domingo, 1 de maio de 2016

VAI DAR TUDO CERTO

Venho aqui sem maiores pretensões. Se saber o que dizer, na verdade. O que tenho vontade de dizer é que apesar dos pesares eu sou um otimista. Em relação à Humanidade. Em relação aos brasileiros. Ontem participei – ou melhor presenciei, pois pouco me manifestei – de um acalorado debate de ideologias políticas, sobre os prós e os contras de um estado mínimo. Obviamente, como em qualquer debate de final de noite de uma bebedeira, ninguém estava disposto a mover um milímetro de suas posições e queriam ganhar argumentação nem que fosse no grito. Bêbados não são muito dados a ouvir, eles gostam de falar – ou bradar – então qualquer entendimento está, como estava, fadado ao fracasso. De toda a forma, embora ambos os lados concordassem que tempos ainda mais negros estavam vindo para o país, isso não abalou meu otimismo. Não sei de onde ele vem. Só sei que desde um dado momento, há quase vinte anos eu senti que tudo iria dar certo. O que era esse “tudo”, eu confesso que não sei. Sei apenas que era algo grandioso e abrangente, que transcendia a minha vida. Não era um "tudo vai dar certo para mim". Era um tudo vai dar certo que ia muito, mas muito além da minha pessoa. Desde então essa sensação tão positiva de que, mesmo aos trancos e barrancos, tudo vai dar certo me acompanha e me acalenta. É uma convicção minha, sem qualquer fundamento prático ou teórico que carrego e com ela carrego minha vida com mais leveza. É uma convicção de que tudo caminha inexoravelmente, por mais que não pareça, para um nível superior, não experimentado ainda, de bem-estar social, pessoal. Acho que esse sentimento que me arrebatou foi o broto ainda disforme e indefinido da minha crença na Singularidade. Não sei. Sei que, depois desse dia, desenvolvi uma confiança e um amor na humanidade ainda maior do que o que já nutria e a vida se tornou mais fácil de se viver, não fôra a minha tendência a mergulhar no inferno existencial por causa do trabalho e da depressão, com todo o sofrimento que isso acarreta e que não desejo nem ao meu maior inimigo, que eu nem sei quem seja. Apesar de ter mergulhado no inferno mais vezes do que achei justo e ter perdido nesses momentos a sensação de que tudo iria dar certo, sempre que conseguia me reerguer e me recuperar, o sentimento voltava. E não é um sentimento de que tudo vai dar certo a curto prazo. É algo que é mais de longo prazo. E é um dar certo maior, talvez maior que a humanidade. Para mim, quase tudo já deu certo. Me livrei, de uma vez por todas, eu espero, da possibilidade de voltar ao inferno. Os problemas que me afligem hoje são de uma ordem de grandeza menor, falta-lhes o empuxo gravitacional para me atrair de novo ao buraco negro do inferno existencial. Então praticamente tudo deu certo para mim, pois meu principal objetivo na vida é não voltar ao inferno. O segundo ou é ver e ser (me fundir a) a Singularidade ou ter a namorada. Não sei qual dos dois me é mais precioso. Tenho o objetivo também de ter meu quarto organizado para receber e exibir minha coleção de bonecos. Esse quero muito também. É um sonho que alimento há anos. Gostaria de nos próximos três anos vê-lo concretizado. Para falar a verdade, acho que este vai se realizar antes dos dois segundos maiores desejos. Para o bem ou para o mal. 18h35. Ligar para o meu irmão.

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18h55. Falei com ele. Me pediu que ligasse às 22h00. O vaporizador ainda está carregando, mas sua bateria está acabando surpreendente e decepcionantemente rápido. Poderia ajudar minha mãe a guardar a comida, mas a preguiça tá grande. Tanto quanto a dela! Que está enrolando na frente da TV, criando coragem para guardar as coisas. 18h59. Vou para a cozinha depois da próxima música, ver o que posso guardar. Ou se, ela já estiver lá, para dar apoio moral.

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19h15. Fui lá, guardei a maior parte da comida, fumei um cigarro normal e cá estou ainda convicto de que tudo vai dar certo. Eu sei que é uma frase muito vaga esse “tudo vai dar certo” e por ser vaga só quero crer que o que vai dar certo é a Humanidade e, indo além, o universo. Por mais que a humanidade esteja em vias de se tornar “obsoleta” ou antiquada, não, não são estas as palavras, elas são muito fortes e negativas. Com o surgimento da Singularidade, a humanidade passará a ficar em segundo lugar em termos de algumas faces da inteligência, mesmo assim, havendo esta entidade inteligente e consciente que consegue fazer coisas que nenhum ser humano é capaz (muito embora os computadores de hoje já o façam, só não são conscientes) ela agregará valor à comunidade global humana, não a privará de valores ou direitos. Talvez a poupe de deveres; talvez organize a economia; talvez, em homenagem ao Dia do Trabalho, ela elimine todo trabalho que ninguém gosta de fazer; talvez muitas coisas boas; talvez, se eu não acreditasse que tudo vá dar certo, muitas coisas más, principalmente se ela for desenvolvida por militares e seus jogos de guerra. Mas não acredito que os militares vão cria-la, simplesmente porque acho que aí não vai dar certo. Não é a agenda dos militares que a Singularidade deve servir. É a agenda do bem-comum. Garantir a todos os homens o que a Declaração Universal dos Direitos Humanos prega. E muito mais. Incalculavelmente mais.


19h50. Cansei de falar da Singularidade mais uma vez e vou assistir Transcendence que é um filme que todos que querem entender a Singularidade um pouco melhor deveriam assistir. E para as gatinhas, ainda tem Johnny Depp no filme! ;)



Não assisti Transcedence, eu baixei e apaguei e não tem mais no Netflix. Assisti os dois primeiros episódios de Demolidor. Acho que essa eu vou acompanhar. Pena ter assistido Operação Invasão (esse tem no Netflix) há tão pouco tempo. As lutas nem se comparam. As do Demolidor parecem superfracas... :P

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Mas vou deixar Transcendence baixando. 23h56

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