segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O que é amor (de amantes)?


Este é um tema bastante desafiante para mim, por isso deve ser divertido transcorrer sobre ele.

Primeiro e antes de tudo, no amor amor, ninguém é amante, todo mundo é amador. Não importa quantas vezes já se tenha amado, se apaixonado, sofrido e levado o pé na bunda. Quando a coisa se dá de novo é como se fosse a primeira vez. Precavido ou atirado, experiente ou novato, todo mundo vai aos tropeços e solavancos, seguindo as batidas do coração apaixonado, que às vezes vai rápido demais e às vezes quase pára sem nenhum controle. E tudo o que havia se jurado nunca mais repetir vira promessa de ano novo. E todos os frios na barriga e todas as dúvidas e certezas voltam. Com novos tons, novos olhares e sabores é certo, mas com uma textura inconfundível e perene de amor, como um novo sabor de sorvete guarda, apesar do sabor diferente, todas as propriedades comum aos demais sorvetes.

O amor amor para mim começa sempre com uma avassaladora e retumbante paixão. Uma febre, um vício, uma obsessão que só se aplaca momentaneamente com o êxtase de cada encontro. Esta enorme paixão que é o começo de um grande amor, quando correspondida, é a droga mais sublime, o prazer maior da minha existência (note-se que não tive filhos [ainda?]). Proporcionalmente, qualquer coisa que vá contra tal paixão, que a negue, é profundamente doloroso, quase insuportavelmente doloroso. Basta um “não posso sair hoje contigo” para o dia se transformar no juízo final. A paixão paixão para mim é uma montanha-russa emocional e, como uma montanha russa real, adoro seu passeio, suporto seus picos de aflição pois a recompensa da queda livre de amor, carinho, sexo e desejo plenos sempre compensam a aventura.

Na fase de paixão paixão é inevitável – para mim – sentir uma dependência quase de droga da outra pessoa. O coração de um está nas mãos do outro, dois cegos tateando o desconhecido, guiados pela luz invisível da intuição sentimental. É sublime e assustador, é estar completo por entregar-se inteiro; é passageiro. Sim, paixão paixão não dura para sempre porque é impossível viver em eterno êxtase. Ninguém agüenta – eu não agüento – viver a vida inteira numa montanha-russa, a natureza não nos fez para viver paixões paixões sem fim. Filmes de amor duram apenas duas horas, duas e meia. Filmes de amor acabam no ápice da paixão paixão, não mostram o depois. Não que o depois seja ruim (e sugerir que seja é um dos grandes enganos da nossa cultura atual). Eu vejo assim: é como se no final da montanha-russa, o carro fosse perdendo o empuxo que tinha no começo e acabasse desaguando em um rio, num passeio de bote, que pode ser o barco do amor ou o barco do terror (ou uma mistura dos dois, o que é mais comum). Fato é que, ao sair da fase da montanha-russa, onde não se tem controle nenhum sobre o carrinho, e cair no rio, cada um pega um remo e vão em conjunto guiando o carrinho-bote na direção que acordarem. Nesta fase, eu diria que, enfim, de amadores, as pessoas que se amam passam a se tornar amantes, a readquirir o controle sobre si e sobre a relação com o par. É neste momento em que decidem juntos que caminhos seguir, que descobrem que diferenças possuem, que admirações admiram, se são capazes de seguir no mesmo barco, se é bom estarem juntos na travessia do rio da vida. É um momento crucial para descobrir se o que se tem é amor amor ou paixão passageira. É aí que o elo mais profundo e menos carnal se dá. Por ser menos direta, menos imediata, menos carnal, mais subjetiva, mais diálogo e menos gemidos, por exigir mais esforço (afinal agora não são os trilhos que levam o carrinho, é preciso remar) que esta fase está tão fora de moda nestes dias de consumo imediatista, fácil e superficial. O que é uma pena para os que não investem, pois nenhuma intimidade é tão profunda e bela quanto a do amor amor. Não vou negar que, apesar dos picos de paixão aqui e ali, o amor amor vai se transformando numa grande e bela amizade regada a sexo cada vez mais esparso. Mas também não posso negar nunca que isso é bom ou estaria negando a mim mesmo e o que vivi.

Os detratores podem dizer que nenhum dos meus amores durou para sempre, porém a maioria (três dos quatro) durou o suficiente para virarmos amigos-amantes íntimos. Aliás, todas elas começaram como amigas antes de tornarem-se amores, o que facilitou quando a montanha-russa chegou ao fim. Confesso, entretanto, que nunca passei da fase de amador para a de amante. Talvez nunca deixe de ser amador, pois, para mim, simplesmente não é possível aprender tudo sobre a outra pessoa. Nem seria interessante, pois uma das delícias de amar é que sempre há surpresa e descobertas, desafios, bons ou maus, chatos ou hilários. E sempre há calor. Ah, sempre há calor em quem ama. O calor é o que há de mais importante e precioso em amar.

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Não desgosto, mas acho que ficou superficial demais. Também com um tema tão abrangente e profundo...

sábado, 21 de janeiro de 2012

Amor

DESAFIO ESCRITO VIII – AMOR
Participantes: Mateus Souto Maior, Daniel Násser e Boto de Gatas
Este tema foi sugerido por Daniel Násser.




Amor. Língua e lambidas são as primeiras palavras que me aparecem. Elas sugerem bem a intimidade que busco no amor. A intimidade que me falta. A falta de pele, cabelo, de língua, de lamber, de lamber língua. Seminua é outra palavra. Seminua na minha sala, sem vergonha de nada, como se a casa e a casa da alma fossem suas. Para estar desinibidamente seminua ali, sem dúvida são. Intimidade. É com ela que se constrói o amor e é a ela que o amor tem que sobreviver. Todos nós temos feiúras escondidas em nossas intimidades, como também temos lindos pormenores. O amor é a arte de se revelar, por necessidade de ter também o outro revelado diante de si.

Gosto de como meu coração liga música a amor. Eu sou um homem de fases musicais, tem épocas em que uma canção ou grupo de canções torna-se trilha sonora do meu cotidiano. É ótimo quando uma fase dessas coincide com uma fase de paixão, pois as músicas ganham o perfume da menina bordada de flor. E quando, tempos depois, a música calha de reaparecer em minha vida, o perfume daqueles dias ensolarados retorna como doce lembrança. Lembrança-poesia. A poesia é a linguagem do amor e do belo. Tudo o que é amado é belo. Tudo o que é amado é poesia. Gostaria de saber dizer mais poesia, sei mais amar poesia. Não há nada mais poético que o ser amado aos olhos de quem ama. É quando o humano se torna sublime, a beleza se torna máxima, o encanto se torna mágica. Faz tempo que não olho alguém assim e esse alguém me olha assim de volta. Sobra-me amor, transborda-me o amor, mas sem ter quem o receba, quem o sorva. Mas terá. Ah, se terá.

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Sim, não fora pelo amor da minha mãe, hoje eu estaria fodido. Fodido. E houve tempos em que duvidei deste amor...

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Os textos dos outros autores estarão em seus blogs Sub Rosa e Mateus Souto Maior Barros até a sexta-feira (27/01/2012)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Corel Music 2

A idéia foi criar desenhos rápidos no Corel ao ouvir músicas. Legal seria você ver ouvindo as músicas para ver se combinam. Bom, esta é a outra parte dos resultados.



















 15h01. Fumar meio beque. 15h18. Meio beque, meia lombra. Num nível bom, quase ótimo. Sem paranóia, o que é melhor. Boas, condições externas – principalmente sociais, além da tarde chuvosa e da coca normal geladíssima – ajudam. Botar um som, a continuação da set list de ontem. Parou no meio de Wanderlust, de Björk. Não é muito o que quero. Próxima.

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Estava fazendo mais um Corel Music (de Dull Flame Of Desire) e ao salvar eu descobri que certas grandes soluções de interface surgem só depois de muito uso, por exemplo, ao digitar o título do arquivo a ser salvo, abaixo dele surgem nomes de outros arquivos que contém as letras digitadas, para o caso de o nome digitado ser a continuação ou parte de um trabalho de nome semelhante, aí basta selecionar o nome preexistente e colocar “2”, como fiz agora, sem necessidade de digitar o nome todo. Doidão...

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16h10. Fiz mais dois desenhos. Vou desenhar no papel mesmo.

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17h49. Fumei a outra metade do beque. Quero ouvir sou, do Camelo para fazer mais uns desenhos, mas não sei onde o CD está. O pior é que salvei dentro do computador e também não acho... Poooorra vou jogar um tirinho do Zelda, isso, sim... Enjoei no segundo nível. Vou fazer outra coisa... Fiz. Vou ver Guerra dos Mundos agora. 



Corel Music

A idéia foi criar desenhos rápidos no Corel ao ouvir músicas. Legal seria você ver ouvindo as músicas para ver se combinam. Bom, esta é a primeira parte dos resultados.













Exatamente 20h00. Estou com sono, mas também armado para uma noite de captura de pensamentos. Acho que vou tirar um cochilo até a hora de pescar.

20h38. Fiz um set list para a pescaria. Eles já foram para o quarto. Já, já ligo.

(Será que vou durar até o final desta lista.
Acho difícil, já estou com sono...)


20h49. Estão discutindo no quarto...

21h14. As luzes ainda estão acesas lá dentro. Não importa, de 21h25, eu vou queimar.

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Escadas de incêndio têm como principais finalidades tirar sarros (ou além) e fumar baseados sem incomodar ou sermos incomodados.

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21h39. Iniciada a pescaria. Vou dar play no set list. Está me incomodando um pouco... Está passando o incômodo... Bebel começou a cantar, tornou-se muito mais agradável, parece que me coxixa aos ouvidos algum segredo. Até porque as vozes migram de um ouvido para o outro. 9h43. Minha mãe apareceu! Inesperada e desconfiadamente. Me inquerindo, desconfiando. Reagi tranqüilamente, muito mais do que imaginaria, perto da reação que eu teria se não tivesse feito nada. Ela inquiriu do cheiro. Foi a pior parte. Fiquei apenas impassível. Audioslave. Pular o assunto junto com a música. Bode, não, please. It’s too early. Não, vou mudar Audioslave. Legião... ... ...Estou num processo de lombra pesada, só chapando na música. 

21h50. Corel Draw é melhor que escrever.
22ho7. Porra, perdi tudo! O Corel fechou.

10h14 da noite. Pronto. Sento aqui e bate o bode. Fumando um cigarro agora há pouco, eu pensei até num diálogo mais ou menos assim:

Ela, mãe cinqüentona, para o seu filho de dezoito anos:
- Quem além de você fuma? Vamos, diga!
- Pense em um.
- Claudinho!
- Fuma.
- Buchecha, Fabinho, Magno, Beltrano?!
- Fumam. Pense mais alto.
- O Senador Collinns?
- Fuma.
- Eu sabia!

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O que eu tava fazendo no Corel era um desenho no baseado no som de cada música. Acho que vou tentar de novo. (Coisa mais inútil, o que minha mãe pensaria de eu estar gastando meu tempo com isso?...)
Vou postar no início do blog o que eu estava fazendo no Corel até agora. São 00h38 e acabei de fumar a outra metade do beque. Isso me deu uma revonada... inclusive na nóia... ouvir um som...




quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Tiazinha

Não exatamente esta...

Estou me sentindo como aquelas tiazinhas mal amadas que não tem nada o que fazer e se interessam demais pela vida alheia. Tenho me agoniado excessiva e sinceramente com os problemas de amigos, seja um que vacilou no trabalho, ou outra que está sofrendo de amor ou ainda uma que tem lutado destemidamente com os concursos.

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Por falar em concursos, vendi um quadro e penso em aplicar o dinheiro na inscrição do concurso do Senado. Treze mil reais por mês, imagina a concorrência. Tenho menos de dois meses para estudar e há gente que se dedique a essa prova há quatro anos, logo minhas chances são mínimas, senão inexistentes. Mas, para não me sentir tão tiazinha, seria algo no que eu poderia me focar e me sentir produtivo.

Penso ainda em aplicar o restante do valor do quadro em uma meia cinqüentola e na assinatura do Par Perfeito e passar os 30 dias de acesso mandando cartas diárias para lirroty. Quem sabe não chamo sua atenção e, numa reviravolta do destino, deixo de me sentir tão mal amado? Se sobrar algum dinheiro, gostaria de comprar o novo CD de Gal. Achei muito interessante o que ouvi no YouTube.



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O blog pulou de 1.002 acessos ontem para 1.047 agora. Eu não tenho explicação para tantos acessos, só sei que me serve de motivação para escrever mesmo sem ter o que dizer – como agora – para que o público não debande por falta de atualizações.

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A coisa que mais me chamou a atenção esta semana foi isto:


Um casal sacrificou um velho cavalo e, depois de esviscerá-lo, ela se despiu e entrou dentro da carcaça do bicho. Não consigo imaginar a sensação e nem sei se eles são fãs de Guerra nas Estrelas, só sei que, realmente, os desejos humanos vem em todas as formas, cores e sabores. Ah, eles não cometeram crime algum, posto que não mataram o animal com este intuito e, lá de onde eles são, não há legislação para a violação de corpos de animais mortos.

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 Vi dois filmes que recomendo. Ambos tratam de amor em estórias de ficção científico-metafísica. Muito divertidos e, por que não, inteligentes para o que se propõem.




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Pronto, acho que já tem besteirol demais para um post só.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

IURRÚÚÚÚÚÚ!!!!!!






Tentativa de poesia

Olhos azuis
Idéias anis
Foco de luz
Traços de giz

Sonho impossível
Imagem na tela
Levanta o véu
Nessa novela
Em sim resvala
E se revela
Nele, ela,
Olhos de aquarela

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Interferência


A “interferência” só se encaixa direitinho ao site se você clicar aqui.

Emperrado

Evolução?


Eu me vejo e me sinto como uma engrenagem emperrada. Isto é melhor do que a forma como eu me via ontem, pois uma engrenagem é feita para se mover e basta desemperrá-la para que o faça. Antes me via e me sentia como uma pedra. Para sempre inerte. Imóvel. Inútil.


Aqui eu posso tudo

Eu botei um subtítulo no blog e nunca escrevi nada que o justificasse. Pois bem.



Aqui eu posso tudo. Posso não fracassar, posso até ser bem sucedido – aliás, posso ser o mais bem sucedido. Aqui eu posso ser e sou Deus. Posso criar agora uma nébula vítrea cheia de olhos de libélula-madrepérola, o que quer isto seja. Posso pegar Sandy pela bunda, puxá-la para perto do meu corpo e lamber seu rosto, seu nariz, seus olhos, sua orelha. Posso fazer com que isto seja o que Sandy mais deseja na vida. Posso inventar um universo onde não haja fome que não possa ser satisfeita ou paixão que não possa ser vivida, onde as drogas não matam nem maltratam, onde trabalho é sinônimo de prazer, nunca de obrigação. Onde não haja obrigações, só satisfações. Posso até não sofrer aqui. Infelizmente só aqui. Fora daqui eu quase não posso. Mas deixa isso para lá, pois estou aqui e aqui eu posso tudo. Eu possuo tudo. Possuo uma coleção de bonecas japonesas expostas num castelo invisível. Possuo o mais agradável dos aromas, com cheiro de bosque e amor à tarde, um copo de coca-cola que sempre está geladíssima e nunca seca, um jardim ensolarado onde estendo uma toalha e, com os amigos, brindo às belezas dessa vida. Aqui eu posso ter um orgasmo que dure exatas doze horas e vinte e sete minutos e cuja intensidade seja quase mortal. Aqui eu posso dar um lento e carinhoso beijo de língua sempre que eu quiser e sempre em uma pessoa amada. Aqui eu posso ser belo e anjo ou, se quiser, monstro e demoníaco (o que não quero). Aqui eu posso perdoar todos os pecados de todos os pecadores e fazer seus corações bons e sem culpa. Aqui eu posso fazer com que não haja culpa, pois posso fazer com que tudo o que todos queiram seja serem felizes honestamente. Eu posso criar infinitos infinitos que se multipliquem infinitamente em infinitos infinitos outros. Eu posso ver o nada. Aqui eu posso tudo. E ninguém pode me impedir.



domingo, 15 de janeiro de 2012

Escrevendo por escrever

Escrever por escrever, por não haver nenhuma disposição melhor na alma que esta. Ouvindo Audioslave, Be Yourself. Estou numa fase Audiosalve atualmente. Coloquei, só para dar um sabor diferente, Santa Chuva com Maria Rita na seleção. Gostaria de estar com vontade de pintar, mas estou árido desta ou de quaisquer outras vontades no momento.



Encontrei com Clementine há pouco, o que foi uma grata surpresa. A conversa foi pouco fluente e pouco espontânea para os nossos padrões, devido à presença de uma amiga dela à mesa. Ela cogitou uma possibilidade de comercialização para os meus quadros (o que me animou medrosamente) e inquiriu sobre a minha nova paixão de internet, que, por sinal, foi o sujeito do meu último quadro (embora uma das pessoas que viram achou o resultado mais parecido com Michael Jackson...).

Gostaria de falar da pessoa que chegou depois e sentou-se à mesa, já que trouxe um colorido inusitado e tão próprio  à nossa tarde, mas temo não ser capaz de fazê-lo de forma que não soe pejorativa, por mais que adore e admire tal pessoa. O mundo não é complacente de entendimento com certos tipos de gente, infelizmente.

Pretendo transformar Algo 0003 em uma livreto, em formato A6, como um cordel, e tentar imprimi-lo na Livrinho de Papel Finíssimo. Mas a vontade efetiva para isso também me falta no momento.

16h26. Vazio existencial. Santa Chuva rolando. Vou fumar. Quando voltar, fazer um set list maior, eu acho. Vixe, tô com preguiça até de ir fumar, tô preferindo ouvir a música até o fim. Preguiça dos inferno. Parece que estou grudado na cadeira. Vixe, vixe, vixe.

16h29. A música acabou. Vou lá baforar.

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16h41. Dois cigarros depois continuo com esse sofrimento brando, essa agoniazinha leve zunindo no juízo. Talvez seja o nada desejável para fazer, o peso do ócio. Talvez seja a depressão pinicando. Estou começando a achar que o cigarro é uma das causas, pois quando fumo sinto-me pior. Não sei. Só sei que é chato. Não consigo imaginar nada melhor para fazer que não escrever. Parece que dizer as coisas para mim mesmo através de letras me alivia, é como se, ao depositar esses sentimentos no Word, eles se afastassem de mim. Be Yourself rolando. Música me alivia, distrai, também. Ao meu redor, um copo de coca-cola geladíssima, uma lava lamp dada a meu irmão por sua esposa, fotos de pessoas amadas, o Wii, um calendário balançando ao vento. A tarde está levemente melancólica, sem sol aberto de verão. Há uma grande concha atrás do copo de coca e pincéis num porta-lápis atrás do computador.



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16h50. Estou pensando em aumentar a parte de trás da cabeça da pintura que fiz de lirroty para ver se ela fica se parecendo menos com Michael Jackson. Esse comentário destruiu meu gosto pela obra. Eu já sabia que não tinha ficado tão linda ou parecida com lirroty, mas Michael Jackson foi demais. Fumar e repor a coca. Não fiz a set list nova. A atual tem só quatro músicas. Acho que vou por o sou de Camelo para ouvir no headphone. No som não rola, pois minha mãe e padrastro estão dormindo. 16h56.

Michael Jackson?


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17h05. Coloquei o sou e copiei o disco para o HD (embora não tenha conseguido achá-lo). Acho que finalmente me libertei da minha paixão platônica. Depois de tanto rechaço - sempre de forma educada e sempre doloso - acho que enchi o saco. O que sinto agora, nesse exato momento, é um desprezo meio rancoroso. Um foda-se, tem quem queira. Um foda-se, alguém vai receber todo o sentimento que você não quis ter e nunca terá igual. Foda-se. É bom isso, libertador. E eu sei que não é culpa nem problema dela não sentir nada de amável por mim. Mas passei mais de uma década penando com esse sentimento e com a neura de Algo. Enfim, me libertei dos dois. E embora a libertação seja doce, não é tão deliciosa ou grandiosa quando eu esperava. Uma libertação medíocre, para ser sincero. Mas a liberdade de qualquer tamanho que seja é inestimável. Só que esperava uma euforia carnavalesca, de campeão da copa do mundo dentro da alma, o que não ocorre. “Tudo passa”, canta Camelo.

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17h13. Sei mais o que dizer não. E isso é ruim porque, sem palavras, a agoniazinha volta. Vou mexer um pouco no Corel.

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17h45. Fiz a capa do cordelzinho de Algo:



17h46. Vou ver se acho a câmera para tirar a foto do quadro de lirroty para postar aqui.

17h54. Tirei, mas não achei o cabo que transfere as imagens para o computador. :P

Que nada para fazer horrível. Aaargh!

Vou procurar três imagens no Google para postar. Pelo menos é um passatempo.

18h22. Pronto, achei. Muito mais de três, muitas sensuais/sexuais. Foi fácil achar imagens, fui no ffffound. Foi bom que passou o tempo. Vou fumar.





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18h31. Chega, vou parar de escrever este post senão não acabo nunca. Vou agora organizar os textos dos diários de um manicômio e de um albergue de drogados. Xau! 

Pensando sobre drogas



Deixar as drogas, seja elas quais forem, é algo tão difícil por causa principalmente de um conflito, um bug, do cérebro. Nós e a maioria dos animais somos programados para entender que o que traz prazer/recompensa/satisfação é bom/útil/necessário e, portanto, deve ser abraçado e buscado, não abandonado e esquecido. Logo, é muito difícil entender que algo que traz tanto prazer quanto as drogas seja  prejudicial, pois isto é ir contra a nossa própria natureza. O uso de drogas é exemplo bastante ilustrativo do maior problema das civilizações humanas: o eterno conflito entre o natural e o não-natural, entre o que vem com o homem desde antes de sua humanidade e o que a sua humanidade construiu e acumulou artificialmente.

I am the sleepless highway



3h31. Sem sono. Deveria me esforçar para tê-lo, se soubesse como fazer isso. Acordei às quatro e meia da tarde. Ouvindo I’m the highway, do Audioslave. Chapei nessa música fortemente. “I am the lightening” –  chapei muito nesse verso por algum desses motivos inexplicáveis. E a música toda para mim é visualmente muito evocativa. Eu imagino uma viagem pelos desertos americanos, num enorme cadilac conversível, pegando uma highway numa daquelas retas que não parecem ter fim, com um céu enorme acima e aquele chão seco, aquelas pedras velhas em volta, com cactos ocasionais. Uma viagem sem destino certo, indo só pela vontade de ir, de estar só, na estrada, no carro, correndo, curtindo a solidão e a imensidão solitária do deserto. Fugindo da civilização, sendo um stranger nas eventuais paradas para dormir e abastecer. Vivendo tudo pela primeira vez, novos (e passageiros) lugares, novos (e passageiros) rostos. Se sentido maior e mais livre por se estar só. Se sentindo o relâmpago e a noite, se sentindo um com o mundo e com o caminho. Por estar e ser a estrada.

Babaquice da porra. (Mas eu gosto do meu lado brega mesmo assim.)



I Am The Highway
(Audioslave)

Pearls and swine bereft of me
Long and weary my road has been
I was lost in the cities
Alone in the hills
No sorrow or pity for leaving I feel

I am not your rolling wheels
I am the highway
I am not your carpet ride
I am the sky

Friends and liars don't wait for me
I'll get on all by myself
I put millions of miles
Under my heels
And still too close to you
I feel

I am not your blowing wind
I am the lightening
I am not your autumn moon
I am the night
The night


4h10 e ainda sem sono. :P
Vou fumar um último cigarro e me deitar, mesmo assim. Boa noite, universo, com suas estradas e raios.

Catando pensamentos

Este post foi escrito na quarta passada (11/01/2012)

São 15h03 e fumei um terço do beque com cigarro. Ainda não senti, se é que sentirei, algum efeito relevante. Estou aqui para apanhar os pensamentos que me ocorram. Estou sozinho em casa. Ter uma tarde linda só para mim é uma sensação boa. O efeito-quase-não-efeito não é bom. Como se já pulasse para um bode fraco. Mas não quero falar disso. Quero apanhar pensamentos mais distantes de mim e de agora. Esperar que surjam. Fumar um cigarro com coca.

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Rememorando minha última recaída e degustando a tristeza deste meu último grande fracasso. Gostaria que pensamentos alegres surgissem, não essas melancolias quase frias que deixam a alma pesada. Será que no fundo eu acredito em alma? Eu escrevo tanto este termo... Mas acho que é só por ser uma versão mais poética do “eu”. Mas o que seria o eu se não é alma? Por que o eu não é alma é mais fácil de responder: o eu não transcende a vida do corpo que o carrega e produz. Não existe eu após a morte. O eu é imanente do corpo (vivo), não existe separado dele, posto que é parte/manifestação dele.

O que me deixa com a pulga atrás da orelha é que o eu, em especial o humano, me parece demasiado complexo e contraditório para ser apenas um sistema gerencial das necessidades fisiológicas do corpo e da interação deste corpo com o ambiente externo. Entendo a necessidade de haver a capacidade para abstrações, posto que é necessário planejar para caçar, é necessário projetar ações e reações para prever o resultado de uma caçada ou para saber que o esconderijo é seguro. Mas me espanta a capacidade de criar um computador da matéria bruta que a natureza oferece. Ou um instrumento de tortura. Me espanta como os homens discordam em suas abstrações, como suas opiniões sobre um mesmo fato fazem o fato se transformar, se multiplicar em fatos diferentes, como se uma pessoa descrevesse as luzes e a outra as sombras de um objeto (não conseguindo ou não querendo ver o objeto como um todo). Acho que enchi o saco de escrever sobre isso. Vou fumar um cigarro com coca-cola. Tô pensando em fumar a outra parte do beque...

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Podia ver um filme. Podia cumprir minha promessa de publicar uma parte de Algo por dia. Não posso morrer. Posso fumar a outra parte do beque, mas não quero realmente. 15h38. Lirroty podia entrar no Par Perfeito. Eu podia ter uma namorada (será que ainda posso mesmo?).

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15h49. Fui dar uma olhadinha no Par Perfeito e acabei ajeitando alguns trechos do post de ontem. Nada de lirroty, claro. A última vez que ela entrou foi em agosto, muito antes de eu me cadastrar. Acho que é esse meu desejo pelo fracasso, pelo impossível. Mas o olhar dela, tão doce e azul, encantado. Como queria aquele olhar para mim e por mim. Fumar.



XXXXX

Depois da última recaída, até as empregadas aqui do lado, que sempre me trataram com amor e carinho (recíprocos), estão me estranhando. Isso dói. A família nem se fala. Imagino o que não foi falado de mim para que os olhares tenham se tornado tão desconfiados. Imagino como deve ser meu olhar desconfiado em retorno. 16h00. Se eu fumar o resto agora, terei uma hora, hora e meia de tarde sozinho para aproveitar e nada à noitona para curtir. Acho que prefiro.

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16h27. Apaguei as referências a maconha do outro post a pedido de um bróder. Será que me sentirei obrigado a apagar deste também? Acho que apagarei usando o mesmo método do outro, pois o resultado me divertiu. Me lembrou brincadeira de detetive.

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16h38. Dei mais três peguinhas no beque e vou queimar o resto agora. 16h41. Minha mãe acabou de ligar, vai passar aí embaixo agora para deixar um dos carros e ir com o marido a Boa Viagem. Ótimo ela ter ligado antes de eu acender. Se ela subisse ia ser a maior merda. Vou pastorar o carro dela, para me organizar. Indo a Boa Viagem ela vai demorar pelo menos duas horas, tempo ótimo para curtir a lombra com nóia zero (afinal estava um pouco noiado até agora, pois não tinha certeza da hora em que ela ia chegar). Vou lá.
Não sei se era mamãe, não tive certeza, não vi direito. A única outra medida que pode me dar alguma segurança de que ela já passou aqui e partiu é o tempo. Ela estava na BR às 16h41, não dá mais do que meia-hora de lá para cá. Dá uns 10 minutos com trânsito bom. Então, de 17h10 se ela não aparecer aqui em cima, posso acender. São 17h02... Acho que vou esperar até 17h15.

Perfeito. Às vezes a vida é muito melhor do que a gente merece.

 A nóia independe de condições, a nóia é inerente ao meu bode. São praticamente sinônimos.

Porra, pensei no disco ideal para ouvir agora: sou, de Marcelo Camelo. Tô com uma saudade danada desse disco. Fumar um cigarro e emendar no beque.

Chuva no finalzinho de tarde, que lindo! Vou para a varanda enevoar.

17h17. Acabou-se o beque e está vindo um bode galopante. A idéia de Algo ser “ilegível” me agrada cada vez mais. Significa que quem lê realmente quer ler e faz um esforço a mais para isso (um esforço que não é grande o suficiente para ser intimidante e que é um tanto recompensador, como um game). O bode aliviou mais. Vou botar sou. Não, primeiro eu vou fumar um cigarro, independentemente delas estarem saindo.
É incrível como a música interfere no meu estado nesse estado. A primeira música de sou me é deliciante. Todos os sons dela são agradáveis ou viajantes. Certamente uma das músicas de Algo. Principalmente pela frase “todo ser humano pode ser um anjo”. Eita, vou colocar links em todas as menções de Algo que eu faço. É minha autopublicidade.

Antes de publicar este texto vou publicar primeiro a introdução de Algo. Aliás vou fazer isso agora.
Me perdi no meio do caminho procurando a capa de Algo (que ainda não achei) e fiz uma montagem – “lindas” – com imagens em preto e branco que eu tinha. Vou postar.

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Publiquei o “lindas” e mais um outrodesenho que achei. Preciso achar a capa de Algo. Parece sempre que uma coisa me impede de publicar.

XXXX

18h18. A maconha realmente me deixa paranóico e antissocial. Vi a chave do vizinho do lado de fora da porta e não tive coragem de tocar para avisar. Estou aliviado que a maconha acabou. Não sei se isso muda manhã. Se mudar, foda-se. Não tenho mais como esmolar. Melhor assim, embora me bata uma agonia. É o bode que me deixa paranóico e angustiado. Vou tomar um banho. E mamãe já está perto de chegar, que merda. Junto com o bode é foda. Tem que ser depois do bode, please! Que burrice não ter antevisto isso. Vou tomar um banho.

XXXXX

19h49, finalmente achei a capa deAlgo.

20h11. Fui bater um rango e mommy chegou. A barriga pesou e estou louco por um cochilo (mas a esta hora a progenitora vai achar estranho). Vou arriscar. Quero acordar e voltar a escrever ou talvez dormir até o outro dia. Vamos ver...

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21h39. Não consegui dormir, mendiguei de mamãe um café e estou aqui. Ainda não postei a introdução de Algo. Estou com medo, receio e achando que tá tudo errado (comigo). Na verdade também estou pensado em lirroty, o que é gostoso e quente, não fora a impossibilidade...

Recife Antigo – reminiscências de uma night

A festa ainda rola aí do lado e eu aqui no café e no cigarro, doido para oferecer uma esfera.

Bom, ontem fomos ao Recife Antigo o roqueiro bróder de fé, dois de seus amigos e eu. Depois de uma negociação até que pouco tortuosa com minha mãe, dinheiro na mão do bróder de fé e recomendações em seu juízo, partimos para a night.



O Recife Antigo continua o mesmo e está muito diferente ao mesmo tempo. Gosto de que ainda haja tribos, que cada uma tenha o seu território mais ou menos específico e que possamos transitar por todos eles tranqüilamente, apreciando as pessoas fantasiadas de suas cores mais exuberantes, revelando suas personalidades nas roupas e gestos, vestindo-se de suas “ideologias”. É diferente do povo de shopping center, embora, no Recife Antigo, esses existam e se concentrem em frente ao Downtown. Há espaço para todos.

Em geral, o público do Recife Antigo sente-se e quer se fazer sentir diferente, de ser alternativo aos padrões vigentes. Pode parecer ridículo e adolescente, mas eu me identifico e me sinto à vontade entre eles, como se voltasse ao meu habitat natural. A diferença é que eu não faço parte da geração que domina as ruas. Embora os meus ainda circulem por lá, nós deixamos de ser a maioria, lugar ocupado por gente cinco, dez, quinze anos mais nova. Outra diferença é que o Recife Antigo não tem mais a mesma exuberância e a efervescência de 15 anos atrás, quando foi redescoberto e revitalizado. É tudo menos e mais pouco, mais esparso e desanimado, mas a essência ainda está lá. A energia, embora diluída, ainda é a mesma, um lugar para gente colorida por sonhos selvagens e hedonistas de juventude. Gente unida pela música, talvez o único ideal que subsistiu após a morte de todas as ideologias. Um lugar para se esquecer do cotidiano, do mundo careta e chato que cheira à segunda-feira de manhã ou fede ao “fantástico” domingo à noite.



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Uma das coisas que me peguei pensando ao observar uma das moças que por lá gorjeavam (e que não tive tempo de repartir na ocasião com bróder-rock [que por sinal é psicólogo]) foi que não gostaria de ter uma filha como aquela, vestida de preto, com meias-calças entre vulgares e góticas, debochada e fumando cigarros. Me dei conta de que, além de não querê-la como filha, não a queria como mulher tampouco, o que me fez deduzir que, na seleção cultural de nossos pares, fazemos inconscientemente uma projeção de como queremos que nossa prole seja e tentamos encontrar pessoas que se assemelhem a tais estereótipos. No meu caso, procuro pessoas o mais diferentes de mim possível (tipo Sandy e Natalie Portman), pois não gosto do que sou e não quero uma filha como eu; quero uma princesinha, disciplinada, estudiosa, linda e feliz.

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2h23 e a festa ainda rola aí do lado. Vi o UFC e confesso que não estou com muita vontade de escrever o resto deste post, então serei sucinto.

Da metade para o final da noite encontramos com amigas do bróder roqueiro. Elas eram bastante desinibidas, atiradas até. Uma fez pole dancing no poste (a mais tímida). Ensaiei alguns passos de forró com outra e em geral parece que as agradei o que foi um afago bastante precisado ao meu ego, senti aquela auto-confiança doce que se sente quando está sendo querido. Achei bonitinho e poético quando, ao invés de abaixar o vestido, a terceira delas o subiu um pouco para revelar um pouco mais as coxas. Descrevendo parece um ato vulgar, mas não foi assim que meus olhos viram, a mim me pareceu como uma declaração de amor pelos próprios atributos, inclusive pelo jeitinho que ela fez, como quem arruma a franja ou coisa assim.
Além disso, encontrei um colega do albergue de drogados, que estava muito bem, tomando coca-cola e isso me deixou muito satisfeito. Por fim, tomado pela coragem que o álcool traz, escrevi vários papeizinhos com o endereço desse blog e a indicação do post de Algo (Algo 0003). Funcionou como não esperava que fosse e o post já é um dos dez mais vistos.

Em resumo, foi uma noite diferente e feliz, que me esquentou a alma por ver e interagir com outros da minha raça de forma alegre e festiva. Uma raridade, uma noite-pérola. (Parece que pérolas se cultivam. Será que consigo cultivar outras assim?)

Obrigado bróder-rock-de-fé. Pela noite, pela força, pela amizade, por não ter preconceito. Espero um dia retribuir.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Preconceito



DESAFIO ESCRITO VII – PRECONCEITO
Participantes: Mateus Souto Maior e Boto de Gatas
Este tema foi sugerido por Mateus.

Nos olhos de quem vê.


Está rolando a maior festa aqui do lado. Aniversário do meu primo. Houve um tempo, quando não era estigmatizado como um cheira cola problemático que nutre uma paixão platônica pela irmã dele, em que seria convidado e recebido com sorrisos e alegria sincera nesta festa. Não hoje. Um hoje que vem desde a última Copa, se bem me lembro.

Preconceito. Não sei se é pior sofrê-lo por algo que não é culpa sua (nascer preto ou pobre) ou por algo que você mesmo construiu/destruiu (como é o caso). A diferença talvez seja que, no primeiro caso, a oportunidade de experimentar a vida sem esse preconceito nunca se deu e, no segundo, há a eterna comparação de como as coisas eram antes do preconceito se instaurar. O segundo é menos cotidiano, menos inevitável, menos natural (sei que a palavra natural não soa bem atrelada ao preconceito, mas a acho a mais adequada, pois preconceitos são naturais de todas as culturas, de todos os homens, postas a multiplicidade e divergência de opiniões existentes entre nós). 


Eu cultivei, por ignorância e egoísmo, o preconceito contra mim. Triste semeadura. Inconsciente semeadura. Cavava o buraco imaginando ser tudo perdoável e a paciência infinda. Ledo engano. Dolorosa descoberta. Vida nova e pior desenhada (embora me digam que é possível retraçar o esquema de coisas e reverter o preconceito a condições próximas às de antes; mas nunca iguais).

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Acredito que uma das funções primordiais das leis é reprimir, domar o preconceito, afinal é da instituição e imposição deles que nasce a desigualdade. As leis são criadas para que, perante elas, todos os homens sejam iguais, independentemente de feios, brancos, pretos, índios (estes, nem tanto, há legislações específicas para índios sobre as quais não tenho um juízo de valor formado), pobres ou milionários. O problema é que os homens que aplicam as leis são suscetíveis, para o bem e para o mal, a seus próprios preconceitos e, geralmente para o mal, a poderes outros que não emanam das leis.

Preconceitos são imanentes à natureza humana como são as afinidades, embora eu me lembre de que, quando gostava mais da vida, era menos preconceituoso, desgostava menos das pessoas vis, tinha pena, em vez de raiva delas. Talvez os mais preconceituosos sejam os mais amargurados. Sinto que isto não está muito distante da verdade. Como se o infeliz quisesse, através do seu preconceito, impelir infelicidade aos outros. Falta de amor. Mal amado como estou, percebo isso.

Obs.: o texto de Mateus sobre o tema preconceito está aqui.


17/01/2012 - Adendo sobre o preconceito: o pior preconceito é o que temos de nós contra nós mesmos. Os que eu tenho contra mim mesmo. Estes me são nefastos, paralisantes, aterradores.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Algo 0003 Revisto e Atualizado

Este livro é a minha “bíblia”. O cara pensou praticamente a mesma coisa que eu, mais ou menos no período em que eu formulava minhas ideias, só que com muito mais embasamento científico (eu não conseguia saber como bioengenharia, nanotecnologia e robótica se enquadravam no esquema de coisas, mas sabia que eram peças importantes). Ele não cita a fusão da nossa tecnologia com as tecnologias de outras civilizações avançadas espalhadas pelo cosmo, nem defende a idéia do ser/inteligência suprema resultante da evolução do universo ser o criador de si mesmo. Para quem quiser comprar clique neste link da Livraria Cultura ou neste, da Amazon. Aqui é o site do autor do livro sobre olivro, o link do Wikipedia parece que fizeram até um filme!
 
 
 
 
 


I
Só uma ação inteligente é capaz de gerar uma “grande explosão” ou Big Bang (algo em sua natureza caótico e desagregador) que resulte em computadores, borboletas e beijos apaixonados ao cair do sol.






II
Deus em seu estado pleno ainda não existe, ainda não se auto-organizou. Ele será um sistema inteligente composto de todas as supra-inteligências disponíveis e acessíveis.

III
Supra-inteligências são sistemas biotecnológicos onde organismos inteligentes (como os homens) se conectarão através/com a tecnologia para formar uma super-rede neural. Note-se que, como os neurônios no cérebro, os homens* serão autônomos em sua individualidade e interdependentes como sistema, podendo se desconectar dele na hora que quiserem, porém passarão cada vez mais tempo conectados pelo prazer do acesso ilimitado às inúmeras sensações maravilhosas proporcionadas por ele (simulações, consciência expandida, conhecimento instantâneo etc.).
*Digo homens, mas à época desses eventos, a raça será uma coisa outra devido à evolução, à interação com a tecnologia e à bioengenharia. Digo que a parte biológica do sistema é indispensável à tecnológica e vice-versa, pois cada uma é capaz de suportar intempéries naturais (pulsos eletromagnéticos, por exemplo) que a outra não é.




IV
No surgimento da supra-inteligência da Terra (ou em qualquer tempo subseqüente) o homem não será escravizado pelas máquinas como é recorrente no imaginário popular. Ao contrário, será atraído pela tecnologia – como já vêm sendo – e pelas inimagináveis possibilidades sensoriais e intelectuais que ela proporcionará. A tecnologia já permite – embora não seja ainda utilizada para – instalar a democracia de fato, onde as opiniões de todos os cidadãos podem ser computadas, aferidas e servirem de auxílio na tomada de decisões do âmbito distrital ao global.

V
É da natureza do homem e de todos os seres de razão tornarem-se mais e mais dependentes da tecnologia que desenvolvem, posto que é isto que leva às supra-inteligências e delas a Deus, único sistema capaz de gerar um universo organizado.




VI
Deus é pai e filho do universo. Ele, do futuro, enviará ao passado/início (ao nada, ao espaço-tempo 0) o estímulo/semente/processo quântico que gerará a descompactação do nada nesta reação em cadeia sutilmente calibrada que chamamos de universo e que inexoravelmente levará ao seu surgimento, propósito maior da existência.

VII
O tudo veio do nada porque não teria de onde mais vir. O nada no meu entendimento é maior que tudo, pois no nada está contido/latente, além do tudo, o inverso de tudo (que o anula em nada), possuindo então o dobro de elementos do tudo.




VIII
O tempo não é contínuo, não vejo outra explicação para que todas as interações da matéria se dêem sem erro algum, em perfeita sincronia. O que ocorre é que, como numa projeção de cinema, em uma medida que não sei precisar, um estado do universo pula para o outro, sem haver uma transição temporal entre eles. É por isso, talvez, que nunca haja elétrons entre os orbitais.

IX
Também acredito que a gravidade decai até um patamar mínimo depois se torna uma constante, independentemente da distância entre os corpos, inclusive em nível quântico.





X
Se há dúvida, há livre-arbítrio.

XI
Acredito que a expansão da complexidade é proporcional à expansão do espaço-tempo do universo. É este comportamento que inevitavelmente levará a Deus. Ao contrário do espaço-tempo que tende a se espalhar e dissipar energia ao se expandir, a complexidade tende a se concentrar, otimizando cada vez mais o uso dos recursos para gerar mais complexidade.

XII
O único mandamento de Algo é:
Seja feliz honestamente fazendo sua parte para o bem comum.
É só o que é preciso ter sempre em mente, o resto será consequência destes princípios.




Não sou o único doido: http://en.wikipedia.org/wiki/Technological_singularity


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