Papel eletrônico em branco. Dia chuvoso chorando ao redor.
Varanda e Linkin Park, uma mistura heterogênea. Daniel elogiou meu texto e isso
me fez bem. Mesmo sabendo que estou escrevendo porcamente estes dias. Falta de
prática. Me distanciei um pouco das palavras e quero-as de volta. Folheei uma
gramática, manual do usuário da nossa língua. Parei na metade do sumário,
tantas coisas, incontáveis meandros de coisas e classificações e usos que fizeram
minha cabeça girar. Imagine se uma pessoa só pudesse escrever se soubesse
aquilo tudo. Ainda bem que papai me ensinou que para escrever bem é preciso
apenas ler e não falou dos textos técnicos de gramáticas. Tenho lido muito
pouco. E não me sinto muito culpado, por mais que não me sinta isento de culpa
tampouco. Me faltam os olhos dela enxergando minha alma por detrás dos meus.
12h36. Strokes e uma vontade crescente de carnaval. Quero
que ela me domine. Quero o beijo da moça. 2001 visitantes no blog!
17h54. Perto da hora de sair para a casa do meu primo e de
lá para o carnaval. Preguiça passageira, espero.
XXXXX
A primeira noite de carnaval para mim foi no Recife Antigo e
o que mais me marcou foi a apresentação de uma africana que tocou o Bolero de
Ravel de um modo muito peculiar, rítmico, pernambuco-africano. Abordei uma
menina dizendo – sinceramente – que havia visto mais bonitas e mais gostosas,
mas que ela havia sido a que mais desejei beijar. Quis, mais do que beijá-la, fazê-la
sentir-se especial. Espero ter conseguido pelo menos isso. Pouco depois, uma
amiga dos meninos me ensinou uma cantada muito mais legal. Você chega para a
garota e pergunta: “tem uma colher?” E emenda: “porque eu estou te dando a
maior sopa.” Além disso me perdi do meu primo e levei muita chuva. Não sei
dizer se foi uma noite com mais prós ou contras.
XXXXX
Fui no domingo a Olinda e, graças aos céus, não choveu e fiquei
numa rua tranqüila, onde podia sentar e assistir com impensado conforto aos
freqüentes blocos ou troças, com sua corte de fantasiados que por lá passavam.
Curiosamente foi no meio do carnaval de Olinda que vi os maiores quebra-cabeças
da minha vida. Paredes cheias deles, de oito, nove, dez mil peças, na casa de
uma amiga de albergue que encontrei por lá. Novamente houve desencontro na hora
de voltar para casa, mas foi um dia válido.
XXXXXX
Na segunda, houve o Baile do Chapolin - Ano I na casa do meu
tio. Foi o dia mais limpo do carnaval e também, de longe, o melhor. De muito
longe. Foi o primeiro evento de reunião familiar em que estive desde a morte do
meu pai e mesmo esse sabor amargo não roubou a doçura desse dia singular. Vi
minha tia dançar com toda a alma, com uma euforia sóbria e rara, um espetáculo de
alegria. Vi minha prima exibindo uma nova feminilidade, mais madura, mais
mulher, mais completa, fruto, a meu ver, do casamento. Vi meu tio fantasiado de
Chapolin Colorado, o que é sempre e inevitavelmente impagável. Vi Maria e isso
muito me alegrou o coração, embora sinta que não tenha a curtido o suficiente. Vi
outra tia revivendo seus tempos de flamenco e um espanhol tocando frevo. Vi
primos de Natal que há muito não via. Vi meu sobrinho, mas não vi muito, pois
havia muitos ao mesmo tempo e o tempo todo para vê-lo. Não vi Maria interagindo
com ele, mas torço muito para que tenha valido sua viagem de Natal até aqui. Vi
uma mulher mais bruta que qualquer homem que conheço. Aliás, houvesse homem tão
bruto, provavelmente já estaria morto, pois a truculência não seria tolerada ou
entendida como excentricidade. Ainda bem que as coisas são como são e assim ela
pode se sentir mais macho que muito homem pelo menos nesse aspecto. O dia
acabou com um gostoso banho de piscina, quando conversamos sobre videogames e
outras cositas mais, numa típica celebração contemporânea de juventude.
XXXXX
Agora é 0h41 da Quarta-Feira de Cinzas. Não fiz nada de
carnavalesco na terça. Ainda tenho pique para um cervejinha amanhã, mesmo que
não carnavalesca. Apenas com os primos e amigos que aportaram por aqui para a
folia.
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