segunda-feira, 15 de outubro de 2018

PÁGINA QUE DEIXOU DE SER EM BRANCO






21h28. Como é bom começar, não sei onde vai me levar. Sei que na sala assistem mais sobre Bolsonaro. Aqui, nem sei mesmo se quero me dedicar às palavras ou fazer outra coisa como videogame ou filme. Não sei. Enquanto não me decido vou ficando aqui nessa marchinha constante de palavras. O anjo do Tinder me vem à cabeça misturado com a imagem de Nina, acontecimento curioso, mas pertinente, pois acho as duas lindas. Mais ou menos da mesma idade. Interessante. Tive uma paixonite por Nina, mas ela nunca quis nada comigo, preferia os piores caras, na minha modesta opinião. Aparentemente encontrou um agora que é boa pessoa. Acompanho de longe. Há coisas que quero dizer, mas acho que não devo, então calarei. Não sei se encontre o meu amigo da piscina ou não. Acho melhor não. Não estou social no momento. Mas saber dessa porta, desse canal aberto deixa a vida mais gostosa de ser vivida. Uma possibilidade a mais. Uma escolha, quem sabe daqui a meia hora respondo a ele. Agora não me sinto disposto.

21h49. Mamãe varria a cozinha e me culpou por toda a sujeira. Talvez seja responsável por grande parte dela nas minhas despertadas para comer quando não me encontro no controle total de mim e da minha consciência, meio acordado apenas e tirando altos cochilos antes de me dar por satisfeito e voltar para cama. Houve um dia em que tomei sabão para máquina de lavar. Ozzy.

21h57. Estou me digladiando com a ideia de contatar ou não o meu amigo da piscina. Pobre da minha mãezinha, a idade está sendo muito cruel com ela, se houvesse justiça, isso não estaria acontecendo.

22h08. Minha vontade agora era ser entrevistado por alguém da minha rede social, especialmente pelo meu amigo da piscina. Mas não farei isso. Por quê? Porque é chato com a pessoa e a vontade passou. Adoraria ser entrevistado pelo anjo do Tinder, aí sim, encararia com prazer. Acho que às vezes tenho umas sacadas inteligentes. Mas são very far and few. Ainda não decidi sobre o meu amigo. Que ozzy. Penso na minha mãezinha também e tenho medo de perdê-la e me sentir só, desamparado no mundo. Totalmente desamparado. Isso é assustador sobremaneira. Nossa, ainda bem que as mulheres não dão em cima de mim! Imagina ter que dar um fora em alguém que não me agrada? Seria muito constrangimento.

22h35. Minha mãe reclamou que estou fumando muito e tem razão. Tentarei me controlar para fumar agora quando forem dormir, o que espero que se dê dentro de uma hora. Eu pedi para o anjo tirar uma foto dela no aeroporto de SP e ela não postou. Devo supor que ela não é ela? Puxa, isso seria arrasador. Mas tudo é possível, pedi que ela, se não quisesse postar no Instagram, mandasse uma exclusiva para mim. Não vai ver e não vai fazer. Vejamos se chegar realmente aos Estados Unidos, se pipocarão fotos de lá no Instagram. Acredito que sim.

22h55. Me perdi no Instagram. Pelo menos é o poço mais raso. Já estou com vontade de fumar de novo. Dá e passa. Espero que eles vão dormir realmente de 23h30. Vou pegar mais um pouco de Coca. Vou não, não quero ouvir e quero que sobre mais para mais tarde.

23h06. Começou a aparecer fake news agora contra Bolsonaro. É o desespero do PT, infelizmente é impossível ganhar essa. Eu não acredito vão escolher esse ser para governar o Brasil. E eu que achava que lascados estavam os americanos com Trump...
0h08. Segunda página. Pensei numa ficção. Bolsonaro é eleito e manda a sua máquina bélica exterminar os comunistas. Eles me pegam e perguntam se eu sou comunista. Respondo que não. Então eles perguntam se eu apoio o bolsonarismo. Respondo novamente que não. Eles ameaçam me matar e, mesmo dizendo que nem votar, eu voto, me matam. FIM. Fiquei com preguiça de desenvolver o resto. Pois é, Bolsonaro como presidente do Brasil. Não tenho projeções otimistas sobre essa possibilidade. Pensei na reportagem que fizeram com um dos poucos atores pornô do Japão. Lembrei disso porque vi a notícia, provavelmente fake, de que Alexandre Frota seria o ministro da educação de Bolsonaro. Acho que estou com um esporão em um dos calcanhares e acredito que ele só tenha se calcificado porque não ando quase para canto nenhum. Isso me traz que tenho Ju amanhã e o bendito massagista para ligar. Preciso falar com a minha mãe antes, embora já tenha combinado tudo com ela. Só precisaria comunicá-la da consecução do ato. The Breeders entra quando começo a falar de mamãe, sugestivo. Vou fumar um cigarro.

0h36. Já mencionei isso em algum outro post, mas acho que o inconsciente coletivo brasileiro já assimilou Bolsonaro como presidente. Vai ser. Ou possa só ter sido eu que tenha me aclimatado com a história. Sei lá. Não faz muita diferença mesmo, não é? Será que o meu anjinho está viajando? Não sei nem saberei hoje.

1h06. Comi, não aguentei tudo e quando acabar o copo de Coca vou para a cama.

-x-x-x-x-

11h31. Acordar com um despejo de regulações, ameaças, preocupações e negatividades em geral não é legal. Preciso ligar para o massagista. Para isso, preciso falar com mamãe. Mas foi ela que me veio com essa carga de negatividade. Preciso de mais um cigarro, mas me segurarei mais um pouco.

11h52. Mamãe leu o post anterior e achou que a coloquei como vilã. Não lembro o que escrevi a seu respeito, mas na minha cabeça faz tempo em que não escrevo críticas a ela (tirando a do parágrafo acima). Liguei e o número do massagista não existia.

Quarta-feira, às 14h, na Rua Augusto Rodrigues, 371, Torreão. Pronto a massagem está marcada. Mamãe decifrou o que estava errado no número, faltava o “9” no início. Bom, já tenho uma boa nova para contar a Ju, um passo dado. Passo que estava relutante em dar, na verdade não sentia disposição para dá-lo, mas o fiz e agora está feito. Como ocupar o meu tempo até a hora da consulta? Mandei algumas mensagens para o anjo do Tinder, mas ela, como de praxe, provavelmente vai demorar a ler e nada vai me responder. E a vida segue mesmo sem uma direção muito definida. Aliás tenho as minhas definições: o livro e o anjo do Tinder. Se nenhuma das duas, tenho a minha última cartada, mas não sei se tenho coragem para ela, ou seja, guio minha vida em direção a objetivos impossíveis. Pensar dessa forma me desanima. É melhor ter objetivos improváveis ou não ter objetivo algum? Eis a questão. Não sei responder racionalmente, mas minha intuição me diz que prefiro e me acomodei em construir impossíveis para mim. O confronto com o real me assusta, pois me expele da minha zona de conforto. Não sei bem o que digo. Estou tentando retomar o Vaporfi aqui e ele me dá uma tremenda tosse, muito chata mesmo.

13h46. Me perdi na internet me informando de política. O Brasil realmente tem sonho de ser os Estados Unidos. Quer ter até o seu próprio Trump. É um momento que terá consequências dramáticas para a política brasileira. Não sei o que falo, não entendo nada de política, mas prevejo que o salvador não salvará tanto assim, a não ser que dê um golpe. Vamos ver se ele vai ter governabilidade. Mas reitero que nada entendo de política.

15h14. Comprei Coca – Zero, finalmente – e me sinto bem. Não vai ter Ju hoje. E vai ter massagem. É encarar, talvez goste, talvez me faça bem, me faça sentir melhor com a velha máquina, acho que ela precisa desse tipo de manutenção. É o máximo de manutenção que estou disposto a oferecer a ela no momento. E ainda vou a contragosto.

15h31. Encontrei com uma tia minha, a que me deu a cafeteira, ela está passando uma temporada na casa da minha tia-vizinha à guisa da mudança de apartamento. Pensei em fazer uma visita hoje à noite, mas a ideia ainda me é fugidia, nothing set on stone yet. Acho que seria bom.

15h38. Me perdi rapidamente no Instagram. Temo que mamãe se sinta desprestigiada se eu fizer a visita. Ela anda “sentimental”. Não sei por que lê o meu blog. Se é para ter raiva, melhor não ler. E tudo ela interpreta como crítica. Nossa, é incrível como a leitura é um processo subjetivo e como as mesmas palavras podem ser contextualizadas e interpretadas de forma totalmente diversa da intentada pelo autor.

15h51. Pensei que não tinha medo de nada, mas descobri ontem que tenho um medo tremendo de perder a minha mãe, perder o resto do que entendo por lar, não saber gerir a minha vida sem a sua supervisão. Queria ir antes dela. Embora já tenha tido um experimento bem-sucedido de independência materna com a Gatinha. Fui feliz e mantivemos a casa de acordo com nossas posses muito bem. Vivemos praticamente um para o outro e foi muito bom, pois nos completávamos e éramos muito democráticos na relação. Nossa, como faz tempo. O desejo de remontar uma situação semelhante, mas aqui no meu quarto-ilha, é grande. O medo do novo também. Mas dentro do meu planejamento ainda falta tempo.

16h10. A verdade é que nunca me passou pela cabeça que eu viveria o resto da minha vida sozinho e essa é uma possibilidade muito real. Isso não me assusta como a perda da minha mãe, mas me preocupa muito. Amar é muito bom, faz bem em todos os sentidos possíveis, mas sou seletivo e preconceituoso demais nesse âmbito. Encontrei a garota ideal, mas acho que ela está muito verde para encarar um relacionamento comigo, por isso preciso dar a ela espaço e tempo, sempre me fazendo presente pela rede social. Vou na teoria da água mole em pedra dura. Se desse certo, seria a glória. Faria, como farei tudo que estiver ao meu alcance para que dê.

16h40. Estava pensando no meu futuro sem a minha mãe e sobre a compatibilidade dele com o anjo do Tinder. Eu sei, é projetar longe demais. Mas me veio à cabeça e não cheguei a nenhuma conclusão. Meu desejo sempre foi permanecer nas Ubaias. Não sei se é possível. O futuro é ao mesmo tempo cheio de promessas e de sonhos partidos. A vida é assim.


17h02. Minha mãe acordou. Parece estar de bom humor, a vida é melhor de ser vivida nesses termos. O tédio ameaça se abater sobre mim. Há uma solução. Estou cada dia mais ousado e displicente. Não sei se tão displicente assim. Veremos. É necessário um estudo da situação. Acabou-se a terceira página revisar e postar.

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