de memória. E 6GB de RAM. É uma máquina. Só que é grande.
Não fazem mais smartphones do tamanho do meu hoje em dia. Vi na casa da minha
tia-mãe os celulares da galera e todos são consideravelmente maiores que o meu.
Só que eu acho que esse ainda é um pouco maior em altura. Não sei se chega a ser
do tamanho do de mamãe, mas deve chegar perto. Talvez seja um pouco mais fino.
Espero muito que a pintura da Red Sonja seja perfeita, especialmente a cabeça.
Isso é essencial. Sua expressão é muito sutil e a pintura tem que ser precisa
para dar a impressão do seu sorriso quase sem sorrir. A pintura dos olhos
também tem que ser perfeita para que a estátua valha a pena. Confio na
Sideshow. Eles conseguiram com a Captain Marvel, uma das que quero trazer de
lá, espero que consigam com essa também. Especialmente com essa. Nossa, como
gostaria de ter o Hulk aqui. É outro cuja pintura vai ter que ser top. Mas acho
que não vão dar vacilo numa figura tão cara. Estou mais tranquilo com o Hulk
que com a Red Sonja. 3h00. Não sei se vire a noite. Não estou com sono. Mas
também não beberei mais Coca. Parei logo depois do banho. Com o meu último
cigarro da noite. Não pretendo sair do meu quarto para mais nada até acordar
amanhã. Como estou satisfeito. Com a Red Sonja e a camisa. E o box surround de
Björk. Tenho até que ligar para meu irmão perguntando se chegou. Acho que vou
me deitar dentro em breve. Não quero que minha mãe acorde dê de cara comigo
escrevendo. Vou pegar só um copo d’água e quando terminar de bebê-lo, vou
dormir.
3h07. Peguei a água, dei uma passada no banheiro e cá estou.
Só escrevi futilidades, eu sei. Mas me permito ser fútil algumas vezes aqui.
Algumas futilidades me aprazem, como é o caso da Red Sonja, da camiseta e do
Hulk. Se minha mãe encrespar com a camiseta, eu peço para ela deduzir do montante
que levarei para os EUA. Por falar em EUA, mamãe ainda anda sentindo dores nas
juntas, mas faz muito pouco tempo que trocou de remédio, até parar de ficar
inflamado deve demorar, o organismo agora precisa reagir e desinflamar as
juntas, uma vez livre do agente inflamatório. Isso não se dá da noite para o
dia. E talvez seja necessário fazer infiltração nos joelhos, quem sabe. Quem
sabe são os médicos, mas a oncologista disse que o causador de todo esse
mal-estar era o remédio. Torçamos para que esteja certa. Será que mamãe já leu
o último post ou não? Tudo sugeria que sim. Será que ela leu todo? Porque foi
um post grande. Uma semana escrevendo. Foi o maior post que jamais escrevi.
Bom, está postado e agora ele é passado, o presente se desenrola nesse post que
nem tem nome ainda. Meu ombro direito dói de tanto escrever. Só falta comer o
gelo do copo para ir me deitar. Espero conseguir dormir. 3h18. Espero também
que quando acordar traga algo de mais relevante para o mundo. Acho difícil.
Hahahaha. Afinal, ainda estarei inebriado com as minhas novas aquisições.
Queria conseguir trazer todas as estátuas grandes que há na casa do meu irmão.
Tenho quatro lá, pelas minhas contas. Será que caberiam duas por mala? Acho
difícil, só chegando lá e vendo. Talvez caibam umas três mais alguns bonecos
pequenos. 3h26. Já acabei o gelo. Só permanece a vontade de escrever e fumar o
Vaporfi. Vou logo botar minha música de ninar. “Achtung Baby” do U2.
-x-x-x-x-
15h47. Dormi bem hoje. Até o final do meu sono. Foi ótimo.
Mamãe disse que minha irmã provavelmente não vá aos EUA conosco por causa do
problema nas costas. O pobre do meu cunhado deve estar se virando em três, pois
em dois ele já virava, para dar conta do trabalho e das crianças, visto que
minha irmã não pode carregar peso. Mamãe disse que ainda está sentido dores
apesar da troca de remédios. Como disse, acredito e espero que seja porque o
processo de desinflamação demore mais tempo que a troca de remédio. Queria
muito que o sofrimento dela diminuísse. Aos poucos vou me acostumando com o
bicho estranho que é o Biophilia de Björk. Sem dúvida seria um aplicativo que
gostaria de adquirir para o meu possível novo celular, já que no meu não cabe. Sempre
quis ver do que se tratava esse projeto que foi pensado para ser uma experiência
interativa antes mesmo de ser um disco, mas nunca tive memória no celular para
tal. Espero que ainda esteja disponível na Playstore ou sei lá como chama o
aplicativo de baixar aplicativos. Pensar na parte elétrica do meu quarto me
esquenta a cabeça, mas tudo há de se resolver. É para isso que servem
arquitetas. Não sei se precisarei de dois estabilizadores e quero que tudo seja
facilmente acessível, nada embutido que não dê para não ter complicação na hora
de desligar ou ligar um hipotético novo aparelho. Embora não pense em adquirir
mais nenhum aparelho. Não penso em migrar para 4K nem tão cedo. Na verdade, não
quero migrar para 4K já que meus consoles não rodam nessa definição, nem meu
Blu-Ray player, isso só tornaria os gráficos deles mais feios, serrilhados ou o
vídeo parecendo de baixa qualidade. Full HD para mim já está de bom tamanho.
Acho minha TV excelente. Foi uma das boas compras que fiz na vida. Aliás, tudo
o que comprei para mim, fogão, geladeira foi tudo bom, dentro do orçamento que
possuía. Me peguei agora pensando na operadora de telemarketing que me vendeu
meu primeiro cartão de crédito há muito tempo atrás. Bote tempo nisso. Acho que
ela criou uma fantasia romântica comigo e eu com ela. Prova disso é que
passamos quase uma hora no telefone, ela aumentou o meu crédito para mais do
que era permitido por causa da minha renda e, não bastasse isso, ainda me ligou
de novo para conversar mais. Pena que ela era de São Paulo e eu estava em
Recife e que eu sou muito empulhado, embora fosse muito menos à época. Foi um
dos telefonemas mais legais, instigantes que recebi na vida. Tanto que ainda me
lembro dele. Isso me lembrou outro episódio, muito menos aprazível que não me
sinto no direito de relatar aqui. Vou pegar Coca.
16h31. Não sei ainda se desça para encontrar o meu amigo da
piscina. Não sei se estou a fim de pregação, mas acho que meu amigo merece a
minha atenção e companhia, senão vou acabar perdendo mais um canal de
socialização. Que azar danado eu ter cometido o ato falho de fumar o Vaporfi de
porta aberta e meu padrasto ver. Demorou até demais, eu acho. Agora ele reclama
da “fedentina”, quando durante meses não sentiu cheiro de nada. De toda sorte,
vou trocar o líquido do Vaporfi e colocar só do chinês. Quer saber? Vou fazer
isso agora.
16h40. Fiz. Espero que isso resolva, pois o chinês não tem
quase cheiro de nada. Esse “Drawing Restraint 9” é um disco difícil de ouvir,
viu? Pense em “Biophilia” e multiplique por dois. Acho que vou descer para
falar com meu amigo da piscina, mesmo que ele tente me catequizar através do
arqueólogo cristão Rodrigo Silva. É um ótimo orador, prende a atenção e
apresenta informações e curiosidades nas suas palestras, mas a que vi não me
convenceu de que a Bíblia era a palavra de Deus. Nada a não ser o próprio Deus
manifesto na minha frente para um longo papo me faria crer em sua existência. E
mesmo assim eu poderia achar que foi um delírio a depender de como sentisse e
percebesse o milagre. Talvez a não-inovação do novo single de Björk indique
menos a falta de inventividade dela e mais a falta de novidade no cenário
musical, de onde ela sempre foi buscar agregados para mesclar em suas músicas.
Ela sempre foi uma exímia “sanguessuga” das novas tendências. Sei lá, vai ver
que se cansou disso. Não dá para julgar por uma música só, mas concordo com o
meu primo urbano que os recursos se repetem no novo single. Sei que até sonhei
que ouvia uma música nova dela, mais pop, com mais melodia e refrão. Julgo
ouvir a voz da minha mãe, mas não tenho certeza. Hoje ela me disse que está
preparada para que eu parta antes dela. Não sei como suportaria a perda da
minha mãe, como reaprenderia a viver no mundo sem ela, que prefiro mesmo morrer
antes dela. Embora a morte esteja ganhando contornos cada vez mais assustadores
à medida que se aproxima. Nunca havia tido medo da morte e agora me pego
cismando sobre o assunto com temor. A morte se apresenta nas marcas da idade
que começam a pipocar em mim. No meu rosto, nos meus cabelos. O atomizer também
está com gosto de queimado, isso pode contribuir para a “fedentina”, mas vou
segurar mais um pouco, pois meu estoque de atomizers é limitado. Êba, eu tenho
o DVD do Sugarcubes. Eu achava que tinha, mas não tinha certeza. Isso é muito
bom, é um dos meus DVDs prediletos. Pena não ter onde ligar o meu Blu-ray de
novo... ainda. Acho que a imagem de um Blu-ray vai parecer borrada numa TV 4K
como um DVD fica numa Full HD. Mandei as felicitações do meu amigo da piscina
para a minha mãe e disse que pretendia encontrar com ele hoje. Ela consentiu.
Mandei um WhatsApp para ele. Ele disse que já foi para casa. Que pena. Estava
com a alma toda preparada para esse encontro hoje. Acontece. Acho que não vou
descer sozinho. Tem pouco gelo no refrigerador e tenho que economizar Coca.
Além do que desarmar o circo aqui, para montá-lo lá e depois desmontar lá para
armar aqui de novo é um saco, por mais que o ambiente da piscina me agrade.
Quando houver mais gelo, eu desço. No dia em que a fantástica faxineira estiver
aqui parece ser o mais apropriado, pois ela sempre enche o depósito de gelo e
bota todas as caçambas para congelar de novo. Como disse, ela é fantástica.
Noite já se fez. 17h44. A hora para me decidir descer é essa. Mas já havia me
decidido. Descer no dia da fantástica faxineira. Tenho que ir preparando o meu
espírito desde já para tal empreitada. E desde já me sinto desmotivado, não sei
precisar por quê. Sei que estou feliz com a Red Sonja. Ela deve ser linda ao
vivo. Isso, novamente, se a pintura for spot
on. Mas deve ser. Tem que ser.
18h15. Me perdi no maravilhoso mundo dos bonecos e olhando
uma coisinha ou outra na internet. Aproveitei para dar uma namorada na Red
Sonja e no Hulk. Houve um momento, quando do lançamento do Swamp Thing em que
eu achei que já estávamos em 2018. Para você ver que com a passagem do tempo,
com a idade, os anos vão se tornando cada vez mais irrelevantes, a sucessão de
meses parece cada vez mais veloz e por consequência a sucessão dos anos. Esse
passou voando para mim, com uma pequena diminuída no ritmo na minha estadia na
Alemanha. Eu acho. Até isso para mim parece que passou rápido demais, mais
rápido do que desejaria. Às vezes penso que minha forma de arte pictórica
tivesse alguma aceitação nos meios artísticos, especialmente depois de ver as
obras de uma amiga minha que se considera uma artista plástica. Mas não sinto
estímulo para pintar. Ainda resquícios do malfadado curso de pintura que eu
fiz. E me encontro ou me perco muito mais na escrita. É onde me sinto em casa,
é onde tudo para mim é maravilhosamente delicioso. 18h30. Pensar que posso
ouvir Medúlla em 5.1 algum dia da minha vida é um sonho antigo, que se aproxima
da realidade com o fato de ter a mídia já na casa do meu irmão.
19h16. Liguei para o meu irmão para saber se a caixa de
Björk havia chegado para poder dar o feedback para a vendedora. Perguntei se
ele tinha 5.1 lá e ele disse que sim, só que não estava montado. Quem sabe ele
não monte daqui para lá? Dureza vai ser arrumar um momento calmo para ouvir os
discos. Acho que é melhor batalhar por um 5.1 no meu quarto. Até porque se meu
padrasto for atualizar a TV e o som da sala, ele não vai me deixar plugar meu
Blu-ray lá, vai ficar cheio de cuidados e ciúmes com os equipamentos. Conheço.
Foi bom ter ligado para o meu irmão, pois minha mãe falou com ele e com os
netos, foi bom para ela. Se anima mais para ir no final do ano. Eu, para
variar, estou com as expectativas lá embaixo. É difícil deixar o quarto-ilha.
Ainda mais para enfrentar duas jornadas de mais de 11 horas de aviões e
aeroportos. Espero que tudo dê certo. Não haja muita confusão. Será que ano que
vem vai ser tudo de novo? Duas viagens? Espero que não. Se bem que eu acho que
o cruzeiro eu encararia. Deve ser interessante viajar num daqueles navios
enormes. Mas talvez seja um programa planejado para ser feito pelo casal
somente e eu respeito isso. Eles precisam aproveitar enquanto ainda têm
qualidade de vida, enquanto ainda estão relativamente inteiros. E eu poderia
ser um atrapalhador do momento deles. Penso mais no navio como um meio social
para arrumar uma paquera, quem sabe, devido ao confinamento no mesmo espaço, no
meio do oceano, que meio que obriga a convivência e o encontro com as mesmas
pessoas. Deve ter gatas no navio. Mas vamos deixar essa literal viagem de lado.
É estranho escrever sabendo que mamãe vai ler. Me sinto um tanto cerceado. Mas
tenho que deixar disso e continuar a escrever como sempre escrevi. Assim, ela
vai saber o que vai na minha cabeça. Já que nosso diálogo, mais por culpa minha
do que dela, admito, é tão precário. Aliás todos os diálogos têm sido precários
na minha vida. Minha vida social é quase inexistente. E isso não me faz a falta
que deveria fazer. Sinto que é algo deslocado dos padrões sociais, mas essa
parte não me interessa muito. Acho grande parte dos padrões sociais ridículos,
fúteis e dispensáveis. Cada vez mais gosto de reinar no meu quarto-ilha. Cada
vez menos gosto de me jogar no mundo. A única exceção talvez seja o encontro
mensal para o cinema com o meu amigo jurista. Talvez um encontro esporádico com
o meu amigo da piscina, que é como viajar para outra dimensão com sua realidade
repleta de religião e de ETs e teorias da conspiração. Não deixa de ser uma
experiência interessante. Afora rememorarmos momentos da nossa juventude, a
maioria dos quais não consta dos meus arquivos de memória. Acho que se o meu
amigo cineasta quisesse traçar um perfil de quem eu sou seria melhor perguntar
aos que realmente se lembram da minha vida, a velha guarda das Ubaias, pois eu,
infelizmente lembro muito pouco do que fiz. Talvez até por essa falta de
memória a necessidade de deixar as novas memórias documentadas aqui. Por mais
que nunca mais vá reler o que deposito nesses escritos. A mim me basta a
revisão. Já é até demais. Não, não é para rememorar que escrevo isso, é por
desejo outro, necessidade outra, necessidade essa que seria interessante
investigar. Por que escrevo isso? Primeiro porque me é a coisa mais divertida e
útil que eu posso fazer com meu tempo e minhas faculdades mentais e físicas.
Segundo porque sempre quis ser escritor. Agora sou. Lido por pouquíssimos, mas
vivo para escrever, escrevo para viver o que acho que define um escritor. Quando
falo que escrevo para viver, não significa que esse é o meu ganha-pão, mas que
escrevo para não sucumbir ao ócio, para ter prazer na existência e não cair nos
buracos negros da depressão ou da cola. Escrevo para manter a minha sanidade da
forma mais agradável que me ocorre. É algo que me atrai mais que os videogames,
é onde tenho poder absoluto. Onde me manifesto de forma mais integral. A
escrita tem o seu efeito colateral que é me tornar socialmente autossuficiente,
como a masturbação. Embora possam argumentar que a masturbação não substitui o
prazer do sexo e que a escrita não substitui o deleite das interações sociais. I beg to differ. Sexo, só
apaixonadamente e, mesmo assim, não tenho preparo físico para ele. E as
interações sociais para quem fica calado não tem lá muita utilidade. É até
interessante ouvir um ou outro ponto de vista, um ou outro causo, mas vejo nas
interações sociais uma certa briga pela atenção dos demais que me enerva. Numa
relação dual não, por isso tento engrenar uma conversa com uma pessoa de cada
vez. Eu só sei conversar hoje em dia “entrevistando” a pessoa, puxando
conteúdos dela, visto que não tenho muito a dizer da minha vida, afinal passo o
dia encastelado no meu quarto-ilha a escrever, que posso eu dizer mais da minha
vida? Posso dizer que consegui adquirir minha última ou penúltima estátua, a
Red Sonja, a estátua feminina mais bem-feita até hoje, na minha opinião. Mas
isso não tem muito pano para manga, pois a maioria das pessoas desconhece
totalmente esse mundo. Eu troquei a bateria do Vaporfi e essa que é mais
potente está produzindo um gosto de queimado muito forte. Acho que vou trocar o
atomizer para diminuir a “fedentina”.
20h37. Depois de muita luta, consegui trocar o atomizer e o
gosto melhorou bastante. Bom para o meu padrasto, bom para mim. Luta porque não
há como equilibrar o tanque de cabeça para baixo, pois seu bico é arredondado,
então tive que segurá-lo com uma mão e fazer todo o processo com uma mão
praticamente imóvel para não derramar o líquido e fazer a maior meladeira aqui.
Agora já sei. Só desatarraxo o tanque depois de tirar o atomizer da embalagem.
Isso facilitará tremendamente o processo. Esse atomizer é dos bons – o controle
de qualidade da Vaporfi para atomizers não é essas coisas todas – está fazendo
uma fumaça danada, tanto que diminuí a potência do aparelho, pois só fazia
tossir. Como gosto quando sai muita fumaça, parece que realmente estou fumando
um cigarro. Foi a melhor coisa que fiz nesse final de semana, tirando a Red
Sonja, é claro, óbvio e ululante. A maior besteira que fiz? Foi ter comprado a
camisa sem consultar mamãe. Mas espero que aceite por ser roupa e por ela saber
que as camisas que eu compro eu realmente uso. Quando cabem. Com esse bucho que
eu estou muitas estão apertadas, o que não vai ser o caso da camisa da
Sideshow, pois pedi XL. E XL americana é grande, eu creio. Não iria pedir uma
XXL porque ia parecer um vestido. Acho que fiz a escolha de tamanho certa. E
estava com desconto e frete grátis. Sempre namorei essa camisa, aproveitei a
oportunidade do Spooktacular que acabava naquela noite e comprei. Está comprada
e agora é descontar da minha quota de dólares que levarei para a viagem. Isso e
a caixa de discos 5.1 de Björk, que comprei pela metade do preço que imaginei
que conseguiria, verdadeira pechincha, então consegui uma folga onde essa
camisa se encaixa. Isso eu estou explicando para a minha mãe. Há um lado bom de
mamãe ler isso, consigo comunicar coisas que não saberia como fazer de outra
forma. É até irônico.
Dá vontade de publicar no maravilhoso mundo dos bonecos,
onde todo mundo ama odiar a Sideshow, que eu comprei a camisa. Acho que iam
mandar me lascar. Hahahaha. Ah, fiz outra boa ação, participei de uma petição
reivindicando o direito de uma família de pôr a filha numa creche. Espero que
consigam. Estou pensando se publico sobre a camisa ou não. Acho que não, não me
vem nenhuma frase boa o suficiente. Nossa, já são 21h09. Como o tempo passou
rápido. Ouvi mamãe dizer que vai voltar às suas atividades cotidianas na
próxima semana (a que começa dia 5 de novembro) e que isso inclui a terapia.
Acho que ela não poderia se dar melhor presente. Acho todas as atividades que
vai fazer de alguma relevância, mas a terapia é, de longe, a mais importante.
Minha tia vai ajoelhar e agradecer aos céus. Hahahaha. Por falar em rotina,
estou pensando em dar umas voltas na Praça por volta do meio-dia ou duas da
tarde que é quando ninguém anda. Ligo o meu iPod e ando na minha velocidade
normal, dou duas, três voltas na praça e volto. Quem sabe? É um caso a
considerar, considerando que o bucho está me incomodando bastante. Não sei. Não
sei se vou fazer isso mesmo. Mas a ideia já começa a criar raízes na minha
cabeça, vamos ver se vai vingar ou não. Aposto que não, mas não custa tentar
pelo menos uma vez. Sentado na cadeira o bucho não vai sumir. Ou assumo o bucho
ou tomo uma atitude. Vamos ver o que ganha. Com o bucho fica muito mais difícil
ganhar uma garota. Sem bucho, fica bem mais fácil. É muito difícil perder peso
no sedentarismo completo. Vou contemplar essa possibilidade com carinho. Não
sei se vai fazer alguma diferença... se não fizer desisto. Quantas vezes terei
que fazer isso por semana? Acho que uma não basta. Mas é preciso haver uma
primeira vez. Não forçarei meu ritmo, pois da última vez que fiz isso me deu
uma série de câimbras nas pernas que quase não chego em casa mancando de dor.
Vou na maciota. Eita, parece até que vou andar mesmo. Hahahaha. Isso não passa
de invencionice até o momento. Uma ideia que me passou pela cabeça depois de
mil e uma pessoas dizerem para eu fazer isso. Nada set on stone... yet. Vou pegar Coca.
21h36. Está estresse lá na sala, não vou pegar Coca agora
nem a pau. Meu padrasto anda estressado, com um comportamento diferente, acho
que por causa do Vaporfi. Espero que não seja por causa disso. É algo tão
fundamental para mim e tão irrelevante para ele. Mamãe veio aqui no quarto
avisar que vai dormir, pediu que eu tomasse o remédio e comesse. Farei ambas as
coisas, dentro em breve. E pegar Coca. Vou esperar que se retirem e com eles a
nuvem negra que paira sobre o ambiente. Antigamente, e espero que isso tenha
mudado, eu escrevia coisas que depois achava sem sentido, acredito que me
tornei mais claro com as palavras com o tempo, ou assim quero crer. Mas meu
texto também ficou mais seco, não uso muitos recursos linguísticos que
embelezem o que produzo. Se isso me incomoda? Incomoda um pouco. É como se
tivesse perdido a poesia. Só por isso, vou tentar fazer uma poesia.
Os dias descascam das paredes
O tempo passa e nunca passa
Sempre é
Nós é que vamos ficando para trás
Deixando pétalas e folhas amareladas
Pelo caminho
Até que reste só o arbusto e seus galhos secos
Até que reste só pó
Até que reste só
O tempo.
E a imensidão de um universo sem vida
Sinto um cheiro de álcool, de onde virá? Não é de bebida
alcoólica, é de álcool higiênico. Será que é meu padrasto tirando a fedentina
do corredor? Não sei. Espero que não chegue a tanto. Acho que estou paranoico
com o assunto. Por isso, vou mudar de assunto. Aliás, vou ver como está o clima
na casa para pegar mais Coca-Cola e tomar os meus remédios.
22h01. Meu padrasto está na sala e minha mãe se deitou. Ele
está espirrando e fungando, não sei se pegou uma gripe ou se quer sinalizar que
eu estou o adoecendo com o meu cigarro eletrônico. O que não aconteceu durante
os longos meses em que usei antes de ser revelado o meu hábito a ele. Bom, vou
deixar de paranoia e seguir minha vida como vinha seguindo. Deixei cair um
remédio no chão da sala. Procuro amanhã, com a claridade solar. Tomei o do
outro dia. Droga de soluço. Nossa, já escrevi sete páginas. Mas também comecei
ontem antes de dormir. Acho que logo mais vou para o meu projeto paralelo. Já
passei por lá hoje, mas há coisas ainda a tratar. Não adianta, estou na
paranoia do Vaporfi por causa do meu padrasto. Fico sentindo o cheiro, fraco,
do líquido chinês. Tenho que ter foco. Esse cheiro não vai passar pela porta,
se diluirá antes. Se sinto é porque sopro ele diretamente para o computador,
então é de se esperar que essa área fique com algum resquício de cheiro. Meu
irmão, vou desanuviar disso, está me causando um estresse completamente
desnecessário. Se meu padrasto quer se estressar que fique ele estressado.
Nossa, como queria que ele fosse dormir. Hoje especialmente. Nada contra a sua
pessoa, tudo contra essa paranoia. Que saco. Se ele não quer que eu fume
Vaporfi no quarto, ele banca os meus cigarros normais e suporta o cheiro deles
que daí só fumo no hall, com o maior prazer. Novembro tarda a chegar e, com
ele, o novo disco de Björk. Como será a capa? Quantas músicas? Alguma mais pop?
Acho difícil, mas não impossível. Estou curiosíssimo e ansiosíssimo pelo disco.
Quem sou eu para reclamar da vida. Com um CD de Björk para sair, com uma linda
Red Sonja encomendada, com o meu amado Hulk também engatilhado, com minha caixa
5.1 de nossa amiga islandesa à minha espera e quem sabe a camisa da Sideshow. E
ainda escrevendo e ouvindo “It’s In Our Hands”. Tudo de bom. Só a Coca-Cola
acabou, mas tenho tempo. Enquanto isso engano com o Vaporfi. Tenho sempre que
olhar pelo lado bom. Não estou deprimido. Não estou internado. Não estou em
mania. Está tudo sob controle. E tenho o meu quarto-ilha só para mim. Que mais
eu posso pedir da vida? Só uma namorada. Que comece devagarinho, que não seja
de supetão. Que não chegue logo ao sexo. Sexo. Uma das razões para andar na
praça. Além do bucho. Bucho e sexo. Duas coisas que não combinam muito e que
têm a mesma solução para mim, caminhar na Praça. Todo mundo diz que é o que de
melhor eu poderia fazer por mim. A droga é que não sinto o boost de serotonina, ou seja lá qual “ina” que seja, do exercício.
Como não senti, quando cheirei, o efeito da cocaína. Acho meu cérebro não tem
receptores adequadamente preparados para metabolizar essas coisas. Ainda bem
pelo lado da coca, ainda mal pelo lado do exercício. Prefiro assim, se tem uma
coisa que me apavora é me tornar dependente de outra droga. Vade retro. Xô. 22h35. Quando der 23h00,
vou buscar mais Coca. Como queria que meu padrasto já tivesse se retirado. Sua
presença agora me incomoda por causa da paranoia que me gerou. Não sinto que
estejamos em paz. Acho que há certa animosidade por parte dele em relação a
mim. Aqui deveria ser assim, cada um respeitando o quadrado do outro. Suas
peculiaridades. Minhas peculiaridades. Sinto que mamãe vem se esforçando para
respeitar as minhas. Fico muito feliz com isso. Só falta ela respeitar e não me
dar patadas. Mas vamos por partes, já é um grande avanço. Não sei se isso
decorre da leitura desse blog. Não sei se é uma coisa que vem dela pura e
simplesmente. Não sei, só sei que a mudança está se dando. Ai, ai, como será
nos EUA?
23h20. Estou no meu projeto paralelo, que já está muito
grande.
0h19. Peguei Coca e comi salmão com o resto arroz. Comi um
pouco mais da metade do salmão. E peguei um pouco do sorvete de chocolate.
Refeição perfeita. Botei um azeitezinho de oliva aí ficou no grau. E sal, claro.
Indispensável aqui em casa. Espero que troquem logo o sal do saleiro pelo sem
tempero pois acabo botando muito sal pegando pitadas do sal que fica ao lado do
fogão.
2h11. Vou me preparar para retirada.
3h37. Depois de muito matutar, pedi para entrar no grupo
Assexuais. Eu que não gosto muito de sexo posso ter sorte aí e arrumar uma
namorada antes dos 50. Já mandei pedido de amizade para duas meninas que achei
bonitinhas. Vamos ver o que rola. Espero que, pelo arco-íris no meu avatar, não
me tenham por homossexual. Se me aceitarem pois há uma pré-seleção, um
questionário a ser respondido. Espero que passe no ENEM da Assexualidade. Ainda
bem que aceitam Demissexuais, que acho que seja mais o meu caso. Acho que se
for legal, vou criar o grupo Assexualidade Recife. Para aumentar as minhas
chances. Hahahahaha. Mas mesmo se eu arrumar uma namoradinha por e-mail e
Facebook, já é melhor do que nada. Adicionei mais uma, essa é inclusive de
Recife. Que sorte. E tem um nome lindo, Lua. Mas vamos dormir que é o melhor
que faço. Amanhã descubro se alguma amizade vingou e se fui aceito no grupo.
-x-x-x-x-
14h50. Achei o meu novo passatempo, participar das polêmicas
do grupo de Facebook Assexuais. Realmente existem assexuais no mundo. E parecem
ser pessoas mais bem-educadas, no sentido de instruídas, que a média das
pessoas desses grupos de Facebook. Estou no meio de uma discussão sobre a
possibilidade de um assexual se relacionar com um alossexual (pessoas
sexualmente ativas). Interessante.
15h53. Ainda no não tão maravilhoso mundo dos assexuais.
Descobri que eles se chamam “aces” e que cada naipe do baralho corresponde a um
nível de assexualidade. O de espadas sendo o mais radical e o de paus sendo o
mais flexível, eu me identifiquei com o ás de ouros, ou demissexuais. Com um
pouco do ás de copas. Acho que o de copas está embutido no de ouros. Não está
entendendo nada. Veja a imagem abaixo. Vou pegar Coca.
16h01. Deu uma morgada. Uma das gatinhas que eu mandei o
convite me adicionou. Justamente aquela para a qual não mandei mensagem
nenhuma. Curioso. Mas não tenho coragem de puxar papo com ela. Eu sou um ozzy
mesmo. Acho que o meu destino é viver de paixões platônicas mesmo.
16h28. Mandei uma mensagem para a garota, perguntando o seu
filme, som e livro prediletos. Respondi “Her”, Björk e “Dom Casmurro”
respectivamente. Vamos ver se obtenho resposta. Mas ela é de um lugar que nunca
ouvi falar. Então se rolasse seria relacionamento virtual. Bom, seria melhor
que nada, mas não sei se gostaria de entrar numa viagem dessas. Bom, acho que
ela não vai responder.
17h25. Fui comprar remédio para a minha mãe na farmácia e ao
voltar ao grupo dos assexuais, me senti estranho, como se realmente não
pertencesse aquele universo ao mesmo passo que me identifico, pois meu interesse
por sexo é praticamente nulo. Pelo coito, digo. Tudo até as preliminares me
agrada, mas a penetração para mim é dispensável, eu acho. Quero ver quando o
clima esquentar mesmo se não mudo de ideia. Hahahaha. Mas acho que sou
demissexual, no sentido que preciso ter intimidade, afetividade, atração pela
figura para rolar. Sexo casual definitivamente não é a minha praia.
17h46. A menina me respondeu. Falou de seu interesse pelo
cosmos.
17h54. Acabou de se classificar como assexual arromântica,
ou seja, nada de toques. Aí para mim não dá. Perguntei se ela conseguia arrumar
alguma relação afetiva sendo assim tão fora dos padrões comumente aceitos. Ela
ficou off-line. Capaz de me bloquear. Bom, deixa para lá. Jogamos aberto um com
o outro é o que importa.
18h04. Ela voltou a responder e estamos conversando, mas
desse mato não sai coelho. Fico imaginando se essas pessoas radicalmente
assexuais não sofreram algum tipo de abuso em algum momento de suas vidas. Vou
tentar investigar isso com a garota da forma mais delicada possível. Vou
perguntar como ela descobriu a orientação sexual dela, se foi tranquilo ou se
deriva de algum evento traumático. Acho que é a forma mais light que tenho de
abordar o caso. Acho que lançarei essa pergunta ao grupo como um todo. Mas não
hoje. Também quero perguntar se todos os assexuais estão condenados a virar
solteirões frustrados (como eu) ou se há alguém namorando assexualmente no
grupo. Ah, e ela ficou off-line de novo. Tudo muito novo e curioso para mim.
Acho que a imensa maioria é de solteiros frustrados ou de gente sexualmente
traumatizada ou de gente que quer ser diferente. E acho que vou ter que fazer
vista grossa para os erros de português das garotas que abordar. Essa até que
está se esforçando, mas aqui e ali surgem erros. Mas quem sou eu para dizer
alguma coisa, pouquíssimo sei de português. Mas é um comportamento deveras
estranho não querer toque, carinho, afeto. Ela me disse que só quer amizades,
não quer se apaixonar. Perguntei dos traumas e ela mencionou decepções com
amigos e namorados. Não fui mais fundo porque ela precisou sair. Ela disse que
se descobriu quando encontrou esta orientação sexual. Se sentia excluída e
estranha antes disso. Não sei por que deixa de ser, acho que pelo senso de
pertencimento a um grupo. Deveras curioso indeed.
Não sei se será nesse espaço que encontrarei uma namorada. Pelos posts que vi é
todo mundo vivendo amizades virtuais coloridas. Não é realmente o tipo de
relacionamento que eu quero. Sou uma pessoa extremamente solitária. Por opção.
Ou falta de opção. Queria que uma das outras duas me aceitasse como amigo, mas
a julgar por essa, não terei muita sorte, mesmo se elas me aceitarem.
19h08. Estou achando que esse grupo só tem pessoas com
problemas emocionais sérios, o que talvez seja o meu caso também. Hahahaha. Mas
estou achando algumas colocações meio bizarras. Muito off do padrão até para
mim. Não confiar em ninguém ser uma coisa normal? Não posso crer nisso. E um
monte de gente corroborando com esse comportamento. Isso está cada vez menos
parecido com a minha praia. Mas vou manter. Um grupo a mais, um grupo a menos.
20h28. Cansei de assexualidade por um dia. Nunca imaginei
que houvesse tanta gente mal resolvida no mundo. Por um lado, sei que não sou
só eu, por outro me entristece ver tanta gente solitária e complexada. Muitos
se descobrem na assexualidade. O pior é que o grupo publica na minha página
principal. Está apinhado de publicações do grupo, isso pega mal para mim. Não
sei se sou assexual. Acho que sou demissexual. Mas este post já está grande
demais e eu estou sem saco de escrever agora.
23h36. Perto do banho da meia-noite. Meu primo urbano me
mandou dica de dois discos para eu sacar e não ouvi ainda. Nossa, como um copo
de Coca acaba rápido. Que pena. Era o meu último. Daqui por diante, só agua. Vou
fazer isso por mamãe. A véia merece. Por isso o banho da meia-noite também.
“From Out Of Nowhere” começa urgente. Será que meu primo urbano vai querer
conhecer o meu quarto, as minhas estátuas quando estiver pronto? Será que
Convidá-lo-ei, orgulhoso que provavelmente estarei do meu quarto-ilha?
“Cannonball” tocando. Músicas de um passado há muito ido quando o principal
foco da MTV eram vídeos e que o mercado de CDs ainda era forte e dominante.
Como tanta coisa mudou de lá para cá, agora eu posso ter a discografia inteira
das Breeders e muito mais, eu que passo o dia escutando música especialmente,
por menos do que o preço de um CD, pelo Spotify. Pense numa mudança radical.
23h52. Quase na hora do banho da meia-noite. Björk, uma das poucas dela que
coloquei nas lista 6, toca. E nem é uma que particularmente goste, mas foi no
bolo, acho que estava ouvindo na hora. “It’s Not Up To You”, não é das
favoritas, mas gosto. “It’s In Your Hands” tem partes muito parecidas com as
dessa canção e é outra que também está na lista 6. Eita Guns, vou tomar banho.
0h16. Minha mãe me mandou um WhatsApp mandando dormir. Que
ozzy. Não conseguirei dormir agora nem a pau. Talvez de 1h00. Ainda falta eu
atacar a farofa. Sem feijão, pois já o guardei. Beber um copo d’água. E comer o
sorvete. Antes de tudo vou no sorvete. Agora.
0h36. Comi paçoca, comi sorvete e fumei o meu cigarro da
noite. Agora tenho um último copo d´água a meu lado antes de ir deitar. Vamos
ver se vou conseguir dormir. Pensava, enquanto fumava, na iluminação da Red
Sonja. Ela vai ser parâmetro para todas as outras iluminações. O tipo de
lâmpada que for usado nela, será o tipo de lâmpada usado nas demais. Ela é que
necessita da iluminação mais perfeita, que ressalte o seu sorriso. Tenho a
imagem de referência. Quero ela com aquele sorriso. Com a luz incidindo daquela
particular maneira. Eita, começou a passar de “O Grande Circo Místico”.
“Beatriz”. É tem certas coisas que não concernem aqui. “Meu Namorado” agora.
Garota marota
Você já nasceu pronta
Programada
Pra me destravar
Você vem e sacode
Vem com tudo o que pode
Deixa desse fricote
Deixa eu ser seu pacote
Garota marota
Você trota
No meu coração
Ai, Ai, Ai, meu coração
Ai, Ai, Ai, meu coração
Você vem e sacode
Vem com tudo o que pode
Programada
Pra me quebrar na emenda
Garota marota
Garota mandona
Você me detona
Nessa canção
Tentativa de fazer uma letra comercial de música. O nome
podia ser “Trote”, pois a dança poderia ser imitando a pessoa andando de cavalo
de um jeito bem sensual, claro. Vou dormir. 0h56.
-x-x-x-x-
15h41. Que ridícula a letra. Hahahaha. Era essa a intenção.
Mas me envergonho agora de tê-la escrito. Tenham ela como uma crítica ao atual
cenário da música de massa no Brasil. Estou finalmente ouvindo o disco que meu
primo urbano considera como o melhor que ele ouviu esse ano “Pavillion Of
Dreams” de Harold Budd. Parece que é um disco só com músicas de piano. Nada
mais estimulante para mim. Vou ouvir até a hora do cigarro. São 15h53. Ele
marcou o cigarro pelo WhatsApp para as 16h30. Minha mãe disse que eu deixei
alguma luz do carro acesa quando fui pegar as compras e a bateria arriou. Não
me lembro de luz acesa quando fui pegar as compras, mas também não confio na
minha memória. Pode ser que a pilha da chave esteja fraca. Pelo menos o disco
de piano não empata a escrita. Estou cada vez mais desgostoso de participar
desse grupo de assexuais. Ele não para de postar coisas no meu feed principal
como se quisesse divulgar para todo mundo que eu sou assexual. Que eu nem sei
se sou. Posso estar fora de forma e sem prática somente. E tem a idade também
que diminui a libido. Sem falar nas medicações, por mais que a Doutora ache que
as que eu tomo não afetem esse lado, sabe-se lá. Mas fato é que não vivo nessa
sanha de sexo apregoada pela mídia como comportamento padrão, os meus mais de dez
anos de solidão vem ratificar isso. Só não precisa ficar apregoando isso aos
quatro ventos. Minha mãe achou que eu estava roubando dinheiro do quarto do meu
padrasto. Obviamente me senti profundamente ofendido, mas nada disse, meus
antecedentes corroboram com tal desconfiança. Ozzy. Não é a primeira vez que
ouço tais acusações e certamente não será a última. É um bonito disco de piano.
Moderno. Mas não faz a minha cabeça. É bom para escrever, não desconcentra.
Meus posts estão ficando gigantes. Tenho que postá-los com mais frequência. A
capa do novo disco de Björk foi divulgada e é horrenda, ela parece um monstro
velho com uma vagina na testa.
16h12. Já-já meu primo me dá o toque para ir fumar. Está
passando até uma mais animadinha no disco de piano agora. É, Björk está ficando
velha e esgotando os seus truques, que começam a se repetir. Vamos ver se pelo
menos o disco é agradável. O de piano é agradável de ouvir. Tem umas melodias
bonitas, mas não colocaria na minha playlist.
É bom para ouvir e conhecer, até em respeito ao esforço do meu primo em
repartir algo que considera precioso comigo. Esse post já entra na 12ª página
de Word. Vixe. Depois do cigarro, paro, reviso e posto. A Sideshow está
encrencando agora que o endereço de envio da camisa difere do endereço do
cartão de crédito. Mandei um e-mail para eles. Vamos ver no que isso vai dar. O
piano acho que é misturado com sintetizadores, pois há sons que não são de
piano. Não entendo porque meu primo foi gostar do disco, vou perguntar a ele.
Tem uma parte da música que parece uma das de videogame que coloquei na lista 6.
Hahahaha. Mas só três ou quatro notas. Mudou de música.
16h34. Vamos ver se ele vai me dar o toque para ir fumar ou
não. 16h41. Achei que meu padrasto tinha chegado, mas pelo visto me enganei.
Tenho que comunicar-lhe os destinos de mamãe hoje. É interessante o disco de
piano. Essa música com arranjo mais elaborado me agrada, por elaborado,
entenda-se com mais instrumentos. Queria ir fumar logo. 16h49. Para poder dar
um fim a esse post. Ei, mas eu posso acabar ele na hora que eu quiser, não
dependo do chamado do meu primo urbano para isso. Fim. Pronto.
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