12h34. Acordei há poucos minutos. Fui fumar o meu cigarro da
manhã e aqui estou. Hoje o post promete ser morgado. Nem sei se divulgue. Acho
que preciso de um café. Acho que tem.
12h40. Minha mãe veio me passar o seu itinerário de hoje. Há
festa de confraternização do seu departamento na universidade. Pois é, minha
mãe e meu padrasto são conceituados professores do departamento de Química da
universidade. Meu pai também era enquanto vivo. E a única matéria em que fui
para prova final, fiquei para repetir de ano mesmo, foi em Química. Sempre
odiei Química. E por meus pais serem professores da Área Dois, decidi desde que
descobri o que era vestibular nunca fazer nada de Exatas para não tê-los como
professores. Tinha medo de eles descobrirem quão mal aluno eu era,
especialmente o meu pai. Relapso, sem concentração, desinteressado. Pior seria
repetir em uma de suas cadeiras. Nunca fui dado ao estudo, sempre achei uma
obrigação deveras chata e entediante.
13h04. Por falar em obrigação, minha mãe me obrigou a comer
agora, mesmo sem estar com a mínima fome. Tanto melhor que como pouco e não
tenho fome por um bom tempo. Acordei mais gordo do que quando cheguei da
caminhada. Preciso fechar ainda mais a boca. Não vou andar hoje, eu acho. Por
causa dos meus pés.
13h19. Conversei com a minha mãe e ela havia lido o meu blog
e estava preocupado que eu entrasse na friend zone, achando que fosse um site
ou um grupo online de pessoas sádicas ou coisa do gênero. Hahahaha. Isso é que
dá ler as coisas por cima. Deve ter misturado a coisa do escravo da festa BDSM
com friend zone e, adicionando sua neurose a meu respeito, criou uma coisa
hedionda em relação aos meus hábitos de internet. Hahahahaha. Decerto não quero
entrar na friend zone. Eu quero é sair dessa. Se bem que atualmente não me
encontro nessa situação. E não vou entrar. Acho que sou maduro o suficiente e
me dou mais a respeito para cair na esparrela de entrar numa situação social
dessas. Que calor. Hoje está de lascar. Quando o casal sair, vou abrir a porta
do quarto para que o ar circule. Ou ligo um pouco o ar só para esfriar o quarto.
13h36. Abri a porta, eles já foram. Ficou mais ventilado. O
vento bate em mim e me acaricia. Mamãe deixou dez reais para o caso de eu ir
andar. Não sei se vá. Queria me aventurar até o Recife Antigo, mas acho que
seria demais. Se fosse amanhã me arriscaria, mas hoje... acho que não vou
andar, deixar as assaduras nas coxas sararem e o pé parar de arder. Sei não. Só
sei que amanhã não posso pois preciso arrumar as malas para a viagem. Pretendo
levar duas para trazer o máximo de bonecos possível. Hoje as palavras me estão
arredias. Não estou gostando da construção das frases. Mas vai do jeito que
for. Vai ver estou esquentando ainda. Espero que a pessoa do ex-escravo, ela o
dispensou aparentemente, não tenha ficado com raiva de mim. Se mamãe leu o meu
post deve ter visto o meu interesse pelo Nintendo Switch. Ou ela não leu até o
final. Sei lá, esqueci desse detalhe. Mas agora, agora, se um Nintendo Switch
se materializasse já instalado aqui ao meu lado com o Mario, eu não jogaria.
Aliás... é, não jogaria. Procuro dentro de mim a chama dos games e não
encontro. Pode ser que se começasse a encarar eu acabasse sendo cativado pelo
game, não sei. É um jogo cativante. Talvez me apegasse a ele. Lembro que o
Mario 3D World me cativou e já estava nessa fase de refusal aos videogames. Me sinto ligeiramente entediado, mas sem a
angústia de anteontem. Tudo corrobora para a minha teoria. Que bom. Definitivamente
não é depressão. Foi um momento e teve uma causa. O que não ocorre hoje.
Graças. Vou pegar um café e uma água. Posso usar o dinheiro da andada para
comprar uma Coca-Cola, mas ela não me faz falta agora. Já vou me empanturrar de
Coca no Natal da minha família paterna nesse sábado. Festa em que, em teoria, o
meu amigo cineasta estará presente e fará filmagens. Estou muito arredio a
filmagens, mas vou encarar. Vou ter que encarar. Se ele estiver mesmo motivado
a fazê-lo. Vou até mandar um e-mail para ele.
14h33. Mandei. Vamos ver o que ele me diz. Eu sei que este
post não está nada interessante, não há bizarrices como um escravo que é
escravo por vontade de sê-lo. Para quem perdeu essa história, veja o post
anterior. Para saber da angústia que me assolou também. Como não tenho assunto,
acho que vou fazer um poema, vou tentar fazer um rimando, que é muito mais
difícil. Gostaria de ter o auxílio luxuoso do Houaiss eletrônico, porém não sei
onde está o CD. Ele permite a busca de palavras com a mesma terminação, o que é
uma mãozaça na roda para quem procura rimas. Vamos com meu vocabulário pouco
mesmo.
De todas as loucuras
Que nunca cometi
Tu é a que mais me falta
Pois o universo conspira melhor em ti
De todos os desejos guardados
Você é o que deveria sair da gaveta
E se materializar em agrados
De todos os sonhos
Que acordado sonhei
Você ser minha rainha
E eu ser seu rei
Isto está uma porcaria
Basta de rimas
Como você me bastaria
Ficou um tremendo lixo. Deixa para lá, rimas são para a liga
dos profissionais. Como o cara conseguiu fazer um “Navio Negreiro”? É genial.
Ou os Lusíadas? Um livro inteiro rimado. É preciso muita dedicação e esmero e
um domínio ímpar da língua. Não é o meu caso, então se fizer poemas, limito-me
a versos brancos. E nem isso, pois os meus não têm métrica. Não sei nem se
podem ser considerados poemas. Dane-se. São a minha tentativa de ser poético.
Alva é a tarde
Que agora me cerca
E lembra a sua tez
Que saudade
Nem sei bem de quê
De algo que existe em você
Algo que ainda não conheço
Me ajuda
Para que eu lhe ame
De uma maneira desconhecida
Para você
Que está acostumada
A uma vida sem versos
A homens sem poesia
Homens mais vãos
Que eu
Me diz, me conta
Desabrocha para mim
Não temos muito tempo
Bem o sabe
A vida é um sopro
Um dia temos a juventude
Noutro a chama já se apagou
Vem, se apressa
Para que não percamos
Nem mais um segundo
Desse mundo
Tão cheio de sós
Tão carente
De nós
14h59. Vixe, mesmo sem rima ficou muito fraco esse. Mas vou
deixá-lo aí. Vai que alguém goste. Acho difícil. Hahahaha. Bom, sobre o que
falar agora? Estou eu e Dona Carmelita em casa apenas e em breve ela partirá
também e terei a casa só para mim. Acho que vou ouvir “Utopia” alto agora. Se
bem que a pasta Sandy e Nirvana está tão boazinha de escutar. E nessa altura.
Volume 11, eu acho. Se for botar “Utopia”, vou aumentar para a casa dos 30. Não
ouso botar mais que isso, dói nos ouvidos (o som vai até 40 eu acho). Estou com
vontade de caminhar, mas meus pés ainda estão ardidos, não é uma boa ideia,
posso acabar por fazer um calo e ter que voltar manquejando do meio do caminho.
Deixa para lá. Qualquer coisa, vou na sexta. Estou sem assunto. O que sinto
agora? Nada em especial, mas o verbo sentir está fortemente ligado à garota da
noite nesses dias de minha vida, então penso logo nela. Mas é um sentir que
ainda não se transformou em paixão. É uma sentir cheio de dedos. E um sentir
preparado para não se ferir com a rejeição. É um sentir de quem não conhece de
fato o objeto do sentimento. Um sentir que ainda é muito raso. Finalmente tirei
um pêlo preso entre a gengiva e o dente, que alívio. Já estava pensando que
fosse uma cárie. Acho que o engoli. O espelho do quarto da minha mãe foi
crucial na extração do pêlo. Outra pergunta. Vamos ver. O que penso da viagem
que farei daqui a alguns dias? Penso que vai ser melhor do que estou esperando
porque estou esperando um grande terror e não pode ser tão terrível assim.
Então estou otimista dentro do meu pessimismo por mais que isso soe um tanto
paradoxal. E tenho a esperança de adquirir um Switch com os controles
coloridos. Caso o adquira realmente, só vou comprar outro jogo depois que zerar
o Mario e o Zeldinha. Espera, que o meu amigo cineasta acabou de responder o
meu e-mail, preciso ver quais são seus planos.
15h29. Ele quer filmar desde a minha saída até a chegada na
festa. Queria filmar eu fazendo as malas, mas isso vai acontecer amanhã, se
tudo der certo. Com o auxílio da fantástica faxineira sob gerência geral da
minha mãe. Começo a ter frio na espinha pensando na viagem. Está muito em cima,
daqui a sete dias. Meu Deus. Vou pegar café e água.
15h37. O e-mail que respondi ao meu amigo cineasta ficou
muito mal redigido. Estou escrevendo mal para dedéu hoje. Que ozzy. Mas
seguirei escrevendo mesmo assim. Que outra pergunta eu poderia fazer para mim
mesmo? O que eu acho da minha vida? Acho que sou afortunado, muito afortunado.
Que brasileiro não queria passar o Natal nos EUA no meio da neve, exatamente
como nas fantasias do inconsciente coletivo? Eu acho que poucos não gostariam.
E eu me incluo nessa lista. Voltando à minha vida, acho que ela tende a ser um
pouco pior do que está em 2018, pois acho que vou receber uma cortada da garota
da noite e voltarei ao deserto afetivo. Por outro lado, pode ser que eu ganhe ou
compre o Switch e volte a me apaixonar pelos videogames estou me
autossugestionando para isso. Aliás estou me autossugestionando para várias
coisas, ter coragem de abordar a garota da noite, perder o ranço com sexo,
voltar a gostar de jogar videogames com o Zelda e ser uma pessoa melhor em
todos os sentidos. Só isso. Hahahaha.
15h47. Meu amigo cineasta respondeu e até achou graça do meu
e-mail. Ainda bem. Disse que aparece por volta das 11h00 do sábado aqui.
Preciso me programar para acordar cedo. Sobre as malas, disse que nós fazemos
uma “fakeada”. Não sei bem como, mas ele é o diretor, ele me orienta. De
repente até minha mãe entra na jogada, explicando as escolhas das roupas. Sei
lá. Ele é que tem o filme na cabeça, ele que decida. Eu sou apenas uma peça do
quebra-cabeças imagético que ele tem em mente. “Quebra-cabeças imagético”, essa
foi estilosa. Hahahaha. Cada palavra bonita e complicada para dizer tão pouco.
Hahahaha.
15h58. Bom, voltando à pergunta, que acho a mais pertinente
que eu poderia me perguntar; o que eu acho da minha vida? Acho que finalmente
cheguei onde queria estar, fazendo o que a minha alma pede na maioria do tempo.
Que mais poderia querer? Uma namorada, eu acho. Ainda estou incerto sobre isso.
Mas acho que basta um novo encontro com a garota da noite para eu ter certeza
de que quero. Estou me esforçando para emagrecer, pois minha alma pede, quero
surpreender a garota da noite em nosso próximo encontro, que provavelmente só
se dará no ano que vem, quem sabe já esteja quase sem bucho até lá? Essa
mudança de visual certamente a surpreenderia positivamente. Tenho que me
controlar nos EUA e não comer muita porcaria para não ganhar tudo de novo.
Queria muito conseguir só encontrar com ela com dez quilos a menos. Já perdi
três ou quatro. Ou mais. Pedi a meu irmão que não comprasse Cocas para mim lá.
É só ficar com a boca fechada o máximo que posso. Eitá já são 16h16. Não vou
mais andar hoje, definitivamente. Estou até sem ânimo. Poderia andar só até o
Açude, mas não vou. Deixa para a sexta. Que acho da minha vida? Acho que há
coisas que precisam de conserto. E para isso talvez a terapia me ajude. Ou não.
Estou mais confiante em relação à hipnose que meu primo-irmão irá aprender. Se
hipnotizável realmente eu for. Pode ser que haja algum bloqueio da minha parte.
Mas ele disse que pode reprogramar coisas que eu queira realmente mudar e não
consiga fazer sozinho. É justamente o caso com o sexo. Eu quero mudar, quero
ver o sexo como uma coisa deliciosa e não como uma obrigação de satisfazer a
minha parceira, o que é um pensamento deveras broxante. Especialmente para mim,
tão avesso a obrigações. Tudo o que estou tentando me autossugestionar e já foi
enumerado aqui precisa de conserto. São coisas que desejo mudar, mas não sei
como. Não sei como ser mais ousado, saliente em relação às garotas. Queria
voltar a gostar de videogames. Estou apostando as minhas fichas na hipnose. O
que trataria na terapia resolvidos esses dilemas me escapa, pois não quero mais
nada da vida. Minha vida é ótima, o que eu mais desejei na minha vida, fugir
dos grilhões do mercado de trabalho e escrever apenas o que quero, aconteceu.
Não sabia que isso me levaria a um crescente isolamento social. Um desaprender
a lidar com as pessoas, uma crescente dificuldade de me comunicar com elas.
Acho que esse desejo de ser mais comunicativo, sem ser tagarela, é outra coisa
com a qual a hipnose pode me ajudar. Será que o procedimento também pode me
ajudar a ter mais autoestima? Se for, todos os meus problemas existenciais
estarão resolvidos. Não consigo pensar em mais nada que eu queira mudar em mim.
Eu gosto da vida que levo, só não gosto muito de ser eu, embora goste muito
mais do que gostava no passado.
16h49. Falando em hipnose, estou tentando me
autossugestionar aqui, repetindo várias vezes frases motivacionais, pareço um
doido repetindo elas em voz alta. Mas em vez de me focar em apenas uma, eu
estou abordando todos os meus dilemas de uma vez só. E fico repetindo os
comandos em voz alta. Ainda bem que estou sozinho em casa. O interessante é que
o que mais repeti, eu vou conquistar e amar a garota da noite, está ressoando
na minha cabeça agora. Quem me dera isso funcionasse. Preciso acreditar que
funciona senão a mágica não se faz. E eu acredito.
17h00. Mandei para a garota da noite o seguinte, “eu vou
conquistar e amar você. Seremos muito felizes. Prepare-se.” Hahahaha. Achei que
as frases motivacionais serviriam como uma boa investida. E denotam uma
autoconfiança da minha parte que eu não tinha. Ou não demonstrava. Ou não
tenho. Eita, está me batendo uma insegurança monstra agora. Estou
super-arrependido de ter mandado essa mensagem. Mas o que é que tem demais?
Deixa de ser besta, Mário. O não você já tem, tem que arriscar mesmo, se
mostrar autoconfiante, as mulheres gostam disso. Pelo menos dei uma de macho
alfa. Que experimento curioso. As frases surtiram efeito, mesmo que passageiro,
preciso reforçá-las frequentemente. As frases que estou repetindo? Ei-las:
- Eu gosto de mim;
- Eu gosto de fazer sexo, eu gosto de trepar, eu gosto de
foder, eu gosto de meter;
- Eu vou emagrecer;
- Eu vou conquistar e amar a garota da noite;
- Eu sou feliz e serei muito mais feliz com a garota da
noite;
- Eu sou comunicativo e legal, eu sou legal e comunicativo.
Em suma, são essas. Não lembro se repeti mais alguma.
Empoderado pela repetição das frases, volto a achar que ter sido tão incisivo
foi positivo. Não tenho muito a perder mesmo. Talvez essa frase seja ela mesma
uma sugestão para a garota da noite. Veremos.
17h21. Mandar essa frase para ela foi tão não eu que ainda
estou em dúvida se fiz o movimento certo. Preciso acreditar mais em mim. Taí
uma boa frase para repetir, eu acredito em mim. Algo dentro de mim se remexe, é
o meu eu lutando contra os comandos, querendo rejeitá-los todos, minha
tendência de me autossabotar. Eu não vou me autossabotar. Outra frase. Acho que
meu cérebro está acachapado com tantos comandos. Vou maneirar um pouco, senão
vai dar tilt aqui. Eu e minha mania
de querer logo tudo de uma vez só. Depois de repetir esse último comando, eu
sinto novamente que fiz a coisa certa mandando a frase para ela. Agora só me
comunicarei no Natal, que era o plano inicial, não tivesse eu esse rompante de
autoconfiança. Eu sou um macho seguro. Outra frase. Assim eu vou ter mais
comandos que um programa de computador. Hahahaha. O pior é que eu estou
acreditando mesmo que isso vai operar profundas mudanças na minha vida. Tomara!
Se eu acreditar “de com força”, eu acho que opere. Tenho que ter fé. E talvez
eu me torne melhor em todos os aspectos que mencionei. Seria uma revolução da
minha vida. Eu acho que aí nem precisaria da Singularidade, a minha vida
terrestre, humana e limitada já me bastaria. Vamos ver. Eu estava pensando até
em imprimir as frases para repetir todos os dias, mas se eu sei o que quero,
não preciso de lembrete. Mas seria massa ter isso pregado na minha frente.
Vamos ver. É muito íntimo para a fantástica faxineira ver. Minha mãe talvez
leia isso, então não tenho muito como escapar. Sei que após repetir esses meus
mantras me sinto muito bem. Espero que seja um sentimento que perdure. Já me
aclimatei com a mensagem que mandei para a garota da noite, foi uma pequena engrenagem
que criei na roda da existência. Vamos ver se surte algum efeito. É o tipo de
mensagem que ela não vai responder nem vai marcar como vista provavelmente. Sei
lá. O que será, será. Sei que me divirto com a brincadeira. É muito
interessante brincar com a existência, ela é o melhor brinquedo. A vida é o
melhor brinquedo. Estou com vontade de ter o Switch com os dois jogos. Acho que
começaria pelo Zelda.
18h24. Escrevi uma parte agora dedicada à minha mãe, pedindo
o Nintendo Switch, um par de controles extra e o Super Mario Odyssey, mas acho
melhor conversar com ela pessoalmente. A diferença de preços em relação ao
Brasil é bastante significativa, mais de mil reais (437 dólares, algo por volta
de 1.440 reais nos EUA, contra 2.528 reais, sem contar os fretes, no Brasil). Como
forma de aliviar esse valor, ou ajudar na compra, como queira, ainda me
comprometeria a vender um boneco dos grandes e repassar o valor para ela, em
reais, pois é a única forma que tenho de resgatar o dinheiro do PayPal. Acho
que consigo vender o boneco pelo valor do console (300 dólares), aliviando
assim a parte mais pesada da compra. Já sei qual vai ser a argumentação dela,
dirá que eu tenho já dois videogames e um zilhão de jogos e não jogo nenhum,
para que comprar outro? É uma argumentação válida. Não sei como contra
argumentar, mas sinto que vou jogar esses dois jogos. Eu me apaixonei pelo
Mario quando vi na casa do meu amigo jurista. E o Zelda foi escolhido o jogo do
ano, batendo inclusive o Mario, então deve ser nada menos que espetacular.
Farei o melhor para transformar esse sonho em realidade. E torcer que, em se
realizando, eu me enamore novamente pelos videogames e jogue os que tenho aqui.
Muitos eu sei que não vou jogar, não são espetaculares como os dois do Switch. Mas há jogos espetaculares aqui.
Pelo menos uns 10. Red Dead Redemption (e sua versão zumbi), GTA V, Assassin’s
Creed Black Flag, Tomb Raider, Uncharted 3, Rayman Legends, Mario Maker
(maybe), Bioshock 3 (maybe), Okami, Flower (maybe), the list goes on…
19h03. Papo chato do caramba. Perdoe-me leitor(a). Estava
mais divertida a parte da autossugestão e das elucubrações sobre a garota da
noite, né? Bom, nada mudou de lá para cá. Me sinto melhor comigo mesmo e isso é
surpreendente. Chego até a gostar de mim. Pelo menos nesse exato momento eu
gosto de mim e estou super de bem com a vida. Que ótimo, que continue assim.
Estava com receio da filmagem e fiquei repetindo “eu não tenho medo da
filmagem” e isso de alguma forma me confortou mais. Não de todo, mas está
melhor. Afinal, de fato, não há por que ter medo da filmagem. É uma ansiedade
despropositada. Quem me dera na festa do ano que vem eu levar a garota da noite
como minha namorada. O meu superego supercrítico e punitivo quer tentar minar
as minhas pretensões com a garota da noite, só que dessa vez eu não vou deixar.
Vou acalentar meus sonhos e tentar alcançá-los, se não conseguir, paciência. Eu
estou repetindo agora “eu sou desenrolado com as mulheres que eu estou a fim”.
Hahahaha. Se eu continuar a inventar frases acho que isso não vai surtir muito
efeito. É muita informação para um cérebro só. Mas é uma maniazinha gostosa
essa de repetir em voz alta frases motivacionais, que reforçam os desejos e
atitudes que normalmente teria dificuldade em lidar ou tomar. Vamos ver se
continuo com ela e se ela surte algum efeito prático. Já surtiu um, a ousada e
confiante mensagem que mandei para a garota da noite.
19h33. Minha mãe e meu padrasto chegaram. Já testei o casaco
de neve dele e cabe em mim. Um problema a menos para resolver. Já avisei a
mamãe que amanhã quero estar com as malas prontas. Coloquei uma camisa para
vestir o casaco, estava sem camisa esse tempo inteiro por causa do calor, e
sinto como é desconfortável ter panos sobre o corpo. Desconfortável, porém útil
no frio que vou pegar.
19h42. Pedi a mamãe que fizesse uma garrafa de café para
mim. Ela concordou. Quem me dera encontrasse igual boa vontade em relação ao
Nintendo Switch. Hahahaha. Nessa questão não há frase motivacional que repita
que vá me facilitar dobrar a véia, é uma coisa que depende mais do outro que de
mim. Não sei como escrevi sete páginas sem ter assunto nenhum. De novo me
surpreendo. E sempre me surpreenderei. É quase como se não fosse algo meu. Só
relendo relembro as passagens, pois agora, lembro apenas da parte das frases
motivacionais e do videogame. Não sei o que escrevi antes. O receio em relação
à filmagem, se dissipou. Talvez quando se aproximar mais, a ansiedade ressurja.
Mas, de fato, não há por que ficar ansioso. Se estivesse no lugar do meu amigo
cineasta aí, sim, ficaria ansioso, mas sendo do jeito que é, é só relaxar e
curtir o dia, ser eu e fingir que a câmera não existe. Tomara que eu consiga
emagrecer em vez de engordar nesse final de ano. Quero ser todo outro, para
melhor, quando reencontrar a garota da noite. Esse quando é que é uma incógnita.
Puxa fui ousado na minha mensagem, chega me dar um frio na barriga agora. Mas
acho que fiz a coisa certa, certamente me distanciei da friend zone com isso.
Parti para o tudo ou nada. Que calor da murrinha, tive que fechar a porta por
causa do meu padrasto e ainda botei a camisa a pedido da minha mãe, então está
uma sauna aqui. Já-já ligo o ar. O que diria para a garota da noite? Mais nada
por ora. Acho que já disse o que tinha que dizer. Deixei o meu recado de forma
muito incisiva. Acho que vou jogar um pouco de videogame senão este post vai
ficar com doze páginas. Mas não estou com saco de jogar videogame agora, quero
escrever. Vou seguir minha vontade. Estou com medo de trabalhar a frase “eu
gosto e quero jogar videogame” e não funcionar. Pois, em não funcionando, todo
o sistema de crenças nos outros comandos pode colapsar junto. E isso é a última
coisa que quero. O que gostaria de dizer para a garota da noite quando a
encontrar? Está preparada? Se ela perguntasse para quê? Eu responderia para ser
conquistada e amada por mim? Hahahaha. Mas sério, se tivesse a autoconfiança, a
segurança e a hombridade que me cabem, diria assim mesmo, na lata. Mas isso é
só uma projeção. Do eu de agora até essa figura capaz de falar isso vai uma
longa distância. Seguirei repetindo as minhas frases motivacionais e quem sabe
essa autossugestão não me transforme no cara mais confiante com as mulheres que
sempre quis ser? E se meu primo já estiver dominando a hipnose, ele pode me dar
uma superforça, caso eu consiga me submeter à hipnose. Tenho receio de
inconscientemente rejeitar a coisa. Espero que não.
20h38. Fui colocar os remédios no negocinho de remédios, que
não sei se tem nome, é um com os dias da semana, a pedido da minha mãe. Ela já
vai dormir e já fez o café para mim, tomei uma xícara ainda agora. Ela veio me
dar boa noite e disse que a viagem iria ser boa. Espero que ela esteja certa.
Eu vou gostar da viagem. Taí outra frase para eu repetir. Ah, por isso o
Vaporfi estava queimando e ardendo tanto na garganta, mais do que o habitual,
estava numa potência alta que nunca uso, o controlador deve ter rodado enquanto
estava no meu bolso. Entrei na oitava página e não quero parar de escrever. Vou
ver quantas leituras teve o meu outro post. 33 visualizações, tá ótimo.
Finalmente lançaram um dos bonecos que cancelei a compra e o acabamento dele me
decepcionou, afora ser feito de tantas partes que parece um quebra-cabeças. Ainda
bem que desisti ou ficaria bem decepcionado com o resultado final. Como de fato
fiquei, mas na posição em que estou isso me veio como alívio. E acho que mesmo
se a versão final tivesse ficado equivalente ao protótipo, eu não ficaria
arrependido de tê-lo cancelado. Bem, só um pouquinho. Eu quero ver se seleciono
só a nata da minha coleção, da parte que está nos EUA, e o resto eu vendo.
Minha febre de bonecos passou. Só são para mim imprescindíveis, além dos que
tenho aqui, a Captain Marvel, o Thing, o Hulk e a Red Sonja. Talvez o Skeletor.
Dos pequenos também dá para vender um bocado, eu acho. Eu sei, eu sei, bonecos
são um assunto tão chato quanto games para os não iniciados. E não conheço
ninguém que colecione bonecos além de mim. O calor passou mais. A vida segue
macia. Sinto uma pontinha de orgulho por ter tido a coragem de mandar uma
mensagem como aquela para a garota da noite. Eu tenho me surpreendido em
relação às minhas investidas para cima dela. Primeiro, gravei um vídeo de mim
cantando, o que é me expor muito mais do que gostaria. Depois mandei um poema,
o que não fiz para nenhuma das minhas namoradas e, por fim, dei um direto no
queixo. Que seja, a vida está aí para ser experimentada, tentada da melhor
forma, apreciada. E apreciaria bem mais tendo uma namorada como a garota da
noite. Só falta ela responder algo do tipo, vai sonhando. Me sairia com um,
sonhando eu já estou, agora só falta ancorar esse sonho na realidade, que é o
que estou fazendo. Hahahaha. Que resposta ousada essa. Hahahaha. Será que eu
teria coragem de mandar isso? Creio que sim. Perdido por um, perdido por mil ou
coisa do gênero. Eu repeti agora uma porrada de vezes, eu vou voltar a gostar
de jogar videogames com Zelda e Mario. Pense numa frase grande para se repetir.
É quase uma trava-língua. Mas esse post está muito inútil. Ou não? É a minha
vida, é o que tenho a oferecer. Eita, ela está online agora. A garota da noite.
Mas não tenho coragem, aí é demais para mim, depois daquela mensagem, puxar um
papo. Realmente não saberia o que dizer. Deixa a mensagem e pronto. Capaz de
ela me bloquear, quando vir. Sei lá. Sei lá o que vai na cabeça da garota da
noite. Vou pegar café e água. 21h29.
21h37. Ainda é cedo, amor. Quem sabe mais para a frente,
armado de um corpo mais esbelto e de segurança, se a tal da autossugestão
funcionar, você não se torne realidade, hein, amor? 70% depende de mim, saber
fazer o approach e tal. Os outros 30% dependem da garota da noite. Se ela não
corresponder, fico no zero a zero em que me encontro. Não perco nada tentando.
Essas coisas do coração deveriam ser mais fáceis. E se ficarmos e ela quiser
transar logo no primeiro encontro? Espero que não. Não sei como vai estar a
minha confiança sexual até lá e acho que ela não seria tão fácil assim. Não
para mim. Para onde iríamos se ela quisesse transar, eu que sempre ando com
pouco dinheiro, não teria como pagar um motel, ou ela pagava e depois eu
acertava (que ridículo) ou iríamos para a casa dela ou a minha. Minha mãe iria
ficar escandalizada de eu trazer uma desconhecida para dormir comigo. Acho que
teria que colocar uma mensagem na porta dizendo, não entre, estou acompanhado.
Hahahaha. Que situação. Além disso teria que pegar a chave do quarto de
hóspedes e trancar a minha porta para dar tempo de nos recompormos se fosse o
caso. Peraí, já estou escrevendo um conto aqui sobre uma hipótese praticamente
impossível. Que sandice. Mas é fato que não tenho para onde levar a garota da
noite para transar numa primeira ficada. Então fica combinado assim, não
transarei na primeira ficada. Se ela perguntar por que, eu digo que não tenho
grana para o motel. Que esdrúxulo. Para tudo. Isso tudo é ficção. O que eu fiz
foi mandar uma mensagem mais saliente para uma garota que mal conheço. Só isso.
O resto todo é viagem da minha cabeça. Projeções estapafúrdias. Nossa, como me
deixo levar. É porque é divertido criar essas ficções baseadas no meu
cotidiano. Esse post está enorme. Deixa para lá, quem quiser que leia. Duvido
que alguém chegue até aqui. Vai parar muito antes. Não tenho uma vida ou uma
narrativa tão engajantes assim. Pelo contrário, em especial quando desato a
falar de bonecos e videogames como fiz aqui. Nem minha mãe tem saco de ler o
post todo, imagine um desconhecido. Deixa, está me preenchendo o tempo de uma
forma saudável e divertida, é o suficiente para mim. Se o menino quer escrever,
deixa ele escrever superego. Mas tu és muito chato mesmo, viste? Cara, como
desgosto do meu superego, minha luta eterna é contra ele, deixar de ser tão
autocrítico. Vou ser menos autocrítico, taí outra boa frase. Mas eu tenho medo
de ser menos autocrítico, tenho medo de me tornar mais ridículo do que já sou.
O superego é pernicioso, me ameaçando. Eita, coisinha chata. Quase me convence
agora que eu tenho que ser autocrítico como sou. Acho que um pouquinho menos já
operaria milagres. Mudarei a frase para serei um pouco menos autocrítico. Aí agrado ao id, ego, superego e quem
mais habitar a minha personalidade. Sei que sou muito pouco crítico a respeito
do que escrevo, mas poderia levar essa forma mais leve de ser para a vida
também. Talvez, então, não precisasse escrever tanto para me sentir livre.
Preciso lembrar de pegar um xampu na despensa. O meu acabou. O sotaque do
interior de São Paulo que Sandy carrega tem seu charme para mim. Mas ela tem
uma mão horrível, lembra a da minha bisavó. Mão de velha mesmo. Ou assim ficou
impresso na minha cabeça por ser a primeira mão de velha que eu vi na vida. Ou
na qual pude me ater mais. As mãos da garota da noite acho que são belas. Isso
conta muito para mim. Os pés não, mas as mãos... meu irmão, só estou escrevendo
besteira. Para, superego, deixa eu me divertir aqui. E daí que só escrevo
besteiras? É o que me dá na alma escrever, oras. Não vou parar mesmo que este
post fique com cem páginas. Vou escrever até me saciar de dizer por hoje. E não
estou nem perto disso. Não, não quero fazer poesias. Pelo menos não no momento.
Fui procurar fotos que mostrassem as mãos da garota da noite e tenho as imagens
impressas na minha mente. Por falar indiretamente em visão, preciso fazer o
exame de vista e trocar a armação dos meus óculos assim que voltar da viagem, é
outra coisa que fala mal de mim, pois a minha armação soltou uma lasca e está
com uma parte branca. O resto da armação é de um marrom escuro, logo é muito
perceptível essa falha que sugere desleixo. Preciso consertar isso. Não é a
imagem que quero passar. Condiz com quem eu sou, mas não precisa ficar
explícito na minha cara. Quando acabar de pagar os bonecos que faltam, vou
querer fazer a barba a cada 15 dias. Acho que o que estou economizando de Coca
já cobre as aparadas de barba. Vou falar com minha mãe sobre o assunto, se me
lembrar. Estou quase pedindo para o meu irmão comprar o Zeldinha para Switch,
em vez de para Wii U. Não gosto do controle do Wii U, muito grande e pesado e
aposto que a interface do jogo vai mostrar os itens pela tela do controle, o
que acho muito chato. Apanhei muito no Zelda Wind Waker por causa disso.
Prefiro que o mundo do jogo pare enquanto escolho o que vou usar, o que não deve
acontecer na versão do Wii U, mas que acho que deva acontecer na do Switch. Mas
não vou fazer esse pedido agora ao meu irmão sem ter certeza se poderei ou não
comprar o console. Aliás, tenho quase certeza que não. Construir intimidade...
há quanto tempo não faço isso? Será que a garota noite permitirá que me imiscua
nas suas intimidades? Acho tão difícil. Mas não recebi um fora ainda, então
tudo está suspenso no ar. Suspense. Pense numa coisa dessas, eu dando diretas
para uma garota. Hahahaha. Da última vez que fiz isso, funcionou. Mas a última
faz tanto, mas tanto tempo. Será que ainda funciona? Se a minha transformação
física se operar, assim como a da minha atitude e postura. Se me tornar mais
afoito e confiante e menos inseguro e derrotista, há alguma chance. Vixe, só de
pensar nisso, a minha insegurança se infla toda me encobrindo. Eu acho que esse
negócio de autossugestão não vai funcionar. Mas vou seguir tentando. Teve uma
frase que me veio ao longo do texto e cuja repetição encontrou um bloqueio
forte dentro de mim e é uma frase importantíssima, eu confio no meu taco.
Repetir isso para mim mesmo me gerou um desconforto, como se estivesse mentindo
demais para mim mesmo, que essa eu não consigo engolir. Será que se continuar
repetindo isso vá minando essa resistência? Não custa tentar.
22h48. Desceu melhor com as repetições, mas ainda estou
incrédulo disso. Seu eu não confio no meu taco, quem há de confiar? Isso é
fundamental mudar. Primordial. É que nunca confiei em mim, é uma mudança muito
brusca de personalidade. Por mais que tenha me dito frases semelhantes, essa
parece ser o dedo bem no meio da ferida. Eu confio no meu taco. Eu preciso
confiar no meu taco. Pronto, eleita a frase que vou me repetir. Eu confio no
meu taco. Sempre achei bonito quando alguém dizia com uma mistura de orgulho,
honestidade e confiança, eu confio no meu taco. Por que não posso eu também
confiar no meu? Por que não posso confiar em mim? Sei que muitas vezes me traí,
mas isso é passado, agora é agora e o passado são lembranças, fantasmas. Uns
bons, outros maus, alguns terrivelmente péssimos, outros divinamente
maravilhosos, tenho fantasmas do umbral ao paraíso. Como todo mundo tem. Não
sou (muito) pior do que ninguém. Por mais que eu creia que seja. Eita. Luta
interior grande agora, mas é uma luta que precisa ser travada, para eu me
tornar alguém melhor comigo mesmo e consequentemente com o mundo, especialmente
com a garota da noite. E se não for ela, será outra. Não sei quem, mas não é
possível tanta solidão. Eu tenho que confiar no meu taco. Tenho que ir dormir e
acordar repetindo isso. Quem sabe algum dia eu incorpore essa confiança. Não
acho que esse negócio de autossugestão funcione do dia para a noite, por mais
que já tenha me causado uma sincero bem-estar comigo mesmo.
23h03. Meu superego veio com tudo agora. Me peguei me
perguntando a quem eu estou tentando enganar. Não é autoenganação é
autossugestão, superego. É diferente. Eu estou tentando me recondicionar e
mudar alguns paradigmas essenciais na minha vida. Deixa de ser carrasco de mim.
Que saco. A verdade é que sempre achei meio petulante as pessoas dizerem que
confiam nos seus tacos. Mas pensar assim é um equívoco. Eu preciso de
autoconfiança, todos precisam de autoconfiança para conquistar algo. Eu preciso
confiar no meu taco e é isso que eu vou ficar repetindo, até, quiçá um dia,
incorporar.
23h20. Parei de tomar café, senão não durmo, tomei os
remédios, coloquei o xampu no banheiro e estou esperando só a fome da medicação
bater para comer, tomar banho e ir dormir. Mas ainda demora um pouquinho para
tudo isso. Enquanto isso escrevo. Esse foi um post singular. Talvez ele marque
o início de uma reinvenção de mim. Talvez não também, como brada o superego
tentando a todo custo manter o território conquistado. O peso de uma vida
inteira me achando menos é difícil de se desfazer. Quero apenas me achar igual,
nem pior nem melhor que ninguém. Quero confiar no meu taco. Não temer os
demais. Olhar nos olhos. Não me intimidar ou acanhar. Estou acreditando mesmo
nessa de autossugestão, que coisa. Fato é que me sinto melhor do que antes de
começar esse processo. Eu posso dizer que gosto de mim. Nunca havia dito isso
antes de hoje. Eu gosto de quem eu sou hoje, agora, talvez amanhã. Talvez daqui
por diante. Se levar um fora, levei, nem isso vai me demover do meu
recém-adquirido amor-próprio. Assim espero. Farei o meu melhor para que não
ocorra. Estou enamorado de mim hoje, pela primeira vez. É uma sensação de
leveza na alma, um alívio e um prazer. Como pude viver tanto tempo sem isso? 40
anos. Tinha que desencantar um dia. Mesmo que só por hoje. Mas acredito que não
será só por hoje. Ao mesmo tempo tenho muito medo do amanhã. De acordar me
sentindo um bosta. Sei que ficarei titubeando por algum tempo até ter
introjetado esse amor-próprio de forma mais profunda e definitiva. Mas vou
começar repetindo as minhas frases motivacionais se isso me fez e faz bem.
Tenho quase vergonha desse texto. Na verdade, deveria ter orgulho, pois peguei
uma dica do meu primo-irmão e estou conseguindo operar um verdadeiro milagre na
minha autoimagem. Quem me dera isso não fosse um arroubo passageiro, um amor de
uma noite só e que vingasse dentro de mim. E frutificasse para as minhas ações
e para a forma me exercer no mundo. Não sou pior do que ninguém. Quem eu sou
hoje é uma pessoa válida, apesar de todos os contrapesos que me puxam para
baixo. Os rótulos negativos (viciado, curatelado, bipolar, feio, gordo). Sou
tão mais que esses rótulos, passei muito tempo me limitando por eles e
acrescentando novos rótulos para me afundar em mim mesmo, para ter vergonha de
mim. Hoje sinto que não preciso ter vergonha de mim. Sou do jeito que a vida e
as escolhas me fizeram, mas, ei, sou eu aqui e eu preciso me amar um pouco
também, me punir um pouco menos, me rebaixar bem menos, não me rebaixar at all. Não vão gostar mais de mim por
eu ser o coitadinho. Isso foi uma coisa que internalizei na infância ainda,
emulando a forma como o meu pai mendigava carinho. Está na hora de mudar isso,
parar de mendigar carinho e ir buscá-lo. Está na hora de confiar no meu taco.
Parar de ser uma criancinha amedrontada e acuada pelo mundo. O mundo também é
meu como de qualquer um. Preciso tomar a parte que me cabe nas mãos e saboreá-la.
Sem culpa, sem me botar para baixo, sem vergonha de quem eu sou. Em suma, eu
preciso confiar no meu taco que é ele o que tenho para enfrentar o mundo. É a
confiança em mim, sem exageros narcisistas. Vou ter que aprender os limites
entre uma coisa e outra não posso também passar da água para o vinagre. Preciso
ficar vinho. Não precisa nem ser de uma boa safra. Uma Mário ano 77 está de
ótimo tamanho. É o que tenho. Tenho que valorizar, tenho que gostar do meu
sabor e melhorar a embalagem. Ninguém é perfeito. Eu que sempre quis ser
perfeito, só fiz falhar miseravelmente. E o meu fracasso destruiu a minha
autoestima. Agora me contento em ser normal. Simples assim. Nem mais nem menos.
Normal, na média, com alguns pontos negativos e outros tantos positivos. A garota
da noite já sabe de tudo o que tenho de ruim. Essa etapa dos rótulos negativos
já foi mandada logo de primeira para que não achasse que levou gato por lebre.
Agora tenho que mostrar o meu lado bom, que eu nem sei direito qual é, pelo
menos hoje eu tomei conhecimento que eu tenho. Que eu sou uma pessoa gostável.
Se até eu que sou supercrítico estou gostando de mim hoje, de ser eu, mesmo
estando gordo e velho, as outras pessoas podem gostar também. Me sinto mais
sadio mentalmente como não me lembro de ter sido. É hora de jogar os podres
para debaixo do tapete um pouquinho. Não expô-los como troféus no meio da sala
do meu ser. Basta disso. Sei que esse caminho não leva a lugar nenhum que valha
a pena de existir. Quero uma existência mais solar, como agora experimento. É
um sentimento ótimo. E não tenho vergonha dele. Vamos ver se isso se reflete no
outro, nos demais. Acho que estou sendo muito ufanista de mim. Acho que preciso
maneirar, eu que tenho as asas de cera. Eu só preciso confiar em mim e gostar
de mim. Aceitar as minhas limitações e lembrar que um tetraplégico, com
limitações bem mais severas que as minhas é capaz de ser feliz. Por que não eu
que tenho tudo? Não devo tampouco me envergonhar de ter tudo. A fortuna me
bateu à porta e eu a acolhi como qualquer outro(a) faria. Não preciso me sentir
culpado. Ninguém sabe o sofrimento que passei antes de a fortuna sorrir para
mim. Eu estou até me sentindo inteligente hoje, por conseguir adaptar a
sugestão de exercício que o meu primo me deu aos meus próprios interesses. Acho
que estou superexcitado pelo café. Ou um santo baixou em mim. Sei lá. O que sei
é que hoje me senti um ser humano válido, com o mesmo direito que os demais de
estar caminhando sobre a Terra em busca de uma felicidade expandida por um
amor. E caso fracasse nesse intento, não posso esmorecer. A possibilidade de
fracassar é enorme. Que perca a guerra, mas que batalhe até o último suspiro.
Sem me sentir inferior aos demais homens. Porque não sou inferior a eles. Sou
diferente, talvez um pouco diferente demais, mas mesmo assim válido. Gosto de
ser diferente, mas gosto ainda mais de gostar de mim. É gostoso demais sentir
isso. Estou com medo, de isso ser só excitação do café. Vamos ver como acordo
amanhã. Isso será a primeira prova de fogo. Se eu estiver certo nas minhas
especulações, as pessoas aqui de casa sentirão a mudança em mim sem que precise
anunciá-la. Vamos ver. Em teoria amanhã estarei mais feliz que de costume.
Espero que minha mãe não ache que estou entrando em hipomania. Espero que não
seja hipomania. Não acredito que seja, acho que passei a acreditar mais em mim,
no meu potencial. Potencial de fazer o que eu ainda não sei, é tudo muito vago
para mim, uma luz difusa, silhuetas do que eu quero ser. Acredito que aos
poucos a coisa se torne mais nítida. Tudo porque repeti um bando de frases de
efeito para mim mesmo. Pode ser que o título do próximo post seja “ESQUEÇAM
TUDO O QUE FALEI NO POST PASSADO”, mas acredito fortemente que não vai ser o
caso. Eu passo a acreditar mais em mim. É ainda muito pouco, talvez frágil. Mas
a repetição dos meus mantras talvez funcione realmente. E eu me remodele
internamente de forma consistente e duradoura. Só faço me repetir aqui. Isso
está muito chato. Ai, ai, mas creio que essa oscilação se dê porque estou no
período de transição entre o meu antigo jeito de ser e o novo que cultivo.
Estou num limbo existencial, tentando passar de um estado interior anterior de
ser para outro, novo e melhor em todos os sentidos para mim. Vou me botar em
primeiro lugar na minha vida, espero que sem egoísmo, sem narcisismo. De boa.
Comigo e com o mundo. De boa com a minha condição, mudando o que dá para mudar.
Por incrível que pareça as preocupações com a viagem evanesceram, o que me põe
uma pulga atrás da orelha. Mas me sinto sinceramente preparado para a viagem e
para as interações. Manterei a minha rotina de escrever, também não virei o ser
mais social do mundo, ainda tenho vergonha, mas vou mais confiante de ser eu
mesmo. Pelo menos por hoje. Tomara que amanhã acorde com a mesma vibe. Que permaneça nela ad infinitum. Não quero parar de
escrever com medo que eu me perca desse sentimento que me toma. Só falta eu
confiar no meu taco. Nas coisas para as quais eu posso confiar no meu taco. Não
confio no meu taco para operar um Airbus, por exemplo, seria nonsense. Mas se
quisesse isso, não teria porque não buscar, porém já encontrei o meu lugar no
mundo, na escrita, onde me sinto em paz, no mais das vezes. Pode não ser muito
para os demais, mas estou pouco me lixando para isso. Alguns leem e até curtem
o que escrevo. Digo e me deixo para o mundo. É isso que faço, com ou sem
qualidade, não sei e não me importa também. A fome dos remédios está batendo,
vou comer, tomar banho e dormir. Preciso confiar no meu taco sem perder de
vista a autocrítica sensata. É um equilíbrio tênue da alma, mas que estou
ansiosíssimo para alcançar. Vou lá comer e tomar banho. Se tiver disposição
escrevo um pouco mais. Estou curioso para ver as minhas impressões de mim
amanhã. Sei que hoje estou feliz comigo mesmo. Quase orgulhoso pela evolução
conseguida. Resta saber se não é coisa efêmera. Quando acordar amanhã
descobrirei. E recitarei os meus mantras para mim mesmo. Já fui redundante
demais. À refeição.
1h01. Comi e tomei um banho normal, não foi um megabanho,
não estava com disposição. Mas me limpei bem. Estou um pouco menos radiante que
no parágrafo anterior, mas radiante ainda. Acho que é o sono. Acho que vou
comer um pouco mais. Estou com fome. Mortadela com arroz. Nada menos dietético.
Mas vou encarar. Ou exerço minha autodisciplina e durmo com a barriga meio
vazia? Acho mais salutar essa segunda opção. Ela levanta mais a minha
autoestima. Mostra a mim mesmo quem tem as rédeas da minha vontade. Estou com
sono. Vou ligar para o meu irmão amanhã para ver se ele segura a compra do
Zelda. Switch ou não Switch, eis a questão. Tomara que minha mãe permita uma
última investida no mundo dos games. Isso me faria mais feliz do que eu já sou.
Como meu astral mudou da segunda para hoje. Vou repetir frases antes de ir
dormir. Será a minha prece diária. Ao acordar e ao ir dormir. E em qualquer
outro momento que eu achar válido. Como passo muito tempo só, eu posso repetir
a esmo. Estou com fome mas resistirei. Queria muito que minha mãe me desse essa
última chance me deleitar com videogames. Seria o bicho. Ela nem pode saber o
quanto. Se não acontecer não será o fim do mundo, mas estou tão excitado com
essa possibilidade que sentiria uma grande frustração se não ocorresse. Bem
veremos. Termino o dia de hoje gostando mais de mim, mais satisfeito com quem
sou da forma como sou e com isso gosto bem mais do resto da existência também.
A existência possui coisas terríveis, tragédias inomináveis, mas também é de
uma beleza ímpar. E me atenho mais à parte boa. Não vou virar Polyana, mas uma
dose de otimismo frente à vida não pode ser uma coisa má. Ao menos para mim não
é. Já salvei os três itens do Nintendo Switch que preciso na minha lista da
Amazon. Caso mamãe se decida a comprar, caso a convença em verdade, é só mandar
os links para ela. Ou eu e meu irmão vamos até a Gamestop mais próxima e
compramos em dinheiro lá para não estourar o cartão de mamãe. Ela que decide.
Novamente escrevendo ficção aqui. Dessa vez, a realização do sonho depende 30%
de mim e 70% de mamãe. O que aumenta a improbabilidade enormemente. Quando
tiver uma brecha de tempo amanhã vou ler o artigo sobre autossugestão do
Wikipédia. Parece que há umas dicas lá. Vou tentar ler agora.
1h58. Não me acrescentou muito. Acho que tudo depende da fé
cega que eu deposito nas frases que repito. Acho que é isso que faz efeito em
mim. Vou me preparar para dormir. Até depois do meu sono.
-x-x-x-x-
12h41. Eu já acordei a repetir frases. Estou em dúvida se
isso funciona mesmo. Mas, como dizem, uma mentira repetida muitas vezes,
torna-se uma verdade, vamos ver. A sogra da fantástica faxineira morreu e ela
precisará sair até minha mãe chegar, logo não poderá fazer as minhas malas
hoje. Espero muito que venha no sábado e arrume a mala com mamãe. O meu desejo pelo
Nintendo Switch permanece. Espero que seja mais do que isso e que eu realmente
jogue os games, se conseguir convencer minha mãe a comprar. Tenho firme
convicção de que jogarei. E espero que isso me faça pegar gosto pelos games em
geral de novo. Dessa parte não estou muito confiante, mas já repeti hoje a
frase motivacional em relação a isso.
13h13. A fantástica faxineira estava dando uma geral no meu
quarto antes de partir. Aproveitei para repetir frases. Vou investir todo o meu
tempo ocioso nisso. Segundo li, até quadros clínicos foram melhorados e até
curados pela autossugestão, só não entendi se através da hipnose ou da mera
repetição de frases motivacionais. Sei que estou meio que viciado nisso. É
gostoso para alma me ouvir dizendo coisas tão positivas sobre mim mesmo. E por
esse expediente apenas já é recompensador. Muito melhor do que ficar me
denegrindo. Mal pelo menos não faz. Acho que vou jogar o jogo do Toad hoje.
Agora.
13h51. Joguei algumas fases, foi bom. Só não gostei da do
carrinho pois não consegui entender os controles. Parece que usa o giroscópio
do controle, mas não captei como. Talvez tivesse de ter olhado para a tela do controle.
É por isso que não gosto do controle do Wii U, não gosto dessas frescuras. Esse
repúdio acho que foi me dado pelo PS3, que se joga sem frescura. São os sticks, os botões e pronto. Sem precisar
ficar girando o controle ou segurando ele no ar como um visor. Vamos ver se o
Switch sai para mim, aí os posts vão diminuir consideravelmente. Hahahaha.
Estou ouvindo a discografia do Right Said Fred. Acho que vou botar em modo
aleatório. Meu celular descarregou. Minha mãe vai ficar superpreocupada com
isso, mas basta ela ligar para casa que eu atendo. Aposto que vou achar o que
escrevi ontem ridículo. Vou logo revisar
e postar isso. Vixe, vai ser um saco revisar, está com 14 páginas de Word.
15h17. Acabei de reler e não sei se revisei direito. Muito
texto. Não me envergonho do que escrevi. É uma fé nova que descortinei. Continuarei
repetindo os meus mantras, equanto fizer sentido para mim. Como disse, mal não faz.
Vou postar isso.
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