sábado, 20 de janeiro de 2018

REPULSA AO SEXO E OUTRAS BESTEIRAS

Depois de um orgasmo, acho sexo uma coisa tão estranha e dispensável. Acho tão animalesco, tão pouco sofisticado para a complexidade que é ser humano. Tal visão me trará problemas caso arrume uma namorada. O sexo é tão supervalorizado na maioria das sociedades que chega a ser algo neurótico. Eu sou neurótico em relação ao sexo, por isso não me afeiçoo a ele. Tivera eu nascido índio quiçá o visse com a naturalidade que deveria possuir, na minha opinião. Talvez esteja vivendo o inevitável (para mim) anticlímax pós-orgasmo. É uma sensação de esvaziamento de toda a libido que nunca deixa de me incomodar. Mas a verdade é que tenho que mudar o meu paradigma em relação ao assunto. Vejo sexo quase que tão somente como a tarefa de dar prazer à minha parceira. Não vejo como algo prazeroso para mim também. Mas falo isso vindo de um longo celibato, o que talvez me roube a propriedade de tratar do assunto. Principalmente depois de um orgasmo vendo pornografia na internet. Que ser peculiar eu sou. Não ter essa obsessão por sexo é algo que me põe distante do status quo. Não gostaria de ser assim nesse aspecto. Gostaria de gostar mais de sexo. Sexo é um tabu às avessas para mim. É certo que tive meu prazeroso quinhão de sexo quando mais jovem, em especial com a minha segunda namorada, mas não consigo me projetar fazendo sexo hoje. Acredito que rolaria, haveria um momento numa hipotética relação em que o clima e os ânimos esquentariam e descambariam em sexo. Sim, é claro que ainda fico excitado quando estimulado por carícias mais quentes e que, estimulado, encararia uma transa, mas acho que seria necessário um mínimo de intimidade para me sentir confortável com algo assim. Nem sei. Acho que não tenho tantos hormônios quanto costumava ter e a libido diminui. Se bem que há aqueles que façam sexo até a mais longeva idade. Não sei se seria um deles. Não há um interesse inerente em relação ao sexo. Já houve, muito, mas hoje em dia, talvez por causa do já mencionado celibato eu perceba que é perfeitamente aceitável viver sem sexo. A masturbação, esse passatempo gratuito e medianamente prazeroso, já não me apraz tanto e sempre me põe a cismar sobre o sexo de fato, a coisa de estar dentro de uma garota, a pressão para satisfazê-la, a frequência com que essa demanda sexual me seria exigida, tudo isso me indispõe a ter outra relação afetiva. Acho que é talvez a principal pedra no meu caminho, o medo de fracassar sexualmente, de não atender às expectativas da outra pessoa nesse âmbito. Por outro lado, vejo tais projeções como excessivamente negativas, como ocorre com as minhas projeções em relação a viagens, nunca é tão ruim como imagino, pelo contrário, geralmente se afigura uma ótima experiência no final. Pode ser que o mesmo se dê em relação ao sexo para mim. Não acho difícil. Ou melhor, acho um pouco difícil. Com alguém por quem não tenha a mínima atração acho impossível. Como acho difícil fazer sexo com alguém com quem não tenha nenhuma intimidade. Bem, sou ou estou assim, talvez a hipnose me ajude nessa questão, além das demais. Se funcionar com o resto, há de funcionar com o sexo também. Isso é de cunho muito íntimo, sexo, apesar de todo alarde midiático e cultural escancarado em relação a ele, não é tratado com muita abertura no cunho pessoal. É curioso isso. Acho que os homens têm mais dificuldade que as mulheres em tratar de sexo com outros homens, principalmente de suas dificuldades com a questão. Acho que mulheres confidenciam mais sobre o assunto umas com as outras. Mas isso é só a minha impressão, não tenho como aferir a veracidade da suposição.

18h10. Estou ainda na dúvida se cancelo ou não o Hulk.

18h26. Olhei para ele até agora e não me decidi. Sendo pragmático é a coisa mais acertada a se fazer. Mas não sou tão pragmático assim.

18h39. Interessante como sou suscetível a pequenos estímulos, estímulos quase subliminares. Olhei para o meu avatar do Mario Bros. no Facebook e isso me despertou automaticamente vontade de jogar o game. Olhar para a caixa do Zelda aqui do meu lado também desperta vontade de jogar, como olhar para o controle do Switch. Mas não estou com muita vontade de jogar agora, estou no dilema do Hulk. Acho que vou dar uma chance ao destino. Pedir para mamãe escolher entre A ou B, A sendo desistir do Hulk e B manter a encomenda. O pior que a minha coleção perde meio a razão de ser sem o Hulk. Mas quando eu morrer, que vai ser feito do monstrengo e, por conseguinte de toda a minha coleção? Ah, eu daria tudo para o filho da fantástica faxineira. É uma porcentagem mínima de adictos que conseguem controlar o vício. 20%. Até agora, eu faço parte desse grupo. Espero que até o final da vida. Continuo querendo ter um Chartreuse verde para bebericar uma vez por semana, na varanda, olhando para o mundo. Álcool não é o meu problema. Talvez um dia eu conquiste isso. Enquanto minha mãe estiver viva, digo. Cancelo o Hulk ou não? Vou ver se vou na loja dos bonecos e vejo a possibilidade de vender alguns lá. Eu me desfaria de outros bonecos para ter o Hulk na minha coleção. Talvez se vender os dois outros da Sideshow que tenho com o meu irmão nos EUA, eu consiga arcar com o Hulk. Acho que não vou divulgar o post anterior, que ainda não coloquei no ar, no Facebook. Estou achando tudo o que escrevo chato e repetitivo. Talvez porque minha vida ande chata e repetitiva. É melhor do que viver no inferno existencial da depressão sem dúvida, mas também não é uma situação interessante de ser vivida. O pior é que é esse o prognóstico para o resto dos meus anos. Ainda bem que tenho mais de cem horas de Zelda para ocupar meu tempo. Se não desistir no meio do caminho. Espero por tudo que não. A vontade de jogar cresce em mim. O sexo? Depois do anticlímax do orgasmo ter passado, me incomoda menos, mas não é um assunto bem resolvido para mim. Longe de ser. Gostaria de encará-lo com mais naturalidade, menos neurose. Como disse, outro tópico a ser tratado na hipnose. Até agora três tópicos se mostraram ser mais relevantes para mim, voltar a gostar de games, ser simpático e sedutor com a garota que estou a fim e gostar de sexo, encará-lo com a tal naturalidade que me escapa hoje e que eu tinha na juventude. Esse três são um excelente começo e revolucionariam a minha vida positivamente de forma que nem posso imaginar. Seria outro eu, não esse. É até assustador que me transforme assim, se a hipnose for bem-sucedida, por mais que anseie todos esses desejos, é uma mudança radical de personalidade, especialmente no que tange a minha relação com as mulheres. Ou a falta desta. Não consigo acreditar que a hipnose vá operar tais transformações, mas preciso muito tentar. Não quero passar o resto da minha existência na solidão. E sou covarde demais para operar essa mudança pela minha vontade apenas, o que seria mais nobre, pois isso tem se mostrado completamente improdutivo.

21h06. Joguei Zelda até agora, cheguei num dos pontos cruciais do jogo. Não é tão difícil, só preciso levar em conta a minha estamina. Mas resolvi dar um tempo. Acho que vou passar disso e jogar um pouco do Mario Odyssey depois. Parece que vou passar uns dias na casa da minha tia-mãe, se ela puder me acolher, claro, pois mamãe vai viajar. Vai ser uma mudança de ares. Gostaria de levar o Switch, posso levá-lo e jogar em modo portátil. Esse é o seu grande diferencial, não é mesmo? Mas levarei tudo para jogar na TV, se eu puder conectar em alguma TV. Na da sala seria perfeito. Jogaria quando todos fossem dormir. Mas não criarei expectativas por conta disso. Até porque o pessoal vai dormir bem tarde vendo TV lá.

21h57. Vi um livro indicado num e-mail que me interessou moderadamente. “Behave: The Biology of Humans at Our Best and Worst” de Robert M. Sapolsky. Mas sei que não lerei mesmo, então deixa para lá. Vou deixar o e-mail marcado como não lido só para lembrar que o tal livro está lá.

23h59. Joguei Zelda até agora. Filei quase tudo sobre o primeiro dungeon, me enganando que foi só para pegar os macetes para o próximo. Não passei do dungeon pois não matei o mestre, ele me matou três vezes e eu salvei (espero) e estrilei. Os puzzles desse Zelda são muito diferentes dos anteriores e se baseiam muito na física do jogo, esse é o Zelda com física mais realista de todos e nesse dungeon é preciso usar muita criatividade e brincar com elas para resolver. Não teria tanta criatividade assim e empacaria no jogo, eu acho. Não tenho mais paciência para passar horas e horas para desvendar um enigma. Essa paciência e resiliência são o que me faltam para me apaixonar de novo pelos videogames, aliás, elas são peças-chave para se apreciar um videogame. Tentar e tentar e tentar. Acho que estou muito avesso a frustrações. E não vejo sentido em me frustrar com algo que é feito para divertir. Antes isso não me incomodava e ficava vidrado, dormia e acordava pensando em que tática ou solução eu iria empregar para passar de determinado obstáculo no Zelda. Não havia internet e com elas o passo-a-passo do jogo destrinchado para os molengas como eu sou hoje. Mas tentarei não mais olhar na grande rede para a solução dos meus problemas no jogo. Duvido que eu consiga evitar, mas farei o máximo para isso. O que não é um máximo lá muito máximo, não. Vou fazer o seguinte, se com uma noite de sono a resposta não me vier, eu vejo na internet. Já aprendi coisas sobre o dungeon que não deduziria sozinho. Esta já estão arquivadas. Como matar o mestre eu posso até filar na internet, pois sinceramente odeio mestres de fase, entendo o conceito de pôr à prova, no final de cada etapa, o jogador lhe oferecendo um desafio extra, mais difícil e para o qual tenha que usar mão de todos os recursos e habilidades que dispõe, mas não gosto disso. A exceção são os mestres de Mario, que nunca são excepcionalmente difíceis e, muitas vezes, são divertidos. Tirando um ou outro mais cabulosos. Mas estou até que satisfeito com o meu empenho nos jogos, apesar das filadas. Acho que criei expectativa demais em relação ao Zelda e não imaginei que fosse revolucionar tanto na fórmula, a ponto de quase descaracterizar o jogo para mim. Gosto de vagar e explorar o mundo, essa parte é nova e deliciosa, mas a dificuldade com os inimigos é frustrante e os quebra-cabeças deixam a desejar. Eu pensei que desbancaria Wind Waker como o meu Zelda preferido, mas acho que não será o caso. Nem gosto mais tanto de Wind Waker depois de ter jogado a versão remasterizada dele para Wii U, mas se apagar essa experiência, que se soubesse que me causaria isso, nunca teria acontecido, continua sendo o Zelda que eu mais gosto, junto com A Link To The Past, que sofreu danos irreparáveis pelo mesmo motivo do Wind Waker, baixei ele para jogar vinte e muitos anos depois no Wii U. Aliás, comecei a me desencantar com os jogos com o Wii U, não sei que danado esse console fez comigo que me quebrou como gamer. Ou foi só uma sincronia de eventos. Não ter paciência para zerar um Mario Kart é o cúmulo. E não tive no Wii U porque zerara um par de anos antes no console da minha prima. Como se deu com o Mario 3D World. Não quero nem lembrar disso senão perco o tesão em jogar o Odyssey que já inseri no Switch. Mas agora, agora, não estou com a mínima vontade de jogar. Espero que se for passar esse tempo na casa do meu primo-irmão, ele já domine a hipnose e quebre a quizomba com videogames que me aflige. Estou quase desistindo de desistir do Hulk. Realmente estou oscilando em relação a ele como trigo ao vento. Pronto decidirei quando do final do leilão do Skeletor, que se dará em menos de dois dias. É o meu deadline. Tudo o que é racional em mim pede para eu cancelar, já a minha parte sonhadora pede para eu manter. Vamos ver quem vence.

1h13. Estou aqui, vazio de ideias, a esperar que elas aportem. Tive uma, vou botar o som, a lista Nintendo Switch que é em sua imensa maioria os sons que eu escutava enquanto jogava e amava jogar. De quando eu joguei Wind Waker, ou ainda Ninja Gaiden 3. Por falar nisso, o único Zelda que eu zerei, que peguei todos os corações e itens, garrafas, foi o Twilight Princess. Botei foi “Arisen My Senses” de Björk, senti que precisava ouvir um pouco de “Utopia”. Sinto certa vontade de jogar Mario. Estou com a alma pesada, mas com razão agora. Porém vamos falar de coisas outras. Que tal um tema que eu me peguei divagando sobre no Desabafos do Vate, a natureza do ser. Primeiro cheguei à conclusão, abrangente demais, de que ser é tudo o que é. Nesse caso, o copo de Coca seria um ser, o chão seria um ser. Não achei legal. Para mim, para ser um ser precisaria de algo mais que a propriedade de existir. Cheguei a definição de ser ser tudo aquilo capaz de passar seus genes adiante. Essa me agradou mais. E percebi que na minha visão há seres mais avançados que outros. Seres com mais inteligência aparente que os demais. Nós obviamente estamos isolados no topo dessa escala por, ora. Que bom que me tiraram Poeira, não suportaria acompanhar a sua velhice, eu acompanhei a de Zeus e foi triste, deprimente. Melhor que ela seja a Princesa de outra pessoa agora. Devia perguntar de novo pela foto de Poeira a quem de direito.

1h32. Mandei a pergunta. Mas voltando à natureza do ser, por essa ótica da capacidade de passar os genes, a Singularidade Tecnológica não seria um ser, visto que não tem genes para passar adiante, por mais que possa se duplicar e, mais ainda, criar uma forma mais evoluída de si mesma, continuamente. Digamos que ela não seja um ser, então, chamemo-la de ultrasser. Ainda me pego atento a trechos das músicas de “Utopia” aos quais não havia prestado a necessária atenção.

1h58. Matei a fome dos remédios com arroz. E um mega tablete de chocolate meio amargo da Garoto. Ainda estou com fome. Vou detonar dois miojo.

2h09. Já havia botado a água para ferver e fui fumar um cigarro para esperar (e porque estava com muita vontade) e acabei desistindo do miojo. Sei que me levantarei para comer mesmo. Mas não, não. Não semi-sonâmbulo. Tenho o último copo de Coca para tomar, depois disso, só água. Até a casa da minha tia-mãe. Lá vou querer dieta da Coca de novo. Vou colocar a trilha do Nintendo Switch e jogar o Mario.

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15h15. Outro dia dessa jornada que é a vida. Não estou particularmente interessado em vivê-la hoje. Um dia como outro qualquer. Isso me preocupa. Pois não posso ser dominado pelo tédio todo santo dia. Isso acabaria por me afetar num nível mais profundo, eu temo. Se bem que ontem não foi tão tedioso e hoje estou despertando ainda. Estou em uma fase bem divertida do Mario. Acho que parei através do sleep mode, logo continuarei exatamente do último passo que dei na fase. Ouvindo Legião da lista Nintendo Switch. Wagner Moura deve ser um dos caras mais realizados do mundo, até vocalista da Legião o cara conseguiu ser. Eu deveria ser outro cara bastante realizado porque escapei do meu inferno existencial, só não sabia que chegar onde eu queria teria efeitos colaterais.

17h15. Postei finalmente o texto da saída no final de semana. Acho que vou jogar Mario. Vou tomar um banho antes.

17h58. Tomei um longo e relaxante banho bem quente. Foi bom. Por mim, passaria umas duas horas lá. Liguei o ar para resfriar e secar. 18h00. Ainda não me acostumei com o horário daqui do Brasil, ainda estou vivendo como se agora fossem 16h00, como são onde o meu irmão mora. Vou tentar dormir mais cedo hoje.

18h57. Joguei Mario até agora, estou saciado por ora. Não estou com coragem de encarar o Zelda, o mestre que está à minha espera no jogo. Volto ao marasmo da minha existência. A pessoa que ficou com a missão de tirar a foto de Poeira me respondeu. Disse que a atual dona tem medo que eu vá querer a cadelinha de volta. Vai ver como resolve a situação. Eu disse que não posso criar bicho em casa, que ela mostre a conversa à dona. Não quero Poeira de volta, seria crueldade da minha parte fazer isso depois de tantos anos, quando passei com ela apenas alguns meses.

19h30. Cancelei o Hulk. Ainda não sei como me sinto sobre isso. A ficha ainda não caiu. Acho que fiz o melhor pensando em termos mais amplos que o meu desejo, na família, em minha mãe. É certo que eu não teria outro grande gasto como esse no resto da minha vida, pois tenho tudo o que quero. Agora só resta a Red Sonja. Essa eu não vou cancelar. Já fiz o pior que foi desistir da estátua que mais desejei, meu quarto certamente não será como sonhei sem o Hulk. Ainda posso “desdesistir”, vamos ver como acordo amanhã. Não estou satisfeito com a minha decisão e não me trouxe o alívio que imaginava. Em verdade o que irrompe é uma ponta de arrependimento. Não sei se esse arrependimento vai crescer e me fazer voltar atrás ou não. Espero que não. Está tocando uma música linda do Cure, “Trust”.

19h48. Olhando para a figura sinto que ela não faz mais sentido para mim. Se o dinheiro pudesse ser revertido em alguma coisa não haveria coisa que eu quisesse. Nada. Tenho tudo o que quero. Estou satisfeito materialmente. E devo acrescentar que é uma situação chata. Não anseio por nada, não há nada que eu queira ter. Está de bom tamanho assim. Por mais que pareça que falte algo. Algo falta, mas não é material. Não ter um Hulk na minha coleção é ozzy. Não ter “o” Hulk dos meus sonhos na minha coleção é ozzy. Mas deixa para lá. Na vida não se pode ter tudo. E não me faz tanta falta quanto imaginei que faria. Pode ser que amanhã mude de ideia. Ou não. A verdade é que estou ficando cansado de levar a minha vida só escrevendo e não consigo vislumbrar coisa outra a fazer que não videogames, que não estão me descendo redondo. A namorada acho que vai ficar no plano do platonismo mesmo. Estou desiludido com a vida. Vou tentar jogar mais Mario.

20h21. Joguei um pouco mais de Mario, peguei uma lua e morri num lugar besta, então resolvi dar um tempo aqui. Começo exatamente de onde parei graças ao fantástico sleep mode. Nunca deixaria um console de disco em tal modo, se é que existe tal modo em consoles dessa natureza, nos que tenho não rola. O Switch é pequeninho mas tem lá os seus truques. Eu vivo com dois idosos, tenho que começar a me conscientizar disso. Eu mesmo que rumo galopante à terceira idade. Não sou mais um jovem, isso é certo. Mas não quero ter pensamentos tão deprimentes quanto esse. Já não estou bom do juízo e querer encasquetar com isso agora não dá. Ainda não me arrependi do Hulk. Do não-Hulk em verdade. Deixa para lá. Espero que não aconteça como com o outro Hulk e eu me arrependa anos depois e passe ainda mais anos arrependido de não ter aproveitado a oportunidade.

21h09. Peguei mais algumas luas no Mario e não sei onde buscar mais. E não estou com saco de buscar mais. Amanhã é quarta, o final de semana não poderia estar mais distante. Se hoje fosse sexta, será que eu sairia? Sairia.

21h42. Recebi um e-mail de um possível comprador do Skeletor e ele perguntou se eu tinha inspecionado a peça. Para me precaver de qualquer espertinho que venha alegar que a peça veio com defeito e me devolver sem a cabeça exclusiva, o que é muito passível de acontecer, liguei para o meu irmão para pedir esse favor ozzy de inspecionar a estátua e contei sobre a desistência do Hulk. Ele me incentivou a manter a figura. Fiquei indeciso de novo. É a figura que mais quis na vida. Vou ter essa noite para pensar e me decidir.

22h00. Mandei um e-mail para Sideshow perguntando se eles podiam dividir a última parcela do Hulk em duas e me comprometi a comprar o Hulk. É a figura que mais quero ou quis. O ou quis é que me quebra. Mas eu ouço muito o meu irmão. Vou fazer como ele me aconselhou. Com esse adendo de repartir a lapada em duas menores. Eu quero ter o Hulk. Ou não quero mais? Esses últimos dias ando tão sem vontade para nada. Tão desmotivado da vida. Não sei o que se passa. Sou acossado por um tédio imenso. Não tenho nem vontade de escrever.

22h40. Estava no Mario pegando mais algumas luas. Falar com meu irmão me fez bem.

23h28. Fui preparar o meu jantar nada saudável ou dietético, hambúrgueres com miojo. Prático e aplaca a fome. Sugestão da minha mãe. Estou apático, acho que a melhor descrição é essa. Apatia para tudo. Nada me agrada ou desagrada. Tudo é mais ou menos. Sei que essa condição é bem melhor do que tudo estar ruim, mas de forma alguma é a condição ideal.

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13h28. Fui dormir cedo, por volta das 0h00. Dona Carmelita não veio hoje novamente. Será que decidiu realmente se aposentar? O que terá ocorrido? Estou com medo que me passem a perna em relação ao Skeletor que coloquei em leilão, que digam que o boneco veio com defeito, exijam o retorno do dinheiro e fiquem com a cabeça exclusiva, não a enviando de volta. O lance ainda está muito baixo, ninguém deu mais lances na figura, só os dois primeiros mesmo. Acaba hoje o leilão, dentro de dez horas e meia, ou seja, por volta da meia-noite. Mesmo se a Sideshow quiser repartir a última prestação do Hulk, acho que não vou querer. Tenho medo de estar ficando com Alzheimer. Vira essa boca para lá. Por que estou achando isso? Pelas minhas falhas de memória e pela rotina repetitiva que possuo. Não sei se escrever é um desafio intelectual que mantenha a parte direita do meu cérebro ativa e focada. Tomara.

13h46. Hoje é o dia de noiar com o leilão. Se bem que estou noiado naturalmente nos últimos dias, sem necessidade de estímulos externos, pela falta deles, mais precisamente. Acho que vou cancelar o Hulk, apesar do conselho do meu irmão. Para ser honesto, no astral que estou, que não é bom, poderiam levar todos os meus bonecos que não me importaria. Poderiam levar todos os videogames. Acho que só não abriria mão do meu computador e do som. O resto poderiam levar. Se bem que ainda guardo um carinho especial pelo Nintendo Switch. Estou me sentindo um lixo, barba por fazer, gordo, chato, deprê. Para quase tudo isso existe solução, só não sei como me livrar do deprê. Dessa vontade de não ser.

14h57. Peguei duas luas no Mario. Tem pelo menos mais dez luas para pegar e eu não faço ideia de onde estejam. Percebi que novos minieventos surgem na fase à medida que eu progrido. Eles levam a novas luas.

15h08. Eu não quero saber de Mario por ora. Tampouco estou com paciência para enfrentar o mestre de Zelda. Li as estratégias para enfrentá-lo, mas não me sinto apto a executá-las. Não desistirei ainda do Zelda, por mais que eu ache que possa deixar o mestre para lá e ir fazer outras coisas para me tornar mais forte e capaz de lutar, só não sei se isso é possível sem reiniciar o dungeon inteiro, o que seria um saco. Acho que com um pouco de persistência eu consiga derrotar o bicho, persistência essa que não encontro em mim. Não sou o mesmo em relação aos videogames e isso me é frustrante. Não gosto de ser frustrado, mas acho que essa é a palavra que melhor define quem eu sou hoje. Gostaria que “hoje” significasse apenas o esse dia e não atualmente. As bonecas japonesas são incríveis, elas têm uma magia completamente diferente das americanas.

16h00. Mamãe chegou e trouxe um lanche do McDonald’s para mim. Guardei o Cheddar para a fome dos remédios. Acho que vou me deitar um pouco. Falei para minha mãe que estava de baixo-astral. Ela só não sabe a dimensão do meu baixo-astral. Nem eu sei ao certo. Tenho medo de evoluir para uma depressão. Ainda bem que vai haver esse momento na casa da minha tia-mãe. Ou assim espero. Pode ser que ela tenha outros planos e que não possa me receber. Aí terei que ir a São Paulo também, tudo o que eu menos queria. Vou deitar um pouco. Liguei o ar, esperar só dar uma esfriada no quarto. Vou ver se amanhã faço a barba e corto o cabelo. E compro o cigarro. Não posso esquecer desse detalhe.

16h32. Deitei na cama, mas o tédio lá foi maior do que aqui. Acho que nem dar um longo beijo na boca da garota da noite levantaria o meu astral. Começo a acreditar que estou entrando em depressão. Preciso ficar atento.

16h51. Fiz um café e pensei em não tomar tão desanimado estou de todas as coisas, mas fiz o movimento contrário e me pus uma xícara para ver se a cafeína de alguma forma melhora o meu ânimo. Ainda por cima estou sem internet. Justamente no dia do leilão do Skeletor. Ozzy. Espero ficar sabendo pelo celular, que está com apenas uma barrinha de dados móveis, ou seja, não sei se está conectado ou não. E sabe de uma coisa? Agora tanto faz. Eu estou pouco me lascando. Eu acho que estou em depressão, mas não vou ficar alimentando a ideia para ela não se apoderar por completo de mim. Minha vida não está ruim. Só não está boa. O que me preocupou foi a projeção do beijo na garota da noite não me despertar sentimento algum. Nem beijaria assim. Acho que o café me deu uma leve melhorada no humor. Não muita, mas o suficiente para quase me animar a pegar mais uma lua no Mario. Ou fechar o jogo e colocar o Zelda para enfrentar o mestre. Não é para tanto. Passou-se rapidamente pela minha cabeça tomar todos os remédios antes de dormir, por todos eu quero dizer todas as caixas de remédio para ver se eu tenho uma morte indolor. Mas não farei isso. Ainda. Começar com ideário suicida é um mal sinal. Espero não ser enganado no leilão do Skeletor. Nossa, como essa ideia de tomar todos os remédios me parece atraente. Mas repito que não farei. A situação é delicada demais aqui em casa para que eu entre em coma ou algo do gênero. Morrer seria o bicho, mas não é a hora certa de morrer (como se houvesse hora oportuna para tal acontecimento). Estou ficando velho e estou entediado da vida que levo, isso é muito pouco para me gerar vontade de morrer. Se bem que dizem que eu tenho um tal de transtorno bipolar com tendência depressiva. Vou tentar jogar videogame que é o melhor que eu faço. Ou me deitar. Já tomei duas xícaras de café. Não posso ouvir o Spotify porque está sem rede. Acho que vou continuar escrevendo mesmo, é o que me desagrada menos. Já vi que esse celular novo é ruim de internet, o meu anterior tinha sinal perfeito aqui no quarto.

18h13. Joguei Mario, ainda está na tela, retornarei a ele logo mais, aí minha mãe acordou e conversei um pouco com ela. Novamente me disse meio para baixo. Mas estou melhor, o Mario me diverte. Estou com um calor da murrinha. Ela vai sair para o Vigilantes do Peso. Vou voltar ao Mario enquanto a vontade ainda existe. Ela perguntou se eu não queria ver um filme ou seriado. Eu disse que não, nem “Black Mirror” que é “Black Mirror” eu estou a fim, imagine outro. “Black Mirror” é o seriado com temática mais próxima ao meu ideário a respeito da humanidade, tecnologia e seu futuro. A diferença é que lá o futuro é sempre distópico e para mim ele é utópico.

19h56. Jogando Mario até agora e achando muito bom, muito divertido. Pode ser que fique chato e difícil depois, mas, por ora está uma delícia e empresta à minha vida um sentido. O mundo novo que abriu, o último que eu vi na casa do meu amigo jurista, não é dos mais belos, mas é muito divertido. O inimigo que dominamos nele, parece ser um ser esdrúxulo, mas a sua capacidade combinada ao design da fase faz tudo ficar diferente e cativante, de uma outra forma, talvez seja o mundo mais divertido dos quatro ou cinco que visitei até agora.

21h17. O Mario salvou a minha vida hoje. Bem, quase. E minha mãe parece que tem um sexto sentido, deve ter, deixou na sala só os remédios suficientes para uma semana, tirou o sacolão de lá. Acho que meus alertas devem ter surtido efeito. Faltam duas horas e meia para acabar o leilão e ainda está em 330 dólares. A internet voltou, meu padrasto ajeitou.

23h52. Vendi o Skeletor por 523 dólares! Nos últimos 10 segundos. Massa!

2h22. Joguei Mario até agora. Muito delícia. Que bom. Agora entendo porque meu amigo jurista disse que jogava aos poucos para poupar, é muito divertido, dá vontade de não acabar mais nunca. E de não parar de jogar. Tenho duas luas marcadas no mapa da terra da madeira, mas não faço a mínima ideia de como acessá-las. Tentei de tudo. Os Joy-Cons acabaram a bateria quase ao mesmo tempo hoje à noite, agora há pouco. Desde de a carga que dei nos EUA. Achei um tempo de duração de razoável para bom. Tendo controles extra, digo. Ia tentar o mestre do Zelda, mas a hora está muito avançada para tanto. Já-já minha mãe vem bater aqui de novo. Estou num astral muito, mas muito melhor do que pela manhã graças ao Mario e ao leilão ter sido um sucesso. É esperar o cara receber, me dar o feedback e, se der tudo certo, dar o feedback a ele e injetar o dinheiro na minha conta. Recebi a resposta da Sideshow, eles disseram que podem fazer em duas parcelas o Hulk, mas eu terei que pagar uma de imediato. Considerarei até amanhã. Como o meu irmão disse, é a figura que mais quero. Minha mãe já sabe das lapadas, joguei aberto com ela. Não estou depressivo, senão não teria ficado feliz com o jogo. A venda não me deixou feliz, me deixou aliviado, porém, tenho que esperar o feedback direitinho do comprador. Espero que ele não aja de má fé. Creio que não. A comunicação com ele foi positiva. O Hulk é a última lapada que vai vir do mundo dos bonecos, mas é uma senhora lapada. A não ser que resolva mandar a Red Sonja para o Brasil também, o que seria sensato. Mas esta só em agosto, eu acho. Ainda não me sinto inspirado para dar um longo beijo na garota da noite, o que prova que ainda não estou no melhor dos meus astrais. Ou vai ver que estou dando menos importância que a imensa importância que dava a ela. Faz tempo que a gente não se cruza e ela me responde sempre com muita frieza e distância. Não sei por que não deixa de responder, acho que não quer ser indelicada comigo. O que é uma gentileza, e é dessas migalhas de atenção que alimento o meu sonho. Não há por que sonhar, bem sei, e talvez por isso eu não esteja tão animado por beijar-lhe a boca. Também acho que não queria ninguém entrando no meu mundo agora. Meu amigo jurista me mostrou um vídeo do novo produto da Nintendo, o Nitendo Labo, um game que vem com um bocado de moldes de papelão para se montar, criar um objeto, como uma casinha ou uma vara de pescar atrelar o Switch ao objeto e jogar um minijogo. Se isso vai vender? Não faço a mínima ideia. Aposto que não. Só se for para crianças pequenas. O pior que o mais interativo que é o robô, uma simulação de realidade virtual, vem em um kit separado, como se fosse um jogo em sim. Pelo menos a Nintendo solucionou com papelão o problema da locomoção da realidade virtual. Hahaha. Certamente eu não investirei nessas invencionices. Meu negócio é o bom e velho joystick, ou Joy-Cons, como quiser. Amanhã tento o Zelda, se encher o saco, saio da fase e vou dar o meu rolé pelo jogo. O jogo é meu, quem está jogando sou eu, eu faço o que quiser nele. Amanhã tenho dois mestres, um do Mario e outro do Zelda. O do Mario é bem mais limpeza. O do Zelda é que é o problema. Queria passar no do Zelda, Tenho que usar a runa de gelo segundo orientação do walkthrough da IGN. Fogo é ter tempo para me livrar do gelo que o mestre me manda e conjurar o meu próprio bloco de gelo. Mas veremos. Espero que esteja salvo a partir do mestre, que não precise andar o dungeon todo de novo. Se esse for o caso aí sim vou dar o rolé mesmo. Tenho que dar a resposta a Sideshow. Quando acordar. Queria tanto acordar num astral melhor do que nesses últimos dias. Tem tudo para acontecer isso. Estou instigado pelos jogos, vou fazer a barba e o cabelo amanhã, comprar um cigarro, quem sabe duas Cocas Zero, a fantástica faxineira estará aqui. Amanhã promete ser um dia muito mais movimentado que hoje. Aliás, amanhã, não, hoje, já são 3h21, promete ser um dia mais alegre que ontem. Eu acho o Switch uma graça, tão miudinho, tão bonitinho. Será o último videogame que comprarei, se o meu empenho com os games continuar o mesmo. Ou seja, perto de nenhum. Só jogos fabulosos, obras-primas me despertam a atenção. E da Nintendo. E enquanto estão numa dificuldade aceitável. Estou quase decidido a fechar o negócio do Hulk, quero o pôr na entrada do meu quarto. Venho sonhando com isso há meses. Causar um impacto, quem entra já sabe que não é um quarto comum.

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14h20. Acordei há algum tempo, fumei um cigarro, falei com a fantástica faxineira, tentei matar o mestre de Zelda umas cinco vezes sem sucesso. A estratégia que usei da outra vez não está funcionando. Que negócio chato. Não me decidi sobre o Hulk ainda. Mamãe não deixou dinheiro para eu cortar o cabelo ou comprar cigarros.

14h44. Morri mais umas cinco ou seis vezes, não estou vendo futuro nisso, troquei pelo Mario mas não vou jogar agora. Outro mestre, vou dar um tempo.

15h31. Quando ia descancelar o Hulk, mamãe chegou. Será outro sinal? Sinal de que eu vou ter que decidir. Meu coração está mais inclinado a ter o Hulk.

15h36. Estou meio assim, sei lá. Um pouco como ontem. Mas menos, eu acho. Hoje é um dia mais animado. Ainda há tempo de pedir a mamãe a grana para ir cortar o cabelo e comprar o cigarro, mas estou sem disposição nenhuma. Acho que vai ficar para amanhã.

17h02. A fantástica faxineira deu um supergrau no meu quarto, conseguiu botar os bonecos que não cabiam na estante. Eu não sei como alguém que já viveu uma depressão profunda tem coragem de ter filhos. Acho que é porque se esquecem de como a vida pode ser uma agrura sem sentido nessa situação. Eu estou passando por uma depressão branda, eu creio e já me questiono sobre o assunto, me lembro do porquê da minha escolha de não ter filhos. Ainda bem que a vida não me deu essa oportunidade. Será que se eu tivesse a projetada filha hoje minha vida teria algum sentido? Será que o hipotético ser emprestaria esse senso de direção, essa necessidade de estar no mundo que agora me falta? Não sei. Sei que, se há um componente genético, não é válido eu atirar uma vida na roleta dos genes, podendo ela ser “sorteada” com a tendência à depressão. Acho que eu não saberia como lidar com um filho em depressão. E ainda me sentiria superculpado. Ainda bem que não tenho filhos, nossa, que alívio. Não queria que um filho meu me presenciasse nesse estado miserável. Espero que essa sensação não se intensifique. Mas sinto a falta de ânimo para fazer qualquer coisa que signifique sair do meu quarto. Me esforçarei, entretanto, para fazer a barba e o cabelo amanhã e sair com o meu primo-irmão se ele tiver algum programa, de preferência não carnavalesco, para fazer. Meu ombro direito dói, desde antes dos EUA. E não passa. Acho que só passa se eu parar de escrever por um bom tempo, o que nas atuais circunstâncias não pretendo fazer.


Eis aí metade da minha coleção. E não tem nenhum boneco grande.



17h25. Perguntei a fantástica faxineira “A” ou “B”. E ela escolheu “A”. Então vou descancelar o Hulk.

17h32. Mandei o e-mail. Esse Hulk vai ser meu. Era o que tinha de ser desde o início. Meu irmão e o acaso decidiram por mim. Vamos ver se ele vai chegar. E aí vai ser a lapada mor de grana. Às vezes penso se não jogaram uma urucubaca aqui em casa. Tem acontecido coisas tão ruins. Vou jogar o Mario, que é a melhor coisa da minha vida nesse instante. Vou não. Não estou com vontade de enfrentar o Bowser agora. Quando a minha mãe acordar, eu jogo. Acho eu. Está até claro para as 17h40. Vai ver a noite está com a mesma indisposição de existir que eu.

Quando o mundo parece um lugar escuro
Quando esperar a morte toma o lugar da esperança
Há uma preguiça crônica, uma desmotivação, uma apatia
E eu não sei o que fazer
Não sei lutar contra isso, não sei lutar contra mim mesmo

19h34. Mario opera maravilhas em mim. Cheguei a New Donk City, que por uma falha de localização do texto o chapéu mágico chama de Metro City. Não sei como não viram isso. Parece que deu pau no que o pessoal da Sideshow queria fazer, aparentemente o sistema deles tem limitações, mesmo se a pessoa quiser gastar dinheiro com suas figuras. Ela disse que uma nova tentativa vai ser feita no dia 25, que era o dia de pagamento que eu havia marcado. Caso não ocorra, o pedido do Hulk vai ser cancelado. O destino está agora em aberto e eu sem saber o que é melhor, que cancelem ou não. Estava cheio de expectativas em relação a New Donk City, mas acho que, de novo, minhas expectativas foram exacerbadas. Veremos. Ainda estou no comecinho da fase, que promete ser das grandes. Ela me parece meio que uma ode à GTA e esses open world games sérios com personagens humanos. É bastante estranho uma fase assim em um jogo do Mario. Parabéns para a Nintendo pela ousadia.

20h29. New Donk City parece ser a fase “final” do jogo. Ou a zerada fácil. A luz está oscilando aqui em casa, salvar esse texto. Pronto, parou de oscilar. Relendo a mensagem da representante da Sideshow eu entendi dessa vez que quem repeliu o pagamento foi o meu cartão, mas posso ter entendido errado. De toda forma o que será, será, não moverei nenhuma palha nesse sentido. A primeira vez que tive vontade de matar uma formiga. Ela está passeando perigosamente perto das entradas de ar do Wii U e tenho medo de ela fazer algo que quebre um dos meus três filhotes. Não matei, entretanto, é um ser vivo, tenho pena.

20h51. Queria tomar uma Coca. Vou pedir a mamãe.

21h06. Acabo de voltar da pizzaria, a chuva foi boazinha comigo, caiu enquanto eu estava dentro do estabelecimento, parou e voltou a cair agora que cheguei em casa. Nem tudo são espinhos na minha vida. Em verdade nada são espinhos, os espinhos, se há, habitam dentro de mim apenas. Eu quero jogar Mario, cheguei a um novo mestre, mas temo mamãe reclamar. Vou esperar dar 21h30, uma hora depois de quando parei para recomeçar. Um dos controles amarelos descarregou. Coloquei para carregar no console. O vermelho já carregou, assim como o azul. Estou jogando com uma nova combinação cromática, azul e amarelo. Nossa, que inutilidade narrar isso. Vou tirar uma foto só para tornar a inutilidade ainda maior. Hahahaha.


É o controle mais bonitinho que já vi, mas gera estranhamento à primeira vista
pelo diminuto tamanho e por parecer frágil demais, que não é.



21h19. A julgar pelas inutilidades que postam no WhatsApp, como acabei de ver ao tirar a foto, estou equiparado. Acho que cada vez mais me distancio das pessoas, enquanto elas se aproximam virtualmente. Não gosto muito de contatos virtuais, a única vantagem é que eles permitem me comunicar com a garota da noite sem muita vergonha. E em pequeníssimas doses. Fechei a porta e meu quarto ficou quente agora. Essa cidade... mesmo em um dia nublado é abafada à beça. Imagino que na região Norte seja muito pior. 21h24. Daqui a seis minutos poderei reingressar no mundo de Mario. Não gostei particularmente dos gráficos da fase em que estou, mas a fase é gigante. Não sei como pude morrer em um mestre daqueles. Não é muito difícil, aliás, não é difícil, embora seja o mais difícil que enfrentei até agora no jogo. O do Zelda é muito mais desleal. Com um só golpe o mestre de lá pode me matar. Estou com fome, acho que vou comer metade da paçoca com feijão, quando minha mãe e meu padrasto deixarem a cozinha, prefiro comer sozinho. Por falar em comer e em Zelda, eu não deveria pirangar na comida para encher o meu sangue durante a luta, deveria usar tudo o que tenho para me manter vivo, como se fosse a luta derradeira, que de certa forma é, pois ela é o último obstáculo que me impede prosseguir. Depois cato e cozinho tudo de novo. Não sei se darei tanta sorte com as flechas, achá-las a torto e a direito como me ocorreu, mas não posso poupá-las tampouco. É, tenho que partir para o tudo ou nada com esse bicho. Deveria ter cozinhado muito mais pratos, eles é que realmente enchem o sangue, os ingredientes crus enchem muito pouco. A luta com o monstro tem durado menos que um minuto, em média, muitas vezes bem menos. Tenho que largar a mão de pirangar os meus recursos e mandar ver. Não sei como da primeira vez eu consegui ficar em um lugar em que seus golpes não me atingiam. Fiquei embaixo dele só golpeando e seus ataques não me feriam. Repito a estratégia agora em todas as lutas em que o enfrento sem sucesso. Sorte de principiante. Acho que vou pegar uma Coca com o gelo que a fantástica faxineira tirou. Hoje é um dia bom, não deveria ter espaço para a melancolia. Por falar nela, percebo um padrão. Começo o dia muito mais melancólico e acabo o dia num astral bom, é como se a minha existência fosse engrenando com o passar das horas. Curioso... e incômodo. Porém, melhor passando que ficando no marasmo que me acomete nessas últimas manhãs.

23h20. Joguei o New Donk City quase até agora. Parei porque é tanta lua, mas tanta lua para pegar que eu tive uma pequena saciedade delas, esperar dar a fome de lua de novo. Aproveitei e fui comer e vi a foto de minha mãe, mais jovem, na geladeira. Me cruzou o pensamento de que talvez ela se vá antes de mim e isso me aterrorizou. Já pensei na morte da minha mãe em outros momentos, mas não tão em paz com ela como agora. Eu amo a minha mãe, não queria nunca viver num mundo sem ela. Deve ser um sofrimento e um luto ímpares. Xô, não vou pensar nisso, mas que gostaria de partir antes dela, isso eu gostaria. Por mim partia essa noite, minto, quero jogar mais de Mario Odyssey e quero ver no que vai dar o Hulk. Talvez tentar passar do Zelda. Mas está vendo como minha vida está limitada? Mario, Hulk, Zelda, mamãe. Amo muito tudo isso, mas tudo isso é muito pouco, tanto que acordo todo dia agora frustrado. Meu medo é o Mario acabar. Certamente não terei paciência ou habilidade para pegar mais de 800 luas, desistirei antes, mas darei o meu melhor. Quando não der mais, não sei o que vou fazer da vida. Espero até lá ter passado do mestre do Zelda e progredido no jogo. Na verdade, queria que alguém com habilidade passasse para mim. Pensei no meu primo-irmão, no período em que provavelmente estarei em sua casa, mas os controles são tão complicados que acho que ele também iria lambear. Talvez a irmã dele que já jogou Switch, talvez até o Zelda, quem sabe? Isso se eu não passar antes. Amanhã é sexta-feira, vou cortar o meu cabelo e aparar a barba se tudo der certo. E se tudo der muito certo, sair para um lugar legal. O pior que a cidade já está entrando em clima de carnaval, já devem estar rolando altas prévias que são a praia do meu primo-irmão. Não sei se curto tais eventos e algumas têm o preço exorbitante. Pagar caro para ouvir música que não me agrada no aperto, sei não. Bom, descobrirei amanhã. Nunca tinha pensado como o meu sobrenome é peculiar. Por causa do “de” antes do Barros, não é normal ou pelo menos não vejo sobrenomes com “de”. Deixa isso para lá. Se eu me chamasse João de Barros será que teria mais apreço por passarinhos? Hahahaha.

23h55. Gosto das minhas figuras do Homem-Aranha Simbionte e da Rey Aynami sexy que estão do lado esquerdo do computador, embelezam o meu campo visual. O melancólico Coisa também. A riqueza de detalhes no seu corpo de pedra é fenomenal.

23h59. Fui fumar e mamãe se levantou para perguntar se eu já havia tomado o remédio e me aconselhar a respeito da cortina do banheiro. Estou com um pouco de sono, mas não resisto a pegar mais luas no Odyssey. Daqui a pouco só restarão as difíceis, que pena. É tão bom ser recompensado por coisas bobas a cada cinco minutos. Eu tenho uma tendência muito ruim nos videogames, à medida que a coisa vai ficando mais difícil, eu vou ficando mais aperreado, estressado e acabo fazendo uma besteira que, se tivesse mantido a calma, não aconteceria.

1h20. Comi mais um pouco e fumei o derradeiro cigarro da noite e penúltimo da carteira, preciso comprar amanhã. Também o meu derradeiro copo de Coca da noite, pelo menos esse é o plano. Estava jogando Mario até agora e não cheguei nem na metade das luas que eu posso pegar no estágio. É muito bom o jogo. Se perguntassem para mim, entre ele e o Zelda qual seria o jogo do ano, acho que escolheria o Mario. É diversão em estado puro. O Zelda ficou aquém do esperado por inovar demais. Ou talvez tenha criado expectativas muitíssimo altas em relação ao game. Ambas as coisas, eu acho.

1h52. Mandei um e-mail para o meu irmão informando sobre a venda do Skeletor e sobre os problemas com o Hulk, disse a ele que tentaria ligar para o banco amanhã. Se tiver disposição. Pelo menos descobri que todos os meus contatos telefônicos foram transferidos de um celular para o outro. Vou pegar mais um copo de Coca.

2h04. Queria escrever algo de alguma relevância, mas não tenho. Acho que vou dormir, mas antes dar uma passadinha no Mario.

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19h46. Está faltando luz aqui em casa. Escrevo porque meu computador tem bateria. Espero que as oscilações de corrente antes do apagão não tenham danificado nenhum console ou a televisão. Se tudo se encaminhar como está, hoje terei uma noite não carnavalesca como tanto queria, ainda por cima na minha queridíssima Casa Astral, e cedo. Meu primo-irmão e nosso amigo bonitão, vão para lá. Nunca imaginei. Eu vi que ia ter esse show e me deu vontade de ir, mas não esperava nunca que meu primo-irmão se animasse para tal evento. Muito bom, obrigado existência por esse presente. Vou findar este post por aqui. Começo o outro com as minhas impressões sobre a noite. Se bem que não há mais nada a fazer no escuro e sem internet, então vou pegar um copo de Coca e assolar um pouco mais o(a) pobre leitor(a).


Um luz na escuridão.



19h57. Tirei uma foto da escuridão em que estou imerso. Essa câmera do meu novo celular é espetacular quando comparada a do meu antigo, é uma das coisas que me deixa satisfeito com ele. É bom ter um celular com memória também. Nem estou apagando as fotos que tiro, veja só. Mas vou fazer uma limpeza nele, por mais que diga que as fotos estão sendo armazenadas no cartão de memória que mamãe comprou junto com o celular. Um para mim, outro para ela. Lembrei agora que posso jogar Switch durante a falta de luz também, mas desgosto muito de jogar na telinha, talvez seja a vista cansada, mas a verdade é que nunca gostei. Quem sempre gostou de portáteis foi o meu irmão. Curioso isso, essa preferência dele. Se o Hulk for cancelado, eu vou usar o dinheiro que já paguei por ele – e que vai ser revertido em crédito para o cartão – e comprar um New Nintendo 3DS com o Zelda para o meu irmão. Dá e sobra. Mas quero o Hulk, só não ligo agora para o banco, pois mamãe pode ouvir e me obrigar a cancelar definitivamente a minha estátua, o que não quero. Se se desse dessa forma, eu ficaria definitivamente frustrado e enfurecido de não ter o Hulk. Dificilmente a perdoaria. Curioso isso, né? O efeito seria o mesmo que o cartão não aceitar a transação (não ter o Hulk), mas a causa faria toda a diferença para mim. E como faria. Por isso não vou ligar, não hoje. Não agora.

20h16. Acabei de saber que o Poço, onde vai ou iria ter o evento está também às escuras. Talvez não role o evento. Sei lá. Disse a meu primo que avisaria se a luz chegasse e pedi que me avisasse de alguma mudança de planos devido a esse fato. Acho que vou jogar o Mario. Por falar em Mario, agora que percebi, a fase que joguei não tem nenhum inimigo e é uma das fases mais demandante das habilidades do intrépido herói, massa isso. Esse jogo não tem muitos inimigos via de regra, a geografia e os esconderijos das luas são os grandes desafios. Acho que é por isso que acho tão delicioso jogar, é o tipo atividade que eu amo em videogames, explorar e procurar segredos escondidos, de preferência com um personagem que seja fácil de controlar e sem muitos inimigos para entrentar. Isso é o Mario Odyssey in a nutshell. Está bom de falar, vou agir.

20h55. Joguei um pouco da fase nova, mas é um desperdício jogá-la na telinha do Switch, é tão bonita, mesmo sendo uma fase de gelo. O mais engraçado, acho que só eu vou achar graça nisso, é que eu tinha acabado de comprar e trocar a roupa do Mario que é só uma bermuda, sem camisa, a roupa mais cara do jogo, e fui para fase do gelo, o que torna muito mais frígida a impressão do lugar e os calafrios que ele sente, enfrentando a nevasca de peito aberto e pés descalços. Eu sei que o frio pode ser insuportável depois das férias na casa do meu irmão. Eu não conseguiria passar cinco minutos com esses trajes no meio do gelo sem pedir penico. Nossa, imagina estar no Manicômio e faltar luz, sem ter nenhum conhecido lá, seria o terror. Ainda mais na hora de dormir. No calor e lá. Vixe Maria. Não desejo para ninguém e é precisamente o que se passa com diversas pessoas nesse exato momento.


FOTO MARIO ODYSSEY (Essa eu fico devendo por ora, pois o meu celular descarregou)

Pronto, eis a foto do Mario com frio no meio da neve.

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