quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Na Carreira





15h07. Li na IGN que vão fazer um filme com Johnny Depp em que ele faz o upload de sua consciência para um computador. Olha aí as profecias se manifestando no imaginário popular.


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15h15. O começo de um post é sempre assim para mim, me dá um branco total. A não ser que seja depois de uma saída (que gera espontaneamente assunto). Mas aos poucos a coisa sai (e não me refiro ao rebaixamento do Sport). Bom, uma coisa me passou pela cabeça agora. Coisas como o teto da Capela Sistina são impraticáveis de surgir nos dias de hoje, onde imperam a correria e os deadlines apertadíssimos. Por conta deste novo modo de vida nós abrimos mão de várias técnicas e obras que requerem tempo e paciência o que não deixa de ser um pouco empobrecedor para a humanidade. Mas os tempos são outros e as necessidades também. Por ironia uma das áreas onde há mais dedicação aos detalhes é uma das mais recentes: os videogames. Onde centenas de pessoas se unem por dois, três anos para criar um mundo o mais realista e detalhado possível para oferecer ao jogador. Tanto é que às vezes eu prefiro olhar alguém jogando um jogo de última geração, que jogá-lo eu mesmo, para poder apreciar a riqueza de pequenos detalhes cuidadosamente colocados ali, coisa que o jogador, focado em sua missão e sobrevivência não tem tempo ou atenção para reparar. Infelizmente, a Nintendo, minha empresa de jogos do coração, não desperdiça recursos enriquecendo os cenários dos seus jogos, tudo nos jogos da Nintendo é muito prático e tem sua utilidade, nenhum detalhe a mais, desnecessário, é colocado para embelezar o jogo. Não que os jogos da Nintendo sejam feios, eles apenas não desperdiçam recursos. Espero que agora que chegaram à geração HD, a coisa mude. Amaria ver um Zelda com a riqueza arquitetônica de um Assassin’s Creed. Ou de um Bioshock.  

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Pagan Poetry, de Björk. Esta música é hipnótica, me faz viajar profundamente, é quase uma lombra auditiva. 15h33... 15h37. Outra que amo: It’s In Our Hands... Tava com saudade de ouvir Björk. O que me encanta nela, além da pessoa em si, é que ela sempre busca se reinventar, achar novos caminhos musicais a cada novo disco, fazendo parcerias com a vanguarda musical ou com parceiros inusitados, como um coral feminino da Islândia. Para mim, ela já tem uma obra-prima, difícil de ser superada pela sua originalidade e genialidade: Medúlla, um disco gravado só com vozes mixadas. É uma viagem musical onde apesar de o instrumento ser o mesmo – a voz – cada música tem suas sonoridade e atmosfera diferentes. Mas o principal é que sou encantado por Björk, ela será sempre uma Clementine para mim. Adoraria conviver com ela, nem que fosse por um dia, para apreender um pouco mais o seu espírito, penetrar um pouquinho que fosse em sua alma e ela na minha. Acho que a pediria em casamento nesse dia! Eu acho que ela não se esconde detrás de um personagem, acho que o que mostra ao público é o que ela realmente é. Mas acho que todo fã viaja nisso em relação ao seu ídolo e quase nunca é verdade... Sei lá, ela me transmite sinceridade e ponto. Uma sinceridade que o U2 em seus shows não transmite, por exemplo.

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16h05. Estou de volta depois de duas xícaras de café e dois cigarros. Hoje, ao contrário de ontem, mommy deixou a carteira inteira de cigarros e veio passar a tarde em casa. Está repousando. Falando ainda em Björk, meu amigo e poeta Daniel Násser gravou o disco novo dela para mim e eu não sei onde coloquei. Isso é Ozzy porque só ouvi uma vez e é um disco difícil de entrar de primeira, então não tive tempo de degustá-lo apropriadamente. Como não é o de Gal novo e depois de algumas vezes eu comecei a gostar muito. Da mesma forma o novo do Strokes. No começo achei tudo muito agudo, mas aprendi a gostar. Queria fazer o mesmo com o de Björk. Péra que vou dar uma olhada para ver se encontro.

16h37. O único disco que ele me mandou que não achei foi justamente o de Björk. E olha que eu procurei. A vida prega dessas mesmo. Xapralá. Botei O Grande Circo Místico no drive de CD e já, já, vou ouvir. Curtindo um Little Joy agora.

Olhando por aí eu percebi que eu tenho um monte de CDs massa que não ouço, fico restrito às mp3 do computador por pura comodidade. Se eu tivesse um toca CDs que prestasse, talvez ouvisse mais (o que tenho aqui no quarto de tão velho, além de nenhum botão funcionar, está assombrado e liga o rádio sem ninguém tocar nele, então tive de tirá-lo da tomada [altos sustos]).

16h44. Tomar água, café e fumar um cigarro.

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17h00. Fumei dois, com duas xícaras e dois copázios d’água, um antes e um depois. Trouxe mais um para bebericar enquanto escrevo. Começou a parte The Cure da lista, logo com Plainsong. Vou adiar O Grande Circo Místico por ora. Esse som do The Cure, o Disintegration, é para ser escutado alto. Tem até isso na capa do LP. Então botei no talo aqui e estou viajando. Quando boto alto, eu percebo que um ouvido meu escuta melhor que o outro. Percebi isso também quando usei o iPod, cheguei a inverter os fones, mas deu na mesma. Em suma, sou meio moco de um ouvido. Se me tornasse mendigo e nunca mais pudesse ouvir o Disintegration iria ser uma falta enorme na minha vida. Junto com o Rattle & Hum do U2, foi o disco que mais ouvi na vida. Foram os LPs que moldaram meu gosto musical pessoal, fora e além das influências paternas, quero dizer. Minha mãe teve menos influência musical em mim, era papai que controlava as pickups lá em casa.

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17h12. Sem assunto... gostaria de ir ao Lesbian Bar hoje, afinal é uma data especial que merece ser celebrada, nunca mais teremos neste milênio outra data em que dia, mês e ano sejam os mesmos, 12/12/12. Depois de hoje só em 01/01/3001. E duvido que muitos de nós cheguem com vida a esta data. Só se fizermos como Johnny Depp em Transcendence. Transcendência... eu acredito que já vivi momentos disso. Pelo menos me senti assim, transcendendo meu eu consciente. Obviamente só consegui isso sobre o efeito de entorpecentes, mas a sensação é mágica e pura, extremamente pura. Embora me sinta transcendendo ouvindo certas músicas também, como esse álbum do The Cure. Eu entro num estado emocional diferente, a música transforma minha percepção, torna tudo mais belo, melancolicamente belo. O belo pop show como meu primo-irmão chamaria. É uma pena que ele nunca vá sentir isso. Mas tenho certeza que muitas outras pessoas que ouviram e ouvem o Disintegration sentem e sabem do que estou falando. Também não é um disco que te ganha de primeira, mas quando te conquista é para sempre, acho eu. Para mim, é para sempre. A não ser que façam como Laranja Mecânica e usem junto com alguma forma de tortura. Mas não acho que mereça tal tipo de punição. Quem sabe, vai que as minhas profecias desagradem alguém com poderes suficientes para me prender e torturar... Hahahahahahahaha!

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17h26. Daqui a pouco mais um cigarrinho com o resto do café, mas não ainda. Ainda estou saciado de ambos. Saciedade, taí um sentimento que ao mesmo tempo me agrada e desagrada. A saciedade dá um certo desânimo, um quê de tristeza, de desmotivação, de apatia. Eu já sinto tudo isso por natureza, mas a saciedade amplifica esses sentimentos. Espero nunca me saciar das palavras. Acho que nunca vou, pois as vomito sempre! Hehehehehehehe... Bulimia verbal. Uma nova doença para os anais da Medicina...

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Homesick rolando. Confesso que tive saudade de casa poucas vezes na vida. Também poucas foram as oportunidades de sentir isso. Praticamente se resumem aos meus internamentos.

17h34. Pausa para um cigarro.

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17h56. Mommy despertou. Mas, voltando ao assunto do primeiro tópico, a pressa em que vivemos, onde tudo é “pra já”. Acho que devemos muito disso à evolução da tecnologia. Imagino que com a tecnologia de hoje, para construir uma capela, leve-se mais ou menos um ano. Você acha que esperariam mais quatro para inaugurá-la por causa da pintura no teto? O aumento da eficiência e da produtividade devido às máquinas nos levou juntos com elas. Nossa paciência encurtou. Sei que isto é uma generalização e generalizações são perigosas. Falo principalmente dos urbanóides aqui. Gente dos grandes centros. Sei lá, vou mudar de assunto. E botar O Grande Circo Místico.

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O começo do disco com o coral é como o encantamento e mistério que se tem ao ver a tenda do circo ao longe, sem saber o que vai encontrar lá dentro, logo depois vem a música circense e a alegria do picadeiro se revela, as palhaçadas e todo o ambiente animado por crianças, moços, moças e velhos da plateia.

Puta que pariu aí vem logo de cara Beatriz com Milton. E se eu pudesse entrar na sua vida... Aí me quebra, é muito linda, divina, não é à toa que acho este um dos melhores discos da MPB de todos os tempos. Sim, me leva para sempre Beatriz, me ensina a não andar com os pés no chão... a nota do “chão” lá embaixo como se a voz descesse realmente ao chão. Sei não, velho, é maravilhosa. Não tenho nem palavras.

A segunda música começa como que com um tropeço do palhaço e embora sugira uma música alegre, logo se vê que é uma ilusão, como a maquiagem do palhaço, que esconde outro farrapo humano que morre na cochia...

Bom, não vou descrever o disco faixa a faixa, quem quiser e puder, não se prive de ouvir. Fazia tanto tempo que não ouvia que não imaginava a falta que me fazia à alma. Pelo menos a busca ao CD de Björk de Daniel me fez achar este.

18h25. Viajando no som... A História de Lily Braun. Chico deixa a dúvida no final da música quando Gal canta nunca mais feliz. Tanto pode ser “nunca mais fui feliz” como “nunca fui tão feliz”.

Vamos ver se desgrudo do som e me agarro ao texto. Porra, mas aí vem Meu Namorado, com Simone (a única música que gosto de Simone, diga-se de passagem). Sei que ele vai me guiando, me guiando de mansinho pro caminho que eu quiser... Vejo, meu bem, com seus olhos e é com meus olhos que meu bem me vê...

Aí é para arrombar, Ciranda da Bailarina com um coral de crianças, a coisa mais linda e delicada do mundo, por mais que a letra seja cheia de nojeiras. É uma contradição belíssima.

Puta, aí vem Gil cantando Sobre Todas as Coisas. Só voz e violão. Não preciso dizer mais nada.

A Bela e a Fera. E a fera, quem mais poderia ser? Tim Maia. Perfeito. A letra, o arranjo, os vocais, tudo. Assim não dá, só to descrevendo o disco. Isto lá é post? Bela, abre teu coração ou eu arrombo a janela...

Aí vem uma das minhas musas Zizi Possi nO Circo Místico. A música é linda de morrer e o vocal dela é lindo de morrer também.

E pra fechar tudo os criadores do disco, Chico e Edu Lobo, vão Na Carreira, cantando a vida do artista circense, sempre chegando e partindo, partindo e chegando, sem jamais dizer adeus.

Pronto, acabou o disco, para a sorte do leitor. Voltemos a um set list que não me confunde a atenção, mas antes, 18h55, um cigarro com água, pois o café acabou.

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19h13. Sorte grande! Quando fui fumar havia acabado de chegar as encomendas que mamãe fez ao mercado e havia Coca-Cola!! Tô que nem pinto no lixo agora. Enquanto não há nutricionista há Coca-Cola! Depois... é depois, não é agora. Agora é um copão cheio de gelo e Coca-Cola aqui do meu lado. Acho que vou tirar a parte que me denigre do post em Inglês de Algo, ela pode desestimular as pessoas a lerem o resto. Está decidido, vou fazer isso agora. O Blogger não está respondendo! Droga. Vai ver que é um sinal para não mexer no texto. J

19h23. Mudei de ideia, vou tirar não. Eu fiz daquele jeito e ainda é meu desejo que seja assim, é como se eu quisesse provar que dos lugares mais inóspitos pode brotar algo. Ou como se eu quisesse começar logo chocando as pessoas, como é do meu feitio. Um começo chocante pode motivar a leitura. Será? Tomara, porque agora não vou mudar. E já está com este começo em todas as demais línguas. Que se ferre. Não estou fazendo mal a ninguém. Nem a mim, por mais que às outras pessoas possa parecer. Eu não menti nem exagerei nada. Bom, vamos mudar de assunto. Este já é passado (como a Coca-Cola que estava no meu copo). Vou enchê-lo e fumar mais um cigarro.

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19h41. Talvez não nas direções que você tem olhado, vire sua cabeça, tudo está repleto de amor, tudo à sua volta... Eu devo ser míope para o amor ou ele cego para mim, Björk...

Amanhã tem Natal no albergue. Eu, titubeante, irei, sem saber como me sentirei voltando lá. Detesto esse sentimento de insegurança, esta antessala do fato. Mas isso é futuro e com o futuro lidarei depois. Voltemos ao agora. Agora eu queria sair com meu primo-irmão. Agora eu não tenho mais o que dizer. Mas quero continuar escrevendo, se bem que já estou na quinta página de Word. Mas e daí? O blog é meu e eu faço do jeito que eu quiser! (Estou me sentindo meio revoltado, que coisa estranha e despropositada.) Vou é postar logo isso.

P.S.: meu primo não vai sair... L

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