E se você estivesse escutando Bloom do Radiohead nesse agora-depois (como eu estou nesse agora-antes)?
E se você escrevesse uma história tendo uma pessoa real como inspiração direta? E se toda vez que um dos dois a relessem o outro lembrasse daquele que está lendo? E se um tivesse raiva do outro, como seria? E se os dois se amassem? E se só um amasse? E se eles estivessem cada um em uma cela onde nunca mais veriam outra pessoa? E se apenas um estivesse numa cela; o outro, pelo inverso, estivesse num enorme casarão com imensos jardins, gramados floridos repletos de sol e céu e árvores de porte imponente e bom fruto, com borboletas azuis ensolaradas, pássaros a gorjear, onde tudo ficasse ainda mais belo ao pôr-do-sol [que é quando a saudade dos homens canta mais alto o seu lamento])? O que cada um sentiria ao lembrar do outro?
E se eu estivesse doidão? O que seria de mim se as pessoas erradas (ou seriam certas?) descobrissem? Como seria o interrogatório e a culpa (culpa esta que agora consigo apenas emular brandamente? Não quero pensar nisso, prefiro absorver esta criatividade debochada e cheia de curvas e desvios que tanto me dá prazer. Principalmente ao som desse Radiohead novo. Ele me parece pobre de uma forma rica, no sentido de que muita técnica, trabalho e arte foram utilizados para produzir resultados minimalistas, que parecem ter menos do que têm. Em verdade, o som parece fraco, raquítico – é isso, porra!
Acho que a coca-cola me faz bodear. Ou é esta parte do CD... negocinho chato, um tal de chuá, chuá... Feral. É, me deixou uma fera. Entrou uma melhorzinha, Lotus Flower, a do clipe:
Que para, para mim, lembra a este (afinal ambas são danças [coreografias?] ridículas meio que levadas a sério por seus performers...):
Sem saco nenhum pra ouvir Radiohead. Vou fumar um cigarro com uma coquinha... e acho que vou ouvir Audioslave pra ver se me instiga.
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Voltei. E se eu achar que minha lombra tá arreando e que eu vou achar uma merda tudo o que escrevi e não publicar? Tenho que me comprometer comigo mesmo a publicar porque isto também é uma expressão da minha alma e o meu blog deveria ser a expressão mais nítida da minha alma (se eu conseguisse ser tão despudorado da minha privacidade na careta). Blogs nada mais são que depositários da alma. É onde qualquer um que tenha poesia na alma (mesmo que a mais pervertida possível) pode tirar de si um pouco do peso dos sonhos e desesperos que carrega e repartir o brilho das alegrias que ocasionalmente lhe douram o rosto. Botei Audioslave, finalmente. Tá melhor para o momento. Muito melhor. Mas ainda não tá bom, acho que estou bodeando. Sentimento chato. So you don’t feel paaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaain! Eita, começou Be Yourself. Pode me chamar de brega ou o que for, mas tá um som massa. A música tá com um poder enorme na minha lombra hoje. Mas to meio noiado de mamãe acordar e me dar um susto com aquela cara de sono, irada, me mandando dormir. Mas faz tempo que ela não age assim. Acho que a nossa relação melhorou. Mas quando penso no peso que sou (que ela ache mais ou menos pesado que eu não muda o fato de ser peso) me dói o coração. E logo penso no que deveria fazer e onde deveria estar para não ser mais peso (não falo de morte, falo de estar trabalhando e vivendo sozinho...). Eu tive uma epifania agora. Eu sempre tive uma opinião na vida que não sabia que tinha até então. Nenhuma dos lugares que eu morei enquanto independente foram melhores que a(s) casa(s) dos meus pais. Exceto o período com Clementine (mas até dele tenho medo neste exato momento). Enfim, por não terem sido melhores e, em geral, terem sido muito piores, eu conclui que o que o trabalho traz é sofrimento e que se eu ficar sem trabalhar, indefeso, eu vou poder continuar na casa da minha mãe que sempre foi onde eu fui feliz e estive seguro. Logo, aqui – estagnado, vagabundando e parasitando minha mãe – é onde estou mais seguro e, em teoria, mais perto da felicidade. Se aqui é o melhor que há e tenho medo das outras opções e da dor inevitável que acho que me trariam, porque me mover? Paralisia medonha. Acorrentado a uma lógica medonha, preso a uma fobia dantesca da qual não consigo escapar.
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Entrou no Radiohead de novo e eu botei Björk. Volta, Earth Intruders. Fumar um cigarrim com coca. Talvez dois Bono de Morango.
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Sem Bono. Wonderlust. É um saco lutar contra o bode, por isso a vontade de fumar a outra metade do beque (ou seja, outro beque, pois desmanchei um, misturei com cigarro e fiz dois).
Sei não. O pessoal do apê ao lado ainda está acordado. Minhã mãe apagou a luz da cozinha (ou seja, já deu uma corujada que me nóia) e não terei outro para fumar amanhã. Embora nesse exato momentos eu não gostaria de fumar amanhã. Mas amanhã, quando não estiver bodeado, eu provavelmente vou querer fumar. Sei não. Eu poderia fazer o meio-termo, talvez. Esperar meia-hora para ver o que acontece e conforme o caso não fumar, fumar 1/3 ou fumar meio beque. Mas acho que não vou fumar não. Que indecisão do caralho. Papo chato de doidão do caralho. Vá se foder, eu! (é, bem que eu podia me masturbar para ver o que acontece [será que vou ter coragem de publicar isso?]. Ah, mas nem tá batendo vontade...)
Que bode violento. Não tem nada que eu queira fazer que pareça aplacar essa agoniazinha bezourinho-abelhinha... e se eu fizesse algo no Corel? Pode ser. Vou lá. Mas antes botar U2 num volume mais baixo. Até Bjork tá me dando nos nervos.
Coloquei The First Time, The Fly e o Joshua Tree todo.
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Acabei meu desenho do Corel, se passaram meia hora, mais ou menos. A lombra já está bastante arreada e eu vou tomar coca-cola e fumar um cigarro. E descobrir qual vai ser minha sina. Passando One Tree Hill.
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Não vou mais fumar maconha hoje. Tive outra epifania. E se me obrigo desde já a todo dia publicar um post com uma parte de Algo. A merda que seja (e espero muito que não sejam só merdas). É o que eu vou fazer!
Eu não disse que tinha feito algo no Corel. Ei-lo:
Vou correr para publicar isso e já a primeira parte de Algo (que escrevi no albergue de drogados).
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