Hoje eu estava a fim de ir no forró da Casa Astral, mas
acabei não indo. Começou a chover e o pouco de animação que eu tinha escorreu
com as águas. O problema da chuva nem é lá no forró realmente, mas na caminhada
até lá. Além disso, as ruas estão meio ermas devido ao São João e isso pode
torna-las mais perigosas. Eu sei, eu sei, isso tudo são desculpas de amarelo. É
que eu estou com a síndrome do “sem querer, querendo” (ou seria “querendo sem
querer?”). É como se eu tivesse o desejo e me faltasse a motivação para certas
coisas. O mesmo se deu com o jogo Fallout. 3. Eu primeiro levei dois meses para
criar coragem e colocar o bicho para jogar. Assim que saí da fase tutorial e
enfrentei minha primeira morte, desliguei o jogo e não sinto o mínimo estímulo
de encará-lo novamente. Da mesma forma estou eu com a série Evangelion. Enfim
consegui a série completa para assistir, série esta das bonecas que mais
coleciono e, pá, empaquei, não estou com disposição nenhuma de ver o quarto
disco. E olha que o terceiro acabou com uma grande revelação/reviravolta na
estória. E o pior, a síndrome do “’sem querer, querendo” não me perturba tanto,
pois o que realmente quero, que é ficar grudado nesse computador, ouvindo
música e bebendo coca zero, eu faço com o maior prazer até altas horas da
noite. Estarei eu me alienando da vida e perdendo o que me resta de juventude
por causa de uma crise de preguiça aguda ou será que ir para o forró sozinho,
ainda mais na chuva, já não me parece mais um programa tão atraente? Pior que, ao
falar no forró, minha vontade de estar lá aumenta, bicho contraditório que sou,
e minha mãe foi ao shopping, logo não tenho como arranjar dinheiro para ir.
Selei meu destino e agora não tem volta. Mas, como indiquei, não me considero
frustrado por isso. Uma menina que eu acho interessante confirmou que iria, mas
não sei se ela foi, nem ela me interessa tanto, nós somos incompatíveis, não
duraríamos muito juntos. E não queria que ela me visse gordo e barbudo como
estou agora. Ela me conheceu 15 quilos mais magro e com a barba aparada, seria
uma decepção ver-me assim, creio eu. Talvez esta imagem que ostento agora seja
uma das coisas que me faça não querer ir para o forró. Ouvindo “Pitanga” de
Mallu Magalhães. Fato é que preciso perder vinte quilos e, assim, ganhar 200
quilos de autoestima. Mas quero fazê-lo do meu jeito, através da “Dieta
Somaliana Leve”. Não quero fazê-lo de nenhuma outra forma, pois esta é a forma
que consigo, que consegui. E é a forma que sofri menos. Aliás, tirando superar
as fomes noturnas, que são de lascar devido aos remédios, e para elas a única
solução é trancar a cozinha, o resto eu tiro de letra. Vou voltar a pedir à
minha mãe para trancar a cozinha. Hoje. Preciso tomar uma atitude em relação a
esse peso que me pesa a consciência e gera um desamor grande por mim mesmo.
Emagrecer. Essa é uma meta que eu tenho que querer, querendo. E eu quero,
querendo. Então, hoje, nada de ataque à cozinha, pois ela estará trancada. Com
o tempo me habituo a não ter o que comer à noite. Mentira, da outra vez não me
acostumei, mas é um preço pequeno a se pagar. Estou escrevendo mas com extrema
dificuldade em me concentrar, com dois ou três pensamentos na cabeça e
prestando atenção às letras do disco de Mallu. É um disco novo para mim, que
pretendo desbravar. Não é um disco difícil o que facilita bastante, já começo a
gostar de mais músicas e algumas já começam a grudar no meu ouvido. “Blackstar”
é bem mais indigesto e não sei se tenho a motivação para escutá-lo trinta vezes
até desvendá-lo. “Blackstar” é sem querer, querendo. Mallu é querendo, é leve e
gostoso. Não quero coisas difíceis e pesadas na minha vida. Não quero estresse.
Quero leveza e seguir meu rumo do jeito que mais me apraz. Se é, por ora,
grudado nesse computador, que seja, então. Não há crime ou pecado nisso. Se não
quero, por ora, Fallout.3 ou Evangelion, que seja. É porque eu não quero que
seja agora. Pode ser que mais tarde eu queira um ou outro. Sei lá das minhas
vontades. Sei que a menina que me interessa acabou de responder no Facebook que
não foi pro forró. Menos mal. Aí eu acabei dizendo que não me interessava mais
por ela porque acho que a gente não combina por eu ser um completo alienado
político. Ela é superpolitizada. É uma parte muito importante da vida dela. De
toda sorte, disse que guardaria os chocolates suíços que trouxe pensando em dar
para ela por mais um mês, que se ela os quisesse, que marcasse um encontro na
Praça até o dia 25/7, senão eu mesmo comeria os chocolates. É claro que ela não
vai marcar encontro algum e é bom que aí dou os chocolates para as minhas
amigas psicólogas. Que também estão fuleirando muito, por sinal. Vou colocar o
disco de Mallu para rolar uma vez mais.
Ontem recebi o conselho de um amigo (muito) bêbado para que
eu falasse e pedisse perdão a Clementine agora que desencanei dela. Não se pode
levar tais conselhos a sério e eu nunca falaria com a fala disto com ela, mas repartir
com ela a boa nova por um e-mail talvez seja uma boa idéia. Não sei. Preciso
meditar sobre o assunto. Ele, o amigo bêbado, falou com tamanha convicção da
imperiosidade desse comunicado que mexeu comigo. Não sei. Mas sinto um quase
querer, querendo escrever o e-mail. Nada muito longo ou meloso, um comunicado
simples, simpático e direto. É definitivamente algo a se pensar. São pingos nos
“is” que devem ficar bem marcados, já que isso já foi fonte ininterrupta de
transtornos para nós dois por tanto tempo. Vou maturar a idéia e tentar botá-la
no papel para ver como fica, se fica válido mesmo.
No mais, há coisas dentro de mim que não cabem aqui. Fazem
parte dos 3% que não revelo neste espaço. Até porque são coisas que ao mesmo
dependem e independem da minha pessoa. E aqui só falo daquilo que é
definitivamente meu. E tento ao máximo não envolver terceiros aqui (por mais
que às vezes seja inevitável, posto que minha vida se intersecciona com
outras), mas estes 3% não estão me assombrando tanto assim, então nem merecem
muito espaço no meu armário. Por sinal, é um lugar que preciso revisitar. E
talvez seja o que vá fazer agora. Isso ou a carta para Clementine, não sei.
Talvez faça os dois. Ouvirei meus quereres quando abrir a página em branco com
a barrinha piscando. Ela vai me puxar para o que está para acontecer. Inté.
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