domingo, 16 de dezembro de 2012

Sexta: peregrinação pela night recifense volta quase aonde começou (e outra coisa importante)




Saímos, meu primo-irmão, Prisci, sua escudeira fiel e eu de ônibus para o Antigo para sacar a homenagem aos 100 anos de Gonzagão. Passamos mais ou menos uma hora lá, mas meu primo estava a fim de night de verdade, destas de raiar o dia. Seguimos então a pé para o Tebas. Na frente do Tebas, diferentemente do que esperávamos, não havia quase ninguém, a festa parecia, como diz a gíria, “miada”. Foi então que meu primo ligou para seu amigo predador que disse que o quente seria o Cobogó. As duas princesas decidiram ir para casa e meu primo-irmão e eu aportamos no Espinheiro. Nos juntamos ao nosso perfeitinho e ao predador e fomos andando até o Cobogó, entramos, olhamos e eles identificaram como sendo festa de veado, então morgamos de pagar a entrada e ligamos para uma amiga. Ela estava no Central, disse que tava massa e zarpamos para lá. Pegamos, depois de alguma procura uma mesa num dos bares da frente e ficamos os quatro a jogar conversa fora, à espera que nossa amiga viesse dar as caras na nossa mesa. Quando isso enfim aconteceu, ela trouxe mais duas amigas e ficamos instigando, com todo tipo de recurso (mordidas, cócegas, massagens, beliscões) as meninas a se juntarem a nós e seguir para onde? Para o Tebas, pois havia uma amiga do nosso amigo predador que disse que lá tava astral. Depois de muito estica e puxa, finalmente partimos para o Tebas. Três andando – nosso amigo perfeitinho, o amigo predador e a amiga beliscada – e quatro de táxi – as duas outras garotas, meu primo-irmão e eu. Conseguimos persuadir todos a entrar pagando R$ 20,00 (a entrada era R$ 25,00) já que já eram três horas da manhã. Meu primo-irmão e eu ficamos com apenas R$ 20,00 para beber o que deu para três cervejas e três refrigerantes. Eu, como de praxe, subi para o topo do Tebas, peguei uma Coca Zero (não tinham da normal) e um copo com gelo, me sentei numa mesa e fiquei a cismar olhando as pessoas e a paisagem. Foi aí que vi uma galera dando um bolero e resolvi arregar. E foi então que a coisa mais inusitada da noite aconteceu, uma das pessoas me pediu o endereço do blog, depois de se explicar sobre uma história aí que rolou entre um amigo dele(a) e eu. Fui descobrir no final que esta pessoa era um(a) traficantezinho(a) e que o que estávamos fumando era haxixe, um dos produtos (ou o único) que ela comercializava. Tivesse eu R$ 30,00, compraria na hora, pois o efeito foi muito bom. Mas antes de falar do efeito e do resto da noite, gostaria de dizer a esta pessoa que já me internei num albergue de tratamento de drogados e lá encontrei dois trafecantezinhos, em épocas diferentes, ambos viciados nos produtos que vendiam. E eu digo viciados a ponto de estragarem suas vidas por causa da droga. Os dois, inclusive, tendo envolvimento com a polícia. Por isso, se você estiver lendo isso, peço que, primeiro, não dê bandeira demais, e, segundo, se sentir que está perdendo o controle sobre a droga, por favor, crie coragem e peça ajuda o quanto antes, abra o jogo com seus pais, se interne, porque o fundo do poço de um viciado é muito fundo. Eu sou viciado e só eu sei o que passei para ficar limpo da minha droga de preferência, cola de sapateiro. E uma vez viciado, sempre viciado, você só mantém o vício sob controle, adormecido, mas não pode nunca mais chegar perto da substância. Você me disse que tem tudo sob controle e acredito em você. Espero muito que continue assim. (E que continue lendo o blog!!!)

No mais, depois do haxixe, entrei numa vibe muito astral e me deliciei vendo o sol raiar e as nuvens e a cidade aparecerem em tons alaranjados e violáceos, absorvendo tudo aquilo com um deslumbramento e intensidade fora do comum. Fiquei só nessa, pensando que espetáculo a galera lá embaixo estava perdendo. Mas eles não estavam na minha vibe, tava todo mundo tomando todas para ver se se davam bem na noite. Por fim a galera subiu um pouco, mas, em vez de se sentarem perto de mim, preferiram se reunir ao redor do nosso amigo predador, o que não me feriu ou perturbou, pois eu estava num momento muito meu, viajando no que escreveria neste blog, fumando meu cigarrinho, tomando minha Coca com gelo e apreciando como a natureza é esplêndida. Acabou que, além dos meus amigos, todas as outras pessoas desceram e fiquei só eu a cismar com o romper da aurora, até que chegou um cara e muito educada e pacientemente me pediu para descer, pois eles precisavam começar a faxina do topo. Ainda consegui trazer uma cadeira para baixo e continuar olhando o sol já mais alto colorir o céu. Fiquei nessa até ser interrompido por uma garota que meu primo devia estar azucrinando que me convidou a bailar, o que rejeitei com certo estranhamento, voltando ao meu assento. Ainda mais inesperada foi a força que nosso amigo predador me deu, me colocando para cima, estimulando meu potencial “latente”. Enfim quando restava praticamente a gente na festa decidimos ir. Meu primo que tinha vinte reais para voltar de táxi, miraculosamente ficou só com R$ 15,00 e por causa disso tivemos que dar uma bela caminhada de onde o táxi nos deixou até a sua casa. Melhor realmente teria sido tomar mais Coca-Colas e voltar de ônibus, pois acho que andaríamos até menos. Mistérios do destino.

Não postei este texto ontem pois dormi o dia inteiro (isso inclui a tarde e a noite), só me levantando para meu primo me deixar em casa e voltando a dormir até hoje pela manhã.

(P.S.: não menti para minha mãe quando ela me perguntou se eu estava tão detonado por ter fumado maconha, afinal, eu não fumei maconha, fumei haxixe. E andei pra caralho, o que ajudou no prego em que fiquei.)

-X-X-X-

 Coisa mais inusitada ainda me aconteceu hoje em relação ao blog. Eu nunca imaginei de alguém me pedir o endereço do blog para visitar, como aconteceu na sexta-feira, mas imaginava menos ainda que um usuário de cola (em abstinência) através de uma imagem que postei no blog que ele encontrou no Google, tivesse acessado o Jornal do Profeta e tivesse se identificado com a minha história. Ele surgiu com um pedido de amizade no Facebook, e mesmo sem conhecê-lo, resolvi adicionar, quando vi estávamos batendo altos papos sobre os danos da cola, como é difícil a abstinência e muitas outras coisas. Foi incrível e renovou minha esperança no poder de alcance deste recanto obscuro da internet. Ele tem 17 anos e uma vida inteira pela frente. Limpo da cola, tenho certeza que vai longe. E, se bater a fissura, ou algum baixo-astral, pode falar comigo pelo Face, você encontrará apoio aqui deste lado da internet. Lembre-se que cola não leva a lugar nenhum, então não adianta seguir este caminho que você já sabe onde vai dar.

É isso. Já tomei minhas medicações. Vou revisar, postar e dormir.

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