terça-feira, 17 de abril de 2018

TERAPIA E CAMISA COM A MARCA VIRADA


Não me lembro de quase nada da terapia de hoje no momento, a não ser da imagem que fiz da marca do Manicômio, novamente com a cor predileta do meu pai, motivada pela ideia que tinha de fazer uma camisa com a marca extraída de uma fronha que roubei e que iria pôr de cabeça para baixo na camisa branca que comprei ontem especificamente para isso. Antes de comentar o desenho, preciso botar para fora a minha frustração com um fato inexplicável: a fronha sumiu do meu armário! Procuramos eu e a fantástica faxineira sem sucesso. Estou profundamente frustrado. Desde 2016, quando roubei a fronha do Manicômio, acalento esse sonho e esperava que a fronha estivesse guardada onde a deixei, mas para a minha triste e enfurecida decepção não havia fronha nenhuma lá. Ou seja, o meu sonho de ter tal camisa se tornou impossível mais uma vez. E dessa vez, acho que para sempre, pois não pretendo mais causar nada que me leve a ser internado no Manicômio. Essa foi de lascar. Não me conformo. Quem roubaria do meu armário um artigo surrado e feioso como a fronha do Manicômio? Não faz sentido nenhum. Será que escondi em outro canto e não me recordo? Acho que não. Não me lembro de ter feito isso, o que não é garantia de não tê-lo feito, mas não vejo motivação para tal. Não haveria razão para tirá-la do lugar. Que raiva. Tudo por água abaixo. Queria ser filmado com a camisa já amanhã. Agora é um desejo impossível de se concretizar. Não há maneira que consiga divisar de fazê-lo. Puxa, um sonho que alimento há tanto tempo. Deveria ter agido mais rápido. É a vida e ela prega peças, essa sem dúvida me pegou de surpresa. Se soubesse que havia sumido, teria roubado outra neste último internamento. Começo a elucubrar possibilidades de conseguir outra fronha, meu cérebro é assim. A única forma que vejo é pedir a um dos internos, um interno específico, que roube para mim em troca de uma carteira de cigarros. Mas é muito difícil a consecução de tal intento. QTO seria a aposta mais certa. Acho que vou a um grupo na quinta pela manhã para ver se consigo isso. Não sei. Pelo menos meu amigo cineasta me pegaria entrando no Manicômio. Debaterei com ele. O que dar a QTO em troca é a questão. Ele teria que fazer na brodagem. Ele tem a fama de ser ladrão de roupas então fazer essa “viração” talvez lhe cause algum frisson e isso por si só baste para que leve o plano a cabo. Não sei, não sei, não sei. Não sei nem se QTO ainda está lá. Se meu amigo cineasta quiser fazer a tomada eu me arrisco a fazer isso. Se é que é permitido gente de fora fazer os grupos do Manicômio ainda. Poderia levar uma garrafa de um litro de Coca-Cola. Não sei, não sei, não sei. Mas não é impossível. Veremos. Amanhã converso com o meu amigo cineasta. Se ele quiser me filmar entrando no Manicômio. Amanhã ainda é terça.

18h02. Acabei de voltar do supermercado, saí no lusco-fusco quando o dia está indeciso sobre se é tarde ou noite, e foi bastante interessante apreciar esse momento do dia que me é tão raro perceber. Dificilmente saio na rua nesse horário. Parece que a visão fica ela mesma indecisa sobre como olhar para as coisas, é uma sensação estranha, diferente, gosto de sensações assim. A fila do supermercado estava pequena, graças, mas mamãe me mandou ir e depois foi ela mesma ao supermercado, vai entender. De toda sorte, não superei ainda o desaparecimento da fronha, mas voltemos à terapia ou um pouco antes, pois uma coisa me despertou a atenção enquanto esperava sentado no banco de fora da casa onde se dá a sessão, onde posso fumar os meus cigarros tomando um café e/ou água, vi uma lagartixa se aproveitar de uma trilha de formigas que faziam sabe-se lá que trabalho para colônia e dela fez um farto banquete. Esperou inclusive a trilha que havia se dissipado pelo ataque se recompor para uma segunda refeição. Fiquei a cismar como o equilíbrio da natureza é fascinante, a lagartixa é mais inteligente e rápida que as formigas, seu alimento, entretanto as formigas são muito mais numerosas e, como colônia, operam feitos muito além da inteligência da lagartixa, como fica provado pela complexa arquitetura dos formigueiros que levam em consideração coisas como ventilação e aquecimento. Era só isso. Uma lagartixa comendo formigas. Bem, Ju apareceu e entramos na terapia, acertamos o número de consultas, três, a próxima será a do cheque e às 16h00. Bom ultrapassada a burocracia contei todo o meus sucessos e insucessos com o movimento de publicar o livro. Depois falei das filmagens que começariam amanhã (17/4), do meu comportamento social pífio na Casa Astral no sábado, e da camisa que faria com a fronha roubada do Manicômio. Ela me pediu que escrevesse sobre o tema e que compartilhasse com ela, o que farei em instantes. Depois, pediu que eu desenhasse a marca do Manicômio e a preenchesse com elementos que eu achava estar correlacionados ao lugar. Coloquei a cabeça da minha mãe sem expressão alguma, sem olhos ou nariz ou boca; a cabeça da Doutora com chifres de diabo e auréola de anjinho. Desenhei os três perenes que estão lá desde a minha primeira internação – Tio, o Buchudão e Popeye – pois eles sempre me vêm à mente quando penso no Manicômio. Desenhei uma enorme lata de Norcola dentro da casa da “marca”, em cima dela coloquei um caderno abaixo e fora da casa um livro. Ainda escrevi “internações desnecessárias” e “me dá uma góia” e dei a minha obra por terminada. Passamos a analisá-la. Falei que minha mãe estava sem expressão pois assim me parece que ela esteja toda vez que me pega para levar para o internamento, alguém fria e sem expressão, ela e meu padrasto falam no carro como se eu não existisse e não estivesse ouvindo tudo, como um dejeto inanimado a ser despejado. Também a coloquei sem expressão pois nunca vejo sua expressão de preocupação ou ira ou sei lá que sentimento a toma quando estou recaindo, nem vejo depois o rosto que suponho ser de alívio em saber que estou encarcerado, que ela está protegida de se preocupar comigo, pois estou seguramente enjaulado. A Doutora ganhou chifres pelo mercantilismo da loucura que pratica nos internamentos que, em alguns casos, acho desnecessários (por isso a frase), e auréola por ter controlado o meu transtorno bipolar. A relação da cola com o Manicômio é óbvia, assim como os cadernos que sonho transformar em livro com a ajuda do meu tio. Embora agora, nesse exato momento, me encontre bastante desesperançoso de que ele ache validade na minha epopeia. Talvez ache pueril e repetitiva demais, o estilo não o agrade, ache-a sem qualidade ou mérito literário algum. Ou é isso que acho desde que eu soube que um amigo nosso vai lançar um livro sobre “relações humanas” chamado “Permanência” e achei que isso soa tão mais profundo e significativo que o meu que minha esperança esmoreceu. De toda sorte, voltando ao desenho, ela me perguntou porque escolhi a cor predileta do meu pai para o desenho, eu disse que meu pai se vangloriava de ser um “sobrevivente” de dura couraça por ter aguentado com resiliência uma vida dura e que eu acho que poderia dizer o mesmo de mim por ter estado tantas vezes dentro do Manicômio, admiti, e disse que isso me incomodava, que tinha o Manicômio como a minha terceira casa; a segunda sendo a da minha tia-mãe, por causa da familiaridade que tinha com o lugar. Por ter passado tanto tempo da minha vida em internamentos lá. Sobre a frase “me dá o góia”, ela é autoexplicativa de como o cigarro é uma commodity supervalorizada e desejada lá dentro e de como esse pedido constante e insistente me incomoda. Ah, coloquei também “falta de privacidade” e disse que não havia privacidade lá dentro e que talvez por isso gostasse tanto de estar na clausura do meu quarto-ilha a escrever, pela privacidade dessa condição. Não só por isso, e acrescento essa parte agora, não a coloquei na terapia, porque também tenho controle quase absoluto de todas as variáveis. 18h43. Daqui a pouco minha mãe me ligará para ir pegar as compras. No meu quarto, entre quatro paredes é onde me sinto mais livre no mundo. Onde há quase tudo o que preciso para viver. Liguei para a minha mãe porque esqueci de comprar os tomates que ela havia me pedido.

JU, VOU FALAR DA CAMISA INVERTIDA AGORA

Quando penso na camisa com o logo do Manicômio de cabeça para baixo a primeira coisa que me vem à cabeça é orgulho. Por dois fatores, ter conseguido essa relíquia do Manicômio e por dizer a quem conhece o local que eu passei por lá e estou do lado de fora. A segunda que me vem é que quem reconhecer a camisa a verá como uma forma de protesto contra o lugar e até pode vir puxar papo comigo (imagino só que peças viriam fazer isso). Mas obviamente iriam querer saber a história de como consegui a camisa e isso geraria uma identificação e geraria uma conversa sobre a qual eu tenho ampla propriedade para discutir e que não discuto com ninguém “são” porque não interessa a eles, ou se interessa, interessa na forma compaixão de mim como coitadinho ou motivados por mórbida curiosidade, o que não me agrada. Prefiro a tragicomédia que seria repassar causos do Manicômio com alguém que já viveu nas grades. Seria para mim um item superprecioso e, porque queria que durasse bastante, comprei a melhor camisa da Hering. Estou muito, muito, muito frustrado por não ter achado a fronha e não ter a mínima ideia do que se fez dela. Por que o destino armou essa para cima de mim é que me encuca, será que foi melhor assim? Ainda penso em pôr meu plano em prática à guisa da filmagem. Não sei se QTO ainda está lá e se se disporia a isso. Sim, pensar em o que mais a camisa invertida me traria, um senso de exclusividade, excentricidade, de me sentir o único no mundo com aquele objeto. Me faria sentir um pouco mais especial e o que para a maioria das pessoas passaria batido, a mim seria repleto de significado. Uma parte importante da minha vida foi vivida/gasta lá. Ninguém entra num lugar daqueles sem sair transformado, pelo menos essa é a minha opinião. O meu amigo Marinheiro disse que o Manicômio é pior que o Cotel, onde também já esteve. Então é de se supor que o lugar cause forte impressão em que se interna.

19h59. Estava trazendo as compras para cima e agora conversando com o meu amigo cineasta para combinarmos o horário do começo das filmagens amanhã.

20h02. O que posso dizer mais sobre a camisa e o que ela representa para mim, Ju? Vejamos, eu teria muito carinho, seria uma das peças de vestuário que eu mais curtiria, embora não saiba em que ocasiões eu usaria. A vontade de tê-la é tanta que maquino uma forma de consegui-la mesmo não estando internado, tamanha é a vontade de possuí-la. Maquino como quem maquina uma recaída em sua droga de preferência, com a mesma ânsia e com o mesmo senso de adrenalina do delito. A única alternativa é QTO estar lá e roubar a fronha para mim e deixá-la no banheiro para que eu pegue e coloque na cueca. Durante o grupo. Se conseguisse me comunicar com o meu amigo antes do grupo e ele topasse, seria um plano bem redondinho. Mas há variáveis que eu não conheço. Não sei se o grupo é aberto para gente de fora como antigamente. De qualquer forma, como o meu amigo cineasta quer me filmar caminhando, eu caminharia até a frente do Manicômio. É a sugestão que vou dar a ele.

20h26. Ele gostou da ideia. Vamos ver o que rolará amanhã. Tive uma ideia que vou dar a ele, de ele, pedir para filmar do primeiro andar da casa da frente que dá de frente para as grades do Manicômio comigo fumando um cigarro do lado de fora encostado ao muro de hera verde. Seria uma imagem inédita, não sei nem se permitida, mas se ele borrar a cara dos internos que porventura aparecerem, na pós-produção há recursos para isso, estou certo, acho que rola. Sei lá, ele é o diretor do filme, não sei se posso chateá-lo com as minhas ideias. E não sei se o cara da casa da frente deixaria um estranho com uma câmera em sua casa, por mais inofensivo que o meu amigo cineasta pareça. Sei lá, vou jogar a ideia. Mas estava a falar da camisa, agora esfriou mais o meu desejo, mas vou perguntar ao meu psicólogo se ainda há grupos e se eles estão abertos para pessoas de fora ainda. Esta é a parte que acho mais inescrupulosa e difícil do plano. O plano todo é inescrupuloso. Como foi sumir essa fronha, meu deus? Que coisa mais estranha. Será que escondi em outro lugar e me esqueci? Caso seja isso, um dia aparece. Mas acho que não fiz isso, só me lembro da parte de guardá-la na segunda gaveta do armário. Não queria usar desse expediente de usar outra pessoa para fazer isso, tampouco vou entrar novamente lá porque não pretendo mais usar cola. É melhor esquecer esse assunto.

21h03. Eu acho que sou capaz de passar três dias, até uma semana lá, combinando com mamãe me tirar nesse período, só para pegar outra fronha ou lençol. Juro! Minha vontade de ter a camisa vai a esse ponto. Vou conversar com mamãe a respeito. É insanidade, eu sei. Mas estou mais fissurado pela fronha que estive pela cola. Bem mais. Para estar disposto a ser posto no Manicômio uma vez mais. Mas isso só depois que meu amigo cineasta for embora. O que é uma pena, pois não me captará com tão emblemática camisa. Se minha mãe concordar em ser cúmplice dessa artimanha, eu farei com a maior tranquilidade, pode ser até que me mandem para a Casa Azul. Seria uma experiência curiosa. Tudo por uma fronha. Hahaha. Será que farei isso? Acho que sim, para quem já passou tanto tempo lá, três ou cinco dias a mais não fazem diferença. O motivo de internação? Uma fissura que quero esperar passar. Internamento preventivo. Eu peço para entrar, eu decido quando sair. Passo de segunda à sexta e saio. E pego a bendita fronha. Será engraçado ter minha mãe como cúmplice disso. Que insanidade. Será que sou capaz mesmo? Será que mamãe é capaz de fazer essa parceria comigo? Se ela topar, eu faço. Será que essa condução absurda do meu destino não denota mania? Não sei. Sei que estou agindo exatamente como um viciado para obter o seu objeto de desejo. Não medindo esforços ou consequências, me submetendo a situações inóspitas em nome da satisfação do meu objeto de desejo. Será que Ju está lendo até aqui? Seria bom que lesse. Seria um bom tema para ser debatido. Mas acho que três dias são suficientes. Cinco já acho muito tempo. A não ser que esteja na Casa Azul. A depender de que quarto fique no Manicômio em si e na companhia de quem. Se o Pequeno Buda ainda estiver lá, o que acho improvável, eu ficaria de bom grado nas grades, desde que alojado na Suíte. Vou ver com mamãe se ela topa. Aposto que quando acordar amanhã esta ideia estapafúrdia me parecerá estapafúrdia, mas nesse exato momento me parece o crime perfeito. Premeditado, anunciado aqui, mas ninguém que importa a respeito do assunto lê esse blog. Será que Ju ainda está lendo? Ju, estás aí? O que acha do meu comportamento compulsivo para realizar um sonho? Ter a única camisa do mundo com a marca do Manicômio de cabeça para baixo, nem que para isso tenha que voltar lá para dentro por um curto período de tempo? O preço é justo para alguém já tão tristemente familiarizado com aquele lugar. Será divertido, posso fazer várias perguntas aos permanentes. Não, isso poderia perturbar ainda mais os seus juízos. Prefiro ficar na Casa Azul com o computador. Sei lá, tudo me parece de uma sandice e determinação surpreendentes para a minha pessoa, só me reconheço nesse movimento com a droga, disposto a pagar preço tão alto pela droga. Mas não quero mais cola, quero a danada da fronha para fazer a camisa. Ah, se eu soubesse que tinha sumido antes, teria pego nesse último internamento. Que ozzy, mas agora, nesse exato momento estou disposto a ter mais uma dose de Manicômio pela fronha. Pela marca na fronha, prêmio máximo de ter sobrevivido tantas vezes ao local. Preciso desse troféu. Não há objeto mais cobiçado por mim. O resto eu tenho. Pretendo comprar na Alemanha o que já citei, mas só o Chartreuse verde se compara palidamente a alegria que me dará ter essa camisa. Certamente a oficial do Bayern de Munique não me traria nem fração de tal frisson. Nenhuma outra roupa me interessa que não essa que pretendo personalizar. Mesmo que me custe alguns dias de liberdade. É bem diferente entrar sabendo que vou sair logo. Que a saída já está arquitetada e confirmada. Será uma trela e uma grande conquista ao mesmo tempo. O que poderia dar errado? Se mamãe cumprir sua parte, nada. Ela pode até vir me visitar para receptar a fronha e trazer um McDonald’s para mim. Será divertido. Estou empolgado com o plano. Com minha mãe como cúmplice será perfeito. Vou combinar isso com ela quando o meu padrasto não estiver nas redondezas, pois será terminantemente contra o esquema. Vamos ver se eu mesmo não mudo de ideia após uma boa noite de sono. O sono sempre aplaina e faz esmorecer o que era tão vívido na minha cabeça durante a noite. Às vezes, tal efeito “colateral” de uma noite de sono vem para o bem, noutras me é bastante frustrante. Mas como me considero, bem dizer, como um recaído pela fronha, eu acho que vou acordar com a mesma motivação. Bom, Ju, vê até onde a ideia da camisa me levou? Vê com quanta displicência e tranquilidade encaro ser encarcerado no Manicômio por um motivo tão tolo (ao olhar alheio)? Para mim é um sonho que acalento há anos, antes mesmo da minha recaída de 2016. E que pensei tê-lo realizado não fora o misterioso sumiço da fronha. E posso até conseguir, se minha mãe vier me visitar e trouxer o meu celular, pedir para uma interna de lá que é sã tirar uma foto do isqueiro na grade, que acho emblemática e poderia ilustrar a capa do livro. Não revelaria o rosto de ninguém e seria muito evocativa, pois o cigarro é praticamente um personagem do livro. Quando relia o que escrevi sempre me dava vontade de fumar. O isqueiro acorrentado na grade é uma imagem muito evocativa, principalmente se tirada a foto da ala feminina e capturando ao fundo o ambiente masculino. Acho que minha amiga faria isso por mim. Seria perfeito. Conseguir a capa do livro e a fronha, dois coelhos muito importantes para mim com uma cajadada só. Vou falar com mamãe amanhã, novamente se a vontade permanecer. Mas acredito que, com a obstinação que agora trago, eu combinarei com ela. Bem, vou forrar o estômago.

22h32. Comi a “salada do Mário”, bastante desfalcada de ingredientes, com carne de sol em cubos com cebola e uma farta dose de manteiga do sertão. Vou revisar o texto anterior e postá-lo, depois pretendo me retirar.

-x-x-x-x-

12h31. Reparti o plano com mamãe, mas ela não concordou por achar desonestidade ser internado por um motivo fictício. Então tudo foi por água abaixo. Talvez eu possa reconstruir a marca no Corel, escaneando o logo em preto e branco do papel timbrado. Não sei se acharei a fonte de texto correspondente, mas como é uma marca tão antiga, é possível que seja a universal Times New Roman. Se for, a coisa fica mais fácil. Mamãe tem uma vaga lembrança de ter se desfeito da fronha, mas como sua memória é frágil, não sei se é memória de fato ou fruto de sua imaginação. Mas mamãe seria a única pessoa que posso conceber que tomaria alguma atitude em relação a tal objeto. Será que ela não escondeu/guardou em algum lugar e não se lembra? Bem, vou dar essa fronha como perdida. Que ozzy.

12h45. Meu amigo cineasta dará as caras por aqui por volta das 14h00 mesmo, acordei muito tarde, de 10h51 e se chamasse meu amigo ele provavelmente ficaria sem almoçar. Foi melhor postergar para depois do almoço.

Vou dar esse post por terminado e postá-lo. Será que há algo mais que possa falar da camisa? Só que acho muito menos valiosa uma camisa que eu desenhe no Corel, do que um pedaço do Manicômio que carregaria comigo para onde quer que fosse. Minha mente não para de maquinar uma maneira de pegar essa fronha. Penso que se o Pequeno Buda ainda estiver lá, o que acho improvável, acho que já subiu para Clínica de Drogados a mando da Doutora e contra a sua vontade, combinaria de ir visitá-lo, se isso for possível, e pediria para falar com ele para arranjar a danada da fronha. Quer saber, deixa isso para lá. Essa eu perdi por uma razão a mim inexplicável. Que seja, tenho que aprender a lidar com frustrações. E essa foi uma enorme frustração. Um sonho de vários anos que desde 2016 tinha como certo e que não deu. Minha mãe está estressadíssima com a minha obsessão pelo objeto e não a culpo. Vou dar o caso por perdido e pronto. Reconstruo a marca no Corel e mando imprimir. É o que me resta e não quero causar estresse desnecessário à minha facilmente “estressável” mãe. Ela não merece. Me conformei. A “fissura” pela camisa passou. Que venha a filmagem. Será que estou em estado de mania com essas obsessões do livro e agora da fronha? Sinceramente, não sei. São duas coisas que considero de suma importância na minha vida, mas eu tenho que aprender a admitir a derrota, a frustração dos meus planos, até porque não tenho poderes para fazer mais do que fiz. É, só falta agora o livro dar para trás. Acho que é o mais provável de acontecer. Tenho que me preparar para isso. Bom, vou revisar este trecho que acrescentei e postar. E repartir com Ju.

14h27. Mamãe saiu daqui totalmente paranoica comigo, achando que eu vou recair só para conseguir a fronha, algo que não farei de forma alguma, não quero nunca mais usar cola. Me sinto profundamente culpado por ter a colocado nesse estado de nervos com as minhas aspirações absurdas aos olhos do mundo. Se pelo menos houvesse uma forma de pegar o arquivo de um papel timbrado do Manicômio, poderia extrair a marca do arquivo e ampliá-la, caso em vetor, e fazer uma camisa com a marca certinha. Mas acho que não há como convencer a secretária a me mandar tal arquivo. E cá estou eu a maquinar coisas mirabolantes mais uma vez. Realmente quando quero uma coisa sou incansável. Pena que só canalize tais esforços para coisas que não melhoram o mundo um passo que seja. Apenas o meu estranho mundinho particular. Vou parar de escrever. Quero interromper esse assunto da camisa de uma vez por todas. Vou abrir outro arquivo tratando da filmagem. É mais saudável para todos. Vou publicar.

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