quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

AUTOSSUGESTÃO





12h34. Acordei há poucos minutos. Fui fumar o meu cigarro da manhã e aqui estou. Hoje o post promete ser morgado. Nem sei se divulgue. Acho que preciso de um café. Acho que tem.

12h40. Minha mãe veio me passar o seu itinerário de hoje. Há festa de confraternização do seu departamento na universidade. Pois é, minha mãe e meu padrasto são conceituados professores do departamento de Química da universidade. Meu pai também era enquanto vivo. E a única matéria em que fui para prova final, fiquei para repetir de ano mesmo, foi em Química. Sempre odiei Química. E por meus pais serem professores da Área Dois, decidi desde que descobri o que era vestibular nunca fazer nada de Exatas para não tê-los como professores. Tinha medo de eles descobrirem quão mal aluno eu era, especialmente o meu pai. Relapso, sem concentração, desinteressado. Pior seria repetir em uma de suas cadeiras. Nunca fui dado ao estudo, sempre achei uma obrigação deveras chata e entediante.

13h04. Por falar em obrigação, minha mãe me obrigou a comer agora, mesmo sem estar com a mínima fome. Tanto melhor que como pouco e não tenho fome por um bom tempo. Acordei mais gordo do que quando cheguei da caminhada. Preciso fechar ainda mais a boca. Não vou andar hoje, eu acho. Por causa dos meus pés.

13h19. Conversei com a minha mãe e ela havia lido o meu blog e estava preocupado que eu entrasse na friend zone, achando que fosse um site ou um grupo online de pessoas sádicas ou coisa do gênero. Hahahaha. Isso é que dá ler as coisas por cima. Deve ter misturado a coisa do escravo da festa BDSM com friend zone e, adicionando sua neurose a meu respeito, criou uma coisa hedionda em relação aos meus hábitos de internet. Hahahahaha. Decerto não quero entrar na friend zone. Eu quero é sair dessa. Se bem que atualmente não me encontro nessa situação. E não vou entrar. Acho que sou maduro o suficiente e me dou mais a respeito para cair na esparrela de entrar numa situação social dessas. Que calor. Hoje está de lascar. Quando o casal sair, vou abrir a porta do quarto para que o ar circule. Ou ligo um pouco o ar só para esfriar o quarto.

13h36. Abri a porta, eles já foram. Ficou mais ventilado. O vento bate em mim e me acaricia. Mamãe deixou dez reais para o caso de eu ir andar. Não sei se vá. Queria me aventurar até o Recife Antigo, mas acho que seria demais. Se fosse amanhã me arriscaria, mas hoje... acho que não vou andar, deixar as assaduras nas coxas sararem e o pé parar de arder. Sei não. Só sei que amanhã não posso pois preciso arrumar as malas para a viagem. Pretendo levar duas para trazer o máximo de bonecos possível. Hoje as palavras me estão arredias. Não estou gostando da construção das frases. Mas vai do jeito que for. Vai ver estou esquentando ainda. Espero que a pessoa do ex-escravo, ela o dispensou aparentemente, não tenha ficado com raiva de mim. Se mamãe leu o meu post deve ter visto o meu interesse pelo Nintendo Switch. Ou ela não leu até o final. Sei lá, esqueci desse detalhe. Mas agora, agora, se um Nintendo Switch se materializasse já instalado aqui ao meu lado com o Mario, eu não jogaria. Aliás... é, não jogaria. Procuro dentro de mim a chama dos games e não encontro. Pode ser que se começasse a encarar eu acabasse sendo cativado pelo game, não sei. É um jogo cativante. Talvez me apegasse a ele. Lembro que o Mario 3D World me cativou e já estava nessa fase de refusal aos videogames. Me sinto ligeiramente entediado, mas sem a angústia de anteontem. Tudo corrobora para a minha teoria. Que bom. Definitivamente não é depressão. Foi um momento e teve uma causa. O que não ocorre hoje. Graças. Vou pegar um café e uma água. Posso usar o dinheiro da andada para comprar uma Coca-Cola, mas ela não me faz falta agora. Já vou me empanturrar de Coca no Natal da minha família paterna nesse sábado. Festa em que, em teoria, o meu amigo cineasta estará presente e fará filmagens. Estou muito arredio a filmagens, mas vou encarar. Vou ter que encarar. Se ele estiver mesmo motivado a fazê-lo. Vou até mandar um e-mail para ele.

14h33. Mandei. Vamos ver o que ele me diz. Eu sei que este post não está nada interessante, não há bizarrices como um escravo que é escravo por vontade de sê-lo. Para quem perdeu essa história, veja o post anterior. Para saber da angústia que me assolou também. Como não tenho assunto, acho que vou fazer um poema, vou tentar fazer um rimando, que é muito mais difícil. Gostaria de ter o auxílio luxuoso do Houaiss eletrônico, porém não sei onde está o CD. Ele permite a busca de palavras com a mesma terminação, o que é uma mãozaça na roda para quem procura rimas. Vamos com meu vocabulário pouco mesmo.

De todas as loucuras
Que nunca cometi
Tu é a que mais me falta
Pois o universo conspira melhor em ti
De todos os desejos guardados
Você é o que deveria sair da gaveta
E se materializar em agrados
De todos os sonhos
Que acordado sonhei
Você ser minha rainha
E eu ser seu rei
Isto está uma porcaria
Basta de rimas
Como você me bastaria

Ficou um tremendo lixo. Deixa para lá, rimas são para a liga dos profissionais. Como o cara conseguiu fazer um “Navio Negreiro”? É genial. Ou os Lusíadas? Um livro inteiro rimado. É preciso muita dedicação e esmero e um domínio ímpar da língua. Não é o meu caso, então se fizer poemas, limito-me a versos brancos. E nem isso, pois os meus não têm métrica. Não sei nem se podem ser considerados poemas. Dane-se. São a minha tentativa de ser poético.

Alva é a tarde
Que agora me cerca
E lembra a sua tez
Que saudade
Nem sei bem de quê
De algo que existe em você
Algo que ainda não conheço

Me ajuda
Para que eu lhe ame
De uma maneira desconhecida
Para você
Que está acostumada
A uma vida sem versos
A homens sem poesia
Homens mais vãos
Que eu

Me diz, me conta
Desabrocha para mim
Não temos muito tempo
Bem o sabe
A vida é um sopro
Um dia temos a juventude
Noutro a chama já se apagou

Vem, se apressa
Para que não percamos
Nem mais um segundo
Desse mundo
Tão cheio de sós
Tão carente
De nós

14h59. Vixe, mesmo sem rima ficou muito fraco esse. Mas vou deixá-lo aí. Vai que alguém goste. Acho difícil. Hahahaha. Bom, sobre o que falar agora? Estou eu e Dona Carmelita em casa apenas e em breve ela partirá também e terei a casa só para mim. Acho que vou ouvir “Utopia” alto agora. Se bem que a pasta Sandy e Nirvana está tão boazinha de escutar. E nessa altura. Volume 11, eu acho. Se for botar “Utopia”, vou aumentar para a casa dos 30. Não ouso botar mais que isso, dói nos ouvidos (o som vai até 40 eu acho). Estou com vontade de caminhar, mas meus pés ainda estão ardidos, não é uma boa ideia, posso acabar por fazer um calo e ter que voltar manquejando do meio do caminho. Deixa para lá. Qualquer coisa, vou na sexta. Estou sem assunto. O que sinto agora? Nada em especial, mas o verbo sentir está fortemente ligado à garota da noite nesses dias de minha vida, então penso logo nela. Mas é um sentir que ainda não se transformou em paixão. É uma sentir cheio de dedos. E um sentir preparado para não se ferir com a rejeição. É um sentir de quem não conhece de fato o objeto do sentimento. Um sentir que ainda é muito raso. Finalmente tirei um pêlo preso entre a gengiva e o dente, que alívio. Já estava pensando que fosse uma cárie. Acho que o engoli. O espelho do quarto da minha mãe foi crucial na extração do pêlo. Outra pergunta. Vamos ver. O que penso da viagem que farei daqui a alguns dias? Penso que vai ser melhor do que estou esperando porque estou esperando um grande terror e não pode ser tão terrível assim. Então estou otimista dentro do meu pessimismo por mais que isso soe um tanto paradoxal. E tenho a esperança de adquirir um Switch com os controles coloridos. Caso o adquira realmente, só vou comprar outro jogo depois que zerar o Mario e o Zeldinha. Espera, que o meu amigo cineasta acabou de responder o meu e-mail, preciso ver quais são seus planos.

15h29. Ele quer filmar desde a minha saída até a chegada na festa. Queria filmar eu fazendo as malas, mas isso vai acontecer amanhã, se tudo der certo. Com o auxílio da fantástica faxineira sob gerência geral da minha mãe. Começo a ter frio na espinha pensando na viagem. Está muito em cima, daqui a sete dias. Meu Deus. Vou pegar café e água.

15h37. O e-mail que respondi ao meu amigo cineasta ficou muito mal redigido. Estou escrevendo mal para dedéu hoje. Que ozzy. Mas seguirei escrevendo mesmo assim. Que outra pergunta eu poderia fazer para mim mesmo? O que eu acho da minha vida? Acho que sou afortunado, muito afortunado. Que brasileiro não queria passar o Natal nos EUA no meio da neve, exatamente como nas fantasias do inconsciente coletivo? Eu acho que poucos não gostariam. E eu me incluo nessa lista. Voltando à minha vida, acho que ela tende a ser um pouco pior do que está em 2018, pois acho que vou receber uma cortada da garota da noite e voltarei ao deserto afetivo. Por outro lado, pode ser que eu ganhe ou compre o Switch e volte a me apaixonar pelos videogames estou me autossugestionando para isso. Aliás estou me autossugestionando para várias coisas, ter coragem de abordar a garota da noite, perder o ranço com sexo, voltar a gostar de jogar videogames com o Zelda e ser uma pessoa melhor em todos os sentidos. Só isso. Hahahaha.

15h47. Meu amigo cineasta respondeu e até achou graça do meu e-mail. Ainda bem. Disse que aparece por volta das 11h00 do sábado aqui. Preciso me programar para acordar cedo. Sobre as malas, disse que nós fazemos uma “fakeada”. Não sei bem como, mas ele é o diretor, ele me orienta. De repente até minha mãe entra na jogada, explicando as escolhas das roupas. Sei lá. Ele é que tem o filme na cabeça, ele que decida. Eu sou apenas uma peça do quebra-cabeças imagético que ele tem em mente. “Quebra-cabeças imagético”, essa foi estilosa. Hahahaha. Cada palavra bonita e complicada para dizer tão pouco. Hahahaha.

15h58. Bom, voltando à pergunta, que acho a mais pertinente que eu poderia me perguntar; o que eu acho da minha vida? Acho que finalmente cheguei onde queria estar, fazendo o que a minha alma pede na maioria do tempo. Que mais poderia querer? Uma namorada, eu acho. Ainda estou incerto sobre isso. Mas acho que basta um novo encontro com a garota da noite para eu ter certeza de que quero. Estou me esforçando para emagrecer, pois minha alma pede, quero surpreender a garota da noite em nosso próximo encontro, que provavelmente só se dará no ano que vem, quem sabe já esteja quase sem bucho até lá? Essa mudança de visual certamente a surpreenderia positivamente. Tenho que me controlar nos EUA e não comer muita porcaria para não ganhar tudo de novo. Queria muito conseguir só encontrar com ela com dez quilos a menos. Já perdi três ou quatro. Ou mais. Pedi a meu irmão que não comprasse Cocas para mim lá. É só ficar com a boca fechada o máximo que posso. Eitá já são 16h16. Não vou mais andar hoje, definitivamente. Estou até sem ânimo. Poderia andar só até o Açude, mas não vou. Deixa para a sexta. Que acho da minha vida? Acho que há coisas que precisam de conserto. E para isso talvez a terapia me ajude. Ou não. Estou mais confiante em relação à hipnose que meu primo-irmão irá aprender. Se hipnotizável realmente eu for. Pode ser que haja algum bloqueio da minha parte. Mas ele disse que pode reprogramar coisas que eu queira realmente mudar e não consiga fazer sozinho. É justamente o caso com o sexo. Eu quero mudar, quero ver o sexo como uma coisa deliciosa e não como uma obrigação de satisfazer a minha parceira, o que é um pensamento deveras broxante. Especialmente para mim, tão avesso a obrigações. Tudo o que estou tentando me autossugestionar e já foi enumerado aqui precisa de conserto. São coisas que desejo mudar, mas não sei como. Não sei como ser mais ousado, saliente em relação às garotas. Queria voltar a gostar de videogames. Estou apostando as minhas fichas na hipnose. O que trataria na terapia resolvidos esses dilemas me escapa, pois não quero mais nada da vida. Minha vida é ótima, o que eu mais desejei na minha vida, fugir dos grilhões do mercado de trabalho e escrever apenas o que quero, aconteceu. Não sabia que isso me levaria a um crescente isolamento social. Um desaprender a lidar com as pessoas, uma crescente dificuldade de me comunicar com elas. Acho que esse desejo de ser mais comunicativo, sem ser tagarela, é outra coisa com a qual a hipnose pode me ajudar. Será que o procedimento também pode me ajudar a ter mais autoestima? Se for, todos os meus problemas existenciais estarão resolvidos. Não consigo pensar em mais nada que eu queira mudar em mim. Eu gosto da vida que levo, só não gosto muito de ser eu, embora goste muito mais do que gostava no passado.

16h49. Falando em hipnose, estou tentando me autossugestionar aqui, repetindo várias vezes frases motivacionais, pareço um doido repetindo elas em voz alta. Mas em vez de me focar em apenas uma, eu estou abordando todos os meus dilemas de uma vez só. E fico repetindo os comandos em voz alta. Ainda bem que estou sozinho em casa. O interessante é que o que mais repeti, eu vou conquistar e amar a garota da noite, está ressoando na minha cabeça agora. Quem me dera isso funcionasse. Preciso acreditar que funciona senão a mágica não se faz. E eu acredito.

17h00. Mandei para a garota da noite o seguinte, “eu vou conquistar e amar você. Seremos muito felizes. Prepare-se.” Hahahaha. Achei que as frases motivacionais serviriam como uma boa investida. E denotam uma autoconfiança da minha parte que eu não tinha. Ou não demonstrava. Ou não tenho. Eita, está me batendo uma insegurança monstra agora. Estou super-arrependido de ter mandado essa mensagem. Mas o que é que tem demais? Deixa de ser besta, Mário. O não você já tem, tem que arriscar mesmo, se mostrar autoconfiante, as mulheres gostam disso. Pelo menos dei uma de macho alfa. Que experimento curioso. As frases surtiram efeito, mesmo que passageiro, preciso reforçá-las frequentemente. As frases que estou repetindo? Ei-las:

- Eu gosto de mim;
- Eu gosto de fazer sexo, eu gosto de trepar, eu gosto de foder, eu gosto de meter;
- Eu vou emagrecer;
- Eu vou conquistar e amar a garota da noite;
- Eu sou feliz e serei muito mais feliz com a garota da noite;
- Eu sou comunicativo e legal, eu sou legal e comunicativo.

Em suma, são essas. Não lembro se repeti mais alguma. Empoderado pela repetição das frases, volto a achar que ter sido tão incisivo foi positivo. Não tenho muito a perder mesmo. Talvez essa frase seja ela mesma uma sugestão para a garota da noite. Veremos.

17h21. Mandar essa frase para ela foi tão não eu que ainda estou em dúvida se fiz o movimento certo. Preciso acreditar mais em mim. Taí uma boa frase para repetir, eu acredito em mim. Algo dentro de mim se remexe, é o meu eu lutando contra os comandos, querendo rejeitá-los todos, minha tendência de me autossabotar. Eu não vou me autossabotar. Outra frase. Acho que meu cérebro está acachapado com tantos comandos. Vou maneirar um pouco, senão vai dar tilt aqui. Eu e minha mania de querer logo tudo de uma vez só. Depois de repetir esse último comando, eu sinto novamente que fiz a coisa certa mandando a frase para ela. Agora só me comunicarei no Natal, que era o plano inicial, não tivesse eu esse rompante de autoconfiança. Eu sou um macho seguro. Outra frase. Assim eu vou ter mais comandos que um programa de computador. Hahahaha. O pior é que eu estou acreditando mesmo que isso vai operar profundas mudanças na minha vida. Tomara! Se eu acreditar “de com força”, eu acho que opere. Tenho que ter fé. E talvez eu me torne melhor em todos os aspectos que mencionei. Seria uma revolução da minha vida. Eu acho que aí nem precisaria da Singularidade, a minha vida terrestre, humana e limitada já me bastaria. Vamos ver. Eu estava pensando até em imprimir as frases para repetir todos os dias, mas se eu sei o que quero, não preciso de lembrete. Mas seria massa ter isso pregado na minha frente. Vamos ver. É muito íntimo para a fantástica faxineira ver. Minha mãe talvez leia isso, então não tenho muito como escapar. Sei que após repetir esses meus mantras me sinto muito bem. Espero que seja um sentimento que perdure. Já me aclimatei com a mensagem que mandei para a garota da noite, foi uma pequena engrenagem que criei na roda da existência. Vamos ver se surte algum efeito. É o tipo de mensagem que ela não vai responder nem vai marcar como vista provavelmente. Sei lá. O que será, será. Sei que me divirto com a brincadeira. É muito interessante brincar com a existência, ela é o melhor brinquedo. A vida é o melhor brinquedo. Estou com vontade de ter o Switch com os dois jogos. Acho que começaria pelo Zelda.

18h24. Escrevi uma parte agora dedicada à minha mãe, pedindo o Nintendo Switch, um par de controles extra e o Super Mario Odyssey, mas acho melhor conversar com ela pessoalmente. A diferença de preços em relação ao Brasil é bastante significativa, mais de mil reais (437 dólares, algo por volta de 1.440 reais nos EUA, contra 2.528 reais, sem contar os fretes, no Brasil). Como forma de aliviar esse valor, ou ajudar na compra, como queira, ainda me comprometeria a vender um boneco dos grandes e repassar o valor para ela, em reais, pois é a única forma que tenho de resgatar o dinheiro do PayPal. Acho que consigo vender o boneco pelo valor do console (300 dólares), aliviando assim a parte mais pesada da compra. Já sei qual vai ser a argumentação dela, dirá que eu tenho já dois videogames e um zilhão de jogos e não jogo nenhum, para que comprar outro? É uma argumentação válida. Não sei como contra argumentar, mas sinto que vou jogar esses dois jogos. Eu me apaixonei pelo Mario quando vi na casa do meu amigo jurista. E o Zelda foi escolhido o jogo do ano, batendo inclusive o Mario, então deve ser nada menos que espetacular. Farei o melhor para transformar esse sonho em realidade. E torcer que, em se realizando, eu me enamore novamente pelos videogames e jogue os que tenho aqui. Muitos eu sei que não vou jogar, não são espetaculares como os dois do Switch. Mas há jogos espetaculares aqui. Pelo menos uns 10. Red Dead Redemption (e sua versão zumbi), GTA V, Assassin’s Creed Black Flag, Tomb Raider, Uncharted 3, Rayman Legends, Mario Maker (maybe), Bioshock 3 (maybe), Okami, Flower (maybe), the list goes on…

19h03. Papo chato do caramba. Perdoe-me leitor(a). Estava mais divertida a parte da autossugestão e das elucubrações sobre a garota da noite, né? Bom, nada mudou de lá para cá. Me sinto melhor comigo mesmo e isso é surpreendente. Chego até a gostar de mim. Pelo menos nesse exato momento eu gosto de mim e estou super de bem com a vida. Que ótimo, que continue assim. Estava com receio da filmagem e fiquei repetindo “eu não tenho medo da filmagem” e isso de alguma forma me confortou mais. Não de todo, mas está melhor. Afinal, de fato, não há por que ter medo da filmagem. É uma ansiedade despropositada. Quem me dera na festa do ano que vem eu levar a garota da noite como minha namorada. O meu superego supercrítico e punitivo quer tentar minar as minhas pretensões com a garota da noite, só que dessa vez eu não vou deixar. Vou acalentar meus sonhos e tentar alcançá-los, se não conseguir, paciência. Eu estou repetindo agora “eu sou desenrolado com as mulheres que eu estou a fim”. Hahahaha. Se eu continuar a inventar frases acho que isso não vai surtir muito efeito. É muita informação para um cérebro só. Mas é uma maniazinha gostosa essa de repetir em voz alta frases motivacionais, que reforçam os desejos e atitudes que normalmente teria dificuldade em lidar ou tomar. Vamos ver se continuo com ela e se ela surte algum efeito prático. Já surtiu um, a ousada e confiante mensagem que mandei para a garota da noite.

19h33. Minha mãe e meu padrasto chegaram. Já testei o casaco de neve dele e cabe em mim. Um problema a menos para resolver. Já avisei a mamãe que amanhã quero estar com as malas prontas. Coloquei uma camisa para vestir o casaco, estava sem camisa esse tempo inteiro por causa do calor, e sinto como é desconfortável ter panos sobre o corpo. Desconfortável, porém útil no frio que vou pegar.

19h42. Pedi a mamãe que fizesse uma garrafa de café para mim. Ela concordou. Quem me dera encontrasse igual boa vontade em relação ao Nintendo Switch. Hahahaha. Nessa questão não há frase motivacional que repita que vá me facilitar dobrar a véia, é uma coisa que depende mais do outro que de mim. Não sei como escrevi sete páginas sem ter assunto nenhum. De novo me surpreendo. E sempre me surpreenderei. É quase como se não fosse algo meu. Só relendo relembro as passagens, pois agora, lembro apenas da parte das frases motivacionais e do videogame. Não sei o que escrevi antes. O receio em relação à filmagem, se dissipou. Talvez quando se aproximar mais, a ansiedade ressurja. Mas, de fato, não há por que ficar ansioso. Se estivesse no lugar do meu amigo cineasta aí, sim, ficaria ansioso, mas sendo do jeito que é, é só relaxar e curtir o dia, ser eu e fingir que a câmera não existe. Tomara que eu consiga emagrecer em vez de engordar nesse final de ano. Quero ser todo outro, para melhor, quando reencontrar a garota da noite. Esse quando é que é uma incógnita. Puxa fui ousado na minha mensagem, chega me dar um frio na barriga agora. Mas acho que fiz a coisa certa, certamente me distanciei da friend zone com isso. Parti para o tudo ou nada. Que calor da murrinha, tive que fechar a porta por causa do meu padrasto e ainda botei a camisa a pedido da minha mãe, então está uma sauna aqui. Já-já ligo o ar. O que diria para a garota da noite? Mais nada por ora. Acho que já disse o que tinha que dizer. Deixei o meu recado de forma muito incisiva. Acho que vou jogar um pouco de videogame senão este post vai ficar com doze páginas. Mas não estou com saco de jogar videogame agora, quero escrever. Vou seguir minha vontade. Estou com medo de trabalhar a frase “eu gosto e quero jogar videogame” e não funcionar. Pois, em não funcionando, todo o sistema de crenças nos outros comandos pode colapsar junto. E isso é a última coisa que quero. O que gostaria de dizer para a garota da noite quando a encontrar? Está preparada? Se ela perguntasse para quê? Eu responderia para ser conquistada e amada por mim? Hahahaha. Mas sério, se tivesse a autoconfiança, a segurança e a hombridade que me cabem, diria assim mesmo, na lata. Mas isso é só uma projeção. Do eu de agora até essa figura capaz de falar isso vai uma longa distância. Seguirei repetindo as minhas frases motivacionais e quem sabe essa autossugestão não me transforme no cara mais confiante com as mulheres que sempre quis ser? E se meu primo já estiver dominando a hipnose, ele pode me dar uma superforça, caso eu consiga me submeter à hipnose. Tenho receio de inconscientemente rejeitar a coisa. Espero que não.

20h38. Fui colocar os remédios no negocinho de remédios, que não sei se tem nome, é um com os dias da semana, a pedido da minha mãe. Ela já vai dormir e já fez o café para mim, tomei uma xícara ainda agora. Ela veio me dar boa noite e disse que a viagem iria ser boa. Espero que ela esteja certa. Eu vou gostar da viagem. Taí outra frase para eu repetir. Ah, por isso o Vaporfi estava queimando e ardendo tanto na garganta, mais do que o habitual, estava numa potência alta que nunca uso, o controlador deve ter rodado enquanto estava no meu bolso. Entrei na oitava página e não quero parar de escrever. Vou ver quantas leituras teve o meu outro post. 33 visualizações, tá ótimo. Finalmente lançaram um dos bonecos que cancelei a compra e o acabamento dele me decepcionou, afora ser feito de tantas partes que parece um quebra-cabeças. Ainda bem que desisti ou ficaria bem decepcionado com o resultado final. Como de fato fiquei, mas na posição em que estou isso me veio como alívio. E acho que mesmo se a versão final tivesse ficado equivalente ao protótipo, eu não ficaria arrependido de tê-lo cancelado. Bem, só um pouquinho. Eu quero ver se seleciono só a nata da minha coleção, da parte que está nos EUA, e o resto eu vendo. Minha febre de bonecos passou. Só são para mim imprescindíveis, além dos que tenho aqui, a Captain Marvel, o Thing, o Hulk e a Red Sonja. Talvez o Skeletor. Dos pequenos também dá para vender um bocado, eu acho. Eu sei, eu sei, bonecos são um assunto tão chato quanto games para os não iniciados. E não conheço ninguém que colecione bonecos além de mim. O calor passou mais. A vida segue macia. Sinto uma pontinha de orgulho por ter tido a coragem de mandar uma mensagem como aquela para a garota da noite. Eu tenho me surpreendido em relação às minhas investidas para cima dela. Primeiro, gravei um vídeo de mim cantando, o que é me expor muito mais do que gostaria. Depois mandei um poema, o que não fiz para nenhuma das minhas namoradas e, por fim, dei um direto no queixo. Que seja, a vida está aí para ser experimentada, tentada da melhor forma, apreciada. E apreciaria bem mais tendo uma namorada como a garota da noite. Só falta ela responder algo do tipo, vai sonhando. Me sairia com um, sonhando eu já estou, agora só falta ancorar esse sonho na realidade, que é o que estou fazendo. Hahahaha. Que resposta ousada essa. Hahahaha. Será que eu teria coragem de mandar isso? Creio que sim. Perdido por um, perdido por mil ou coisa do gênero. Eu repeti agora uma porrada de vezes, eu vou voltar a gostar de jogar videogames com Zelda e Mario. Pense numa frase grande para se repetir. É quase uma trava-língua. Mas esse post está muito inútil. Ou não? É a minha vida, é o que tenho a oferecer. Eita, ela está online agora. A garota da noite. Mas não tenho coragem, aí é demais para mim, depois daquela mensagem, puxar um papo. Realmente não saberia o que dizer. Deixa a mensagem e pronto. Capaz de ela me bloquear, quando vir. Sei lá. Sei lá o que vai na cabeça da garota da noite. Vou pegar café e água. 21h29.

21h37. Ainda é cedo, amor. Quem sabe mais para a frente, armado de um corpo mais esbelto e de segurança, se a tal da autossugestão funcionar, você não se torne realidade, hein, amor? 70% depende de mim, saber fazer o approach e tal. Os outros 30% dependem da garota da noite. Se ela não corresponder, fico no zero a zero em que me encontro. Não perco nada tentando. Essas coisas do coração deveriam ser mais fáceis. E se ficarmos e ela quiser transar logo no primeiro encontro? Espero que não. Não sei como vai estar a minha confiança sexual até lá e acho que ela não seria tão fácil assim. Não para mim. Para onde iríamos se ela quisesse transar, eu que sempre ando com pouco dinheiro, não teria como pagar um motel, ou ela pagava e depois eu acertava (que ridículo) ou iríamos para a casa dela ou a minha. Minha mãe iria ficar escandalizada de eu trazer uma desconhecida para dormir comigo. Acho que teria que colocar uma mensagem na porta dizendo, não entre, estou acompanhado. Hahahaha. Que situação. Além disso teria que pegar a chave do quarto de hóspedes e trancar a minha porta para dar tempo de nos recompormos se fosse o caso. Peraí, já estou escrevendo um conto aqui sobre uma hipótese praticamente impossível. Que sandice. Mas é fato que não tenho para onde levar a garota da noite para transar numa primeira ficada. Então fica combinado assim, não transarei na primeira ficada. Se ela perguntar por que, eu digo que não tenho grana para o motel. Que esdrúxulo. Para tudo. Isso tudo é ficção. O que eu fiz foi mandar uma mensagem mais saliente para uma garota que mal conheço. Só isso. O resto todo é viagem da minha cabeça. Projeções estapafúrdias. Nossa, como me deixo levar. É porque é divertido criar essas ficções baseadas no meu cotidiano. Esse post está enorme. Deixa para lá, quem quiser que leia. Duvido que alguém chegue até aqui. Vai parar muito antes. Não tenho uma vida ou uma narrativa tão engajantes assim. Pelo contrário, em especial quando desato a falar de bonecos e videogames como fiz aqui. Nem minha mãe tem saco de ler o post todo, imagine um desconhecido. Deixa, está me preenchendo o tempo de uma forma saudável e divertida, é o suficiente para mim. Se o menino quer escrever, deixa ele escrever superego. Mas tu és muito chato mesmo, viste? Cara, como desgosto do meu superego, minha luta eterna é contra ele, deixar de ser tão autocrítico. Vou ser menos autocrítico, taí outra boa frase. Mas eu tenho medo de ser menos autocrítico, tenho medo de me tornar mais ridículo do que já sou. O superego é pernicioso, me ameaçando. Eita, coisinha chata. Quase me convence agora que eu tenho que ser autocrítico como sou. Acho que um pouquinho menos já operaria milagres. Mudarei a frase para serei um pouco menos autocrítico. Aí agrado ao id, ego, superego e quem mais habitar a minha personalidade. Sei que sou muito pouco crítico a respeito do que escrevo, mas poderia levar essa forma mais leve de ser para a vida também. Talvez, então, não precisasse escrever tanto para me sentir livre. Preciso lembrar de pegar um xampu na despensa. O meu acabou. O sotaque do interior de São Paulo que Sandy carrega tem seu charme para mim. Mas ela tem uma mão horrível, lembra a da minha bisavó. Mão de velha mesmo. Ou assim ficou impresso na minha cabeça por ser a primeira mão de velha que eu vi na vida. Ou na qual pude me ater mais. As mãos da garota da noite acho que são belas. Isso conta muito para mim. Os pés não, mas as mãos... meu irmão, só estou escrevendo besteira. Para, superego, deixa eu me divertir aqui. E daí que só escrevo besteiras? É o que me dá na alma escrever, oras. Não vou parar mesmo que este post fique com cem páginas. Vou escrever até me saciar de dizer por hoje. E não estou nem perto disso. Não, não quero fazer poesias. Pelo menos não no momento. Fui procurar fotos que mostrassem as mãos da garota da noite e tenho as imagens impressas na minha mente. Por falar indiretamente em visão, preciso fazer o exame de vista e trocar a armação dos meus óculos assim que voltar da viagem, é outra coisa que fala mal de mim, pois a minha armação soltou uma lasca e está com uma parte branca. O resto da armação é de um marrom escuro, logo é muito perceptível essa falha que sugere desleixo. Preciso consertar isso. Não é a imagem que quero passar. Condiz com quem eu sou, mas não precisa ficar explícito na minha cara. Quando acabar de pagar os bonecos que faltam, vou querer fazer a barba a cada 15 dias. Acho que o que estou economizando de Coca já cobre as aparadas de barba. Vou falar com minha mãe sobre o assunto, se me lembrar. Estou quase pedindo para o meu irmão comprar o Zeldinha para Switch, em vez de para Wii U. Não gosto do controle do Wii U, muito grande e pesado e aposto que a interface do jogo vai mostrar os itens pela tela do controle, o que acho muito chato. Apanhei muito no Zelda Wind Waker por causa disso. Prefiro que o mundo do jogo pare enquanto escolho o que vou usar, o que não deve acontecer na versão do Wii U, mas que acho que deva acontecer na do Switch. Mas não vou fazer esse pedido agora ao meu irmão sem ter certeza se poderei ou não comprar o console. Aliás, tenho quase certeza que não. Construir intimidade... há quanto tempo não faço isso? Será que a garota noite permitirá que me imiscua nas suas intimidades? Acho tão difícil. Mas não recebi um fora ainda, então tudo está suspenso no ar. Suspense. Pense numa coisa dessas, eu dando diretas para uma garota. Hahahaha. Da última vez que fiz isso, funcionou. Mas a última faz tanto, mas tanto tempo. Será que ainda funciona? Se a minha transformação física se operar, assim como a da minha atitude e postura. Se me tornar mais afoito e confiante e menos inseguro e derrotista, há alguma chance. Vixe, só de pensar nisso, a minha insegurança se infla toda me encobrindo. Eu acho que esse negócio de autossugestão não vai funcionar. Mas vou seguir tentando. Teve uma frase que me veio ao longo do texto e cuja repetição encontrou um bloqueio forte dentro de mim e é uma frase importantíssima, eu confio no meu taco. Repetir isso para mim mesmo me gerou um desconforto, como se estivesse mentindo demais para mim mesmo, que essa eu não consigo engolir. Será que se continuar repetindo isso vá minando essa resistência? Não custa tentar.

22h48. Desceu melhor com as repetições, mas ainda estou incrédulo disso. Seu eu não confio no meu taco, quem há de confiar? Isso é fundamental mudar. Primordial. É que nunca confiei em mim, é uma mudança muito brusca de personalidade. Por mais que tenha me dito frases semelhantes, essa parece ser o dedo bem no meio da ferida. Eu confio no meu taco. Eu preciso confiar no meu taco. Pronto, eleita a frase que vou me repetir. Eu confio no meu taco. Sempre achei bonito quando alguém dizia com uma mistura de orgulho, honestidade e confiança, eu confio no meu taco. Por que não posso eu também confiar no meu? Por que não posso confiar em mim? Sei que muitas vezes me traí, mas isso é passado, agora é agora e o passado são lembranças, fantasmas. Uns bons, outros maus, alguns terrivelmente péssimos, outros divinamente maravilhosos, tenho fantasmas do umbral ao paraíso. Como todo mundo tem. Não sou (muito) pior do que ninguém. Por mais que eu creia que seja. Eita. Luta interior grande agora, mas é uma luta que precisa ser travada, para eu me tornar alguém melhor comigo mesmo e consequentemente com o mundo, especialmente com a garota da noite. E se não for ela, será outra. Não sei quem, mas não é possível tanta solidão. Eu tenho que confiar no meu taco. Tenho que ir dormir e acordar repetindo isso. Quem sabe algum dia eu incorpore essa confiança. Não acho que esse negócio de autossugestão funcione do dia para a noite, por mais que já tenha me causado uma sincero bem-estar comigo mesmo.

23h03. Meu superego veio com tudo agora. Me peguei me perguntando a quem eu estou tentando enganar. Não é autoenganação é autossugestão, superego. É diferente. Eu estou tentando me recondicionar e mudar alguns paradigmas essenciais na minha vida. Deixa de ser carrasco de mim. Que saco. A verdade é que sempre achei meio petulante as pessoas dizerem que confiam nos seus tacos. Mas pensar assim é um equívoco. Eu preciso de autoconfiança, todos precisam de autoconfiança para conquistar algo. Eu preciso confiar no meu taco e é isso que eu vou ficar repetindo, até, quiçá um dia, incorporar.

23h20. Parei de tomar café, senão não durmo, tomei os remédios, coloquei o xampu no banheiro e estou esperando só a fome da medicação bater para comer, tomar banho e ir dormir. Mas ainda demora um pouquinho para tudo isso. Enquanto isso escrevo. Esse foi um post singular. Talvez ele marque o início de uma reinvenção de mim. Talvez não também, como brada o superego tentando a todo custo manter o território conquistado. O peso de uma vida inteira me achando menos é difícil de se desfazer. Quero apenas me achar igual, nem pior nem melhor que ninguém. Quero confiar no meu taco. Não temer os demais. Olhar nos olhos. Não me intimidar ou acanhar. Estou acreditando mesmo nessa de autossugestão, que coisa. Fato é que me sinto melhor do que antes de começar esse processo. Eu posso dizer que gosto de mim. Nunca havia dito isso antes de hoje. Eu gosto de quem eu sou hoje, agora, talvez amanhã. Talvez daqui por diante. Se levar um fora, levei, nem isso vai me demover do meu recém-adquirido amor-próprio. Assim espero. Farei o meu melhor para que não ocorra. Estou enamorado de mim hoje, pela primeira vez. É uma sensação de leveza na alma, um alívio e um prazer. Como pude viver tanto tempo sem isso? 40 anos. Tinha que desencantar um dia. Mesmo que só por hoje. Mas acredito que não será só por hoje. Ao mesmo tempo tenho muito medo do amanhã. De acordar me sentindo um bosta. Sei que ficarei titubeando por algum tempo até ter introjetado esse amor-próprio de forma mais profunda e definitiva. Mas vou começar repetindo as minhas frases motivacionais se isso me fez e faz bem. Tenho quase vergonha desse texto. Na verdade, deveria ter orgulho, pois peguei uma dica do meu primo-irmão e estou conseguindo operar um verdadeiro milagre na minha autoimagem. Quem me dera isso não fosse um arroubo passageiro, um amor de uma noite só e que vingasse dentro de mim. E frutificasse para as minhas ações e para a forma me exercer no mundo. Não sou pior do que ninguém. Quem eu sou hoje é uma pessoa válida, apesar de todos os contrapesos que me puxam para baixo. Os rótulos negativos (viciado, curatelado, bipolar, feio, gordo). Sou tão mais que esses rótulos, passei muito tempo me limitando por eles e acrescentando novos rótulos para me afundar em mim mesmo, para ter vergonha de mim. Hoje sinto que não preciso ter vergonha de mim. Sou do jeito que a vida e as escolhas me fizeram, mas, ei, sou eu aqui e eu preciso me amar um pouco também, me punir um pouco menos, me rebaixar bem menos, não me rebaixar at all. Não vão gostar mais de mim por eu ser o coitadinho. Isso foi uma coisa que internalizei na infância ainda, emulando a forma como o meu pai mendigava carinho. Está na hora de mudar isso, parar de mendigar carinho e ir buscá-lo. Está na hora de confiar no meu taco. Parar de ser uma criancinha amedrontada e acuada pelo mundo. O mundo também é meu como de qualquer um. Preciso tomar a parte que me cabe nas mãos e saboreá-la. Sem culpa, sem me botar para baixo, sem vergonha de quem eu sou. Em suma, eu preciso confiar no meu taco que é ele o que tenho para enfrentar o mundo. É a confiança em mim, sem exageros narcisistas. Vou ter que aprender os limites entre uma coisa e outra não posso também passar da água para o vinagre. Preciso ficar vinho. Não precisa nem ser de uma boa safra. Uma Mário ano 77 está de ótimo tamanho. É o que tenho. Tenho que valorizar, tenho que gostar do meu sabor e melhorar a embalagem. Ninguém é perfeito. Eu que sempre quis ser perfeito, só fiz falhar miseravelmente. E o meu fracasso destruiu a minha autoestima. Agora me contento em ser normal. Simples assim. Nem mais nem menos. Normal, na média, com alguns pontos negativos e outros tantos positivos. A garota da noite já sabe de tudo o que tenho de ruim. Essa etapa dos rótulos negativos já foi mandada logo de primeira para que não achasse que levou gato por lebre. Agora tenho que mostrar o meu lado bom, que eu nem sei direito qual é, pelo menos hoje eu tomei conhecimento que eu tenho. Que eu sou uma pessoa gostável. Se até eu que sou supercrítico estou gostando de mim hoje, de ser eu, mesmo estando gordo e velho, as outras pessoas podem gostar também. Me sinto mais sadio mentalmente como não me lembro de ter sido. É hora de jogar os podres para debaixo do tapete um pouquinho. Não expô-los como troféus no meio da sala do meu ser. Basta disso. Sei que esse caminho não leva a lugar nenhum que valha a pena de existir. Quero uma existência mais solar, como agora experimento. É um sentimento ótimo. E não tenho vergonha dele. Vamos ver se isso se reflete no outro, nos demais. Acho que estou sendo muito ufanista de mim. Acho que preciso maneirar, eu que tenho as asas de cera. Eu só preciso confiar em mim e gostar de mim. Aceitar as minhas limitações e lembrar que um tetraplégico, com limitações bem mais severas que as minhas é capaz de ser feliz. Por que não eu que tenho tudo? Não devo tampouco me envergonhar de ter tudo. A fortuna me bateu à porta e eu a acolhi como qualquer outro(a) faria. Não preciso me sentir culpado. Ninguém sabe o sofrimento que passei antes de a fortuna sorrir para mim. Eu estou até me sentindo inteligente hoje, por conseguir adaptar a sugestão de exercício que o meu primo me deu aos meus próprios interesses. Acho que estou superexcitado pelo café. Ou um santo baixou em mim. Sei lá. O que sei é que hoje me senti um ser humano válido, com o mesmo direito que os demais de estar caminhando sobre a Terra em busca de uma felicidade expandida por um amor. E caso fracasse nesse intento, não posso esmorecer. A possibilidade de fracassar é enorme. Que perca a guerra, mas que batalhe até o último suspiro. Sem me sentir inferior aos demais homens. Porque não sou inferior a eles. Sou diferente, talvez um pouco diferente demais, mas mesmo assim válido. Gosto de ser diferente, mas gosto ainda mais de gostar de mim. É gostoso demais sentir isso. Estou com medo, de isso ser só excitação do café. Vamos ver como acordo amanhã. Isso será a primeira prova de fogo. Se eu estiver certo nas minhas especulações, as pessoas aqui de casa sentirão a mudança em mim sem que precise anunciá-la. Vamos ver. Em teoria amanhã estarei mais feliz que de costume. Espero que minha mãe não ache que estou entrando em hipomania. Espero que não seja hipomania. Não acredito que seja, acho que passei a acreditar mais em mim, no meu potencial. Potencial de fazer o que eu ainda não sei, é tudo muito vago para mim, uma luz difusa, silhuetas do que eu quero ser. Acredito que aos poucos a coisa se torne mais nítida. Tudo porque repeti um bando de frases de efeito para mim mesmo. Pode ser que o título do próximo post seja “ESQUEÇAM TUDO O QUE FALEI NO POST PASSADO”, mas acredito fortemente que não vai ser o caso. Eu passo a acreditar mais em mim. É ainda muito pouco, talvez frágil. Mas a repetição dos meus mantras talvez funcione realmente. E eu me remodele internamente de forma consistente e duradoura. Só faço me repetir aqui. Isso está muito chato. Ai, ai, mas creio que essa oscilação se dê porque estou no período de transição entre o meu antigo jeito de ser e o novo que cultivo. Estou num limbo existencial, tentando passar de um estado interior anterior de ser para outro, novo e melhor em todos os sentidos para mim. Vou me botar em primeiro lugar na minha vida, espero que sem egoísmo, sem narcisismo. De boa. Comigo e com o mundo. De boa com a minha condição, mudando o que dá para mudar. Por incrível que pareça as preocupações com a viagem evanesceram, o que me põe uma pulga atrás da orelha. Mas me sinto sinceramente preparado para a viagem e para as interações. Manterei a minha rotina de escrever, também não virei o ser mais social do mundo, ainda tenho vergonha, mas vou mais confiante de ser eu mesmo. Pelo menos por hoje. Tomara que amanhã acorde com a mesma vibe. Que permaneça nela ad infinitum. Não quero parar de escrever com medo que eu me perca desse sentimento que me toma. Só falta eu confiar no meu taco. Nas coisas para as quais eu posso confiar no meu taco. Não confio no meu taco para operar um Airbus, por exemplo, seria nonsense. Mas se quisesse isso, não teria porque não buscar, porém já encontrei o meu lugar no mundo, na escrita, onde me sinto em paz, no mais das vezes. Pode não ser muito para os demais, mas estou pouco me lixando para isso. Alguns leem e até curtem o que escrevo. Digo e me deixo para o mundo. É isso que faço, com ou sem qualidade, não sei e não me importa também. A fome dos remédios está batendo, vou comer, tomar banho e dormir. Preciso confiar no meu taco sem perder de vista a autocrítica sensata. É um equilíbrio tênue da alma, mas que estou ansiosíssimo para alcançar. Vou lá comer e tomar banho. Se tiver disposição escrevo um pouco mais. Estou curioso para ver as minhas impressões de mim amanhã. Sei que hoje estou feliz comigo mesmo. Quase orgulhoso pela evolução conseguida. Resta saber se não é coisa efêmera. Quando acordar amanhã descobrirei. E recitarei os meus mantras para mim mesmo. Já fui redundante demais. À refeição.

1h01. Comi e tomei um banho normal, não foi um megabanho, não estava com disposição. Mas me limpei bem. Estou um pouco menos radiante que no parágrafo anterior, mas radiante ainda. Acho que é o sono. Acho que vou comer um pouco mais. Estou com fome. Mortadela com arroz. Nada menos dietético. Mas vou encarar. Ou exerço minha autodisciplina e durmo com a barriga meio vazia? Acho mais salutar essa segunda opção. Ela levanta mais a minha autoestima. Mostra a mim mesmo quem tem as rédeas da minha vontade. Estou com sono. Vou ligar para o meu irmão amanhã para ver se ele segura a compra do Zelda. Switch ou não Switch, eis a questão. Tomara que minha mãe permita uma última investida no mundo dos games. Isso me faria mais feliz do que eu já sou. Como meu astral mudou da segunda para hoje. Vou repetir frases antes de ir dormir. Será a minha prece diária. Ao acordar e ao ir dormir. E em qualquer outro momento que eu achar válido. Como passo muito tempo só, eu posso repetir a esmo. Estou com fome mas resistirei. Queria muito que minha mãe me desse essa última chance me deleitar com videogames. Seria o bicho. Ela nem pode saber o quanto. Se não acontecer não será o fim do mundo, mas estou tão excitado com essa possibilidade que sentiria uma grande frustração se não ocorresse. Bem veremos. Termino o dia de hoje gostando mais de mim, mais satisfeito com quem sou da forma como sou e com isso gosto bem mais do resto da existência também. A existência possui coisas terríveis, tragédias inomináveis, mas também é de uma beleza ímpar. E me atenho mais à parte boa. Não vou virar Polyana, mas uma dose de otimismo frente à vida não pode ser uma coisa má. Ao menos para mim não é. Já salvei os três itens do Nintendo Switch que preciso na minha lista da Amazon. Caso mamãe se decida a comprar, caso a convença em verdade, é só mandar os links para ela. Ou eu e meu irmão vamos até a Gamestop mais próxima e compramos em dinheiro lá para não estourar o cartão de mamãe. Ela que decide. Novamente escrevendo ficção aqui. Dessa vez, a realização do sonho depende 30% de mim e 70% de mamãe. O que aumenta a improbabilidade enormemente. Quando tiver uma brecha de tempo amanhã vou ler o artigo sobre autossugestão do Wikipédia. Parece que há umas dicas lá. Vou tentar ler agora.

1h58. Não me acrescentou muito. Acho que tudo depende da fé cega que eu deposito nas frases que repito. Acho que é isso que faz efeito em mim. Vou me preparar para dormir. Até depois do meu sono.

-x-x-x-x-

12h41. Eu já acordei a repetir frases. Estou em dúvida se isso funciona mesmo. Mas, como dizem, uma mentira repetida muitas vezes, torna-se uma verdade, vamos ver. A sogra da fantástica faxineira morreu e ela precisará sair até minha mãe chegar, logo não poderá fazer as minhas malas hoje. Espero muito que venha no sábado e arrume a mala com mamãe. O meu desejo pelo Nintendo Switch permanece. Espero que seja mais do que isso e que eu realmente jogue os games, se conseguir convencer minha mãe a comprar. Tenho firme convicção de que jogarei. E espero que isso me faça pegar gosto pelos games em geral de novo. Dessa parte não estou muito confiante, mas já repeti hoje a frase motivacional em relação a isso.

13h13. A fantástica faxineira estava dando uma geral no meu quarto antes de partir. Aproveitei para repetir frases. Vou investir todo o meu tempo ocioso nisso. Segundo li, até quadros clínicos foram melhorados e até curados pela autossugestão, só não entendi se através da hipnose ou da mera repetição de frases motivacionais. Sei que estou meio que viciado nisso. É gostoso para alma me ouvir dizendo coisas tão positivas sobre mim mesmo. E por esse expediente apenas já é recompensador. Muito melhor do que ficar me denegrindo. Mal pelo menos não faz. Acho que vou jogar o jogo do Toad hoje. Agora.

13h51. Joguei algumas fases, foi bom. Só não gostei da do carrinho pois não consegui entender os controles. Parece que usa o giroscópio do controle, mas não captei como. Talvez tivesse de ter olhado para a tela do controle. É por isso que não gosto do controle do Wii U, não gosto dessas frescuras. Esse repúdio acho que foi me dado pelo PS3, que se joga sem frescura. São os sticks, os botões e pronto. Sem precisar ficar girando o controle ou segurando ele no ar como um visor. Vamos ver se o Switch sai para mim, aí os posts vão diminuir consideravelmente. Hahahaha. Estou ouvindo a discografia do Right Said Fred. Acho que vou botar em modo aleatório. Meu celular descarregou. Minha mãe vai ficar superpreocupada com isso, mas basta ela ligar para casa que eu atendo. Aposto que vou achar o que escrevi ontem ridículo.  Vou logo revisar e postar isso. Vixe, vai ser um saco revisar, está com 14 páginas de Word.


15h17. Acabei de reler e não sei se revisei direito. Muito texto. Não me envergonho do que escrevi. É uma fé nova que descortinei. Continuarei repetindo os meus mantras, equanto fizer sentido para mim. Como disse, mal não faz. Vou postar isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário