quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Morte

DESAFIO ESCRITO III – MORTE
Participantes: Pablo Bitu, A lontra Rocha e Boto de Gatas
Este tema foi sugerido por Boto.



Morte, oh morte
já cantava Raul
Anunciava o rebuliço
o sol do meio dia

Morte, oh morte
Urubu, aratu, tatu
Todos morrem
Alguns comem

Um bixo desses
Tantos e tantos metros
Não sei quantos quilos
Tudo vira pó

A hora ninguém sabe
Quando vem
Vem em cheio
Sem metade ou meio

Não se tira aprendizado
Diferente de uma relação
Do amor, da dor
Morte é só morte

Sem meio termo
sem meia volta
Passagem só de ida
Talvez para outra vida

Pablo Bitu 06.12.2011

XXXXX



Morte. Pai apodrecendo. Formiga andando no rosto esverdeado. Filó barato. Barro, cimento, barro, cimento. Adeus. Sem Deus. Meu avô persiste, continua aqui. O que há de justo na morte (além de ser a mesma para todos)? Morte. Tanto te amei, tanto te procurei e você se escondeu de mim. Mas permaneces à espreita, esperando que me seja indesejada. Então se revelará com sua cara de nada, me possuirá, me roubará da felicidade que não esperava ter. Morte. Alívio da dor, fuga final da carne carcomida pela doença. Morte. Desde sempre de braços dados com a vida, numa dança universal e infinita que aos tolos assusta e aos loucos irrita. Morte, para uns o azar maior, para outros a última sorte. Para todos a mesma. A mesma volta. Ao não ser, ao não ter, ao não precisar, ao não sofrer, à mãe terra. Queria morrer numa calma tarde de chuva. Queria, muito mais ainda, morrer sem dar muito trabalho.

Boto de Gatas

XXXXX

Aqui volto eu, Pablo Bitu, para fazer um questionamento... por que as frutas dos cemitérios são as mais deliciosas. E olhe que eu nunca comi fruta de cemitério. Mas dois amigos aqui do albergue afirmaram que eram as frutas mais doces do mundo, que o ser humano era o melhor adubo. Melhor do que merda de vaca, de boi, de galinha. Melhor do que tudo isso, é o corpo humano no estado de putrefação. Não sei se é verdade, me parece convincente tal afirmação. Mas vá lá...aqui tem cada lapa de doido mesmo. Comer fruta de cemitério, vôte!!! Que parada maladiçoada. Tô fora de robar fruta do lar dos mortos. Pra morte eu sou careta. Entretanto o povo aqui já gosta da morte; é só ver os filmes que a galera vê aqui na sala, as suadas somente são ou de tiro(bala) ou facada(espada etc). Agora mesmo tão vendo um filmezinho light de matança de zumbi para irem dormir. Morte, oh morte.

XXXXX

Vida ó minha menina
A tanto que tu me ensinas
Sendo tu divina, amo-te
Mas a morte me paquera sempre que penso “acelera”
Ando contigo e ela a minha espera
Com a pulsão da quimera
Pronta a me abraçar
Já desejei as duas
Entre sóis e luas
Que uma seja serena
Que a outra venha calma
Do lado de quem estiver
Espero preservar minh’alma.

A lontra Rocha

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