Este post foi escrito na quarta passada (11/01/2012)
São 15h03 e fumei um terço do beque com cigarro. Ainda não senti, se é que sentirei, algum efeito relevante. Estou aqui para apanhar os pensamentos que me ocorram. Estou sozinho em casa. Ter uma tarde linda só para mim é uma sensação boa. O efeito-quase-não-efeito não é bom. Como se já pulasse para um bode fraco. Mas não quero falar disso. Quero apanhar pensamentos mais distantes de mim e de agora. Esperar que surjam. Fumar um cigarro com coca.
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Rememorando minha última recaída e degustando a tristeza deste meu último grande fracasso. Gostaria que pensamentos alegres surgissem, não essas melancolias quase frias que deixam a alma pesada. Será que no fundo eu acredito em alma? Eu escrevo tanto este termo... Mas acho que é só por ser uma versão mais poética do “eu”. Mas o que seria o eu se não é alma? Por que o eu não é alma é mais fácil de responder: o eu não transcende a vida do corpo que o carrega e produz. Não existe eu após a morte. O eu é imanente do corpo (vivo), não existe separado dele, posto que é parte/manifestação dele.
O que me deixa com a pulga atrás da orelha é que o eu, em especial o humano, me parece demasiado complexo e contraditório para ser apenas um sistema gerencial das necessidades fisiológicas do corpo e da interação deste corpo com o ambiente externo. Entendo a necessidade de haver a capacidade para abstrações, posto que é necessário planejar para caçar, é necessário projetar ações e reações para prever o resultado de uma caçada ou para saber que o esconderijo é seguro. Mas me espanta a capacidade de criar um computador da matéria bruta que a natureza oferece. Ou um instrumento de tortura. Me espanta como os homens discordam em suas abstrações, como suas opiniões sobre um mesmo fato fazem o fato se transformar, se multiplicar em fatos diferentes, como se uma pessoa descrevesse as luzes e a outra as sombras de um objeto (não conseguindo ou não querendo ver o objeto como um todo). Acho que enchi o saco de escrever sobre isso. Vou fumar um cigarro com coca-cola. Tô pensando em fumar a outra parte do beque...
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Podia ver um filme. Podia cumprir minha promessa de publicar uma parte de Algo por dia. Não posso morrer. Posso fumar a outra parte do beque, mas não quero realmente. 15h38. Lirroty podia entrar no Par Perfeito. Eu podia ter uma namorada (será que ainda posso mesmo?).
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15h49. Fui dar uma olhadinha no Par Perfeito e acabei ajeitando alguns trechos do post de ontem. Nada de lirroty, claro. A última vez que ela entrou foi em agosto, muito antes de eu me cadastrar. Acho que é esse meu desejo pelo fracasso, pelo impossível. Mas o olhar dela, tão doce e azul, encantado. Como queria aquele olhar para mim e por mim. Fumar.
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Depois da última recaída, até as empregadas aqui do lado, que sempre me trataram com amor e carinho (recíprocos), estão me estranhando. Isso dói. A família nem se fala. Imagino o que não foi falado de mim para que os olhares tenham se tornado tão desconfiados. Imagino como deve ser meu olhar desconfiado em retorno. 16h00. Se eu fumar o resto agora, terei uma hora, hora e meia de tarde sozinho para aproveitar e nada à noitona para curtir. Acho que prefiro.
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16h27. Apaguei as referências a maconha do outro post a pedido de um bróder. Será que me sentirei obrigado a apagar deste também? Acho que apagarei usando o mesmo método do outro, pois o resultado me divertiu. Me lembrou brincadeira de detetive.
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16h38. Dei mais três peguinhas no beque e vou queimar o resto agora. 16h41. Minha mãe acabou de ligar, vai passar aí embaixo agora para deixar um dos carros e ir com o marido a Boa Viagem. Ótimo ela ter ligado antes de eu acender. Se ela subisse ia ser a maior merda. Vou pastorar o carro dela, para me organizar. Indo a Boa Viagem ela vai demorar pelo menos duas horas, tempo ótimo para curtir a lombra com nóia zero (afinal estava um pouco noiado até agora, pois não tinha certeza da hora em que ela ia chegar). Vou lá.
Não sei se era mamãe, não tive certeza, não vi direito. A única outra medida que pode me dar alguma segurança de que ela já passou aqui e partiu é o tempo. Ela estava na BR às 16h41, não dá mais do que meia-hora de lá para cá. Dá uns 10 minutos com trânsito bom. Então, de 17h10 se ela não aparecer aqui em cima, posso acender. São 17h02... Acho que vou esperar até 17h15.
Perfeito. Às vezes a vida é muito melhor do que a gente merece.
A nóia independe de condições, a nóia é inerente ao meu bode. São praticamente sinônimos.
Porra, pensei no disco ideal para ouvir agora: sou, de Marcelo Camelo. Tô com uma saudade danada desse disco. Fumar um cigarro e emendar no beque.
Chuva no finalzinho de tarde, que lindo! Vou para a varanda enevoar.
17h17. Acabou-se o beque e está vindo um bode galopante. A idéia de Algo ser “ilegível” me agrada cada vez mais. Significa que quem lê realmente quer ler e faz um esforço a mais para isso (um esforço que não é grande o suficiente para ser intimidante e que é um tanto recompensador, como um game). O bode aliviou mais. Vou botar sou. Não, primeiro eu vou fumar um cigarro, independentemente delas estarem saindo.
É incrível como a música interfere no meu estado nesse estado. A primeira música de sou me é deliciante. Todos os sons dela são agradáveis ou viajantes. Certamente uma das músicas de Algo. Principalmente pela frase “todo ser humano pode ser um anjo”. Eita, vou colocar links em todas as menções de Algo que eu faço. É minha autopublicidade.
Antes de publicar este texto vou publicar primeiro a introdução de Algo. Aliás vou fazer isso agora.
Me perdi no meio do caminho procurando a capa de Algo (que ainda não achei) e fiz uma montagem – “lindas” – com imagens em preto e branco que eu tinha. Vou postar.
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Publiquei o “lindas” e mais um outrodesenho que achei. Preciso achar a capa de Algo. Parece sempre que uma coisa me impede de publicar.
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18h18. A maconha realmente me deixa paranóico e antissocial. Vi a chave do vizinho do lado de fora da porta e não tive coragem de tocar para avisar. Estou aliviado que a maconha acabou. Não sei se isso muda manhã. Se mudar, foda-se. Não tenho mais como esmolar. Melhor assim, embora me bata uma agonia. É o bode que me deixa paranóico e angustiado. Vou tomar um banho. E mamãe já está perto de chegar, que merda. Junto com o bode é foda. Tem que ser depois do bode, please! Que burrice não ter antevisto isso. Vou tomar um banho.
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19h49, finalmente achei a capa deAlgo.
20h11. Fui bater um rango e mommy chegou. A barriga pesou e estou louco por um cochilo (mas a esta hora a progenitora vai achar estranho). Vou arriscar. Quero acordar e voltar a escrever ou talvez dormir até o outro dia. Vamos ver...
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21h39. Não consegui dormir, mendiguei de mamãe um café e estou aqui. Ainda não postei a introdução de Algo. Estou com medo, receio e achando que tá tudo errado (comigo). Na verdade também estou pensado em lirroty, o que é gostoso e quente, não fora a impossibilidade...
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