Não vi as imagens captadas ainda, em verdade faz pouco mais
de meia-hora que acordei, desde que cheguei aqui em Recife de Porto. Acho que
interagi mais com a turma por uma razão óbvia, não liguei o computador. Nem
haveria espaço. Tanta gente foi chegando, inclusive duas gatinhas com corpos
lindos e uma até bonitinha de rosto, que foi quem captou minha atenção, embora
tenha ficado de costas para mim, que não havia superfície disponível para ligar
o meu CPU, então, nem se eu quisesse, eu conseguiria usá-lo. Mas não quis.
Outorguei o trabalho de filmar à filha caçula da minha tia, mas essa só fez um take, o primeiro, e desistiu, alegando
preguiça de filmar. Eu mesmo tive que fazer o restante das imagens e confesso
que o ambiente era muito fotogênico, por ser tropicalmente multicolorido, foi um
contraste e tanto com a outonal Munique. E, como disse, havia muita gente, não
sei como coube na varanda da casa e arredores, teve gente que ficou de pé,
acredito que havia mais de 30 pessoas, mas posso estar exagerando. As filmagens
vão confirmar ou desmentir essa afirmação. Pessoas bonitas, crianças se
esbaldando nas piscinas, muita risada e até um papo muito interessante sobre
transgêneros, objeto de estudo do doutorado da esposa de um primo. Ela revelou
casos curiosos como o de um(a) transgênero, não consegui entender o sexo de
nascença (ou físico) da pessoa, que era hetero, ou seja, uma mulher que virou
homem, mas que continuava a gostar de homem ou um homem que virou mulher, mas
ainda gostava de mulher. Pense num negócio complicado. Percebi por seus relatos
que a vida de tais pessoas é muito difícil e sofrida e que o preconceito ainda
é muito grande, inclusive descambando não raramente para a violência física
contra elas. Foi um papo edificante e educativo, como gosto. Comida também não
faltou, embora eu mesmo tenha comido muito pouco e nem toquei na feijoada,
prato principal do aniversário. Pago por isso agora com uma fome que minha mãe
certamente não vai saciar hoje por estar esgotada da empreitada. Terei que me
virar. Me informei sobre o celular que pretendo comprar com um primo que é todo
ligado no assunto e me garantiu que o sistema do Brasil é GSM e que o modelo
que eu vi é muito bom. Só não sei se grande demais. O dele, que era um celular
bem maior que o meu coube legal no bolso da minha bermuda. Minha avó, para a
minha alegria ficou sentada a maior parte do tempo ao meu lado, pois escolhi o
canto mais tranquilo da festa, o que muito a agradou. Botaram para ela duas
lapadas de uísque para tomar e ela se divertiu com aquilo. A pobre está com os
dentes ou próteses ou ambos caindo por causa da idade, ela disse que os dentes
estão todos “dançando” na boca, o que me deu dó, principalmente quando vi sua
boca parcialmente desdentada e cheia de metais que não faço ideia para que
sirvam. Me arrisquei até no dominó, talvez a mais concorrida mesa dentre todas
as repletas mesas, mas foi só por uma rodada, enquanto a jogadora havia se
ausentado por um motivo qualquer. Acho que WhatsApp. Em outro episódio
“celulaico”, sentei na praia com o motorista da minha avó para que ele me
mostrasse as maravilhas do game Fifa 18 através de vídeos de YouTube rodados de
seu celular. Ele está bastante fissurado no game, especialmente, na parte de
compra e venda de jogadores. Parece ser um bom negociante e aparentemente pode
fazer tais transações pelo telefone e elas serem repassadas para o console, um
PS4. Ele insistiu que eu fizesse o upgrade para a plataforma, mas parece que
ele não entendeu que eu só vou migrar, se migrar, quando zerar os principais
jogos que tenho. Não sei onde o gamemaníaco que existe dentro de mim se
escondeu, mas está difícil resgatá-lo. Não penso em comprar mais nenhum console
além dos que eu já tenho. Nunca mais. Isso é tão estranho à minha pessoa que
mal me reconheço nessa frase. Mas de fato, vi os novos consoles à venda na
Europa, pedaços de seus games e não achei nem muito mais bem-feitos nem mais
estimulantes do que os que tenho aqui. A única exceção são os novos Mario e
Zelda. Ainda bem que este último tem para Nintendo Wii U, que é um dos meus
consoles e que meu irmão ficou de me mandar de presente. O novo Mario, como
disse, espero que o meu amigo gordinho me chame para securar na casa dele, em
seu Nintendo Switch. Tomara. Não quero nem jogar o jogo, mas assisti-lo jogar,
dando pitacos (óbvio), se ele deixar alguma coisa suspeita passar (óbvio), não
vou ficar controlando o jogador, como mamãe tem mania de fazer com quem está
dirigindo um carro quando é passageira. De volta a Porto, não tenho muito mais
o que relatar, acho que cobri de forma abrangente o que se passou por lá
comigo, ao menos. Ah, tive uma conversa com titia e ela reiterou a necessidade
de mamãe fazer terapia, no que concordei plenamente. E me senti um pouco mal
por eu mesmo não estar fazendo. Por mais que o CAPS seja um espaço terapêutico
e que muitas vezes me traga uma luz. Mas terapia bipessoal não faço há mais de
ano, eu acho. Sim, mais de um ano, pois fui internado em setembro do a no
passado, interrompendo assim o meu tratamento. Por sinal vi um vídeo do meu
ex-psicólogo falando sobre pessoas insuportáveis no trabalho e me senti mal
assistindo aquilo. Não sei bem expressar ou desvendar por quê, mas acho que
porque me lembrou nossas sessões. Nossas sessões deram tudo o que tinham que
dar, eu sinto. Talvez tenham ido até um pouco além. Pode ser impressão minha,
mas há nele uma satisfação em causar frustração no paciente, ou eu sou muito
intolerante a frustrações. Sei que a pessoa que escolhi como psicóloga, me
parece mais compreensiva, mente aberta e acolhedora. E mesmo assim, tenho
receio em começar nova terapia. Ainda bem que tal decisão, assim como a volta
para o CAPS, foram postergadas para o ano que vem. Eu, hoje, agora, não queria
voltar para o CAPS e o trocaria por uma terapia semanal sem titubear. Se essa
for uma possibilidade, aí sim, encaro a terapia. Estou meio cansado de CAPS,
aliás estou bastante saturado de CAPS. Minha mãe é que acha que é o substituto
para o meu trabalho, por ser uma rotina e ter horários, mas falha em ver o
número de horas que passo aqui debruçado sobre os meus textos, estes, sim, meu
verdadeiro trabalho, minha produção, inútil, sem dúvida, mas produção mesmo
assim. Ela não precisa ter utilidade outra que me satisfazer e preencher meu
tempo com algo “produtivo”, pois a necessidade de ser remunerada, de agradar
alguém ou ter algum valor financeiro, graças aos céus me livrei desse que é um
dos maiores grilhões da sociedade moderna e produzo ou trabalho apenas no que
me dá prazer, sem o peso da obrigação e da responsabilidade de gerar o meu
próprio sustento fazendo coisa outra que me desagrade. Eu faço os meus horários
e geralmente me dedico a esse “trabalho” por muito mais horas do que me
dedicaria a qualquer outro, não parando nem aos finais de semana ou feriados.
Simplesmente porque é um trabalho feito com amor e satisfação, sem pretensões
ou cobranças excessivas, ou seja, é o trabalho perfeito. Pelo menos para mim.
Não me gera um tostão furado, mas o que me provém não tem preço. Quisera eu
todas as pessoas tivessem a mesma sorte. Eu sei que muitas fazem o que amam e
ainda ganham para isso. Posso citar a minha mãe e o meu padrasto, como exemplo.
Ou o meu tio, pai do meu primo urbano. Há os que não desgostam do trabalho e há
outros, como eu fui, que simplesmente o acham insuportável. O CAPS teve
momentos de estar cheio de pessoas que se sentiam assim. É algo que adoece a
alma e, em casos extremos como o meu, leva a atentar contra a própria vida. Não
quero dar uma de coitado, por mais que o faça, eu sei, mas minha via-crucis foi
longa e dolorosa e abdiquei de uma série de direitos para obter a redenção da
curatela. Não me arrependo. Não sei se passaria por tudo de novo. Foi
sofrimento demais. Desespero demais. Angústia demais. Loucura demais. Tudo de
ruim que uma alma pode sentir – menos raiva, talvez – jogado num liquidificador
e misturado num odioso veneno que me foi quase mortal. Quando me vi num
parapeito no qual mal conseguia me equilibrar, tentando me jogar do nono andar,
tive medo, tive muito medo. Pensei que seria o fim realmente para mim. Mas não
foi. Se fosse crente, eu diria que foi Deus que me salvou e me salvou e me
salvou. Me salvou tantas vezes que nem me recordo ou tenho dedos para contar.
Bem somando com o dos pés, talvez tenha. Posso dizer que tive muita, mas muita
sorte na vida. Na mesma medida em que tive azar. O que é um bocado de sorte. No
final das contas, acho que fico no zero a zero. Mas estou numa fase em que meu
time de um homem só está ganhando. Vou mudar o prumo dessa conversa que está me
dando uma leve fissura de cola. E dentre as coisas que menos quero estão uma
recaída e outra internação. Dentre as coisas que mais quero está trazer o
máximo possível de bonecos para o Brasil, quando da minha ida para os EUA agora
no final do ano. Espero que consiga. E que não seja parado na alfândega. Não
saberia lidar com a situação. Provavelmente, aliás, inevitavelmente mentiria
sobre o valor dos bonecos, talvez alegando que comprei um lote de bonecos no
eBay por 300 dólares de um cara que iria se mudar para fora dos EUA e estava se
desfazendo da coleção por ser impossível transportar. Ou ainda, um cara na
cidade do meu irmão estava de mudança e estava fazendo uma grande venda do que
não iria levar com ele. Aproveitei e comprei os bonecos que me apeteciam por
300 dólares. Assim, não preciso de nota fiscal nem comprovante de nenhuma
natureza, foi um backyard sale como
chamam lá, eu acho. Ou lapidando ainda mais a história, um conhecido do meu
irmão que conseguiu um emprego na França estava fazendo a tal backyard sale e como meu irmão sabia que
eu gostava de bonecos e que o cara colecionava, me levou lá para ver se tinha
alguma coisa que me interessasse e aí fiz a festa por um precinho de amigo de
300 dólares. Pronto, eis o limite da minha invencionice. Não consigo imaginar
uma lorota melhor que essa. Hahahahaha. Ou posso. Todo natal na cidade do meu
irmão tem uma feira onde os moradores vendem itens que querem se desfazer,
encontramos esse cara que estava de mudança para a França (não me pergunte por
que França) e aí o resto da história se desenrola da mesma maneira. Hahahahaha.
Acho que é a versão mais crível ou incrível para justificar os bonecos que
trago, caso a alfândega calhe de me parar. Vamos torcer, entretanto, para que a
alfândega de São Paulo não me pare. Ou a de Recife, sei lá.
23h15. Mamãe me interrompeu para transferir a bagunça dela
para outro aposento, pois o dedetizador vem aqui amanhã para resolver ou tentar
resolver um sério problema de cupim em seu quarto. Minha mãe anda muito
irascível e chorosa, espero que tenha realmente recomeçado a tomar a medicação
antidepressiva. Desse modo em que se encontra atualmente não há nem
possibilidade de mencionar a volta dela à terapia sem ser severamente
rechaçado, então nem vou tentar. Quando acabarem os benditos exames que vai
fazer, eu tento tocar no assunto. Espero que o remédio tenha feito mais efeito
e o diálogo seja mais prolífico. Pelo menos a desculpa dos exames tomando o seu
tempo ela não poderá mais dar. Certamente inventará outras. Preciso ser cauteloso
na minha abordagem. E mencionar o conselho da minha tia. Mencionar que esse
conselho foi dado por ela, uma pessoa cuja opinião tem muito mais impacto que a
minha. Me perdi na internet vendo alguns vídeos do YouTube. 23h59. É quase
domingo. Meu padrasto segue trabalhando em seu quarto, minha mãe já está se
retirando, gostaria que ele a seguisse nesse intento. Espero que ele suporte
essa fase de mamãe, pois ela está bem difícil. Bem que o meu padrasto poderia
ir dormir, né? Por que essa fixação? Porque gosto de sentir que a noite é só
minha. Isso me dá uma sensação de liberdade ampliada. De mais direito sobre as
coisas. E sem muitos deveres.
1h19. O computador está com um barulho estranho. Vou tirar a
bateria para ver se para.
1h21. O barulho recomeça, mas menos intenso. Onanismo ou som
na caixa? Som na caixa. Será que eu menti essa resposta? Hahahaha. 1h24. Você
decide. Por sinal, vou botar Björk e começar pelo “Vulnicura” de novo. 1h26.
Pô, não tá conectando o som... Acho que vou ter que reiniciar a máquina. Ou
melhor, desligar e ligar de novo. Acho até mais rápido que reiniciar no mais
das vezes. Poucas são as vezes que se reinicia rápido. E eu perdendo tempo
debatendo sobre isso.
-x-x-x-x-
16h31. Dormi quase até agora, foi um sono bom e relaxante.
Só interrompido aqui e ali por críticas de mamãe. Vou ter que dormir mais cedo
hoje ou pelo menos acordar mais cedo amanhã para ter uma chance de negociação
de deixar o CAPS. Se é isso mesmo o que quero, pois nem sei bem. Sei que mamãe
quer que eu volte para lá e que provavelmente acabarei cedendo a essa sua
vontade. Eis a realidade. Numa realidade outra, onde minha mãe fizesse terapia
e eu fosse um pouco mais dono de mim, poderia negociar a troca do CAPS pela
terapia. Posso pelo menos sugerir a mamãe que eu comece pela terapia, com a
profissional do CAPS e que daí definamos juntos o meu reingresso ou não no
serviço. Acho que essa seria a solução do meio, a mais equilibrada para os meus
anseios e os dela. Meus óculos estão muito sujos, preciso lavar. Estão
empatando a minha visão. Acho que vou limpar e jogar Persona 4. Ou não, estou
meio desanimado para videogames hoje, como de praxe nesses últimos meses. Hoje
é aniversário de uma pessoa à qual gostaria muito de ir à festa, se aqui
embaixo ou na Vila Edna. Ouvi uma música dos Secos e Molhados ecoando pelas
redondezas, supus ser a celebração dele, se for comprar Coca, o que muito
possivelmente irei, e passar pelo casarão e vir que está rolando o aniversário,
aí eu me convido para a festa na maior cara de pau. Se bem que domingo, acho
meio difícil que, se festa houver, ela vá até muito tarde, ainda mais com o
aniversariante tendo um rebento recém-nascido e um emprego, eu creio. Nem sei o
que estou escrevendo direito, ainda estou meio embriagado de sono, Tico e Teco
ainda estão se entendendo dentro da minha cabeça. Meu despertar é sempre assim,
devagar, aos poucos, não levanto já alerta e pleno das minhas faculdades
mentais. Eu poderia ligar para o porteiro e perguntar se está havendo uma festa
no casarão e de quem é. É uma boa ideia. Acho que vou botá-la em prática assim
que o meu padrasto sair da cozinha. Nem sei, ainda estou indisposto, como disse
meu despertar é lento e as vontades me faltam ainda mais nesse estado
transitório de despedida do sono em direção à vigília. Estou ouvindo Björk em
modo aleatório. Realmente gosto de Björk, mas não é coisa para ouvir todos os
dias, é muito única e pode enjoar, eu acho. Estou sem vontade de fazer nada, a
única coisa que me convém no momento é escrever, por ser fácil e por ser quase
o mesmo que pensar, sendo um pouco mais que isso, pois manifesto os pensamentos
cá com os meus botões do teclado. Queria que mamãe não viesse, ao acordar do
cochilo da tarde, me infernizar o juízo. Vou botar mais Coca e ver se o meu
padrasto já saiu da cozinha para fazer a ligação para a portaria com o mínimo
de estresse possível. 17h08.
17h11. Liguei e nada de festa no casarão. Que pena. Vi que
tem gente na Vila Edna, mas já está muito tarde para ir lá, talvez no próximo
final de semana. Não estou muito com essa sanha de sair, pois saí bastante por
Munique. Estou relativamente saciado da minha wanderlust. 17h17. Estou pensando sobre a estátua do Swamp Thing e
sobre entregar os presentes para o meu primo-irmão e para a minha tia-mãe.
Penso se não seria melhor trocar a camisa do aluno com a do meu primo,
entregando a que foi intentada a um ao outro e vice-versa. Muito embora, tenha
gostado mais da camisa que escolhi para o meu primo, mas acho que faz mais o
meu gosto que o dele. Acredito que a do aluno faria mais o perfil do meu
primo-irmão, por ser uma coisa menos clássica e sóbria. Não sei, talvez jogue
essa dúvida para minha mãe e a deixe decidir. Ou deixe tudo como está. Nossa,
como estou indisposto para as coisas do mundo hoje. Vou dar uma sacada no blog
da Sideshow, afinal hoje é o último dia da NYCC (New York Comic Con).
17h30. Nada de interessante. É um evento menor quando
comparado a SDCC (San Diego Comic Con), pouco foi revelado e o que foi revelado
não me interessou. O que me interessou mais foi uma Pequena Sereia, mas ela não
barra a Red Sonja de jeito nenhum. Hoje, com minha mãe já estressada com a hora
em que acordei não é dia de falar em Red Sonja com ela.
17h39. Realmente nada de interessante no maravilhoso mundo
dos bonecos. Nada de interessante em nada no meu mundinho. Totalmente
desmotivado de tudo. Bode de muito sono. Talvez tome um bom banho, mas para
tomar um bom banho, preciso de um sabonete. E gostaria de ir comprar a Coca ou
as Cocas antes. O problema é que estou com receio de encarar a fera e pedir
dinheiro. Não estou a fim de ouvir hoje. Nem um pouco. Sei que será inevitável
quando ela vier ter comigo. Mas quero adiar ao máximo esse estresse, a meu ver
desnecessário. Completamente. Mas é a vida e não deixa de ser bonita agora que
gosto dela. Não estou num dos ápices da minha existência nesse momento, mas
pelo menos não estou num de seus abismos tampouco. Estou apenas bleh. Mas aos
poucos me sinto mais desperto, embora continue um pouco sem cérebro. O
pensamento agora é no busto do Hulk e no valor exorbitante que pagarei por ele.
Também penso no Persona 4, quem sabe após o banho, já com a Coca, eu não dê uma
chance? Veremos. E quando será que terei brecha para falar com mamãe para que
ela retome a terapia? Só depois dos exames, é isso que havia me decidido, para
eliminar esse argumento do repertório defensivo dela para não ir. Que seja
depois dos exames, então. Estou escrevendo muito mal. Que saco. Não estou nem
com vontade de escrever. Tenho um e-mail que ainda não abri do MSN com os
recordes, segundo o e-mail, mais bizarros do Guinness Book. Ao mesmo tempo que
me desperta curiosidade, me gera repulsa, pois pode haver coisas pouco
agradáveis aos olhos e não estou muito a fim de bizarria no momento. Meu deus,
que prostração. O pior que nem dormir eu quero. Queria comprar a Coca e tomar
banho. E depois ver o que mais me vinha. Mas Persona 4 é o que mais me apetece,
por incrível que pareça.
19h15. Fui comprar a Coca, mamãe tinha sabonetes e agora
estou limpinho e cheiroso dos cabelos, à boca, aos pés, passando por todos os
lugares in between. Me delicio com
uma Coca gelada, a da pizzaria vem bastante gelada e, com gelo, vira o próprio
néctar negro. Só faltava ser Cherry.
19h52. Escrevi para Coca-Cola da Alemanha reclamando das
novas embalagens da Cherry Coke, muito parecidas com as da Classic Coke,
tornando difícil achar a deliciosa bebida nas prateleiras de supermercado (ou
em qualquer outro lugar, for that matter).
Pedi também que lançassem a Cherry Coke no Brasil inteiro e, para dar mais
validade ou ridículo à minha carta, mencionei que tomo cerca de 24 litros de
Coca por semana. Não faz nem uma semana que voltamos da Europa, mas para mim parece
muito mais. Estranho isso. Queria voltar para lá. Mas minha mãe não permitiria
que eu viajasse sozinho e tenho essa viagem para os EUA com ela em dezembro.
Falando em mamãe, ela já começou com as suas ideias de eu voltar a frequentar o
CAPS desde já para ajeitar os meus horários. É muita neurose mesmo, que acaba
transbordando em mim. Já disse que vou acompanhá-la num “exame importantíssimo”
que vai fazer amanhã e quer “ver que horas eu vou acordar”. Acordarei de 10h.
Colocarei o despertador. Assunto resolvido. Mas ainda ouvirei sobre o assunto
de horários, eu creio. Ela disse que não iria fazer nada para ninguém jantar,
mas aparentemente, pelo cheiro que inunda o meu quarto, ela fritou o restante
dos bifes com cebola e talvez manteiga. Espero que meu padrasto deixe alguns
para mim, caso seja realmente o caso. Senão, os fritarei quando a fome bater.
Mas a supor pelo cheiro, acho que ela fritou mesmo. Não quero ir lá, pois podem
estar jantando. Mas quero matar a minha curiosidade alimentícia. Posso ir à cozinha
à guisa de pegar mais Coca. É o que vou fazer. 20h06.
20h09. O mais incrível aconteceu. Meu padrasto assou seus
próprios bifes! Hahahahaha. Deixou alguns para eu fritar, como mamãe orientou.
Sem problema. Queria só que tivesse um gorgonzola para botar no macarrão
misturado com a raspa do tacho dos bifes. Queria pelo menos um queijo ralado,
mas só há coalho e coalho não rima. Não estou em clima regional. Minha mãe
disse que minha irmã PE contou que a dormência na perna da minha irmã de
Munique se intensificou. Isso é preocupante e pode sinalizar uma hérnia que
necessite de intervenção cirúrgica. No final, entretanto, creio que tudo vá dar
certo. Não é um procedimento muito intrusivo segundo me disseram e pode
livrá-la de sofrimento desnecessário. Acompanharei de perto. Amanhã mesmo mando
uma mensagem ou ligo para ela. Preciso ligar para Maria. Faz um tempão que não
ligo. Tomara que me lembre dessas duas ligações amanhã. Estou com sono. Essa é
uma sensação tão improvável de me acometer depois de mais de 12 horas dormindo.
Estou com uma leve vontade de jogar Super Mario Galaxy também. Mas acho que vou
de Persona 4 se for de algum. Sem música, para mergulhar mesmo no jogo.
20h41. Me perdi na internet. O cara que entrevistei e que
pediu que eu divulgasse uma votação para o concurso que estava participando
tirou terceiro lugar e com isso um prêmio especial do júri. Espero que volte
alegre para responder as minhas perguntas adicionais. Mas não boto muita fé.
Estou quase com vontade de jogar Persona 4, mas ainda não cheguei na vontade de
fato. Fato é que é só ligar o console e jogar, poucas coisas poderiam ser mais
fáceis e acessíveis para mim e mesmo assim não tenho disposição sincera de
fazê-lo. Acho que vou acabar fazendo em
algum momento desta noite. Lembrando que vou ter que acordar amanhã às 10h00. O
sono passou. Acho que ainda são ecos do fuso alemão. Estou com um dó danado da
minha irmã de Munique. Acho que realmente estreitamos nossos laços, algo que
não sabia ser possível. Que bom que seja. Que tenha sido assim. E que continue
assim. E que seu mal nas costas seja coisa relativamente simples, ou melhor,
que seja apenas muscular. A dormência é que é o sintoma mais problemático. Só
não entendo como ela disse para mim que dormência estava passando e minha irmã
PE disse que estava piorando. Como assim, de uma hora para outra? Que ozzy.
Amanhã, se lembrar, ligo para ela lá pelas 17h00 daqui ou de lá.
23h16. Joguei Super Mario Galaxy, joguei Persona 4 (e salvei
duas vezes), fiz os quatro bifes restantes, só no óleo e na manteiga, depois
joguei o resto macarrão na panela quente e comi tudo. Já tomei os meus remédios
também. Acho que não vou tardar muito aqui.
-x-x-x-x-
12h27. Preciso de Coca. E de cigarro. Cigarro eu tenho. Coca
é que fui comprar e a pizzaria estava fechada. Queria era ficar dormindo em
casa em vez de acompanhar mamãe no exame. Parece que meu padrasto deu para trás
hoje. Mamãe havia me dito que ele a acompanharia no próximo exame. O pior foi
que ela comeu depois do horário permitido para o exame, só falta chegarmos lá e
o procedimento ser adiado novamente.
12h39. Ouvi “Cheek To Cheek” com Ella Fitzgerald e Louis
Armstrong. Divina. Viva o Spotify. Mamãe está acabando de se aprontar. Não
adianta, sem saco nenhum de escrever agora. Acho que é falta de Coca-Cola. Sem
saco de fazer nada. Queria dormir. Espero que seja naquele mesmo lugar da outra
vez que serve café espresso.
14:05. Mamãe troca de roupa para o exame. Vou colocar o meu
iPod, a conversa dos médicos me desconcentra. Mamãe saiu com a roupa de fazer o
exame e conversa com a médica. Me meti e perguntei se, além da mama, o exame
podia analisar seu joelho, “não, só mama”, foi a resposta. Calei e me recolhi à
minha insignificância. Mamãe agora responde a um questionário. Foi ao banheiro.
Vai tomar alguma coisa na veia. Não sei, mas parece que vai ser demorado. Minha
mãe foi botar o líquido na veia. Não sei se a bateria vai dar para escrever e
chamar o Uber de volta. O danado do celular não tem nem mais memória para
atualizar os apps, mesmo apagando tudo do WhatsApp. Por falar nisso, minha mãe
pede para mandar uma mensagem para o meu padrasto avisando que ela já vai
entrar no exame.
14:26. Mandei a mensagem, mas não está enviando. Também não
está salvando o rascunho deste texto. Desconectei do Wi-Fi daqui e voltei aos
dados móveis. Funcionou. Meu padrasto respondeu. Disse que não vai poder nos
buscar, pois está zonzo da medicação que tomou. Fez exame hoje também. Sim, vou
botar o iPod e acho que vou esperar sem digitar isso para não acabar a bateria.
Uma paciente está tendo uma reação meio infantil aqui. Acho que fragilizada
pelos problemas de saúde que enfrenta ou enfrentou. Liguei o iPod, não estou
com paciência para ouvir neuroses alheias. Acho que vou parar de digitar para
economizar bateria. Por mais que o celular de mamãe tenha o aplicativo do Uber.
Não funcionou no momento da vinda para cá. Percebo que gosto de mulheres com
sobrancelhas relativamente grossas e com barrocas nas bochechas. Não sei por
que essa preferência e não acredito que a mulher ainda esteja se lamuriando com
a atendente. É muita carência. Meu celular está com bateria abaixo da metade,
está muito bom escrever aqui, mas vou desligar o aparelho, pois não sei se
mamãe vai sair grogue do exame e precisará de um tempo para se recuperar. Bom,
vou lá. 14:51.
17h48. Já voltei há muito do hospital, ao descermos em
frente de casa, sugeri que comprássemos uma pizza na Domino’s que fica do outro
lado da rua e mamãe concordou, visto que não havia jantar e ninguém havia
almoçado por causa dos exames (o casal) e eu porque estava sem fome. Compramos
também duas Cocas Zero, é claro. E cá estou eu de volta às minhas palavras.
Parece que o exame de mamãe não mostrou nada de anormal, ou seja, tudo indica
que o câncer foi realmente erradicado. Mamãe chegou com um papo de que a
dormência na perna da minha irmã pode ser para a vida toda. E que, com isso,
ela não vai poder mais dirigir. Acho um tanto pessimista essa possibilidade,
mas minha mãe disse que foi a própria enferma que lhe contou esse fato. Amanhã
irá a novo médico. Esperemos notícias melhores então. Acho que vou tirar um
cochilo, a exemplo de mamãe. Hoje quero uma noite longa. Seja de games, seja de
escrita com internet, seja dos três. Preciso economizar gelo. É o recurso que
menos há. E pensar que já fui criança, que coisa mais curiosa. Parece que minha
infância pertenceu a outra pessoa ou foi outra vida que vivi, visto que as
recordações que me vêm são de São Paulo, onde morei quatro anos. Não pareço eu
aquele que viveu em São Paulo. Era uma outra realidade, outro tempo, outras
pessoas, outra vibe, outro eu. Consigo com algum esforço me conectar com aquela
pessoazinha que era em São Paulo, mas ela me era muito diferente do que sou
hoje. Alguns traços de personalidade permanecem e é incrível que permaneçam 30
anos depois, vai ver que são os traços que vieram comigo de berço, pois o resto
é todo outro. Também, o que passei nos últimos 15, 20 anos foi devera
transformador, uma montanha-russa emocional com grandes e desnorteantes
mergulhos na escuridão e picos de alegria raros. Não quero mais escrever, vou
me deitar um pouco. 18h33.
21h12. Adoro quando pego um horário que é igual de trás para
frente. Acordei há meia-hora, mais ou menos e fui dar uma olhada no maravilhoso
mundo dos bonecos. Numa enquete, perguntaram
se alguém conhecia outro colecionador em pessoa. A maioria respondeu que não, inclusive
eu. Que curioso. São poucas as pessoas no planeta Terra que colecionam essas
coisas mesmo. Nunca pensei em ver a minha mãe como idosa, nunca pensei que esse
dia chegaria, mas do jeito que as coisas vão atualmente, é como a vejo. Isso me
incomoda bastante, como prenúncio do seu fim. E queria tanto ir antes, para não
sofrer o vazio imenso de uma vida sem ela, mas acho difícil. Foi falar nela e
ela chegar da reunião de condomínio. Preciso falar da terapia com ela, preciso.
Para que ela viva os dias que lhe restam – que eu espero que não sejam poucos –
melhor consigo mesma e com o mundo. Acho que muito dessa visão da minha mãe
como idosa vem dos terríveis efeitos colaterais dos remédios contra o câncer. Espero
que ela viva mais dos que os 15 anos que passará tomando o remédio e que,
quando finalmente parar, reestabeleça uma parte da sua mobilidade e saúde.
Ajuda na aparência de decrepitude física, o cabelo que cresce pouco e todo
arrepiado e cacheado. O sobrepeso ganho com o tratamento também ajuda a dar
essa impressão. O resto se deve a flacidez e rugas da idade. Ela não parece uma
velhinha ainda, como a minha avó, mas certamente passou, ao meu ver, da idade
de “coroa”, está num limbo entre ambas as fases da vida, transitando de um
estado para o outro. Não é de se espantar, afinal, eu mesmo já estou virando
coroa, me vi pelo espelho do passageiro do Uber na volta para casa e me
espantei com a profusão de cabelos brancos. É, o tempo é senhor de todas as
coisas mesmo. A finitude do ser, não do meu ser, mas dos seres que eu amo, me
incomoda deveras. Não consigo deixar de ver meus primos, a minha geração, como
crianças que ficarão perdidas sem os seus pais. Engraçado que vejo isso menos
nos meus irmãos, acho que porque morem fora e porque conheço suas casas. Por
falar nisso, tentei ligar para Maria, mas ela estava no Arapuá visitando a
família e minha irmã, nem liguei, pois minha mãe falou com ela hoje. Também não
vou overcrowd a coitada. Nossa, o meu
quarto está quente, 31 graus. Liguei um pouco o ar. Vi uma foto de uma coleção
que me deu muita vontade de ter o meu Hulk aqui comigo. Não vou desistir dele.
Minha mãe pode me obrigar a desistir dele, infelizmente. Espero que não o faça.
Se ela só souber da lapada quando a lapada vier, ela não vai ter como evitar,
por isso quero garantir minha Red Sonja antes disso. Garantida a Red Sonja, eu
posso abrir o jogo para ela.
Vamos trazer um pouco do Desabafos do Vate para cá? Não
porque contém valores. Pela primeira vi uma razão para ocultar dinheiro, dados financeiros,
mas acho que todo ele deveria ser aberto para a fiscalização, isso é possível
em países onde todas as transações ou 90% delas são digitalizadas, como o
Brasil. Acho que para evitar roubalheira, sonegação e para haver uma tributação
automática e instantânea do imposto de renda, sem termos que preencher nada,
feita pelo órgão fiscalizador das finanças de um país. Se investirmos aí uma IA
(inteligência artificial) avançada que, ao observar todas as transações pudesse
quem sabe um dia aprender a ganhar dinheiro no mercado, fazendo o Brasil fazer
os melhores investimentos, para dentro e para fora do país. Qual o investimento
que mais dá retorno para a sociedade? Eu gostaria que a máquina predissesse, “Educação”
em primeiro lugar, em segundo, “Qualidade de Vida” (Saúde, Segurança, Saneamento).
Fui parar no pai do meu cunhado misturado com uma vontade de ouvir Björk. Puta,
“The Gate” é muito fuderosa. 23h21. Li a letra agora e o que vi foi a história
de uma mulher, – esse disco que está passando agora no modo aleatório é muito
doido, “Mount Wittenberg Orca”. Não aguentei e botei “The Gate” novamente, e
descobri que clicando duas vezes no botão de repeat, o Spotifi repete apenas a música que está tocando. Eu acho,
pelo menos. Vamos ver, pois botei “The Gate” nesse modo. Acho que funcionou. Funcionou
está tocando de novo – bem, agora, eu vou voltar para a o que entendi da letra,
vi uma mulher muito magoada, que se transformou por causa dessa imensa dor de
amor, que diz já cicatrizada, amando de novo e amando muito mais que a outra
parte. Tá bom, três vezes é demais. Vou botar outra música. Vou deixar rolar
mais uma vez. O que o pai do meu cunhado tem a ver com a parte financeira? Vou
começar do início. Digamos que eu consiga combinar com a minha mãe que eu teria
um custo de manutenção (remédios, saúde, alimentação e serviços providos nessa
casa, o aluguel de se morar com a mãe) de X. O resto do dinheiro eu quero
metade para gastar como quiser e metade para poupar ou investir. Fui pegar Coca
e isso foi um processo mais demorado que de costume. Comi o último pedaço da
pizza mencionada acima. É uma viagem essa música de Björk, mas já é bem a sexta
vez que ouço, vou botar outra, “It’s In You Hands”... Caramba uma versão feita
sem remixes de “Triuph of a Heart” que massa, uma viagem, mas meio enjoativa. Porra,
botei a capa de “Bastards” como meu plano de fundo, não poderia ter escolhido imagem
melhor, minha diva, uma mulher que acho incrível e linda, mas cujo pico de
criatividade e de beleza já passou, o que não a torna menos genial, como essa “The
Gate” veio provar. Minha diva feita de camadas coloridas meio pedra meio
orgânicas, ficou uma viagem, vou botar essa imagem para ilustrar esse post. Vou
até deixa-la em tamanho supergrande para quem quiser baixar. Vou não, é
sacanagem com o site que provê a imagem, ele pode sobreviver de hits. Então eis
aqui o link que a Google me deu:
Meu novo plano de fundo. Amei. |
Espero quem quiser a encontre lá. Preciso trabalhar numa
terapia essa onda do dinheiro. E quem sabe daí evoluir para outras negociações,
como, por exemplo numa viagem, eu poder dizer que só vou se ela pagar metade da
passagem. E que eu compraria X euros. Quando chegasse na Europa eu pegaria uma
parcela substancial e daria à minha irmã como custos que vou dar lá. Como faria
ela receber esse dinheiro assim logo de cara é que seria o problema. O que poderia
fazer? Imprimir uma carta de agradecimento, colocar no envelope com o dinheiro,
dar ao meu sobrinho na véspera da viagem e pedir que ele só entregue à sua mãe depois
que a gente viajar. Ou posso fazer muito mais fácil, sem ensinar o menino a
esconder coisas de sua mãe, eu simplesmente colocaria o envelope à noite,
quando todos dormissem, na porta-cartas dele que vive abarrotado. Colocaria num
envelope laca gerânio escuro que vi para vender na melhor papelaria que eu já
entrei na vida, um sonho. O resto dos euros usaria para comprar coisas no
Edeka, Cherry Coke e cigarros, basicamente, e o restante usaria para me divertir
e comprar coisas para mim, provavelmente muito pouco sobraria para isso. Mas é
a vida de quem quer ter controle de suas finanças. Pode ser que minha mãe me
ajudasse em algumas coisas. Pediria a ela que fizesse isso. Como almoços em
restaurantes, principalmente. Nos EUA, a mesma coisa, metade da passagem e uma
quantia e dólares para dar ao meu irmão pela estadia e os gastos-extra com
isso. Do pensamento de dar a quantia à minha irmã, foi um pulo para chegar no
pai do meu cunhado e do fato de eu achar que falei merda para ele. Elogiei o
seu inglês e disse que havia bons marceneiros na Alemanha. Não falei Alemanha,
falei “aqui”, o que dá para entender tudo o que vi na Europa, isso inclui a
Áustria e, mais principalmente isso inclui ele, o pai do meu cunhado que é marceneiro
aposentado. Mas isso já passou e o que está feito está feito. Pelo menos a
parte do pai do meu cunhado, a da conquista do controle financeiro da minha vida
ainda vai demorar um pouco mais. Não tenho coragem, nem sei se ela está em
condições de negociar isso. Provavelmente vai dizer que não. A não ser que o X
seja uma quantia bem generosa. Mas, como disse, não tenho coragem de negociar
isso. Ainda. Acho que o momento propício para negociar isso é quando a bomba
Hulk explodir. Vão haver duas explosões, uma menor, a do frete, que já vai deixá-la
de cabelos em pé. E o big bang que será o valor para tirar dos Correios. Meu
deus como temo muito mais que anseio esse dia. Quero muito esse Hulk, isso já
deve ter ficado mais que claro por aqui, mas o medo da reação de mamãe é maior
que qualquer coisa. 1h16. Daria metade do que recebo à minha mãe, acho que é o
justo. Metade da metade vai para investimentos e o restante vai para eu gastar
com o que eu quiser. E eu andaria com o meu dinheiro e meu cartão de crédito
(talvez, ele poderia ficar com a minha mãe também, para ela pagar uns lanches
do Mc para mim). Seria uma responsabilidade a mais para mim. Seria um
passatempo fazer a minha contabilidade. E principalmente significaria mais
liberdade e autonomia para mim. Não sei o que deu no ar, mas ele parou de
funcionar. Está só com as luzinhas passeando por ele. Não sei se atingiu 23
graus o quarto, se é alguma programação de autolimpeza, sei lá, ou defeito
mesmo. Espero muito que não tenha dado pau. Vou desligar e ligar, dar um tempo
e ligar de novo, Voltou o 23 lá no mostrador e está saindo frio. Talvez só
estivesse feliz. Já pensou na possibilidade de uma máquina ter sentimentos,
estar feliz ou infeliz, ou sentir dor e prazer? Acho desnecessários a uma
máquina, posso estar sendo cruel com elas, mas não acho um traço evolutivo que
vá passar para a Singularidade. Eu espero que pelo menos não sentimentos ruins.
Espero que ela só os experimente através de nós, conectados a ela, mas ela
estará em todos os lugares, poderá acessar as emoções de todo mundo. Estará nos
celulares, nas câmeras públicas e privadas, ouvirá por todos os microfones
plugados à rede. A Rede de Tudo. Tudo o que é humano, pelo menos. Mas acho que
irá além dos humanos. No final abrangerá virtualmente todo o universo. E no
final tudo dará certo. Teremos nossas existências garantidas, afinal, estamos
aqui. Miraculosamente estamos aqui. Quando tudo podia ser nada, existimos nós e
nossas fantásticas criações e um universo quase tão fantástico ou até mais
fantástico se houver civilizações mais evoluídas por aí. Se houver outras
Singularidades Tecnológicas por aí. É tão natural essa necessidade de deus ou
deuses para justificar aquilo que não temos resposta e para justificar nossa
existência. Ou um poder superior. Sabe o que acho que o Tao é? Um grande caô.
Ele é totalmente contraditório, afirma uma coisa para negá-la em seguida. Essa
foi a impressão que me deixou. O Tao é tudo, mas tudo não é o Tao. E coisas do
gênero. Confesso que nunca alcancei a profundidade dessas contradições. Eu
tentei muito ser taoísta. Acho que meu pai se esforçou ainda mais do que eu. Foi
a religião da qual mais se aproximou, não sei se por ser incompreensível e isso
o atrair, emprestar ao Tao o indefinido que ele trazia dentro do peito como
justificativa da existência. Ou ele mesmo não alcançar ser um fator relevante
para ele. Que ozzy, estou especulando sobre o meu finado pai. Que, como num
milagre póstumo, permitiu que eu recebesse a minha pensão baseada no seu
salário. Exatamente metade do seu salário. Ou da sua aposentadoria, sei lá.
1h54. Pensei na minha irmã agora. Coitada, sua dor. Não merecia tal percalço da
existência. Sim, tomar o meu remédio.
1h57. Tive que pegar mais Coca e gelo, recurso para lá de
escasso, como a Coca se torna, o que significa que a hora de dormir se
aproxima. Se bem que estou tão bem eu com as minhas palavras. Acho que é hora
de ouvir “The Gate” novamente. Ei, estou escrevendo como no Desabafos do Vate,
tenho que me livrar de aspas, pois aqui a liberdade formal é total, completa e
integral. Jsdkchgqekv;l eigvo õ; pronto, eu posso até isso. E posso
coisas que não posso em nenhum outro lugar a não ser dentro da minha cabeça.
Aqui exponho algumas dessas liberdades. Os artistas podiam fazer uma transação
com os fãs, se eles deixassem o Spotify tocando a música deles quando não
estivessem escutando ou quando tivessem escutando obviamente, eles dariam uma
parcela dos lucros produzidos pela audição dessa pessoa. Ia ser tão pouquinho
que nem valeria a pena. Ideia absurda, deixa para lá. Mas uma banda estreante
pedir para todos os seus amigos e contatos da internet para botarem a música de
trabalho em modo looping único quando
não estiverem escutando nada ajudaria a banda a dar uma subida no ranking e
talvez chamar a atenção dos demais que acessam a aba “Trending” do Spotify. E
com isso gerar uma reação em cadeia que poderia lançar o grupo ou cantor ao
estrelato, quem sabe. E se a banda ou o cantor fosse tão cara de pau e pedisse
que os caras colocassem a música em todos os playlists possíveis do cidadão, para quem se utilizar de seus playlists ter acesso a música. Talvez
pudesse viralizar de forma artificial. É uma estratégia. Gosto de criar modos
de burlar sistemas. Coisa de adicto. Esse lado transgressor. Mas é mais gostoso
quando é dentro das regras. Não quebro regras, apenas as uso a meu favor. Ainda
bem que não fui advogado. Hahahahaha. Mas sério, talvez o poder me corrompesse,
a não ser que eu encarasse como uma missão. E só aceitaria como missão ser
presidente do Brasil e representasse o Brasil na ONU. Investiria em educação e
inteligência artificial. Hahahahaha. Mas se eu tivesse o poder, o poder
absoluto ninguém no poder público poderia ganhar mais do que eu e eu não
ganharia muito, toda a família nuclear (esposa/marido e descendentes) do eleito
deveria usar obrigatoriamente serviços públicos (saúde e educação) como eu
também só poderia utilizá-los. Se eu fosse radical mesmo, quem fosse pego
usando serviço não público, perderia o cargo e quem os proveu do serviço pagaria
cinco vezes mais do que recebeu do político em questão. Quebraria todos os
sigilos bancários e fiscais como disse anteriormente e botaria uma IA avançada (ou
strong AI, acho que esse é o jargão) para
gerir todos os dados e, se possível, identificar padrões sobre eles e, num
passo mais distante, pensar sobre os dados, concluir baseado nos dados. Sugerir
baseado nos dados. Sim, e fazer o IR automaticamente, cotidianamente. Mas aí já
me repito demais. Por que obrigaria os eleitos a usar o serviço público se já
não há vagas nem para os realmente necessitados? Para que justamente ao
passarem pelo que o povo passa, eles fizessem as condições melhorarem.
Investiria mais em medicina preventiva. Check-ups anuais seriam obrigatórios para
todas as pessoas, de bebês ao mais idoso dos idosos. Protegeria a Amazônia com
unhas e drones com IA para identificar desmatamentos ou outras ilegalidades. O
próximo passo seria usá-los para monitorar nossas fronteiras. Mas antes disso,
teria que resolver o problema da água no Brasil, dar água a todos e
eletricidade e Wi-Fi de alta velocidade a todos. Ajudar no financiamento do
computador da Google se esse fosse o mais barato e com mais programas/ferramentas
úteis gratuitas. Se o Windows quisesse entrar na licitação não teria problema
também. Criaria cursos educacionais para tais programas, todos gerenciados pela
Google ou pela Microsoft ou quem mais quisesse entrar na licitação. A meta
primária seria um computador por casa, a secundária um computador por
estudante, a terciária, um computador por pessoa. Computador ou tablet ou
celular, sei lá, algo que permitisse assimilação e geração de conhecimento,
textos, planilhas, apresentações, designs, inclusive 3D, de softwares, além de
entretenimento etc. Acho que toda tecnologia evolui para algo portátil, talvez
controlado pelo pensamento. Outro campo bastante secundário do meu governo
seria investir na “gamification” dos
processos para que os diversos trabalhos se tornem mais lúdicos e divertidos,
se possível. A meritocracia se trabalhada da forma certa, pode se tornar um
jogo divertido. Desde que quem receba o mínimo consiga sobreviver com
dignidade. Só estou viajando aqui, só escrevendo besteira, mas está tão
gostosinho fingir que sou presidente do Brasil. Se pudesse tudo, os candidatos
para serem candidatos a cargos eletivos, deveriam passar primeiro por um
concurso para testar os seus conhecimentos no que quer que seja necessário para
o cargo, só assim se tornaria elegível. Cada região da cidade escolheria seu
representante de bairros para representa-los nas câmaras municipais e
municipais para as estaduais, tudo com concurso. Inclusive as partes pobres da
cidade, pois só faria essa mudança depois da reforma da Educação. Chamaria uma
revisão constitucional, tendo como cláusulas pétreas a Declaração Universal dos
Direitos Humanos e mais o direito de todo cidadão de ter um aparelho que o
permita se conectar na internet com ferramentas de produtividade e criação
incluídas. Depois da Educação, viriam Saúde, Saneamento e Segurança empatados.
Uso de energia renovável em larga escala (solar e eólica é o que imagino). Incentivo
para a implantação de carros elétricos num futuro mais distante quando eles estiverem
mais disseminados. Tô chutando aqui o que faria. Antes de carros elétricos,
melhorar o serviço de transporte público no país. É tanta coisa por fazer,
vixe. Educar e implementar a coleta seletiva. Educação, educação e educação,
que ensine os alunos a pensarem por si mesmos. Com aulas sobre ética, ensinar
desde pequeno que o que dói em mim, dói no outro e que algumas dores a gente
vai ter que passar ainda na vida, mas que não se deve fazer com o outro o que
você não gostaria que fosse feito com você. 3h11. Estou ficando realmente com
sono. Acho que vou pegar o meu último copo de Coca, embora esteja muito boa
essa viagem de dono do mundo, só pensando asneira. Mas Educação e evolução da
AI eu faria sem dúvida e voltado para essa área das finanças a priori, para
fazer o Brasil prosperar e acabar com a corrupção e sonegação. Ainda acho que a
melhor música de Björk, a introdutória, é “Pagan Poetry” ou alguma do
SugarCubes, talvez “Birthday” e “Deus” e “Regina”, são tantas que eu gosto do
SugarCubes, mas Björk tem muito mais. Embora SugarCubes faça parte da minha adolescência
de quando o meu gosto musical estava se formando então tem um espaço bem cativo
no meu coração. Foi quando me apaixonei por Björk.
3h34. Dei uma navegada na internet, postei o meu clipe de
Björk na minha linha do tempo. Não vou mais postar aqui porque já o fiz e não
faz muito tempo. Ou foi no Desabafos do Vate mesmo? Não lembro. Vou tentar
postá-lo aqui de novo.
3h37. Acho que vou dormir, o sono está me pegando. Mas vou
ficar mais um pedacinho aqui. Tá tão bom. A liberdade de escrever o que quiser.
Educação e depois os 3 “S” (Saúde, Saneamento e Segurança) e depois a AI ou
tudo concomitantemente. Nossa, como estou me repetindo hoje. Eita, talvez o CD
de Björk saia enquanto estiver nos EUA, vou poder comprar pela Amazon. Assim
como o Persona 5. Eu estou meio brochado com o 4 pelos gráficos serem de PS2.
São muito bons para o PS2, mas no PS3 ficam aquém. O 5, além de dizerem ser
muito melhor e ter elevado o golden standard
dos JRPGs, tem gráficos de PS3, o que ajuda muito na imersão. Verdade,
verdadeira, ainda não estou fisgado pelo Persona 4 e tenho minhas dúvidas que
fique fisgado pelo 5. Já o Zeldinha, como o devido frame of mind, eu acho que encaro. É uma pena que o controle do Wii
U seja tão pesado. Mas encararia mesmo assim. Não estou com sono nenhum, acho
que vou fumar mais um cigarro e pegar o último dos últimos copos de Coca.
4h05. Fumei o último da noite e peguei o último copo de
Coca, eu acho. Talvez amanhã o meu amigo gordinho queira ir ao cinema comigo,
vou ver se me contato hoje com ele quando acordar. Meu dinheiro poupado, se
realmente resolver assumir minhas finanças e mamãe concordar, vai ser todo para
a reforma do quarto já estou vendo. Pode ser que ela pague a parada e eu fique
pagando a ela mensalmente. Sei lá, acho que vai ser assim, não vão esperar eu pagar
tudo em 24 meses. Hahahahaha. Esse pessoal é mais imediatista, eu suponho. Vou
querer uma luz com intensidade controlável aqui no meu quarto. Vou sonhar alto,
com a iluminação individual para cada estátua.
-x-x-x-x-
15h02. Nossa como escrevi besteira e me embananei especialmente
quando fingia ser presidente do Brasil. É muito complexo. Hahahahaha. Mas
continuo com a minha ideia de investir em Educação e strong AI. É a sanha pela Singularidade Tecnológica. Hahahahaha.
Vou postar esse monte de besteira. Ah, ainda sobre Porto, na volta pegamos um
caminho diferente, pela Praia do Paiva, captei, espero, visuais tropicais
exuberantes com coqueirais e mar. Foi a mais longa filmagem que fiz. Deveria
ter filmado mais ainda até a claustrofóbica entrada em Recife e seus paredões
de cimento com marcas pipocando por tudo que é lado. Senti essa transição muito
clara e incômoda. É isso. Outra coisa a última das últimas, ainda não vi as filmagens que fiz em Porto. Estou sem saco de ver.
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