20h35. Nossa, digitei muito hoje, que negócio chato. Não sei
se o texto do Manicômio tem alguma validade que me faça perder ou investir
tanto tempo nele. Mas agora que comecei, que estou no último caderno, não posso
esmorecer. Preciso dar um tempo. Tirar a cabeça de lá. Estou pensando em tomar
um bom banho agora para relaxar. É uma boa.
20h49. Minha mãe veio quase suplicar que eu parasse de
escrever. Hahaha. Realmente hoje eu digitei demais. Ainda bem que essa parte do
diário não trata mais da fissura, embora me veja voltando ao tema cola de novo
e de novo. Acho que isso vai abrandar pois, pelo que vi, estou próximo do meu
primeiro final de semana fora do Manicômio e começarei a respirar as
expectativas dessa minha saída. Mas quero deixar aquele texto de lado. Meu
primo-irmão não me avisou de nenhuma saída hoje, também não me comuniquei com
ele a esse respeito. Sou eu que sempre me chego, acho isso incômodo para ele,
por isso resolvi poupá-lo de mim hoje. O resultado é que ficarei aqui em casa a
escrever. Não estou com saco de mais nada além disso. E, sim, vou tomar um
banho assim que acabar o copo de Coca que coloquei para mim. Acho que quando
sair do banho me comunico com ele contradizendo o que acabei de escrever. Mas
vejo se planejo para amanhã alguma coisa.
21h29. Tomei um bom e merecido banho, lavei todos os poros e
já me comuniquei com o meu primo-irmão. Amanhã, 14h00, no Mercado da
Encruzilhada, discotecagem anos 70,80 e 90. Promete ser bom. Queria acordar
cedo para fazer a minha barba e dar tempo de chegar à casa da minha tia-mãe às
13h30. Preciso cortar minhas unhas também. Mas está muito escuro para fazer
isso agora.
21h40. Já combinei com mamãe. Vou fazer a barba amanhã de
manhã tomo banho e parto.
22h18. Acho que vou digitar mais do diário do Manicômio.
-x-x-x-x-
13h18. Acabei de acordar e vi que meu primo-irmão pediu que
eu chegue à sua casa por volta das 15h00. Por ter acordado tarde, não vai dar
tempo de aparar a barba. Não estou com muita disposição de sair, mas acho que
isso muda à medida que for despertando mais. Estou me coçando para digitar um
pouco mais do diário. Até as 14h00. São 13h27. Já separei a minha roupa.
13h36. É muito pouco tempo para digitar. Estou com vontade
de pegar Coca, mas meu padrasto conversa com a minha mãe na cozinha e isso me
intimida a ir lá. Acho que vou mesmo assim.
13h41. Meu padrasto reiterou que o Hulk parece uma das
imagens de macumba que eu vendia, um exu. Hahaha. Ele perguntou o que me motiva
a adquirir tais peças. E eu disse que era o prazer de olhar para elas, que não
conseguia parar de olhar para o Hulk. E sem dúvida, quando não estou olhando
para o computador, estou olhando para o Hulk. 13h45. Acho que vou tomar banho
de 14h15. Estou quase desistindo de ir, mas passar o dia a digitar no meu quarto-ilha
e só vislumbrar outra saída no próximo final de semana é ozzy. E o som vai ser
legal. Não conheço, que me recorde, o Mercado da Encruzilhada. Vai ser uma
experiência divertida, eu acho. Pelo menos o som me agradará, o que é um grande
diferencial tendo em vista o que ando ouvindo nas minhas saídas.
13h58. Quase na hora de tomar banho. E cadê a disposição? Eu
não tenho mais cara de comentar no grupo da turma. Fico imaginando que as
minhas postagens são vistas com repúdio. Espero estar enganado, mas não tenho
como aferir. Podem ser só projeções equivocadas da minha parte, mas, como não
tenho nada a dizer além de que também estarei lá no mercado, ficarei quieto.
14h04. Está se aproximando rapidamente a hora do banho. A motivação que deveria
estar ao mesmo passo não me vem. Vou pegar mais um copo de Coca, tomar e entrar
no banho. Vai ser um banho rápido. Já tomei um antes de dormir, mas é sempre
bom estar limpinho ao sair. Estou pensando em levar o Vaporfi hoje. Espero que
não caia no Uber. Ai, saco, não estou com a mínima vontade de ir por mais que o
prospecto seja animador por causa do som e do local inusitado. 14h14. Só falta
comer o gelo para entrar no banho. Desgosto de ser eu nessas vésperas de saída.
Sempre me bate a vontade de desistir. É um dilema sair e tem sido assim
recentemente. Desde o começo desse ano, ao menos. Duas pedras de gelo para
encarar esse banho, me arrumar e partir sem disposição nenhuma. Poderia ficar
calmamente aqui digitando o diário, mas novamente a perspectiva de passar mais
sete dias sem sair me incomoda e me impele a fazer o movimento à revelia do meu
desagrado. 14h21. Hora do banho.
14h40. Estou pronto. É pegar o dinheiro com mamãe e partir.
O banho não me animou muito, mas estou arrumado e vou. Eita, esqueci do
perfume. Bem lembrado, Coisa.
14h43. Fechar o computador, senão não saio. Hahaha.
15:32. Estou na casa do meu primo-irmão. Ele foi se
aprontar. A preguiça em mim impera, mas já que estou aqui é encarar. Espero que
ele demore o tempo habitual, que é longo, para que possa escrever mais aqui.
Sua irmã caçula prepara um café para nós. Ótimo. Grande gentileza dela. Embora
creia que ela fosse fazer mesmo sem a minha presença, me ofereceu mesmo assim.
Ela é uma pessoa única, muito decidida e sem medo de ser diferente. Tornou-se
professora e parece que com isso, achou seu lugar no mundo. A admiro bastante,
mas nunca tive coragem de dizer isso a ela.
-x-x-
22h13. Foi surpreendente. Quando chegamos ao local no
Mercado da Encruzilhada, estava tendo o aniversário de uma amiga de longa data
e vários amigos de longa data estavam presentes. Foi um grande e maravilhoso reencontro.
Não há nem como criar apelidos para todos, basta dizer que eram várias pessoas
queridas e que pude privar de conversas as mais variadas de como preparar um
bifum a dilemas existenciais, ao convívio com a Síndrome de Down a críquete
(não muito desse último). Queria ter ficado mais tempo com as minhas amigas
psicólogas, mas não houve brecha ou não soube criá-la. Esse para mim foi o
grande desapontamento do evento. Mas conversei em especial com dois amigos e o
papo fluiu fácil, embora, para variar, tenha me colocado mais no papel de
ouvinte. Pensando bem, me posicionei também. O convite para a Vila Edna foi
feito uma vez mais e agora é tomar coragem para ir amanhã, dia do encontro.
Espero que consiga. Não revelarei particularidades das conversas, pois não acho
conveniente, fato é que foi como um pequeno milagre que a existência ofereceu a
minha pessoa. Sou grato às forças que fizeram convergir tais pessoas para o
lugar que ia tão despretensiosamente. Meu primo-irmão não ficou por muito
tempo, preferiu seguir para o Antigo, onde o nosso amigo cervejeiro estava
participando de um evento de cervejas artesanais. Vi como os filhos do pessoal
estão grandes e como a vida passa veloz. É uma pena ter que ser prudente em
relação ao que foi trocado. Fiquei até o estabelecimento da aniversariante que
é um lugar de reparo de bicicletas, nos dias de semana, fechar. Foi
tremendamente bom e seria bom que tais reuniões ocorressem com mais frequência.
Soube que meu amigo que passou em um concurso em São Paulo vai passar uns dias aqui
no final do mês e que haverá encontro na casa do meu primo urbano. Será outro
grande encontro. Nada posso acrescentar da festa que não seja de cunho pessoal
das pessoas. Acho que eu tenho isso de puxar assuntos mais pessoais nas conversas,
mas não sei se isso condiz com a realidade. Fiquei muito, muito puto porque não
conseguir ouvir o que uma das minhas amigas psicólogas, que chamarei a partir
de agora de minha amiga diretora para diferenciar da minha outra amiga
psicóloga, estava dizendo. Acho que estou ficando surdo ou ela fala baixo
demais, não sei. Sei que queria muito ter ouvido o que ela estava dizendo. Ela
é uma pessoa que merece minha total atenção e não pude oferece-la simplesmente
porque meu sistema auditivo não funcionou a contento. Espero, talvez, quem
sabe, marcar um novo encontro com ela e a minha amiga psicóloga no A
Fazendinha, onde nos encontramos da penúltima vez e que parece ser perto da
casa das duas. Mas isso, por ora, é só devaneio. Me disse antissocial para elas
e para mais um par de pessoas, quase como um pedido de desculpas pelo meu
comportamento mais calado. Me indagaram sobre o filme que o meu amigo cineasta
está fazendo, parece que tal empreitada foi amplamente divulgada entre esta
turma, o que me foi muito constrangedor e intimidante. Estão todos curiosos
para ver o resultado do projeto o que me dá calafrios. Bom, desde que não
assistam comigo, está de bom tamanho. Eles sabem que vai acabar no meu
aniversário até. Estão muito bem informados para o meu gosto. Mas é a vida e se
ela preparou um encontro como o de hoje para mim e ousaria dizer para nós, não
posso ter sentimento outro no momento que não gratidão. Ah, e disse à minha
prima que a admirava. Foi bom. Já estou com saudades das pessoas que revi. Como
queria que esses encontros se dessem mais vezes. Faria um bem danado para mim.
Até participar dos dias de jogatina de futebol eletrônico na casa do meu primo
urbano seria uma ocasião muito especial para mim. Vou pedir para ele me
incluir.
23h03. Pronto, mandei mensagens de WhatsApp para o meu primo
urbano comunicando todos os meus desejos de encontro com a turma. Agora preciso
contar tudo o que não pude contar aqui no Desabafos do Vate. Por falar em
amigos, alguma coisa aconteceu com o meu amigo Marinheiro. Estou preocupado.
Ele sumiu do WhatsApp. A última comunicação foi a respeito de um cartão de
memória (de celular, creio) não sei para quê.
23h13. Acho que o meu padrasto vai se deitar. Terei a noite
para mim, como gosto. Depois de tanta companhia sinto que minha alma pede um
pouco de solidão. É bom estar de volta ao quarto-ilha tendo o Hulk como novo
membro da minha plateia cativa. É uma peça que não deixa de me impressionar. É
o meu maior sonho de consumo realizado. Maior em todos os sentidos. Hahaha.
Bem, voltemos ao Vate.
-x-x-x-x-
15h04. Um dia especialíssimo passou e volto num dia mais
tradicional da minha vida. Nossa, amanhã já é dia de terapia de novo. Meu primo
urbano respondeu aos meus pedidos, mas não quero ler agora, não quero dar
sinais de que acordei, pois estou com receio que ele queira ver o Hulk. Não tem
nada demais isso, mas agora não estou com o espírito preparado para essa
interação. Tico e Teco ainda estão se reativando e gosto de dar tempo a eles
para que se entendam bem. Fiquei impressionado como a filha de um dos meus
amigos desenha bem, reminiscência de ontem. Continuo achando uma boa ideia o
encontro n’A Fazendinha ou coisa que o valha o que denota que não estou
antissocial de todo. Acho que este post, embora curto deva se encerrar aqui.
Que ele seja um pequeno recorte da minha vida e de um dia surpreendente e
feliz. Só continuo frustrado porque não consegui ouvir o que a minha amiga diretora
falou.
15h21. Acho que não vou escrever outro post agora, vou me
focar em digitar o diário do Manicômio. Saco. Lembrei que preciso revisar. Não
é como Vate que vai de qualquer jeito.
Cantinho do escritor com um novo toque de verde. |
15h53. Revisando me lembrei do encontro hoje na Vila Edna.
Não tenho coragem, pelo menos não no momento. E acho que já está tarde. Ouvindo
Sandy em homenagem ao papo que rolou na festa ontem. E esperando a foto do
cantinho do escritor chegar do meu celular para o computador. Está demorando.
Me envio por e-mail. Enquanto a foto não é enviada, vou me deixando por aqui.
Acho que eu e minha amiga diretora gostamos de conversar de assuntos
semelhantes, sobre o eu e os dilemas existenciais da condição de ser e estar
nesse mundo. Posso estar enganado em relação a isso, porém. Está tarde demais
para ir à Vila Edna. Aliás, se estivesse pronto, seria o momento apropriado. Comentei
com a minha mãe sobre a festa e sobre o convite. Ela me incentivou a ir, mas
não me encontro preparado. Será que a namorada do meu amigo leu o meu blog? Ela
parece ser daquelas que cumpre o que se propõe. Pareceu ser uma pessoa
fantástica, fiquei muito bem impressionado. Bom, a foto foi enviada, vou postar
isso e começar a digitação. E a Vila Edna? Tudo a seu tempo. Não é o tempo
ainda. Eu não me sinto disponível, mas confesso que uma parte de mim quer ir.
Tenho saudades do povo de lá. Lembrei que o meu primo-irmão se dispôs a me
colocar um pouco de autoconfiança através da hipnose. Não sei se estarei
hipnotizável, mas tenho curiosidade de experimentar o procedimento. Bem, não
vou à Vila Edna, está muito tarde. 16h26. O momento ideal é de 16h00. O que são
27 minutos, não é? São uma desculpa para evitar uma interação que me deixa
inseguro. Eu com as minhas frescuras. Mas não quero me forçar a uma coisa que
não estou ainda preparado. Mas que anseio paradoxalmente. Bom, vou postar isso.
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