sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Escrever por escrever 2 (eu acho)




Escrever por escrever. Seguir o fluxo. Tenho café e cigarro à vontade, estou sem um pingo de sono, estou ouvindo as músicas que gosto. São 21h40. Cedo ainda. Ainda mais porque depois do almoço dormi até às 16h00. Li um texto de um grande amigo de faculdade no Facebook no qual ele menciona o que faz para acordar todos os dias feliz. Ele era assim, de astral inabalável, sempre para cima, desde os tempos da Federal e eu sempre admirei isso. A energia dele era (é) forte e positiva. Sempre. Nunca o vi triste. Já o vi com raiva, obviamente, mas triste, nunca. Isso me deixa com uma pulga do tamanho de uma barata atrás da orelha. Por que eu não consigo ser assim? Será que é questão neuroquímica ou de paradigma? Ou os dois? A parte neuroquímica está sendo tratada, falta a paradigmática. A mim me falta uma razão para existir. Algo que faça cada dia valer a pena, que eu queira buscar a cada dia. Por enquanto o blog tem preenchido este espaço. Não quero mais falar sobre isso, mudar de assunto.

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21h49. Também não sei sobre o que quero falar. Estava ouvindo The Next Time Around, do Little Joy, e pensando se o espiritismo estiver certo e a minha alma – e a de todos nós – for eterna. Será que estarei cumprindo o meu carma à altura ou este desconforto interior é justamente por estar em desacordo com ele? Sorte minha eu não acreditar em nada disso. Acredito desesperadamente que esta seja a única e última vez que existirei. A única experiência espírita que tive foi aos três ou quatro anos de idade, quando me senti como alguém preso dentro da cabeça de outra pessoa que não sabia de tudo o que eu sabia, que era só uma criança e sobre a qual eu não tinha controle, podia apenas observar seus atos. Me senti assim quando olhei para uma propaganda de revista onde havia um jovem bonito de cabelos encaracolados e eu pensei eu queria ser ele. Aí este eu mais interior se manifestou de sua prisão, como se gritasse: mais uma vez não! Foi a coisa mais espiritual que me aconteceu. E não foi nem um pouco prazerosa. Me sentir aprisionado dentro de outra pessoa. Não sei como um pensamento tão abstrato se manifestou na mente de uma criança tão pequena, mas não foi o suficiente para me fazer crer na existência da alma. Me fez foi execrar tal possibilidade. Ter pai ateu e mãe pouco religiosa também ajudou na minha descrença. Não sou batizado. Meu pai me disse desde cedo: se você quiser escolher uma religião será por sua própria iniciativa. E não encontrei até hoje. A melhor explicação para a existência de tudo, depois de muito fuçar os diversos credos é materialista e está materializada em Algo 0003. Mas como falo disto em todos os posts praticamente, vou mudar novamente de assunto.

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22h07. Tenho uma fixação pelo número 27. Onde ele aparece me salta aos olhos. Cheguei a anotar filmes em que o número aparece. Os que consegui recordar estão no link 27. Outra coisa sem nenhuma importância. De qualquer forma, adoro quando olho no relógio e é alguma hora e 27 minutos. J

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21h12. O café acabou... vou ali beber água. Pô, água gelada, de vez em quando, é bom também! Provavelmente com minha parada de fumar deixarei de tomar café por uns tempos, porque cafezinho chama um cigarro danado... ouvindo Sentimental acústica, do Los Hermanos... acredito que para o meu primo irmão esta música é a epítome do pop show. E eu quero lá saber, é maravilhosa. Não é a melhor do Los Hermanos, mas está no top 10. A melhor? Provavelmente O Velho e o Moço (que por sinal tem uma temática meio espírita quando diz “Eu sei que ainda vou voltar, mas eu quem será?”). Sei não... será que sou um espírita enrustido? Acho que não. Não acredito nos contatos que os espíritas dizem ter com os mortos (desculpem-me, desencarnados). Não acreditei quando frequentei por alguns meses um centro espírita e não acredito agora. Não há evidências suficientes da existência deste outro lado da vida. Há muito mais evidências do futuro que prevejo, por isso acredito mais nele. Ele é baseado em fatos, na evolução tecnológica, na teoria da singularidade, em como cada vez nos tornamos mais dependentes e imersos nas novas tecnologias, mais interligados através delas. Para o futuro que prevejo eu enxergo evidências em todos os lugares e este futuro independe da existência de alma e da persistência da alma após a morte. A única forma vida após a morte que poderia ser possível no futuro que prevejo seria o upload de consciências para o sistema, para o Consciente Coletivo, razão maior da evolução das espécies do universo. Talvez isso seja possível com a tecnologia que existirá então.

22h47. Pausa para pegar o dinheiro de Prisci para a festa de amanhã.

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23h15. Ela deu tudo em moedas de R$ 1,00! 50 moedas, para dois ingressos, nunca vi tanta moeda junta! Disse que quebrou o cofrinho e resgatou de lá o dinheiro. Achei inusitado e divertido. Passamos pela festa de Nossa Senhora da Conceição e havia, só na Avenida Norte, cerca de um quilômetro de barracas e brinquedos e gente. Realmente é uma festa grande. Isso porque não vimos o que há em cima e na subida do morro.

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23h27 (olha o 27 aí [e foi por acaso, viu?]). O Vento, do Los Hermanos. Outra que gosto muito. E, na minha opinião, fala um pouco de reencarnação, por coincidência. Outra de Rodrigo Amarante. Sou mais fã dele que de Camelo. Por mais que tenha os dois solos deste último. E goste! Gosto mais do primeiro, mas o segundo não é nada mal também.

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23h33. Tenho mais café (titia fez! Mas disse que era “a última, viu, papa-café?”)! Meus dois primos e titia estão na sala. Como disse, nestes momentos me sinto em um lar. Meus irmãos moram longe e passei uma grande parte da vida morando longe deles mesmo enquanto estavam aqui em Pernambuco. Mas já tive um lar quando morávamos todos – mamãe, papai, Maria e meus dois irmãos e eu – juntos. Isso começou a desaparecer quando nos mudamos para São Paulo e meu pai foi morar em Campinas, nos vendo apenas nos finais de semana e feriados. Na volta para Recife, deu-se a separação e desde então nunca mais tive a sensação de lar junto à minha família nuclear. Sentia-me em um lar também na casa de Clementine e, muito por causa dela, eu não tenho mais a mesma relação de outrora. Só me resta para usufruir esta sensação de lar agora a casa da minha amada tia, mãe do meu primo-irmão e a casa da minha amada tia em Natal. Lá em casa, mamãe se reparte entre mim e meu padrasto, raramente estamos nós três juntos, muito por escolha minha, pois, para ser sincero, me sinto meio intruso lá. Queria muito que este sentimento desaparecesse e acho que ele parte principalmente de mim. Não sei se minha mãe me vê assim. Ou meu padrasto. É uma percepção minha que preciso desvendar e desmantelar. Gostaria muito de me sentir em um lar na minha casa. Infelizmente ainda não me sinto. Mas, tudo é possível.

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23h44. Botar mais café e acender mais um cigarro. Queria viver o futuro que previ. Queria que a singularidade chegasse logo, enquanto ainda estou vivo, queria me conectar integralmente na grande consciência, explorá-la, extrapolar-me, ser um só com ela, maior do que eu mesmo, um só com a humanidade. Mas enquanto isso não acontece, se é que vai, o que fazer da minha vida além desse blog e de distribuir seu endereço para gatinhas e pessoas legais nas festas da cidade? Não sei. Confesso que não sei. Sim, vai ter a academia, a nova dieta, o desmame do cigarro, o CAPS (provavelmente)... mas além disso não vejo nada no meu horizonte. E prefiro não olhar tão longe, pois o que vejo me assusta (por mais que goste de olhar para um futuro ainda mais distante, para a minha utopia, o meu futuro próximo me assusta).

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0h04. Tomei meus remédios. Não falta muito agora. Embora ainda tenha café. Por falar em café...
Espero que a soma das experiências novas que mencionei no tópico anterior abra minha mente e me permita ver realmente um novo horizonte. Estou esperançoso. Juro. E isso é raro em mim. Calor danado, mas estou sem coragem de tirar a camisa, pois minha tia está aqui ao meu lado na mesa. Meus braços chega estão brilhosos das gotículas de suor. Vou tomar um banho antes de dormir. Eu amo a minha tia, já disse isso aqui? Amo muito, muito, muito. Ela está lendo o trabalho de conclusão de curso da filha caçula.

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0h19. Minha bunda já está doída de passar tanto tempo aqui nesta cadeira de madeira escrevendo, é o cansaço chegando... Ouvindo King of Limbs do Radiohead, Codex. O que mais poderia dizer, quais outras palavras vãs poderia jogar no universo? Acho que o universo, por ora, já está cheio o suficiente das minhas palavras. Então, vou revisar e postar mais este verborrágico texto.
  

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