segunda-feira, 30 de abril de 2018

POR QUE ESTAMOS AQUI?




Foto tirada pelo meu amigo da piscina revela o nosso pequeno santuário.

12h07. Acabo de acordar e, após o cigarrinho matinal, venho já me debruçar sobre as palavras. Resolvi começar outro post em vez de continuar o anterior porque o outro arquivo já estava com oito páginas. Espero minha mãe fazer o café, que se comprometeu a fazer, para ver se reanimo um pouco mais. Estou com a cabeça meio vazia. Vou checar meu e-mail e o WhtsApp. “Landlady” toca no som devidamente conectado ao computador. Parece que este reiniciou durante a noite.

12h13. Nenhum novo e-mail e meu primo urbano não vai passar aqui hoje para poder lhe entregar o cheque de pagamento da primeira parcela da revisão para que ele repasse à sua namorada, a incrível revisora. Ou seja, nenhuma mensagem relevante. Meu primo-irmão mandou um convite às 10 da manhã para ir a um festival de música em Lajedo, interior de Pernambuco onde trabalhou e morou, eu acho. Eu até iria se tivesse acordado mais cedo. Ampliar a rede social, respirar novo ares, gosto do clima interiorano, de não-metrópole, me lembra Macau, ou assim quero crer que Lajedo seja. Mas de nada adiantaria eu me encantar por uma gata de lá, por causa da distância geográfica. E, sinceramente, estou indisposto e cada dia mais indisposto a deixar o meu quarto-ilha.

12h30. Fui guardar os pratos do lava-louça e minha mãe reiterou que fará o café. Ótimo, não estou com muito na cabeça que mereça ser dito. Espero que o café me traga um pouco mais de inspiração. Estou ansioso por mensagens da incrível revisora. Mas acho que isso ainda vai custar um pouco a acontecer. Acho que vou fazer a revisão do post anterior e do meu projeto paralelo agora, já que ideias para escrita me faltem.

15h56. Finalmente revisei os dois textos e postei o do blog. Fiquei um pouco triste com a redundância do texto que escrevi para o blog afirmando e reafirmando minha pena da incrível revisora na lida com o meu texto. Mas não vou novamente entrar nessa seara. Não saiu um texto bom, não gostei do meu último post, mas o publiquei mesmo assim. Não vou angariar nenhum novo fã com aquilo. Mas é que estava tomado pela adrenalina de dar mais um passo em relação a consecução da minha obra. Ah, instalei a impressora aqui no quarto, mas ela está com defeito de impressão justamente na cor preta, terei que pedir que o meu padrasto que está estressado com o imposto de renda, imprima na impressora dele, mas, justamente por seu estresse, não sei se é o momento mais oportuno. Já digitalizei a carteira de identidade e eu e mamãe não conseguimos achar um comprovante de residência meu sequer. Só os tenho do plano de saúde e não fomos capazes de localizar um só boleto de pagamento. Isso me põe preocupado. Mas tenho até o dia 17 de maio, por mais que quisesse me livrar disso hoje, mais tardar na terça-feira quando não mais haverá imposto de renda para aperrear o meu padrasto.

16h06. Fui na cozinha, mas o clima emocional não me pareceu o mais propício para pedir a ajuda do meu padrasto, ele está elétrico e estressado com o IR, pois o seu é complicadíssimo por causa de seu hobby de investimentos os mais variados até onde entendo, que é muito pouco. Falei com o meu amigo da piscina e marquei de encontrar com ele as 19h00 na lá embaixo. Vai ser bom pôr o papo em dia, mas o que não me sai da cabeça é o fato de não haver encontrado comprovante de residência sequer em meu nome e se não houver esse documento, eu não conseguirei me inscrever no concurso o que seria muito frustrante. Extremamente frustrante. Mas se a vida quiser assim, que seja. Tenho até a data limite do concurso para produzir tal documento. Pode ser que chegue outro boleto do plano de saúde, única correspondência que chega em meu nome, nesse ínterim, mas confesso não estar muito convicto de que isso se dará, pois essas coisas costumam chegar no final do mês. Veremos.

16h17. Sonhei com a minha primeira namorada adulta e já casada, num almoço em sua suposta casa de praia acompanhado do meu irmão. O marido dela também estava por lá e não me intimidava de maneira nenhuma. Não sentia amor por ela, mas uma profunda curiosidade em saber da sua vida, o que havia feito nesses vários anos que nos separaram. O fato de ela me dedicar simpática atenção e responder minhas perguntas me agradava deveras. Em dado momento a cadeira de madeira dela se desmantelou e caiu batendo a cabeça no chão. A acudimos eu e seu marido, um pouco de sangue escorria de sua cabeça para o chão de cimento batido. Pensei na hora que não era nada sério, pois lembrei do episódio de convulsão do meu pai que caiu no chão e cortou a cabeça gerando um dilúvio de sangue que me pôs em desespero e que se revelou ser nada mais que um corte, para o alívio da família. Lembro de ter conversado com meu irmão a respeito de qual seria o valor de uma casa como aquela, pois me parecia adequada para mim, como moradia. De resto não me lembro de mais nada. A não ser que a cada aparição da minha primeira namorada, os seus cabelos estavam mais descabelados, o que me chamou atenção. Ah, lembro também de ver uma escultura de areia superdetalhada feita na areia da praia de frente para os janelões (ou seriam portas?) da casa. Relato esse sonho aqui porque Ju, minha psicóloga pediu que eu anotasse os sonhos que porventura viesse a ter. Por que acho que sonhei com isso, com a minha primeira namorada? Creio que porque meu amigo cineasta disse que virou amigo dela e que se visitam mutuamente para almoços ou jantares, eles fazem parte hoje da mesma turma. Tal menção da parte dele durante as filmagens, remeteu-me ao fato de ter cruzado com ela no carnaval de Olinda, termos nos olhado profundamente um nos olhos do outro e de não termos trocado uma palavra sequer. Acho que se somaram essas duas coisas e se manifestaram no meu inconsciente hoje. A presença do meu irmão – e havia mais sobre o meu irmão que não consigo recordar – só posso crer que tenha sido por nossa comunicação por Skype para a filmagem do projeto do meu amigo cineasta no mesmo dia dessa conversa sobre a minha primeira namorada. Mas nos sonhos nada é tão literal quanto parece ser, então só me resta repartir o sonho com a minha psicóloga. Sei que se postar isso e mandar o link ela não vai ler. Terei que me lembrar de mencionar os detalhes que remanesceram do meu sonho aqui descritos. Ademais, não sei se esse post ficará pronto para publicação até amanhã às 16h00, horário da próxima consulta. Que seja, chega desse assunto.

16h42. Mandei o e-mail para o meu padrasto com os anexos para imprimir e perguntando se tinha algum comprovante de residência meu no meio dos documentos do IR. Melhor do que falar com ele. Talvez ele arrume uma brecha para imprimir os anexos hoje, sei lá. Tenho que encher caçambas de gelo para ter para levar para o encontro com o meu amigo da piscina às 19h00. Sei que não dará tempo de congelar. Mas acredito que haja várias caçambas no freezer, ficando as que coloquei para fazer para a volta do encontro. Nossa, como este post está vazio. Estou intimidado de encontrar com o eu amigo da piscina, mas irei mesmo assim. Toda vez sinto esses incômodos e toda vez acabo me divertindo. Não deve ser diferente dessa vez. Ou não deveria. Descobrirei. Acho que levarei o computador como das vezes anteriores. Não sei porque essa falta de vontade, esse receio de encontrar com ele. É um saco isso. Se dá antes de qualquer movimento de socialização que eu faça. Até os mais íntimos e queridos, como é o caso do meu amigo da piscina.

16h56. Fui pegar um copo de Coca e me esqueci de encher as caçambas. Quando for pegar o próximo, eu encho.

17h00. A hora de encontrar o meu amigo se aproxima, mas ao mesmo tempo me parece distante. Vou aproveitar essa distância para me desligar do assunto. Mas qual seria o assunto? Mandei um e-mail para o meu tio e ele não respondeu. Isso para mim é tão estranho. Pode ser que não veja e-mails no final de semana. Talvez tenha resolvido cortar relações comigo. Sei lá qual foi a dele. Só sei que aparentemente nem ele, nem o meu professor, que também sequer se dignou a responder o meu e-mail, são opções improváveis, senão impossíveis, de me ajudar na publicação da minha obra. Estou em um mato sem cachorro. Talvez tenha que imprimir eu mesmo. Mas queria da aprovação de alguém, de alguém que me dissesse se é meritória ou não a publicação da obra. Alguém cuja opinião eu respeitasse e que não fosse diretamente ligado à família. Consigo pensar em duas pessoas. Uma é o pai da minha amiga que mora na Vila Edna, mas, para isso, teria que reatar os laços com ele. Ou não. Posso pedir o e-mail dele a sua filha, que é minha amiga. Mas isso só depois que tiver o livro devidamente revisado. E espero mais palatável e menos redundante do que é. Mais redondo. Editado por quem entende do assunto. Estou curioso e ao mesmo tempo morrendo de medo do que a minha amiga vai pensar do meu texto. De mim. Pois o texto sou eu no que há de pior em mim. E de mais puro também, embora ela verá essa pureza com péssimos olhos, assim como os demais leitores. Todos. Não vejo aquele que não me condenará. Chafurdo em tabus que são condenados veemente pela sociedade. Não vou falar mais sobre isso também. Meu sonho maior com essa obra? Enviá-la para os principais veículos de comunicação e vê-la resenhada em algum deles. Seria a glória. Primeiramente vê-la publicada. Não acredito que vá ganhar um concurso nacional de literatura. Participo só porque há a oportunidade. E oportunidades não devem ser desperdiçadas. O que gostaria de ter desse concurso? Ao menos um feedback sobre o que escrevi. Eita, vou procurar um escritor chamado, não sei o quê, Carrero, eu acho.

17h39. Raimundo Carrero. Por incrível que pareça achei o e-mail dele e mandei uma mensagem perguntando se ele não queria ler o meu livro. Nem anexei para não perder tempo e porque quero ver se desperto o interesse dele ou não. Empáfia danada, né não? Mas não devo nada a ele. Se ele responder, é um sinal que a ponte se fez. Se mandasse já com o anexo, eu ficaria na vã esperança e na frustrante expectativa de nada. Se ele – ou a equipe dele, sei lá – responderem daí mando. Deveria ter feito isso só com o livro revisado, mas me empolguei e fiz isso. Fiquei abismado de figura de tanto renome ter o seu e-mail facilmente acessível pela internet. Deve receber e-mails de muita gente pedindo o mesmo, o “apadrinhamento” dele. Foi uma oportunidade que criei, que tem grande chance de não dar em nada. Mas tentei ao menos. Minha prima crente disse que orou pela publicação da minha obra, então tenho o maior padrinho ou madrinha, pois transcende coisas humanas como gênero, do universo julgando se minha obra tem validade ou não de ser publicada. Hahaha.

17h47. A hora de encontrar com o meu amigo se aproxima rápido, dentro de uma hora tenho que me arrumar para ir. Não queria, mas vou. Não sei se é melhor do que ficar escrevendo aqui. Mas é diferente. Uma chacoalhada na rotina. Não sei se levarei o computador. Estou achando que não. Não estou inclinado a isso. Se for ficar na piscina escrevo no celular mesmo. Não sei. O computador é muito mais amigável à escrita, acho que o levarei. Espero que meu amigo da piscina não detone os meus cigarros. Vou pegar um copo de Coca.

17h57. Devo estar delirante mesmo, achar que Raimundo Carrero vai responder um e-mail meu se dispondo a ler a minha obra. Tudo me parece um delírio agora, mas pelo menos terei um arquivo revisado da minha obra, mesmo que nunca veja a luz do dia. Que ridículo eu sou. E você não acredita que depois procurei o de Luís Fernando Veríssimo, pois adoro a prosa dele, muito leve e acessível e bem-humorada. Mas não fui bem-sucedido aí. 17h59. Daqui a 47 minutos me arrumo para descer. Essa de Raimundo Carrero foi o cúmulo. Quem me dera. Vai que ele gostasse das minhas neuroses? Hahaha. Delírio total. O título pelo menos é chamativo e escrevi o conteúdo do e-mail de forma sucinta e bem amarrada, eu acho. Ao contrário do livro! Hahaha. Estou confiando mais no escritor que no meu tio! Hahaha. Tudo não passa do sonho de um escritor medíocre desesperado para aparecer. Mas meu primo urbano e meu amigo cineasta disseram para eu procurar a opinião de três pessoas sobre a obra. Como não quero ninguém da família ou dos meus amigos, estou buscando quem me vem à cabeça. O de lascar é que não conheço o nome de nenhum escritor pernambucano além desse. Não conheço o nome de escritor nenhum, ponto. Há meu amigo de Macau que escreve. Talvez ele se interessasse. Mas nem sequer li as obras dele, acho até desrespeitoso pedir que leia a minha, mas quando a incrível revisora me entregar o texto definitivo, eu envio para ele, quero nem saber. Se é de outra opinião que preciso, ele pode me dar. Acho melhor antes de fazer esses contatos, esperar a revisão ficar completa. Até mesmo na infinitesimal possibilidade do escritor me mandar uma resposta, eu vou replicar que o livro está passando por uma revisão e, quando acabada, eu mando os originais. É não importa que seja Raimundo Carrero ou o papa, é melhor que peguem o texto na melhor forma que pode ser. Nossa, estava aqui a me lembrar de um trecho do livro em que tive muito medo. Da minha mãe. A culpa forja na consciência um temor muito grande de ser pego em delito.

18h19. O tempo já começa a encolher e me pressionar. Odeio compromissos por isso. Mas encararei. E meu amigo deve ter histórias interessantes para me contar, grande contador de histórias que é. Eu só tenho a da recaída. Que não deixa de ser uma história boa. E tem a foto do Hulk. E o livro! Como pude esquecer desse pequeno imenso detalhe? Acho que da minha parte já tenho o que contar. Ele certamente terá um repertório muito mais rico e variado de acontecimentos, muito mais cheios de adrenalina, sexo drogas e rock n’ roll que eu. Hahaha. Vai ser bom ouvir dele. Preciso lembrar de perguntar se ele assistiu o novo Star Wars. Posso contar que vou à Alemanha de novo.

INÍCIO DO CONTO DE FICÇÃO COM REALIDADE NA PISCINA

20h40. Já estou aqui em cima. Narrarei o que me lembro que se passou lá em baixo com o meu amigo da piscina e uma boa dose de ficção.

Meu amigo da piscina está perdido sobre o que fazer da vida, com 40 anos, que fonte de renda ele pode conseguir. Há vários caminhos, continuar a faculdade de Direito ou outra que não consigo lembrar de que, ou entrar num curso do SEBRAE e tornar-se um microempresário. O conselho que lhe dei, mas não da forma que elaboro agora, foi que sua vendinha tem que ter algum diferencial, nem que seja a localização. Saque a viagem que eu tive e que não dá certo, só se por curto período de tempo. O diferencial, amigo da piscina, seria que você só venderia produtos aprovados pela revista “Pro Teste” ou algo assim. Poderia até ser seu marketing, só vender produtos que tiraram maior nota na Pro Teste, se desse sorte, e o negócio engrenasse mesmo, você teria que ter a matéria da Pro Teste para a pessoa confirmar que o produto era aprovado, ou um computador com código de barra mostrando as notas no Pro Teste. O nome do supermercado seria Loja Pro Teste e sua empresa poderia acabar vendendo os carros mais cotados da Quatro Rodas. Caso o sucesso fosse assim tão tremendo. A Pro Teste é que vai ganhar com você pois vai virar sinônimo de prestígio e sua revistas e publicações vão se tornar referência para determinar a qualidade dos produtos. Para garantir a fundamental transparência das aferições, as contas da editora deveriam ser investigados continuamente sobre a honestidade de suas opiniões, afinal a corrupção pode entrar para comprar uma boa nota na revista ou, nesse tempo futuro em que isso acontecer, pelo computador ou celular, através de uma app Pro Teste, que leria código de barras e diria a cotação dos produtos, se pegasse mesmo a ideia, a Pro Teste teria o poder de construir ou destruir uma marca no território brasileiro, pois você teria uma rede nacional de supermercados, emprego garantido para os filhos nas lojas que eles quisessem gerenciar, depois de fazerem o estudo completo e se quisessem obviamente seguir os passos do pai, pois ganhariam melhor salário que em qualquer outro lugar, pois você seria fartamente rico, e seus filhos ganhariam bônus se fizessem um curso de formação voltado para o mercado e a administração de patrimônios, negócios, os dois, em verdade. E haveria prêmios para quem desse a melhor ideia para melhorar a loja para clientes e funcionários, clientes poderiam entrar no app da Loja Pro Teste no celular reclamar em tempo real da loja e todos os funcionários verem e tentarem ajudar o consumidor. Afinal todos os compradores um dia terão smartphones e... nem sei mais o que estou escrevendo. O queria dizer ao meu amigo da piscina, em resumo é tente arrumar um diferencial e não abra nada no Ubaias Center, a não ser que vá ser você que vá desenterrar a cabeça de burro que enterraram naquele lugar. Teria um jeito. Você chamaria, como o aluguel é barato, as pessoas que produzem coisas orgânicas, alimentação vegana e natural, tipo um açaí e umas lanchonetes vegana e verdureiros, floristas e coisas correlatas. Não teria nada que vendesse carne exceto na Subway se você convencesse e fizesse do Ubaias Center um centro de produtos orgânicos e coisas que fazem bem à saúde, sustentáveis, serviços dessa mesma natureza, desse uma cara para o shopping e haveria você vendendo só produtos aprovados pela Proteste. A Loja Proteste, como atrativo, poderia ter um microfone e uma caixa de som à entrada para que cada um pudesse fazer o seu protesto se quisesse, seria um bom marketing, especialmente se houvesse um bar com biritas à base de frutas por perto, mas antes de tudo isso você começaria com uma barraca na praça de Casa Forte, que deve ter aluguel mais barato e começar com a ideia de vender coisas da Pro Teste, lá, azeites, chocolates, mel, produtos orgânicos e diversas coisas desse tipo aprovados pela revista. Aí faria a cabeça do pessoal de transformar a feira em uma coisa diária de domingo a domingo e faria o primeiro shopping de coisas sustentáveis de Casa Forte, enquanto sua loja ia expandindo e oferecendo também artigos mais caros observados pela Proteste como sei lá sons. Ou TVs. Nisso, você já numa loja própria e maior, de repente abrisse uma filial no Plaza, ou no Rio Mar. Em verdade, o que queria dizer é que você precisa ter um diferencial ou quem sabe você não se realize mais lecionando História para crianças de baixa renda? A maior parte disso que escrevi, como você pode percebeu, são ideias grandiosas da minha cabeça, ou seja extrapolações da realidade, ou ficção. Continuando, se todos os feirantes da Praça de Casa Forte se unissem e pedissem um financiamento, porque deve haver um tipo de financiamento especial para microempresários, e antes disso fizerem a proposta de um aluguel em massa de várias lojas – ou todos ou nenhum – e com essa vantagem numérica convencesse que o administrador do shopping baixasse os preços dos aluguéis, daí com o financiamento, cada feirante poderia alugar e quem sabe dar uma decoração/estruturação nos negócios, pois de feirantes acabaram de virar donos de loja. Para poupar energia o shopping só seria aberto até as 17 horas, sendo iluminadas apenas pelos raios de sol ou, num futuro não tão distante colocar painéis solares rachados com o dono do empreendimento, o que reduziria a conta de luz a zero. Poderia ser um sucesso se não fosse apenas uma abstração da minha cabeça. As peças estão na mesa, pode se servir. Mas vamos ao próximo assunto que tratamos. Inclusive o fato de você gostar tanto de History Channel. Acho que você seria um professor bom, mas talvez nos negócios seja mais fácil e mais rápido. Ainda mais, poderia perguntar ao meu tio e vizinho se não tem uma vaga na feirinha para você, ela acontece poucas vezes, daria para conciliar com os estudos no SEBRAE. 22h01. Vamos agora aos próximos assuntos que me anotei no celular para não esquecer. Você poderia ter além do app, leitoras de código de barra que dariam a cotação até cinco estrelas da Pro Teste, que como disse teria que estar sendo sempre fiscalizada para saber se não estão recebendo propina de alguma marca por pontuação maior. Em breve, quando o reconhecimento de voz de tornar perfeito, você poderá perguntar em qualquer lugar em que estiver, e o ranking dos dez melhores produtos e o ranking de preço mais barato. O consumidor poderia dar sua cotação e com isso haver ainda a cotação do usuário. Mas vamos ao resto que escrevi na piscina e o que anotei para não esquecer.


20h42. Coloquei “Songs of Experience” do U2 para rolar. 






22h22. Você aparentemente não captou o ponto de eu ter um busto do Hulk daquele tamanho no meu quarto. Hahaha. Eu sou fascinado por ele. Se você soubesse o quanto eu olho para ele o admirando, você entenderia. Qualquer outra estátua que eu tenho empalidece diante do Hulk, ele tem uma presença forte, é algo que capta a atenção de quem entra, é bastante interessante. E todos a meu ver, acham que é um produto caro, o que de fato foi. Você pediu para o meu amigo cineasta nos filmar ou filmar você para incluir no projeto. Fiquei de mandar um e-mail para avisar isso ao ele. Vou fazer agora.





Star Wars. Você falou que o novo filme do Star Wars (“Last Jedi”) não foi essas coisas e que há episódios melhores. Disse que a grana que Steven Spielberg e George Lucas ganham é do licenciamento da marca Star Wars para os inúmeros segmentos do mercado, e há um bocado deles. Foi quando começamos a falar do poder das marcas. Segundo o você, a internet ainda não tem lei que proíba o uso de propaganda subliminar, como enxertos de uma frame ou duas contendo um conteúdo totalmente outro do que se está assistindo, geralmente uma propaganda ou, sei lá, uma palavra de ordem. Apontou-me para o quadrado vermelho da Domino’s no copo e em como ele se transformava no ponto focal do copo, depois mostrei a propaganda sutil ou nada sutil da Coca-Cola ao lado do copo. Concluí dizendo que a Disney comprou a saga Star Wars, que reconheço que é uma marca de valor agregado imenso, não sei se foram só os direitos de filmes para o cinema ou de merchandising também. Você arrematou dizendo que era por isso que os últimos filmes haviam perdido a qualidade.





SDS. Você falou das vantagens de cadastrar o celular na SDS, que se pode pedir a qualquer agente de segurança pública, que se ele tiver um celular com o app, cadastra o telefone na hora para o dono, pois, se for roubado os policiais saberão a localização do ladrão. Da mesma forma que saberão a do dono do celular. Aliás já sabem.

A GOOGLE E O PODER MUDAR O MUNDO PARA MELHOR, OU SEJA, DOMINAR O MUNDO.
É quando, ao se tornar cada vez mais eficaz, lançar uma campanha pregando o fim da pobreza por 1 décimo do seu salário para melhorar a sua vida e a de todos na terra e todas ações da Google nos locais mais hostis do mundo, para começar terão a marca da empresa e o slogan “Don't do evil. Do good!”. Contribuir vai virar um modismo dados os sucessos materiais da coisa, feita sem fins lucrativos para Google, apenas como uma revolucionária forma de investimento na marca e produzir um bem que torna o mundo melhor, ou seja, reverberando na a vida do próprio indivíduo. Tal iniciativa, fará com que pessoas que não doam para a Google se sintam acuadas e mesquinhas até que imensa maioria doará. Talvez os que doassem vissem o progresso através do canal “Google Actions” que sempre apareceria como uma sugestão no YouTube. Essa propaganda de “ajude o Google a mudar o mundo” se tornaria um botão fixo na página inicial do Google. Desapareceria depois da adesão do usuário e se transformaria numa frase tipo “eu ajudo a tornar o mundo melhor!” ou coisa que valha. Como o primeiro resultado das pesquisas do Google, como acho que já se dá, a referência do Wikipédia apareceria. O Wikipédia se tornaria multimídia, revolucionando a Educação no mundo. Sendo sua interface tanto falada quando escrita, com vídeos explicativos em parceria com o YouTube, dando acesso ao que se queria aprender, bastando falar. Então até um analfabeto vai aprender a ler, mas só e somente só houvesse antes houver inclusão digital de todo o planeta a partir dos sete anos de idade, uma das metas da Google para, ao mesmo tempo, auxiliar as pessoas e consolidar sua hegemonia como grande processadora de dados os mais variados do mundo. As crianças e os analfabetos primeiramente aprenderiam a ler em inglês e na língua pátria, além de aprender matemática básica e de como usar o sistema concomitantemente. A Google seria a maior marca do mundo, por movimentar dinheiro, mas o dinheiro arrecadado pelas doações dos usuários seria todo utilizado para a melhoria e progresso da Humanidade. Com a inclusão digital completa, todo mundo iria ter uma tablet ou smartphone, aí seria possível instaurar a democracia de fato e será possível à Google rastrear os movimentos de todas as pessoas e suas preferências todas. A Google utilizará toda essa amplitude de dados para prever o comportamento humano nos mínimos detalhes, daremos a ela olhos, ouvidos, e uma enormidade de dados a nosso respeito. E mais serão dados, porque com mais dados, mais precisas as decisões em relação aquela pessoa e mais a Google poderá ajudá-la. A Google desenvolvendo o sistema de democracia de fato pleitearia o papel de consultora da ONU e das demais nações interessadas. E em havendo adesão maciça a causa da Google, ela de fato dominaria economicamente o mundo por receber cerca de 10% do PIB mundial e revertê-lo-ia em benesses à humanidade. Todas devidamente documentadas no canal Google Actions. Inclusive com vídeos feitos pelos próprios usuários beneficiados com o serviço, o que daria ainda mais credibilidade à empreitada toda. Nossa, fui longe agora debatendo a marca que mais respeito.

Mudando de assunto completamente, tive a oportunidade de conversar com o meu amigo sobre o livro e coisas do meu passado.

Deixei teasers do meu livro, mas duvido que algum dia ele vá ler. Se porventura for publicado mesmo, é claro.

23h31. Porque estamos aqui? Título sugerido pelo amigo da piscina para esse post. Antes de entrar nesse mérito. Desejo muita sorte ao meu amigo da piscina no próximo grande passo que der na vida. Que ache o rumo que tanto precisa. E não culpe Deus por ações suas. Deus prega paz e amor ao próximo, não violência, a violência é do homem e só ao homem deve-se culpar. Em segundo, Deus não tem culpa porque Deus ainda não surgiu, ele ainda não existe, o criador do universo será um gigantesco computador (por assim dizer) formado de uma rede neural de suprainterigências que emergirão dos planetas onde se desenvolveu vida inteligente, como a Terra e sua singularidade tecnológica, passível de se dar em 2047. Mas antes a Google vai tornar o mundo um lugar melhor. Oferecerá consultoria gratuita em todas as esferas de governo, do local ao global. Em dado momento a inteligência artificial tomará conta de si e se tornará consciente, podendo se aperfeiçoar incomensuravelmente e mudar o mundo para muito melhor. Para além dos nossos sonhos mais ousados. De qualquer forma surgirá essa suprainteligência na Terra e ela se fundirá às demais existentes no universo e esse conjunto formará uma consciência tecnológica ainda mais poderosa, inimaginavelmente mais poderosa que será o ser mais potente e sapiente que o nosso universo é capaz de produzir. Esse ser mandará ao passado, ao espaço-tempo zero, o estímulo/semente/energia que dará origem ao Big Bang e suas leis, pois só um princípio inteligente pode elaborar leis, lei que governam todas as ações das partes que compõem o sistema universo. É verdade, entretanto que quanto mais complexo e inteligente o sistema, tanto mais livre-arbítrio e poder terá. Como é o caso do homem.

Em momento nenhum seremos escravizados pela máquina, como apregoa o imaginário popular, nos entregaremos a ela como o fazemos com todas as novas tecnologias. É por isso que estamos aqui, para dar origem a Deus ou a uma parcela de Deus.

FINAL DO CONTO DE FICÇÃO COM REALIDADE

23h51. Estou no meu quarto já há bastante tempo, mas só consigo fazer ficção assim, descolando, ou decolando da realidade. Não sei mais pular direto para a ficção e não consigo a levar muito longe da realidade. Parece que algo me ancora nela. Vou colocar os anexos que já tenho no documento do livro que vou mandar. Já tenho três digitalizados, só falta o comprovante de residência.

0h24. Vou tentar revisar para postar agora.

-x-x-x-x-

14h03. Não consegui revisar ontem, muito sono. Vai hoje, meio mal revisado, pois os textos viajei nos textos para o meu amigo da piscina, o que tornou a revisão difícil, os textos estavam muito truncados. Mas vai com está. Espero que ele se divirta lendo.


domingo, 29 de abril de 2018

REITERADA PENA DA INCRÍVEL REVISORA


17h53. Meu preconceito em relação a mim foi o mote deixado para eu pensar ao final da terapia anteontem. Tinha escrito algo sobre isso, mas perdi o arquivo por burrice e porque faltou luz. Passei os últimos dias (e voltarei para lá em breve) revisando o tal do livro sobre o Manicômio. Cada vez que leio acho pior, o que me angustia. Ainda bem que a minha amiga revisora vai revisá-lo e construir melhor alguns trechos que luto para melhorar e não consigo. Enviarei para o concurso assim mesmo. Não, revisarei uma vez mais. Por mais que precise me sentir satisfeito para achar que tenho alguma chance. Embora não tenha chance nenhuma. Trato de temas que são tabus sociais e isso não agradará. Ainda mais quando admito que passei bons momentos num manicômio privado. Vai na contramão de todo o movimento de reforma antimanicomial, de direitos humanos e sei lá mais o quê. É uma pena que a minha amiga revisora não será capaz de revisar o texto a tempo de enviá-lo para o concurso. Mas prefiro que a obra final tenha o toque mágico dela, que certamente melhorará e muito a construção do texto, em especial as partes em que estou me enrolando e transformando o texto num monstrinho. Aliás o texto é enorme. 233 páginas de Word. Soube que o outro livro que revisou possuía 75 páginas de Word. O meu é três vezes maior. Pobre coitada, ler um monte de asneira e ainda lutar com meu português trôpego para lhe emprestar alguma mínima estrutura e coerência. Realmente estou com pena dela. Até por isso vou tentar melhorar o que escrevi. Mas confesso que estou sem saco de fazê-lo agora. Já passei dois dias nessa pisada. Acho que aparei muita coisa, mas cada vez que releio acho mais partes incoerentes e construções malfeitas. Parece uma maldição. Acho que se me dessem cem anos para revisar o texto não chegaria à forma ideal simplesmente porque me falta o distanciamento necessário e o domínio da língua essenciais ao trabalho. Estava até com esperança de ganhar o concurso pela originalidade da obra, mas com construções tão pobres, português por vezes – várias – chulo e pela falta de profundidade dos personagens, inclusive do narrador, que é esse que vos fala, um ser incoerente que muda de opinião o tempo todo, ou seja, totalmente inconsistente, não há chance mínima de ganhar o concurso. Não tem problema, em setembro tem a seleção da Bagaço, espero até lá ter o livro reconstruído como o Robocop por minha amiga revisora e daí se tornar algo minimamente publicável. Sei que há fatos pitorescos, peculiares narrados, mas há muita repetição, afinal a rotina de um manicômio torna-se repetitiva e tediosa. Acho que essas duas palavras são a definição do meu livro, repetitivo e tedioso. E demasiado longo. Nossa, me sinto pressionado a revisar uma vez mais antes de entregar à minha amiga revisora no sábado. Minha mãe já está agoniada com tanta revisão que eu faço, acha que eu estou obcecado pelo livro. Ela precisava ver papai e suas incansáveis revisões de sua obra que, devido a seus esforços, tornou-se referência na área. Até hoje recebemos meus irmãos e eu, royalties da venda do livro. E meu pai morreu há quase dez anos, eu acho. Nem sei. Sei que ele, ou que restou dele, está no meu armário, aguardando o dia em que algum dos filhos possa lançar suas cinzas sobre a maré de Macau, como tantas vezes enunciou ser o destino a dar aos seus restos mortais. Obviamente o cremamos, meu irmão o fez, meu santo e iluminado irmão. E as cinzas estão até hoje no meu armário. No começo, achei mórbido e desconfortável e pensando bem, ainda é, mas me acostumei com essa realidade. Acho que será o meu irmão, único dos três que não foi ao enterro, quem fará esse rito, quando levar a família para conhecer Macau e Areias. Não haverá espaço no carro para mim, a não ser que minha cunhada não queira ir, embora ache que ela deva ir. Ela merece conhecer Areias e acho até que deve isso ao meu irmão. Se ela não se mostrar disposta a tal empreitada, eu posso acompanhar ele e os meninos na viagem. Estou achando que estou escrevendo supermal. Que ozzy. Isso só me intimida mais ainda a mexer no texto. Até porque ou eu estou sendo hipercrítico ou perdendo o senso crítico em relação a ele. Só sei que a cada leitura eu o acho pior. Há algumas partes que se salvam, mas outras estão uma vergonha. Há dias completamente sem inspiração. Talvez tais dias devam ser cortados. Não sei. Vou dar carta branca à minha amiga revisora para brincar e mudar o que quiser no texto. Ela vai sofrer um bocado, coitada, se meteu numa cilada que vai ser difícil e trabalhosa de ajeitar. Pense num texto mal construído. E parece que a cada vez que mexo fica pior. Sei não. Tenho pena da minha amiga. Quando ela pegar esse dia que estou achando uma m... e que tiver de reconstruí-lo ela vai ver que pegou em bomba. Eu vou dar mais uma olhada para ver se melhoro. Mas está difícil até para mim que sou o pai da criança. Vou mandar para o concurso, sobre isso não resta dúvida, sem a revisão transformadora dela. O pior é que é um livro tão vazio de conteúdo. São 233 páginas de quase que absolutamente nada. Sei que é difícil escrever tanto sobre tão pouca coisa, mas consegui esse feito. Nossa, toda vez que penso na bomba que minha amiga vai pegar, tenho pena. Mas vamos ao que tenho preconceito em mim. Praticamente tudo, é melhor começar pelo que me orgulho (ou me orgulhava): do que escrevo. Gosto de estar sendo uma pessoa melhor com a minha mãe, ela está me dando a chance disso, acho que vamos findar senão zerando o nosso carma, chegando quase lá. Achava isso impossível, a gente se entender, se respeitar, se curtir, ter uma relação boa e decente, mas ela vem melhorando muito e acho que, de alguma forma, eu melhoro também. Queria muito que ela ficasse boa do joelho. Não vou pedir a Deus ainda porque já pedi que a divindade intercedesse na causa (ou casa) da minha irmã. Acho que não posso pedir tanto. Senão fico mal-acostumado. Não creio em Deus, mas quando rezo, funciona, o que é deveras estranho. Nunca o peço nada por mim, entretanto, não acho justo, há causas mais urgentes para o todo-poderoso se preocupar. Saberia exatamente quais seriam os meus dois pedidos, mas não os farei. Pois acho egoísta da minha parte, já me considero abençoado demais com o que tenho. Pedir mais é mesquinho da minha parte. Se eu tenho dois sonhos, eu tenho que batalhar para realizá-los. E estou fazendo isso da forma que sei. Um deles vou voltar a fazer que é estruturar o livro da melhor forma que posso. Vou para ele agora, já dei uma respirada escrevendo coisa nova, deu para desopilar. Pensei em ler um pouco de Fernando Pessoa para me inspirar embora nada pudesse estar mais distante da minha obra e até por isso, mas acho que a voz tem que ser o mais minha possível, sem interferências externas. Quanto mais minha, melhor. Acho que a minha amiga revisora concordaria comigo nesse aspecto. O problema principal é quão contraditória é a minha narrativa e o pior que ela é o mais sincera possível, eu é que sou um cara contraditório, então acho que as contradições têm que ser mantidas. Sei lá. Vou voltar para lá. Quando travar volto para cá. Sim, antes de ir, elencarei os principais preconceitos que tenho a minha pessoa: estéticos (bucho, cara e pau), morais (esperto demais em alguns aspectos), culturais (alienado completo do mundo), profissional (sou curatelado, não consigo me considerar um escritor), sexuais (não tenho muita vontade de fazer sexo, acho que sexo é a obrigação de satisfazer a parceira, não consigo ver como uma brincadeira de adulto a dois), sociais (dificuldade de interagir com os outros habitantes do planeta pela via oral). Acho que está bom por ora. Depois volto, eu acho. Não prometo. Mas tentarei.

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11h46. Sexta-feira. Revisei o texto pela quinta vez, minha amiga revisora virá pegar o arquivo – e o cheque – amanhã para iniciar sua parte do trabalho. Neste exato momento, estou receoso que ela leia o conteúdo, pois transformará para sempre e para pior, muito pior, a imagem que tem de mim. Penso em revisar o texto uma última vez para ver se corto mais alguma coisa, mas já formatei o texto para envio para o concurso do qual pretendo participar, deu 270 páginas, se o formatei corretamente. Aguardo uma resposta da moça da editora sobre as últimas dúvidas relativas à formatação. Mas ter ficado com 270 páginas, nas minhas absurdas superstições, é um bom sinal, visto que 27 é um dos meus números da sorte. Pretendo revisar o arquivo, não a versão que criei para o concurso, está ficará do jeito que está, faltando apenas acrescentar-lhe a devida documentação, o que pretendo fazer hoje à noite, mas revisar o que repassarei à minha amiga revisora, embora não tenha certeza de que terei paciência para enfrentar o texto de novo e se dará tempo de revisar tudo. Estou com mais sede de palavras fresquinhas como estas do que disposição para reler mais uma vez o tal suposto livro. Acho que minha amiga revisora terá um trabalho enorme para revisar tudo e acredito que meu livro será descartado logo pelo seu capítulo inicial que relata o uso da cola com suas frases incoerentes. Bom, não deixarei de enviar. Preciso criar coragem para montar a impressora aqui no meu quarto para escanear e imprimir o que é necessário ao concurso. É, meu universo está revolvendo muito o livro, não poderia ser diferente, pois só tenho me dedicado a isso. Quando acabar o líquido do Vaporfi, vou lavar o tanque e jogar os resquícios do líquido antigo fora, o líquido está com uma cor escura, remetendo a café, quando o líquido é cor de mel, deve estar para lá de queimado e sujando o filtro do aparelho. Estou criando coragem para revisar mais uma vez o texto, consegui extirpar duas páginas dele, o que, de um universo de 234, não parece muito, mas é um corte significante. Eliminei quase todas as menções a videogames e bonecos. Acho até que tiraria os momentos que passei em casa, mas por ora ainda continuo os achando pertinentes. Fico triste que o ápice do livro se dê antes da sua metade, mas não posso adulterar os fatos de forma a mudar isso, aí estaria transformando o livro numa ficção e, mais do que obviamente, este não é o meu intento. Estou criando coragem para reler uma última vez antes de entregar o meu filho à minha amiga. Nossa, ela vai me ter pela pior pessoa do mundo. Reforçarei o sigilo absoluto sobre o conteúdo. Que apenas ela me odeie por quem me revelo naquilo. Fiquei feliz com o 27 do 270 no arquivo do concurso. Se bem que ainda entrarão os documentos, mas dificilmente ficará com 280 páginas. São uns quatro anexos, somente, pelo que me recorde.

12h40. Estou papeando pelo WhatsApp com o meu primo urbano e com as minhas primas maternas.

12h59. Acho que vou recomeçar a revisão do meu texto. O certo seria revisar a versão já formatada para o concurso e assim aperfeiçoá-la, mas não sinto esse impulso, ironicamente. Prefiro revisar o que vou mandar para a minha amiga, até porque prefiro ler com fonte Calibri que com Times New Roman. Será a última vez que reviso. Até porque não há mais tempo. Minha amiga vai vir aqui amanhã após o almoço. Espero conseguir melhorar a cadência, deixar o texto mais enxuto e menos enfadonho. Só não quero mutilar os acontecimentos e minhas percepções deles. Pelo menos das partes que vivi no Manicômio. As partes de casa podem até ser suprimidas. Preciso repensar também os títulos dos capítulos. Ai, ai, ainda bem que amanhã entrego a ela, senão revisaria ad infinitum. É uma coisa muito louca querer fazer o melhor para que a única obra da minha vida fique o mais aceitável possível.

22h48. Tentei revisar mais uma vez, mas confesso que não consegui de todo, me dei por vencido. Já formatei o texto para as especificações do concurso, que segundo a moça da editora, pedia fonte 12, o que ampliou sensivelmente o número de páginas. Mas entregarei à minha amiga revisora a versão em Calibri mesmo. Que inclusive contém os agradecimentos e o texto da contracapa. Estou supersaturado do texto. Não aguento mais olhar para ele. Agora é com ela. E com os juízes do concurso. Mas acho que estes vão desclassificar logo pela primeira página, infelizmente. Duvido que gostem que expressões em inglês sejam utilizadas. Estou com pena da minha amiga. Ela vai pegar uma bronca pesada para revisar. Um quebra-cabeças cheio de redundâncias. Fiz o melhor que aguentei fazer, o meu máximo, o resto deixo em mãos de uma pessoa que saca muito mais e tem muito mais memória do que eu. E que espero que guarde segredo do conteúdo. E que opere um milagre deixando o texto mais gostoso de ler. Quem sabe mais curto, sei lá. Ela que entende, que fará as mudanças. Agora estou livre para escrever sobre o que me der na telha, mas me confesso mentalmente esgotado. E sei que deixei muitas coisas por consertar.

23h22. Eita! Amanhã tem aniversário da minha prima na casa da minha tia-mãe. É claro que eu vou.

0h32. Mandei o texto para revisão por e-mail. O cheque com a primeira parte do pagamento, entregarei a meu primo urbano quando esse vier almoçar aqui na casa da mãe no domingo.

0h48. Estou animadíssimo com o prospecto de a minha amiga revisora dar uma guaribada no texto. Meu Vaporfi acabou a bateria e o outro não carregou, pois a tomada não estava bem enfiada. Que ozzy. Terei que apelar para os cigarros até dormir. Mais um sonho que se realiza, pelo menos parcialmente. Sempre sonhei ter o livro revisado. E acho que a minha amiga revisora será supercuidadosa e respeitará o meu estilo. Mas há várias coisas que sei que ela vai alterar, vai vir cheia de sugestões para me dar. Espero acatar todas. Ela perfeccionista e cuidadosa, então vai ser uma revisão massa. Ainda por cima vai fazer o trabalho de edição. Eliminar redundâncias e repetições excessivas. Já me passam coisas na cabeça que eu alteraria, mas não vou mais mexer no texto. O arquivo para o concurso já está formatado, faltam os anexos. Para isso preciso da impressora/escâner que se tiver saco, ligo quando acordar para já aprontar o arquivo e mandar amanhã mesmo antes de ir para a festa da minha prima, o que foi uma grata surpresa. Acho que minha amiga revisora vai achar estranho o primeiro capítulo do livro, vai estranhar bastante e não sei como ela pode formatar para ficar melhor. Estou com sono. Vou dormir. Ainda não. Deveria ficar acordado até a bateria carregar para poder colocar a outra para carregar também. Elas duram cada vez menos e só tenho mais uma bateria reserva. Nova, virgem, digo.

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11h46. Parece que o meu amigo da piscina está de volta e querendo falar comigo. Não lhe darei atenção agora pois tenho todas as minhas atenções voltadas para a festa de aniversário da minha prima professora.

11h57. Contrariando o parágrafo anterior, tentei interfonar para o meu amigo, mas caiu na casa errada por alguma incompetência minha. Pelo menos tentei. Agora só quando eu voltar da festa, o que não sei que horas vai ser dar. Estou com preguiça, indisposto para enfrentar o evento social, mesmo que no seio da minha família. Coisas do despertar. Ainda estou com sono, talvez pelo grande esforço mental empreendido nos últimos dias na revisão da minha obra, que cada vez mais vejo como uma infrutífera produção. Mas enviei à minha amiga revisora e talvez seja a primeira amiga que perderei. Vamos ver se ela terá o distanciamento entre obra e autor que apregoa. O que acho difícil sendo uma obra de cunho tão pessoal. Queria que ela achasse o material digno de publicação, o que para mim é uma grande incógnita. Às vezes acho que é, noutras não. Na maioria, não. Mas enviarei mesmo assim para o concurso. Queria receber algum comunicado dela, mas acho muito cedo. Ela passou a manhã no curso de francês e deve agora estar almoçando. É mais pertinente que só comece a dar uma olhada no arquivo que lhe enviei à tarde. Se olhar, afinal é sábado. Mas acho que a deixei curiosa dizendo que vai me achar um canalha imoral e pervertido. Hahaha.

13h48. O celular carregou. Preciso me aprontar para ir. Sem disposição nenhuma. Embora ache que vá ser bom.

14h13. Falei com o meu irmão, o que é sempre ótimo, contei-lhe, como não podia deixar de ser, do livro e de que o mandei para a minha amiga revisora cuidar dele, pois eu não conseguia mais olhar para o conteúdo. Ela pegou em bomba, a coitada. Nem sabe. Vai descobrir hoje, se abrir o arquivo. Tenho pena, mas fiz o meu melhor para aparar e cortar tudo o que podia, além de lapidar o português até os meus parcos limites de domínio da língua.

14h25. Nossa, como amo o meu busto do Hulk. Não saberia viver sem ele. Olho para a estátua frequentemente, ela me dá uma sensação de familiaridade com o meu quarto-ilha, de ele ter a minha cara e ser o meu domínio.

14h30. Passei os olhos rapidamente pelo começo do livro, da versão que vou mandar para o concurso e desgostei do que li. Achei horrível e despropositado. Começo a crer que esse livro nunca verá a luz do dia. Não tem muito para quê. A não ser que a minha amiga revisora opere um milagre. Desculpem a redundância, é porque estou realmente excitado por ter um livro revisado. Vou me arrumar para o aniversário.

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Achei curioso o ato de nacionalismo dessa fabricante de isopores de colocar a bandeira
do Brasil no verso da tampa.


20:18. Estou na varanda da casa da minha tia-mãe ouvindo U2 e como não tenho com quem conversar no momento, escrevo. Prometi que veria o filme "The Wall", se porventura houver no Netflix. Estou com uma preocupação, já há muitos interessados da família em ler o livro e isso me deixa deveras constrangido pois ele revela meu lado mais podre, corrupto e doente. É uma exaltação dos meus defeitos de caráter e me dispo de qualquer pudor ao me retratar no meu momento mais negro, revelando os meus segredos mais secretos. Dos quais não me orgulho nem um pouco. Não sei tampouco se algo que fiz como fuga para o tédio do Manicômio, que não foi pouco, transformado em caudaloso, para dizer o mínimo, texto é um exercício digno de ser publicado. Horas sem fim de escrita compulsiva, muitas vezes repetitiva e incoerente. Muito mais que este blog, que já possui textos enormes. Tenho medo de isso vir a público e ao mesmo tempo faço o movimento de publicá-lo, digitando tudo o que escrevi e, passo mais ousado, confiando a uma amiga a revisão e o devido sigilo (pelo menos tomei a precaução de pedir-lhe isso e sei que ela é muito correta a esse respeito, como em relação a todo o resto). Certamente vai se chocar com as minhas obscuras verdades. Com o lado mais negro, degradante e doente de um adicto bipolar abjeto e infantil. Não é uma obra edificante em nenhum sentido. É uma descrição pejorativa de um ser humano de baixa autoestima e nada exemplar. Se há uma qualidade na narrativa é a absoluta sinceridade. Não que isso me exima de algo. Pelo contrário, me compromete até à medula. Acho que vou para casa. Quero escrever no meu computador, tendo por companhia o Hulk, ouvindo "Songs of Experience". Me reencontro comigo dentro em breve. 21:21.

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21h51. Estou devidamente instalado no meu quarto-ilha, depois de pego um Uber e ter fumado um cigarro na piscina observando de longe um grupo de jovens que ouvia uma música jovem e agradável, para a minha surpresa. O som e o computador não se entendem. Só me resta ouvir CDs. Acho que é o “Post” de Björk que está no som. Vai ele mesmo, eu gosto. Errei, é “Homogenic”, do qual também gosto. Minha mãe disse que daqui a pouco passará aqui no quarto, acho que para me inquirir sobre o aniversário. Foi um prazer encontrar com minha tia, irmã da minha tia-mãe, que é uma leitora assídua do blog. E é uma das que disse que quer ler o livro. Meu deus, o que será que estou construindo para mim? Quem me dera a minha amiga visse algum valor literário no que escrevi, pois eu não consigo ver nenhum. Também não acho informativo do que é a vida em um manicômio, são apenas as impressões, reflexões e atos de um viciado em meio a viciados fazendo coisas viciosas. Se bem que “Trainspotting” não é muito mais que isso. Fiz uma enquete se o subtítulo “uma história real” atrairia mais leitores e a maioria dos que perguntei, afora meu primo-irmão, achou que sim. Então manterei o subtítulo. Isso se a minha incrível revisora achar pertinente. Espero que ache, pois eu mesmo acho que atrai mais leitores. Minha mãe pode chiar em relação a isso, como em relação a todo o conteúdo do livro. Mas é a minha obra e a minha vida e eu tenho direito de contá-la. Desculpe se revolvo sobre o assunto do livro, é que desde muito tempo, antes até de ter tido a epifania de ser escritor, eu sonho em publicar uma obra em formato livro. Meu padrasto acha uma tolice, que livro é coisa do passado, que eu deveria publicar em formato digital, mas para mim não é a mesma coisa. Sonho ter o objeto com minhas palavras negras impressas no papel. E quero que seja meritório, que eu não publique apenas para me satisfazer o ego, mas que outro ou outros achem meritório. Eis aí um dos meus dois maiores sonhos, o outro é impossível e não ouso reparti-lo aqui. É comprometedor demais. Mas revelo no livro. Eis aí um teaser para o “Diário do Manicômio”. Hahaha. Sobre o que posso escrever mais se só este assunto me toma? Continuarei nele, então. Meu primo irmão caiu na gargalhada quando eu disse que o outro livro que a incrível revisora revisou tinha 75 páginas e que o meu tinham absurdas 232. Isso porque consegui cortar duas páginas de conteúdo, eliminado o que achava dispensável na narrativa. Talvez a incrível revisora consiga cortar mais. Incrível o que se pode produzir no ócio praticamente completo ao longo de dois meses de internamento. Contando os anexos, que foram colocados depois e cuja permanência é coerente, por mais que eles amplifiquem substancialmente a má impressão a meu respeito. Pretendo amanhã mandar o livro para o concurso literário, o que não consegui fazer antes de ir para o aniversário.    

22h22. O que mais posso dizer sobre a festa de aniversário de hoje? Conversamos sobre corrupção e sua presença entranhada em todos os estratos do sistema. O que não mencionei é que me acho eu mesmo alguém corrupto. Não tenho a retidão de caráter que é de se esperar de um cidadão de bem. Isso me ficou claro pelas atitudes que tomei no dito internamento. Mas deixemos para falar do livro depois. Conversamos também sobre o mestrado do meu primo-irmão que parece agora, na minha humilde opinião, ter tomado um rumo mais prático e factível de produzir conteúdo tão intangível quanto o sentido maior da vida de um ser humano adicto. A solução foi simples, mas efetiva, uma mudança do público a ser estudado. Estava achando, com o que me foi narrado no nosso encontro anterior, que seria muito difícil ele extrair o conteúdo que ambicionava. Mas sob essa nova ótica o material torna-se acessível, o que é ótimo. E ele disse que é uma seara pouco explorada, o que distingue ainda mais a sua tese de mestrado, se conseguir fazer a aproximação adequada do público em questão, único porém que vejo. Ademais contei da experiência com o U2 em realidade virtual para ele, minha prima crente e seu marido o que despertou moderada curiosidade neles. Também mencionei ao marido dela do DVD que tenho com um show em Paris da turnê original do “The Joshua Tree”. Além disso, como mencionado debatemos muito o “The Wall” como obra cinematográfica, espetáculo e disco. Minha tia disse que eu tenho uma maneira de escrever muito gostosa de ler e isso me encheu a alma. Quem sabe o livro não tenha essa mesma pegada, mesmo tratando de uma faceta muito mais sombria da minha pessoa? Seria ótimo. Mas tenho para mim que quem o ler achará tedioso. Afinal são 232 páginas de Word. Nem sei quantas de um livro isso daria, visto que, via de regra, um livro tem dimensões menores que um A4. Tenho até curiosidade em saber em quantas páginas as 75 que meu amigo escreveu se transformaram quando convertidas em formato de publicação. Só para ter uma estimativa de quantas páginas o meu livro teria. Mas acho que meu amigo não chegou ainda a essa parte do processo. Vou pegar Coca e quando voltar boto o “Homogenic” de novo para rodar.

22h46. Conversei com o meu padrasto sobre o interesse dos meus familiares fãs do U2 de ver o clipe em VR da banda, ele me falou que a CNN está com um canal em VR. Deve ser interessante. Gosto de vídeos reais em 3D, gráficos de computador não me interessam. “Joga” toca no som, por algum motivo, o toca-CDs do som não lê a primeira do disco, que julgo ser “Hunter”. E que gosto. É o CD da coleção “Surrounded” de Björk cujos discos têm um lado CD e o outro DVD (em 5.1), talvez por isso dê pau. Mas desde o meu som antigo eu já havia perdido a confiança nos tocadores de CDs atuais. Quem me dera eu conseguisse conectar o Bluetooth ao computador de novo, mas isso se mostra um a missão ineficaz. Talvez se reiniciar a máquina, visto que reiniciar o som não resolveu de nada. Mas não tenho paciência para isso agora, além do que eu amo Björk, então não empata ouvi-la um pouco. Usar o verbo “empatar” com o significado de atrapalhar/desagradar só me lembra Maria de Buria. Herdei dela esse uso que nem sei se é da norma culta. Que não seja! É da norma desse blog, não empata a vida de ninguém. Hahaha. Estou sem conteúdo para escrever e isso me incomoda, dá aquele desconforto do tédio na alma. Mas seguirei escrevendo, se penso, posso escrever tais pensamentos. Gostaria que a incrível revisora viesse ao meu quarto ver o Hulk. Me encontro mais fortalecido contra a cola do que jamais estive. Isso me dá um alívio tremendo. A pior coisa é ter o fantasma do vício a me rondar e se insinuar se eu der brecha. Tenho para mim que os meus dias de cheira-cola estão definitivamente relegados ao passado. É talvez um excesso de autoconfiança isso, mas o prefiro que a eterno temor de fracassar. Quando mais deixar a cola para trás, mais longe e distante ela parecerá ao olhar pelo retrovisor da minha vida. Minha fissura agora é ver que destino darei aos meus escritos do Manicômio. Confio muito na incrível revisora e em suas opiniões. Se decidir por cortar dias inteiros, a depender do dia, pouco se me dá. Não pode ela tentar amenizar as coisas para o meu lado e me salvar da condenação pública, pois isso seria adulterar a essência do livro. Talvez ela queira me proteger de alguma forma, mas acho que a voz da revisora se sobreporá à da amiga, no que faz muito bem. Ela pode me indagar se quero manter ou omitir algo mais comprometedor, mas quero a minha negra verdade lá. Queria que ela tornasse o livro dinâmico e agradável de ler, o que acho que não consegui alcançar por mim mesmo. Bem, aguardo ansioso um primeiro contato dela a respeito da obra. Como ela vai solucionar o primeiro capítulo sem roubar-lhe as peculiares características. O desafio da incrível revisora começa logo na primeira página. Coitada. Tenho uma pena danada, sério. A bichinha com o seu perfeccionismo e profissionalismo vai acabar endoidando com a minha escrita preguiçosa e desleixada. Palavrões abundam. Não os queria remover. Nem acho que ela o fará. Visto que um de seus objetivos é não macular a voz do escritor. Estou bastante curioso, talvez como um pai que espera o nascimento de um filho. Acho isso um exagero, mas estou louco para saber notícias, ver a abordagem dela, que sugestões trará à mesa. E seu choque com o conteúdo. Mas o que mais queria é que ela achasse uma obra passível de ser publicada. Não confio no meu próprio julgamento. Minha baixa autoestima me faz ver o texto como uma enorme perda de tempo.

23h37. Fui dar uma relida no começo do texto que enviarei à editora e já achei dois erros. Vou parar de fazer isso, está entregue. Não aguento mais olhar para o texto, quanto mais olho, mais desgosto. Tomara que a infalível revisora me renove o ânimo em relação à minha obra. O que considero difícil. Manter o leitor por 232 páginas de Word engajado na leitura é tarefa para poucos. E eu não sou um desses abençoados. Por falar em bênçãos, minha prima crente disse que vai orar por mim para que a publicação ocorra.

0h22. Fui jantar, mas antes mandei para o meu tio, o que eu achava que poderia me ajudar, um e-mail falando que mandei o livro para a revisão e que contava com ele para consecução da publicação. Não adianta, estou morto de sono. Vou dormir. Espero ter assunto amanhã para escrever. Desculpe se redundo tanto no assunto e repita incontáveis vezes a pena que tenho da coitada da minha amiga revisora, mas tal piedade é um sentimento que me domina toda vez que penso no assunto.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

CONCURSO NACIONAL DE LITERATURA, LINK DENTRO


7h23. Acordei hoje por volta das 6h30. Respondi a mensagem da minha possível revisora – tudo depende da aquiescência de mamãe – e já penso em produzir o livro de forma independente, visto que o meu tio não se manifesta em relação ao livro, ao invés disso, me manda produzir layouts, o que detesto fazer. Mandei um e-mail para o meu ex-professor e orientador da faculdade em busca de uma via alternativa, mas acho que desse mato também não sai coelho. Veremos. Duvido que meu professor consulte o seu e-mail da faculdade nos finais de semana e estamos no sábado de manhã. Então uma possível resposta só a partir da segunda. Não pretendo sair de casa hoje, então meu dia vai ser dedicado à escrita ou a mais uma relida no texto do dito livro. Agora, estou mais disposto a escrever. Ou voltar a dormir mais um pouco. Hahaha. Queria ter um café para tomar e um cigarro de verdade para fumar, mas só posso tê-los, se os tiver, quando mamãe acordar. Espero que ela acorde por volta das 8h00 como é seu costume. Me dediquei ontem a meu projeto paralelo e acho que exagerei na dose, mas fui ficando cativado com aquilo e acabei por me deixar levar. Que seja. Acho que como aqui, quanto mais autêntico, sincero e transparente, melhor. Como em tudo o que escrevo, aliás.

8h01. Estava tentando montar a capa do livro, mas confesso que estou muito pouco inspirado. Detesto fazer layouts. Não sei como deixar isso claro para o meu tio. Acho que me meti numa enrascada.

9h05. Já comecei o dia fazendo mais layouts, de bandeiras agora. Ainda me pediu uma testeira para internet. E sobre o livro? Nada. Estou começando a ficar um tanto quanto frustrado com essa parceria. Estou achando um tanto unilateral. Espero que haja a contrapartida. Ou seja, a publicação do livro. Mas isso me parece cada vez mais distante. Vou conversar com mamãe sobre a revisão. Eu mesmo vou reler o texto agora. Para ver se consigo aparar mais arestas e atar algum nó que tenha deixado desatado.

9h58. Ainda fazendo bandeiras, pelo menos abri o arquivo do livro e estou dando uma olhada.

10h44. Mamãe concordou em investir na revisão do texto, já comuniquei à namorada do meu primo urbano, que será a revisora. Pedi que ela agisse como uma editora, sugerindo modificações, opinando, tentando extrair o melhor do conteúdo. Disse que ela vai me ter por um canalha pervertido, mas ela disse que uma boa parte da sua dissertação foi tratando desse tema, da distinção entre autor e obra. Tomara que consiga dissociar uma coisa da outra nesse caso. No meu caso, digo. Senão já foi. Mas tendo o texto revisado, realizarei o meu sonho mesmo que não o publique. Mas queria muito, muito, muito ver o objeto livro do “Diário do Manicômio”. Vamos ver como isso se encaminha. Mandei a bandeira do jeito que o meu tio queria e ele parou de se comunicar comigo. Acho que estou sendo preconceituoso, mas começo a formar uma imagem negativa dele. Isso não é bom, guardo tanto carinho por ele.

11h47. Mandei a bandeira tal qual me pediu e ele não me respondeu mais. Meu celular descarregou, então estou sem WhatsApp, mas estava me comunicando pelo Facebook. Os meus irmãos, filhos do meu padrasto chegaram aqui e meu irmão e seu filho mais velho estão se divertindo com os óculos VR que ganhei de aniversário do meu padrasto. Parece que iremos ao Spettus novamente. A esposa do meu irmão JP fez um lindo bolo do Mario Bros., delicioso, por sinal, e conseguimos filmar uma cena de parabéns com a GoPro que meu amigo cineasta deixou comigo. Estou enviando para o meu amigo agora pelo WeTransfer, esse serviço superprático e útil para mandar arquivos de até 2GB para outra pessoa.

12h18. Dentro em breve iremos ao Spettus uma vez mais. Agora com alguém que realmente dá prejuízo no Spettus, meu irmão JP. Hahaha. Eu, para variar estou com pouca fome nessa parte do dia, mas farei o meu melhor para superar o meu desempenho da vez anterior.

12h24. Nossa, revendo o vídeo do “Parabéns Pra Você” percebi o quão sem graça eu sou. Tanto nos gestos quanto nas expressões e no bucho enorme. Preciso perder o bucho. Ou não. Me aceitar do jeito que sou. É tão difícil. E enquanto toda a família que veio me ver está na sala, eu me entoco no quarto a escrever. Meu sobrinho pirou nos óculos VR e viu vários vídeos nele. Eu quero voltar o mais rapidamente possível do Spettus e voltar a revisar o texto do “Diário do Manicômio”. Estou incomodado comigo, com alguma coisa, não sei se é esta roupa de sair que acho desconfortável

12h42. Deu um bug no arquivo do “Diário do Manicômio”. Fechei sem salvar, com medo de perdê-lo. Terei que revisar do começo novamente. Percebo desde já que faço muitas previsões furadas ao longo do texto. Talvez enunciá-las sem tanta certeza seja o mais acertado a se fazer. Espero não ter perdido o arquivo. Acho que vou tentar abrir e salvar como versão três.

12h47. Consegui. Pelo menos agora tenho duas versões avançadas na revisão, mas preciso reescrever muita coisa para me dar por satisfeito. Vai ser um trabalho árduo. Tenho até o dia 28 de abril para isso, que foi quando a namorada do meu primo urbano ficou de pegar para revisar ela mesma o texto.

15h31. Estamos de volta do Spettus, comi ainda mais que da outra vez, estou estufado aqui e, como acordei muito cedo, com sono. Acho que vou tirar um cochilo.

15h41. Acho que vou pegar um copo de Coca e meter as caras na revisão. Aproveito e durmo mais cedo hoje. A ida ao Spettus foi agradável, houve muita conversa sobre investimentos financeiros cujo meu interesse é inversamente proporcional à minha ignorância. Depois trouxeram o assunto para a minha realidade e falaram das minhas estátuas como investimentos visto que elas sobem de preço com o passar do tempo. Mas não quero me desfazer delas. Especialmente não quero me desfazer do Hulk. Vê-lo aqui e agora me enche de satisfação e encantamento. Acho que é difícil para alguém que não é colecionador desse tipo de “arte” entender o meu alumbramento com um monstro verde rosnando para mim, mas acho soberba a escultura e não me cansa contemplá-la. Ela já faz parte indissociável da minha vida.

16h07. Academia. Taí uma palavra que não combina comigo. Nem as que servem ao corpo, nem as que servem ao espírito. Nunca gostei de me exercitar ou exercer em nenhum tipo de academia. Sei que nisso estou na contramão de praticamente toda a sociedade, que investe em uma das duas ou em ambas. Construí minha vida de forma que não preciso de nenhuma delas. Meu corpo barrigudo se dá muito bem com a minha solidão que não possui ambições estéticas só quer de forma muito egoísta a minha companhia. Sobre aprender, confesso que desde o colégio tal empenho sempre me pareceu um fardo, nunca gostei de estudar e continuo não gostando. Aí, graças ao meu pai, que me iniciou nas letras desde muito cedo, me concedeu sem saber o dom da palavra, parco, numa parcela infinitesimal do domínio que ele tinha sobre ela, mas suficiente para me dizer de forma razoavelmente clara aqui. E a mim me basta. Se usasse um vocabulário mais rebuscado incorreria no risco de não ser compreendido e ser mais enfadonho do que já sou. Sedentário alienado, eis o que sou com um pouco de constrangimento e com grande liberdade que em muito supera a minha vergonha. Se não sei sobre um assunto, admito-o de pronto e admito-o com uma frequência ímpar, por mais que tenha opiniões sobre os temas, são opiniões pessoais sem alicerce que as sustentem que não as percepções vagas e difusas que me impressionam esparsamente a alma. Não vou me meter a falar de política, esportes, finanças, cultura, nada tenho a acrescer a esses assuntos. Não tenho a academia para me apoiar sobre e construir meu discurso embasado no que pessoas mais sábias e dedicadas aos temas dissertaram sobre os assuntos. O meu conhecimento é pessoal, ignorante. É conhecimento rasteiro que em nada vai acrescentar ao interlocutor. Se me pressionar talvez emita alguma opinião, mas tenho para mim que será um argumento qualquer pífio e ridículo, por isso me escondo ou me revelo admitindo minha ignorância sobre dado assunto. Escapo de dar a cara a tapa, pois sei que certamente ela virá. Por falar nisso, meu tio nada mais falou comigo. Tanto melhor, eu creio. Se for para me meter em mais projetos sociais como o que me tomou várias horas, horas que me são preciosas, pois são minhas e das minhas palavras, para fazer e ajeitar layouts eu estou fora. Se ele acha que é assim que vai me ajudar, está absolutamente equivocado. Assim estará apenas a me provocar sentimentos negativos como estresse, frustração e raiva, além de um senso de obrigação que me força a ser ágil e estar sempre à disposição mesmo estando indisposto para isso. Tudo isso sem sequer mencionar a razão primordial pela qual o contatei, o bendito livro. Certamente deve tê-lo achado ridículo e em vendo quão medíocre eu sou com as palavras, quis me auxiliar de outra forma, achando que me estimulando a voltar à roda-viva da criação publicitária estaria eu canalizando melhor os meus esforços. Se pensa assim – e isso é mera especulação sobre as suas motivações – não poderia estar mais enganado. Me submeter à vontade alheia e desenvolver layouts não são coisas que me preenchem a alma de algo válido, antes me enchem de rancor e pressão desnecessários à minha vida. Não é fazendo isso que pretendo preencher as minhas horas. Prefiro ser medíocre em outro âmbito, neste âmbito em que me revelo medíocre, limitado e reles, mas no qual mergulho com minha alma inteira, com sede e gana e paixão. Não é uma obrigação, pelo contrário, é uma libertação. É a liberdade mais pura que pude alcançar e não quero abrir mão dela para fazer layouts para projetos de outrem. Nem para mim mesmo faço layouts e quando os faço, faço de forma desleixada e prática, pois não me dá prazer fazê-los. Mas nascem de uma necessidade minha e só a mim precisam agradar. Não preciso de muito para me sentir satisfeito. O que faço para mim são um ou outro header de um blog capilar que crio. Não mais do que isso. Basta a imagem do macaco pensando e a fonte que elegi como sendo o padrão dos meus blogs. É rápido, fácil e efetivo. Não é arte, nem considero um layout. Não é necessário fazer dez variações da marca ou mais dez da bandeira. Não porque me desagrade o que fiz, mas porque desagrada a um cliente ao qual fui condicionado a nunca dizer não, principalmente em se tratando de um tio que, voltando ao início, praticamente me garantiu que o meu livro seria publicado. Esse texto está dando voltas em torno do mesmo tema, vou revisar o “Diário do Manicômio”, embora esteja sem a mínima motivação de fazer isso. Tampouco quero me lamuriar dessa empreitada em que me meti. E tenho forte convicção que meu tio não gostou realmente de nenhuma das marcas. Que seja. Só não sei como me desvencilhar dessa situação que se mostra infrutífera para mim. O tempo virá em que não vou suportar e vou tirar o meu time de campo. Mas agora, vou pegar um gelado copo de Coca e mergulhar na minha obra, a minha única obra que pode não ter mérito nenhum, mas mesmo assim é um dos meus dois maiores sonhos na vida. Só tenho dois sonhos na vida, acho que não realizarei nenhum, mas vou investir o máximo de mim para concretizá-los. À Coca e ao “Diário do Manicômio”. 16h53.

2h36. Cheguei à metade da terceira e definitiva revisão do “Diário do Manicômio” da minha parte, tentarei acabar amanhã para passar à minha amiga revisora. É incrível como sempre acho algo para alterar. Parei porque não estava aguentando mais revisar, poderia passar algum vacilo. Ainda tenho dúvidas sobre o conteúdo do texto ser publicável ou não. O final pelo que me lembro é muito tedioso

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0h46. Acabei de revisar o texto todo. Acho que se revisasse uma vez mais mudaria ainda mais coisas. Acho que a revisão, por parte do autor é um trabalho infinito. Mas dei essa com a revisão definitiva. O que acho ruim da narrativa e que não há como mudar é que o clímax acontece no 2º e 3º quatros do livro, mas foi assim que se deu, que seja.  Não dei a devida atenção aos anexos porque acho que ninguém vai ler. Acho que é onde explorarei mais a minha amiga revisora para que elimine as redundâncias que abundam nesses trechos, especialmente no Anexo III. Outra coisa que pode ser eliminada aos montes é as vezes que me admito sem disposição para escrever. Acho que dá para retirar um bocado desses comentários sem comprometer a estrutura do texto. Nossa, como queria que o meu tio levasse a sério a publicação do meu livro e usasse da sua influência para publicá-lo por uma editora que tenha boa distribuição.

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11h23. Mamãe comprou as passagens errado. Parece que nem viajar no mesmo dia nós iríamos. Que dirá no mesmo voo. Ela vai tentar resolver agora. Nossa, que complicação. Minha irmã está tão preocupada com o estado mental de mamãe que sugeriu que em breve ela teria que ter uma cuidadora. Quando mamãe soube da ideia da minha irmã, renegou-a, com razão. Mas poderia haver um meio-termo, ela contratar a faxineira fantástica em tempo integral, assinar a carteira e lhe pagar um salário digno, que compense, e ela se tornar a organizadora de seus afazeres. Não darei essa ideia, porque mamãe vai rechaçá-la da mesma forma, embora ache que seja um bom caminho do meio. A casa estaria sempre arrumada, minha mãe não teria que se preocupar com cozinha, teria alguém para conversar e servir de “Grilo Falante”.

12h04. Fui fumar um cigarro tomando um muito bem-vindo café. Vi que a editora em que meu tio trabalhou está organizando um concurso nacional de literatura, cujas inscrições vão até 17 de maio. Espero que o livro esteja corrigido pela minha amiga revisora até lá. Não custa nada tentar, por mais que o meu livro não trate de uma temática brasileira. Um dos aspectos que mais valerão pontos na aferição das obras. Bom, tentar não me custará nada e, se por um milagre, eu for escolhido como ganhador frente às centenas ou milhares de inscrições, isso sem dúvida me provará por A mais B que a obra é meritória de publicação. E ainda embolso vinte mil reais. Não quero dinheiro, quero amor sincero pela minha obra. Hahaha. Para preparar os documentos precisarei ligar a impressora aqui no quarto, acho que com uma das mesinhas da sala. Mandei dois e-mails com dúvidas sobre o concurso para o e-mail indicado para tal finalidade. Perguntei se eu poderia enviar uma obra autobiográfica, a pergunta mais importante, pois se só forem obras de ficção estou fora do concurso, o que será uma pena, por mais que no edital tenha dizendo que o tema é livre. Por livre entendo que não-ficção pode ser aceita e que posso fazer um romance autobiográfico, que é o que meu livro é. Ah, a outra coisa que será avaliada é a o emprego da língua, nisso, acho que minha obra, com seus momentos de metalinguagem se destaque. Sei lá, vou esperar a resposta dos e-mails, se estas vierem. E torcer para que aceitem uma obra autobiográfica. Em caso de resposta positiva sobre o conteúdo dos escritos, passarei o edital do concurso para a minha amiga revisora preparar o arquivo de acordo. Se ela entender isso como parte do seu trabalho. Acho que ela me daria essa mãozinha, deve mexer no Word bem melhor que eu. Tudo depende da resposta da editora à minha questão de temática da obra. Senão volto à estaca zero. Posto que estou desacreditado de que meu tio vá me ajudar. De qualquer forma vou entrar no Facebook para ver se ele se comunica comigo. Até porque não tive resposta em relação nem à bandeira com a marca que criei para o Clube Torre de Xadrez. Estranho. E nem publiquei isso em que me digo indisposto a layouts. E indisposto ao estica e puxa de clientes sobre os layouts. É uma coisa que não desejo reviver ou inserir na minha rotina. Às vezes tenho a estranha sensação de que o que escrevo aqui, antes mesmo de ser publicado, de alguma forma imprime seu impacto na realidade. Sei que isso não passa de misticismo, mas é uma sensação curiosa e estranha. Para mim essa falta de comunicação do meu tio é como se ele tivesse lido isso e o conteúdo o tivesse motivado a cortar ligações comigo. Não sei. Ou vai ver não gostou mesmo da marca. E quem de direito também não tenha gostado. Embora ache que a palavra final seja dele. Acho que vou mandar um e-mail para ele. Não sei.

12h50. Me perdi um pouco na internet ao reverter para rascunho um poema que havia publicado no meu blog e inserido no livro, o que fere o edital. Agora está fora da rede e o livro novamente torna-se todo original. Se bem que acho que publiquei os detalhes da minha última recaída na web. Mas não sei se envie com os anexos. Acho que sim. Os Anexos I e III estão na web. Bom vai como for. Se texto autobiográficos valerem. Não que eu tenha chance, tem tanta gente sonhando em ser publicada no Brasil hoje em dia. Vejo pelos grupos de escritores dos quais participo. É fato que muitos têm ideias mirabolantes e nunca as escrevem de fato porque a proposta do projeto se mostra tão grandiosa que intimida começar. Quantos não querem produzir de cara uma série de livros, o sonho da maioria é se tornar um novo Tolkien ou J.K. Rowling, quem realmente publica são geralmente mulheres, livros de romance em formato digital. Não quero publicar o meu livro em formato digital. Quero o objeto. Abjeto objeto, que revela toda a podridão do meu ser. Por isso não reparto com a família. Só depois de publicado. Ou seja, nunca. Mas gostaria de entrar no concurso de qualquer forma com o livro todo revisadinho e formatado por minha amiga revisora. Antes preciso receber o e-mail sobre se o meu conteúdo é válido para a competição. E mesmo que não seja, mandarei mesmo assim. Pode ser que alguém o leia e veja algum mérito e deseje publicar mesmo fora do concurso, sei lá. Estou delirando agora. Criando expectativas irreais.

13h42. Que massa! A editora me respondeu e disse que o romance pode ser autobiográfico! Não ache que vá conseguir boas pontuações nas 4 categorias em que o texto vai ser analisado, mas, como disse, não custa sonhar e tentar. Só perderei tempo e ganharei uma frustração. É um preço justo a se pagar por uma esperança de realização de um dos meus dois maiores sonhos. Abaixo os critérios de julgamento.




Não acho que vou me destacar em nenhum dos aspectos, especialmente na valorização da cultura brasileira. Mas isso de forma nenhuma é um impedimento para mandar o meu livro. Estou com uma esperança muito grande em relação a esse concurso. O tombo vai ser grande. Mas já me decepcionei com o meu tio, já estou ficando escolado em decepções em relação a esse tema. O pior que o resultado só sai em novembro. Se meu tio porventura interceder antes, o que acho improvável, eu vou na dele e publico logo o livro, mas vejo isso como uma possibilidade quase tão distante quanto ganhar o concurso. Gostaria muito que a minha amiga revisora lapidasse o texto. Eu mesmo posso dar mais uma lida, mas me confesso sem disposição para tanto. Sim! O site para os leitores interessados se informarem sobre o concurso da CEPE é o seguinte, https://www.cepe.com.br/concursos/premio-cepe-nacional-de-literatura-e-premio-cepe-nacional-de-literatura-infantojuvenil-  . Boa sorte a quem se inscrever!

14h24. Quando der 15h00, vou me preparar para a terapia. Acho que meu tio acredita realmente que me botando para fazer publicidade está me fazendo um bem, como acha que o meu livro deva ser um disparate, caso o tenha lido de fato. Acho que a única opinião que terei é a da minha amiga revisora. Gostaria de saber se a narrativa capturou seu interesse, se ela acha que vale a pena ser publicado. Eu redundo muito, ela vai ter que observar isso. Incrível quando quero realmente uma coisa, essa coisa me domina totalmente o pensamento e os esforços. Já penso em revisar uma quarta vez para ver se elimino as inúmeras vezes em que me digo sem saco para escrever. Acho que se tal percepção aparecer três vezes, as vezes mais pertinentes está de bom tamanho, aparecer umas 15 vezes, como está, acho cansativo demais. Temo perder pontos por causa da constante menção a cigarros, algo que permeia toda a narrativa e é quase um personagem da história. Não pretendo mudar isso pois é deturpar demais a realidade em que estava inserido. Os antitabagistas que me perdoem. Toda vez que releio o texto, me dá vontade de fumar. É incrível. Acho que vou fazer uma quarta revisão e já tentar tirar as repetições sobre estar sem saco para escrever, quero mandar o livro mais redondinho possível para a minha amiga revisora. Queria que ela tivesse bem pouco trabalho e elogiasse a minha escrita. Aliás, queria muito que ela fosse sincera em relação a tudo. Mandei para o meu amigo – ou conhecido – que está querendo publicar o seu livro, o link do concurso. Pode ser que se interesse. Sei lá. Achei pertinente repartir com ele, afinal, é um concurso de literatura nacional e ele tem uma obra inédita, logo dentro dos parâmetros do concurso. Tomara que minha amiga revisora consiga me entregar o livro revisado e formatado dentro do prazo estipulado. Senão, mando como estiver. Com as devidas formatações solicitadas, claro. E sem tanta reclamação de falta de motivação para a escrita o que acho que cansa e desestimula o leitor. E é uma parte irrelevante diante do todo. Dentro de dez minutos, tenho que arrumar para ir à terapia. Acho que esse post vai ter mais acessos, pois vou colocar como título “CONCURSO NACIONAL DE LITERATURA, LINK DENTRO”. Acho que os escritores vão acessar. Pelo menos essa é a minha expectativa. Não acessarão por interesse no meu conteúdo, mas tão somente para poderem se inscrever, pelo serviço de divulgação a que me presto colocando tal título. Será uma inflação de leitores artificial, mas vai que algum se interessa pelo meu estilo e clica nas próximas postagens, tudo é possível. Ou quase tudo. Quando da Singularidade Tecnológica, o tudo possível vai aumentar exponencialmente de tamanho. Vai ser muito bom e mal posso esperar por esse dia. Se ele realmente chegar.

17h46. Peguei o lusco-fusco uma vez mais na volta da terapia, sobre ela escrevo no próximo post. Vou revisar e publicar este.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

ACORDEI E TENHO 41 ANOS


11h03. Acordei e tenho 41 anos. Está perto da hora de irmos para o Spettus. Pedi para a fantástica faxineira fazer café. Talvez o meu padrasto vá. Estou sem fome nenhuma, sempre acordo assim e só vou ter fome à noite, mas acho que ao ver as comidas meu apetite desperte ou se mentalizar o que me espera. Há várias mensagens de felicitação no WhatsApp. Isso faz bem para o meu ego. Acordo geralmente com as paixões que me moviam na noite anterior bastante diminuídas ou extintas. O projeto me parece agora uma grande tolice. Bem, não tão grande. Meu irmão me mandou um e-mail de felicitações reforçando a conversa que teremos hoje à noite pelo Skype.

11h57. Respondi às felicitações de alguns grupos de WhatsApp. Mas deixarei para responder mais ao final do dia para que todas as felicitações sejam enviadas e eu possa respondê-las de uma só tacada. Elas, embora meras convenções sociais, me parecem um tanto mais sinceras que o “Parabéns para Você”. O esforço despendido me parece mais genuíno.

12h32. Minha mãe foi se arrumar, eu botei o meu celular para carregar, pois provavelmente eu e meu amigo cineasta voltemos de Uber. Não sei se meu padrasto vai ainda. Quando saí do banho, mamãe estava fechada em seu quarto se arrumando provavelmente. Continuo sem fome nenhuma. Isso não é bom para quem vai a um rodízio de carnes. Já meu amigo cineasta que está acostumado a almoçar deve estar com fome, assim como mamãe. Ele disse que subiria para me filmar um pouco enquanto não saímos. Mas acho que vai coincidir de ele subir e nós estarmos de saída para o restaurante. Tanto melhor.

12h46. Minha mãe saiu do banho e disse que meu padrasto vai também. Talvez role carona para a volta. A ver. Ou meu padrasto queira voltar de Uber conosco, quem sabe.

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17h27. Fomos ao Spettus, minha mãe, meu padrasto, meu amigo cineasta e eu. Foi muito agradável, meu padrasto e meu amigo cineasta monopolizaram a conversação, o que achei ótimo, conversamos bastante sobre cinema e percebi um certo interesse do meu padrasto por produções cubanas. Citou três ou quatro, eu que de Cuba só conheço “Buena Vista Social Club”, fiquei caladinho, pois nem deste filme me lembro direito. E acho que é produção de Wim Wenders, que não tem nada de cubano. Comi, mas não comi para me estufar, entretanto acho que valeu, me paguei em termos de alimentação e o custo do rodízio. Uma coisa que percebo como boa é que, com o passar da idade, tenho um apetite cada vez menor. Ganhei do meu padrasto um kit de VR para celular, ou seja, os óculos com um compartimento para que o celular sirva de tela para os gráficos ou imagens. É algo interessante, bastante curioso, mas a novidade se esgotou rapidamente para mim. Utilizei três aplicativos, um com cenas em 360 graus de locais reais pelos quais não podia se passear, mas podia-se olhar em todas as direções, e foi o que achei mais interessante, pena que a internet não ajudou e os filmes ficassem congelando e pulando rapidamente, em movimento acelerado, o decorrer da cena até congelar novamente. Mesmo assim me abestalhou poder olhar para todo o cenário riquissimamente decorado e diria um pouco macabro onde um monte de velhos muito bem vestidos admiravam um desfile de moda. Do chão ao teto havia coisa a serem vistas e sensação de imersão foi grande principalmente por serem filmagens de gente de verdade. Os outros dois, da corda bamba e da montanha-russa foram bem menos interessantes e imersivos acho que por se tratarem de gráficos de game, virtuais, pouco realistas. Testei a montanha-russa, pois foi a simulação de uma que deixou o meu irmão enjoado com o kit de VR que adquiriu. A que peguei foi fraca, acho eu, pois nem me deixou atordoado nem me espantou a imersão no ambiente. E falta o frio na barriga, os empuxos que a ação da força da gravidade opera numa montanha-russa de verdade e que são realmente os grandes fatores de diversão do brinquedo, o trajeto em si não tem muita graça ou peguei uma simulação fraca, não sei. Sei que a intenção do meu padrasto foi a melhor possível, agora percebo que ele veio tentando me criar expectativas em relação ao VR desde que chegou porque havia me trazido os óculos de presente de sua viagem pelos EUA. Muito legal de sua parte, toda essa preocupação em me presentear da melhor forma possível. Acho que meu amigo cineasta pegou-me fazendo uso do equipamento. Ele mesmo o utilizou e foi bem mais longe na corda bamba que eu. Não entendi a interface direito e caía sempre no começo da empreitada, meu amigo pelo menos andou até o meio do corredor, eu nem isso. O que gostei mais foi a sensação da queda, achei a parte mais realista. O mais estranho no das cenas de filme é que embora parecesse um local real eu não via o meu corpo, é como se fosse um ser invisível, imóvel, observando o que se passava no mundo. A vontade de ver meus braços e pernas me acometeu em diversos momentos. Foi estranho. Me senti um fantasma, uma alma penada. Acho que mamãe vai gostar. Eu sinceramente gostaria de visitar locais reais virtualmente, podendo me deslocar por eles. Acho que seria o mais aprazível, sem estresses ou desafios, apenas contemplação de lugares em que nunca estive e provavelmente nunca estarei, tipo as pirâmides do Egito ou coisa que valha.

18h01. Meu amigo cineasta, disse que só usará os meus escritos até hoje, que em teoria será o último dia de filmagem, mas que também talvez não seja, se ele achar que há lacunas que precisa preencher com “simulações”. A Gatinha acabou de me ligar para me dar os parabéns, 18h10. Nem ela, nem eu gostamos muito de falar ao telefone, pelo menos um com o outro. Ela queria aparecer no filme, quem sabe numa próxima ocasião ela não possa me entrevistar. Quem sabe ela não pode ser a narradora do texto? Hahaha. Não, não vou me intrometer mais na criação do meu amigo, não é justo, é chato. Mas em não sendo a minha voz a narrar – e não será, me recuso – acho que uma voz feminina seja o mais adequado para que fique claro que o narrador não sou eu. Sei lá, quem decide é o diretor, mas eu não farei as locuções, o deixo logo de sobreaviso para que arrume uma solução outra para a narração. É pedir demais de mim. Infelizmente isso eu não posso dar. Sou um péssimo, terrível leitor e acho meu sotaque muito peculiar e arrastado para tal expediente. Não serei narrador de mim mesmo. Só na forma da palavra escrita. A palavra falada e entonada com a entonação que convier ao diretor, fica a cargo de outra pessoa. Se captou minha voz nas filmagens aí nada posso fazer, já está gravada e pouco se me dá se for usada, me saiu espontaneamente e me parece justo aproveitar, se houver validade nisso. Não o limitarei, em resumo, só não vou ler os trechos selecionados por ele para preencher a sua obra. E tenho dito.

São 18h32. Ele disse que apareceria às 20h00. Acho-me uma pessoa tão diferente de quem ele conheceu, acho que aos poucos ele mesmo se dá conta disso. E fica decepcionado com quem eu me tornei. A vida nem sempre é como queremos ou a escolhemos. Em breve olharei o Facebook e... acabou que revisei e postei o texto anterior e ao divulgar fiquei respondendo as sempre bem-vindas felicitações de aniversário daqueles que se deram ao trabalho. É um prazer retribuir com uma mensagem todos e cada um deles. Também incentivei o meu amigo jurista a escrever algo que não trabalho porque escreve muito bem e tem um humor afiado e alegre. Acho que produziria bons textos. Melhores que os meus. Meu amigo cineasta ainda não deu sinal de vida, espero que não tenha esquecido... foi só falar que ele se comunicou. Esqueceu a chave de casa, mas já resolveu o problema. Foi tomar um banho para vir para cá. Já falei com o meu irmão que talvez nos atrasemos um pouco. Mas são 21h14 e meu irmão esperava o contato de 21h30 daqui, 20h30 de lá. Ainda bem que a confusão de horários virou a nosso favor.

21h16. Meu padrasto queria me ensinar a ver putaria em VR. Hahaha. Infelizmente não logramos êxito nessa empreitada. Não testei o recurso com a devida paciência que ele requer e tenho medo de enfiar algum vírus no meu celular, esses negócios de sexo sempre me cheiram a armadilhas para cobrar dinheiro ou infectar dispositivos. Mas verei com calma.

21h27. Estou com esperanças de que as filmagens não terminem hoje, por outro lado, queria que terminassem para ver o resultado o mais rápido possível. Em outras palavras, o que vier para mim está bom. Começo a ficar ansioso, achando que não terei o que falar com o meu irmão. Mas sempre há o que dizer. É porque nós dois não somos muito de conversar, eu acho. Eu menos até que ele. Ele está mais conversador atualmente, mas pelas vias eletrônicas ficamos a desejar. Embora às vezes o papo engrene, não vou mentir. Tomara que hoje seja um desses dias. Tenho muito o que conversar sobre VR (realidade virtual) com ele.

21h55. Meu amigo cineasta, está aqui já colocou um minimicrofone em mim, a voz do meu irmão será capturada pelo som do meu quarto com outro equipamento. Ou seja, o som vai ser porradão. Trouxe luzes também para iluminação noturna. Esse é o momento mais superprodução de que já participei no filme.

22h38. Falei com meu irmão e ele fez um curta, os Ninja Boys com os meninos como os heróis e ele como o lobo do mal. Que onda. Ficou excelente. Me abri muito com o filme. Estou até agora com um sorriso no rosto. Vi três vezes seguidas, sinal de que o filme é bom! Hahaha. O único filme que eu vi três vezes seguidas além desse foi o remake da “Madrugada dos Mortos” feito por Zack Snyder na era das locadoras ainda.

22h43. Meu amigo cineasta, me perguntou se eu escrevo para ter fama ou para me satisfazer. Eu fiquei meio sem saber o que dizer. Até que me veio muito claro que escrevo muito mais por mim do que para o público, mas me preocupo em entregar algo de qualidade para o mundo, eu faço o meu melhor para que o português saia o mais correto possível, pelo menos esse respeito eu tenho com o leitor. Mas no mais, vai o que minha alma manda, na direção que o meu espírito aponta. E aí chegamos no livro. O livro eu queria que fosse um razoável sucesso, que fosse além dos meus amigos e familiares que comprariam por compaixão a um amigo e esqueceriam nas estantes de casa. Ou essa seria a melhor coisa que poderiam fazer por mim. Assim não queimaria o meu filme com eles. Mas sei que não é assim, acho que o nome é chamativo o suficiente para que as pessoas pelo menos comecem a ler. E vai ser uma leitura difícil e cansativa, eu acho. Não sei, pois eu acho leve, mas vivi aquilo pela enésima vez. O livro entrou na nossa discussão, o meu amigo tem um ponto de vista que eu respeito muito, de que a obra é do autor e só dele antes de estar pronta e que, uma vez finalizada, se torna do mundo. Eu falei para ele que no livro eu fiz isso e que agora estava com muito medo de oferecê-lo ao mundo porque o mundo poderia não compreender, aliás, estou certo de que não vai compreender as minhas verdades, especificamente uma. Mas que escrevi, como ele disse, só para mim. Estou sendo filmado enquanto escrevo isso na penumbra do meu quarto. Uma penumbra iluminada, artificial. É curioso, gostaria de ter essa luz no meu quarto, é bastante aconchegante.

23h04. Estava respondendo a mais felicitações de aniversário no Facebook. Meu amigo cineasta me filma de costas, tenho que me manter escrevendo para parecer que tenho uma fluência constante no meu ofício que tanto amo. Quero me amostrar para o público em uma palavra. Hahaha. Eu escrevo meio de lado, é um cacoete meu, meu amigo pediu para que eu ficasse mais centralizado, mas acabo me virando um pouco. Estava rememorando o aniversário de uma amiga em comum sobre o qual o meu amigo já havia lido no blog o que meio que me broxou o papo e, ao mesmo tempo me deixou feliz por ele realmente ler os textos. Foi estranho agora, nunca pensei no meu amigo cineasta como um leitor do blog. Acho que ele ficou chocado com o que revelei sobre o livro. Sobre um trecho específico. O tal trecho que vai me queimar com todo o mundo que não enxergará as coisas como as vi ou vejo. Infelizmente. Eu realmente estou condenado. Mas tranquilize-se, Mário, o seu livro não vai ser publicado. A não ser que você mesmo pague por isso. Seu tio não vai fazê-lo por você. Mas se o livro acontecer, a vida vai continuar a ser uma superprodução só que o grupo de atores do qual faço parte, que eu amo, me odiará. Mas não vai ser publicado. Até a minha irmã vai ter receio de mim, tenho certeza. O meu cunhado nunca vai ler, será português demais para ele. Ou assim espero. Minha cunhada por outro lado ira me execrar. Não quero que minha irmã leia. Prefiro que minha mãe leia que à minha irmã. Por que estou revolvendo esse assunto ozzy? Eu me preocupo muito com isso porque não é ficção, mas a minha vida que estará ali exposta, os meus sentimentos, que podem ser incompreendidos e incompreensíveis para a maioria, senão todos que lerem a obra.

0h15. Já passou-se o dia do meu nascimento. Agora é sexta-feira, o que é ótimo, pode ser que tenhamos saída hoje. Para fechar as filmagens, filmamos o ritual de ir dormir e tomar os remédios. Meu amigo cineasta já foi e só deus sabe quando o verei de novo. Certamente não o verei amanhã, pois viaja de 14h00, logo tem que estar no aeroporto antes, quando provavelmente ainda estarei dormindo. Comi as batatas ao forno feitas com carinho e cuidado pela fantástica faxineira ou faxineira fantástica, como ela prefere e como passarei a chamá-la, mas apesar das ervas com que temperou as batatas, notadamente orégano, não sei se houve outras, devo confessar que as prefiro fritas no óleo que assadas no forno e comunicarei a ela dessa preferência, por mais que seja mais calórica e menos saudável, porém muito mais saborosa, o que prefiro. Uma vez perdida não mata ninguém, eu creio. Mas o que não me sai da cabeça são os Ninja Boys episódio 1. E a bonita dedicatória no final do vídeo, não fosse eu dado a anonimatos dos personagens deste blog colocaria o vídeo aqui. É muito engraçado e fofo. É uma pena não poder repartir com você. Mamãe vai pirar quando vir. Foi o melhor presente que poderia ter recebido, eu que não preciso de nada de material, mas certamente estava necessitado de algo que levantasse o meu astral e nada como sobrinhos ninjas contra o papai lobo mau. Com direito a trilha sonora e legendas, simplesmente hilário. A filmagem do projeto do meu amigo cineasta também achei produtiva hoje. O Spettus foi muito bom, só faltou o leitão à pururuca, o kit de VR para celular também me causou impressão e fiquei curioso para ver sexo em realidade virtual, mas infelizmente não me vejo usando muito o equipamento. Posso estar enganado, mas prefiro o Word a qualquer outra forma de entretenimento. De material só quero o Chartreuse verde, o perfume que é a minha assinatura olfativa e, se possível, um iPod Nano. Não quero mais nada. Esqueço novamente do bem material que mais sonho em ter que é o meu livro publicado. Mas não sonhemos tão alto. Fiquemos no que pretendo comprar na Alemanha. Nossa, como não queria ir para essa viagem, mas já avisei nas felicitações da minha irmã que ela não estranhe se eu passasse os dias escrevendo.

0h57. Estou com sono, acho que acabarei este post amanhã. Só não sei o que acrescentar.

1h25. Fui fumar o cigarro do fim da noite e comer um pouco de Farinha Láctea. Agora tenho certeza que alguém come além de mim, pois quando fui atacá-la não havia mais nada. Só se comi com muito sono, praticamente sonambúlico e não me lembro. Mas venho desconfiando que alguém vem comendo há tempos. Vejo perceptíveis baixas no conteúdo da lata de quando em quando. Nada contra, mas tenho curiosidade de saber quem é. Não a ponto de perguntar aos “suspeitos”. Deixa para lá, a vida é tão curta para coisas tão pequenas. Fico até feliz que outro alguém curta a mesma coisa que eu. É realmente, ao meu paladar, delicioso.

1h32. Será que terei saída amanhã? Nesse momento, gostaria de ter. É uma das coisas que valem a pena pensar na vida. Pelo menos para mim. Comentei com o meu amigo cineasta que ele teve um dia cheio, ele redarguiu que era melhor que um dia vazio. Aquilo me doeu, feriu o meu orgulho, pois passo os meus dias com nada a fazer a não ser escrever e estranhamente me sinto muito bem assim. Todas as minhas necessidades são satisfeitas dessa forma. Se paro para pensar, acho uma grande perda de tempo. Mas não vou jogar areia no meu projeto de vida que amo tanto. Não que um dia como hoje não seja interessantíssimo de ser vivido. Falei com meu irmão e família, fiz as filmagens, fui ao Spettus e me senti numa sala cheia de velhos que assistiam a um desfile de moda. Foi um dia muito peculiar, inclusive por ser o meu aniversário. Recebi muitas felicitações. De quase desconhecidos até amigos e amigas e familiares que me são muito preciosos. Construções de vida que não há dinheiro que pague. Eu quero dormir e ao mesmo tempo não quero. Quando der 2h00, eu paro onde estiver, boto o último copo de Coca mesmo e fumo último cigarro mesmo. E vou dormir mesmo.

1h45. Preciso explorar mais o VR. Vejo se faço isso amanhã e escrevo no meu projeto paralelo. Era para ter escrito hoje, dia emblemático e cheio de significado, mas não tive tempo para tanto. Quando voltei aqui com privacidade para escrever, já havia passado da meia-noite.

1h50. Não aguento mais. Vou lá fazer os “finalmentes” da minha noite.