quarta-feira, 7 de junho de 2017

SEI LÁ




Eu não tenho nada a dizer. Amanhã tem CAPS e, desde já, confesso que estou sem saco nenhum de ir. O meu primo urbano está aí do lado, disse que iria passar a tarde aqui e que depois me dava o toque pelo WhatsApp para a gente trocar uma ideia. Não estou a fim. Será que estou ficando deprimido? Não posso introjetar essa ideia na minha cabeça. Estou apenas sem vontade de fazer nada. O que é um sintoma, eu sei, mas não me sinto triste. Só desmotivado e sem energia. Olhei o walkthrough do Zeldinha para saber o que fazer agora no jogo e é um procedimento muito chato, quero não. Também não quero assistir “A Cure For Wellness”. Nem quero conversar com o meu primo urbano. Não quero fazer absolutamente nada. Gostaria de me encontrar com minhas amigas psicólogas. Mas isso não vai acontecer. Talvez por isso queira. Porque impossível. Não diria impossível, mas não estou com disposição para contatá-las e mamãe está dormindo. Não sei se tem dinheiro para o encontro, caso as duas se encontrassem disponíveis hoje. Começo a ter leve inclinação para ver o filme, mas muito leve mesmo, a vontade de não assisti-lo é maior. Quem sabe não vá escrever na piscina hoje se o clima se sustentar como está? Nossa, quero não. Preguiça maior do mundo. 15h47. Estou escrevendo isso a pulso, por ser a coisa mais fácil e menos desprazerosa a se fazer.

16h01. Eu que tenho a bênção de ter muito tempo livre para fazer o que quiser não quero fazer nada. É quase uma heresia para com aqueles que desejam estar na mesma posição que eu. Eu vivo eternas férias. Quem não gostaria de viver assim, poder direcionar seu tempo da maneira que mais lhe aprouvesse? Talvez não gostassem aqueles que amam o que fazem. Mas estes já estariam direcionando o seu tempo para algo que gostam da mesma forma, pois a obrigação lhes é um prazer. Eu, afora o CAPS e, esta semana encarar a Doutora na quinta de manhã, infelizmente, tenho todo o resto do meu tempo livre. Pegar mais Coca. 16h08.

16h11. Se Bono se candidatasse a um cargo político na Irlanda, será que seria eleito? Nem que fosse prefeito de Dublin? Que ideia idiota para se ter, mas ele que é tão engajado politicamente, pode secretamente ansiar por algo assim. Vou ouvir o “Songs Of Innocence” que gerou toda uma polêmica negativa por ter sido disponibilizado para todos os que têm iTunes.

16h15. Estou ouvindo, realmente não é um disco que me toca. Mas estou ainda na primeira música. A Gatinha e seu namorado estão pensando em ir para um show da nova turnê do U2 de comemoração dos 30 anos do “The Joshua Tree”. Em teoria seria o show que eu mais gostaria de ir, mas não encontro nenhuma motivação em mim para tal empreitada. Principalmente porque a voz e o modo de cantar de Bono já não são os mesmos. Minto. Principalmente porque seria um esforço por demais dispendioso para mim. Eu ainda guardo na lembrança o show que fui da banda na turnê “Popmart” e o quanto sofri para ficar na frente do palco. Não teria a mesma sorte dessa vez, só se pagasse os tubos para ver da área VIP, cujos ingressos devem se esgotar num piscar de olhos. Essa criação de área VIP e os preços altamente inflacionados dos ingressos no Brasil me desmotivam também. Aposto que um ingresso da cobiçada área VIP deve ser em torno de mil reais. Some-se a isso passagem e hospedagem e alimentação. Mas o principal é a falta de disposição de enfrentar a maratona que é fazer tudo isso para ver o show. Compro o Blu-ray. E acho que nem isso, visto que tenho o “Rattle & Hum” already, não preciso de outra versão, envelhecida e mercantilista das canções, principalmente com interpretações das músicas inferiores às que já disponho aqui. Se fosse Björk, eu até consideraria. É uma pena eu ter perdido o outro, mas não dispunha dos meios, embora dispusesse da motivação. Que irônico, agora a situação se inverte. É a idade ou é o meu comodismo que chega a graus nunca dantes vistos. O que quero escrever não cabe aqui. Quero saber como minha mãe soube do meu desgosto por videogames. Será que voltou a ler meu blog? Que ozzy. De todos os leitores, os que menos queria são os outros habitantes dessa casa. Mas é o preço que se paga por ser um texto público. Dane-se. Que não venham me coagir ou censurar de alguma forma. 16h49. Vou assistir o filme... bem, depois. Não tenho ânimo para nada a não ser para despejar o meu desânimo aqui. Vou pegar Coca.

16h53. É, esse disco do U2 não me encanta de forma nenhuma. Estou com vontade fumar um cigarro de verdade. Vou ver quantos tenho. Se tiver três, fumo um. 16h54. Exatamente três. Vou lá. 16h55. Mudei de ideia, não vou mais, guardei o cigarro. Deixa para quando o meu padrasto for dormir. Não quero ouvir reclamações quanto ao cheiro do cigarro.

16h59. A bateria do Vaporfi descarregou e estava sem líquido. Resolvi ambos os problemas. Realmente estou sem saco para escrever, mas é a coisa que tenho mais saco para fazer. Eu não sei o que se opera comigo. Espero muito que não seja depressão. Espero só que seja preguiça mesmo. Mas ter preguiça de ver um filme é um tanto quanto over. Não é bem preguiça, é desinteresse. Pelo menos por ora. Eu, me deixe ficar escrevendo aqui em paz, por favor. Não há nada mais que queira fazer, simples assim. A não ser ser teleportado para a Fazendinha com a presença das minhas duas amigas. Notei rugas na minha cara pela primeira vez. Rugas expressivas e logo onde franzo as sobrancelhas. Será que as tenho franzido muito, por isso essas foram as primeiras marcas a aparecer? Sei lá. E pouco se me dá. Logo virão mais. É o corpo definhando aos poucos, mostrando os seus sinais de uso. E eu que acreditava que tardaria a ter rugas. Ledo engano. Se tivesse Globo News aqui, acho que deixaria ligada enquanto escrevia, mas não sei operar a Sky. E a imagem não é em HD. Mas isso é o de menos, na Globo News me interessa mais o áudio que o vídeo. Bom, mas não sei operar, então o que não tem solução, solucionado está. Estou ficando velho para aprender novas tecnologias. Tenho percebido isso. Não é nem que esteja ficando inapto, é que não tenho mais paciência para elas, me parecem futilidades. Queria ter o WhatsApp no computador, mas o processo não é tão simples, tem que se fazer algo no WhatsApp do celular para escanear um QR code que aparece na tela do computador para fazê-lo funcionar no computador. Meu primo-irmão me mostrou todo o processo no celular dele, mas infelizmente não decorei. Posso tentar, mas não quero agora, visto que meu primo urbano disse que me contataria por meio do WhatsApp. E não estou disposto a interagir com ninguém agora. Não sei sobre o que falaria com ele. Não sei o que falaria com ninguém, pois não tenho assunto. Que dizer? Que não estou com saco para fazer nada? Por falar nisso, sobre o que falaria com as minhas amigas psicólogas? Não sei, só sei que com elas eu acho que o papo fluiria mais legal. Já estou ouvindo os extras do disco do U2. Acho que já deu. Vou colocar o Infected Mushroom. Embora também não esteja com saco para ele. O que ouvir, então? Não ouvir nada? É até uma boa opção. Vou botar o playlist do Depeche Mode. Pronto coloquei. 17h24. Estou quase me animando para ver o filme. É, meus movimentos internos são bastante lentos. E eu os respeito. Não há por que a pressa.

17h36. Consegui colocar na Globo News. Foi mais simples do que imaginava. Foi mais difícil achar o canal e uma coisa estranha acontece, uma vez que se fixa num canal, não consigo mudar mais de canal, provavelmente por ignorância minha, só consegui mudar novamente de canal desligando e ligando o aparelho. 17h40. Botei já na pasta do filme para assistir e deixei o Sky fixado na Globo News, o que não vai adiantar por muito tempo, pois amanhã vai faltar luz no prédio o que provavelmente desmarcará a minha escolha. Não tem problema, boto de novo. Acho que vou pegar um copo de Coca e assistir finalmente a película.

19h27. Meu primo mandou uma mensagem de WhatsApp há mais de uma hora e eu não apertei “ver”. O que está acontecendo comigo? Por que evitei o contato com ele? É certo que estava vendo o filme, mas o filme pode ser pausado a qualquer instante, como foi agora para que eu escrevesse isso. Acho que estou impressionado pelo filme, que não é bom, diga-se de passagem, mas já que assisti tanto, vou acabar agora. Acho que o filme me pôs nesse estado de urgência. Mandei uma mensagem para ele perguntando se ainda estava aqui. Ele respondeu “Não mais”. Eu só pude dizer “Foi mal...”

20h15. O filme acabou. Não é um filme bom, nem ruim; fica ali, bem no meio entre uma coisa e outra. Embora tenha atores americanos, é um filme quase todo feito por europeus. A estética é bem sinistra, com equipamentos e decoração retrô, a produção é bem cuidada.

20h37. Meu primo não estressou, graças. Disse a ele que da próxima vez a gente se encontra. Fico mais aliviado. Acho que quero ver outro filme. Queria ver “Logan”. Vou acabar assistindo sem mamãe. Tem a “Bela e a Fera” também. Poderia assisti-lo. Não estou lá muito disposto, mas deve ser divertido. Lembro que gostei do desenho. Mas antes vou tomar banho. Ou tomo quando for dormir, depois de comer. Acho que vou assistir. Nossa, estou bem mais leve com a resposta do meu primo. Não vou vacilar da próxima vez. Não há por quê. Não posso me tornar tão ermitão urbanoide assim. Isso vai acabar me adoecendo. Ainda bem que vou ter a minha dose de socialização amanhã no CAPS. Por mais que não esteja disposto. É inescapável. Escapável é, quase qualquer obrigação pode ser evitada. Vou porque não quero barulho aqui em casa e porque me sinto no dever de ir. O pior é que amanhã vai faltar luz justamente da hora em que acordo até a hora indicada para ir ao CAPS só para assistir o último grupo. O que, para mim, seria perfeito, mas já me imagino descendo os 11 andares de escada no começo da manhã. Preciso estar com o celular carregado para escrever durante o horário dos segundos grupos, dos quais não participo, como já disse aqui. Vou assistir a “Bela e a Fera”. 21h00.


23h09. Acabei de assistir “Beauty and the Beast”. Elenco estelar para dublar as vozes dos personagens animados. E pontos para a Disney por colocar o primeiro personagem gay que eu tenha visto num filme infanto-juvenil. Isso faz uma diferença danada na formação da criançada. Para o bem é claro. O alcance da Disney é muito grande, global. Milhões de pessoas viram esse filme ao redor do mundo, um marco, a meu ver, na história da maior máquina de entretenimento do mundo. Esse para mim foi o ponto alto do filme. E os cenários são muito bonitos também. De resto, lembro de ter achado o desenho mais emocionante, mas por causa dele já conhecia a história e já sabia o seu desfecho, o que diminui o impacto lacrimal que o filme poderia me ter causado. A única coisa que ficou devendo em termos de produção, foi a animação da Fera, que às vezes parecia não-natural, principalmente para alguém que está acostumado com o padrão Marvel, que, por sinal, é uma empresa da Disney. Mas sou muito exigente em relação a animações 3D. 23h47. Preciso tomar banho para ir dormir, afinal, amanhã é dia de CAPS. E lembrar de desligar o estabilizador devido à falta de luz que está programada para amanhã. E cheguei ao final da terceira página. Três páginas estão de bom tamanho para um post. Amanhã reviso e posto.

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