sexta-feira, 25 de maio de 2018

SEM CAFEÍNA = TÉDIO


Estava pensando em escrever um e-book nos mesmo moldes do Jornal do Profeta, contando quinze dias da minha vida inútil, já tinha até a frase inicial, “Que homem me tornei?”, mas desisti da empreitada. Escrevi pouco mais de meia página e apaguei tudo. Ninguém vai ler mesmo, é muito difícil se destacar frente às dezenas ou centenas de livros despejados na Amazon diariamente. Seria perda de tempo. Como foi o outro. Aqui sou muito mais lido do que na Amazon, então que fique no Profeta mesmo. Aqui estou em casa e me sinto menos amarrado para escrever. Hoje vou realmente cortar o cabelo. Assim que minha mãe acordar. Vou ver se ainda há suco de acerola para tomar.

15h34. Havia. Estou tomando. Meu primo-irmão vai provavelmente a Caruaru nesse final de semana e eu provavelmente ficarei em casa. Tem a Casa Astral para ir, mas não estou com disposição para isso. Só não quero que me faltem palavras. Sábado é o aniversário da minha mãe, mas parece que a comemoração será no domingo. No post passado pedi que as pessoas comentassem e decidissem por mim se deveria mandar ou não um e-mail para Raimundo Carrero repartindo o meu blog. Quarenta e duas pessoas leram ou visitaram a página e nenhuma teceu comentário nenhum. Das duas, uma, ou ninguém lê o post até o final ou ninguém achou válido mandar o e-mail para o escritor. Aposto mais na primeira hipótese. Meus textos são muito longos e, ao que parece, muito maçantes. É uma pena, mas é o meu jeito de escrever e é a vida que levo. Mamãe tem razão em relação ao que escrevo, é muitas vezes repetitivo e aqui e ali encontra-se uma pérola. Também, escrevendo tanto, até randomicamente há de surgir uma parte mais interessante. Estou profundamente noiado com as minhas amigas psicóloga e diretora. Com o que o destino-acaso nos reserva. O impacto pode ser muito maior que imagino. Sem cafeína hoje, fico eu sem muitas palavras. E sem disposição para elas. O tédio vem se apossar de mim. Esse vilão da minha existência. O tédio é o viver por falta de opção outra. Viver porque o corpo continua a funcionar, é um tremendo desperdício de vida. O café, comprovei ontem, me rouba do tédio. Tenho um amigo muito mais bem-sucedido do que eu. Eu o invejo. Conseguiu transformar-se publicitário de uma das maiores agências de São Paulo, tem uma mulher que ama, eu creio, e agora deu para fabricar gin e a sua bebida tirou medalha de prata numa conceituada premiação. Sucesso, sucesso, sucesso. Meu sucesso, me daria por bem-sucedido, se, adivinha, meu livro fosse publicado, claro. Mas farei um hercúleo esforço de não mencionar o “Diário do Manicômio” ou coisas correlatas a ele neste post.

16h06. Fui fumar um cigarro. O que posso dizer de mim que não revolva na minha fixação atual? Que homem eu me tornei? Em uma palavra um inútil, um blogueiro de meia tigela, que pouco faz pelos outros e pelos seus. Alguém que interage muito pouco com as humanidades alheias e que se dedica integralmente a esse monólogo sem propósito aparente que não preencher o tempo livre que é bastante farto, ao contrário da maioria dos demais mortais. Há uma sede, uma necessidade que brota não sei de onde, de me dizer. Não sei se isso é condicionamento, mas gostaria de achar que é vocação. Vocação não implica talento, são coisas distintas. Vocação é o ofício que se exerce por prazer e com vontade; talento é fazer isso excepcionalmente bem. Ter uma voz que se destaque o que sei que não possuo. Escrevo como quem conversa, eu creio. Fico a conversar comigo mesmo na vitrine que é a internet onde alguns poucos fregueses, você entre eles, param para observar o produto dessas conversações unilaterais. Não há muito valor intrínseco aqui. Eu não consigo ver, sei apenas do prazer e satisfação que me dá escrever. Escrevo para mim mesmo, contra o supramencionado tédio. Quem lê espia um pouco da minha intimidade e das minhas neuroses. Há várias, mas a que mais me incomoda é não me sentir um ser humano válido, não gostar de mim, não me aceitar do jeito que sou. Estamos trabalhando isso na terapia. Se minha mãe não acordar até as 17h00, não vou mais à cabeleireira. O salão fecha às 18h00 se não me engano. Como eu consegui fazer terapia com o meu antigo psicólogo? Ele me intimida hoje. Ainda bem que com Ju não tenho esse problema. É uma relação bem mais tranquila e mais aberta, onde me entrego com mais facilidade. Muito mais facilidade. Acredito que foi uma mudança benéfica para mim. Admiro o trabalho do meu outro psicólogo, ele é bom, mas havia um conflito de valores, eu acho, que interferia na relação. Com Ju é tudo mais tranquilo e mais fácil porque ela é uma pessoa mais tranquila e mais fácil. Acho que o meu antigo psicólogo era tão neurótico quanto eu. Hahaha. Sei que todos somos neuróticos, mas há alguns um tantinho mais neuróticos que outros. Eu me considero bastante neurótico e sei que preciso abrir mão dessas neuroses para levar uma vida mais leve, mais agradável, mais feliz. Não acho que isso vá acontecer, já dei o meu caso como perdido. Quanto mais velho tanto mais cristalizadas as crenças ficam dentro de mim. E não são crenças que me validem, pelo contrário, me diminuem e me põem com medo da sociedade. Me escondo aqui no confortável mundo das palavras por um medo cada vez maior de me jogar no mundão. Vamos ver se Ju consegue operar um milagre comigo, mas acho realmente muito difícil. Um e-mail poderia fazer toda a diferença, mas, infelizmente, ele não parece que vai chegar e eu me prometi não tocar no assunto. Vou pegar mais suco.

16h36. Pelo visto não vou cortar o meu cabelo mais hoje. Menos de meia-hora para o meu deadline. Não vou acordar mamãe, odeio que me acordem. Último copo de suco. Sem muito assunto na cabeça. Vontade de fumar outro cigarro. Acabou o copo de suco. Acabou o suco.

16h42. Ao que parece minha mãe não vai acordar antes das 17h00. Posso queimar a língua. O meu padrasto é um curioso, gosta de estar sempre bem informado sobre tudo. Não sei se assim se aliena de si com isso, só sei que eu me alieno de tudo para me focar só em mim. É um ato de egoísmo, de egolatria até. Mas é como resolvi levar a minha vida, é a forma mais fácil e agradável a se fazer para mim. Discorro sobre um assunto do qual tenho relativa intimidade e conhecimento de causa. Não de todo porque acredito que ninguém se conheça de todo. E não boto aí o id calado pelo superego. Mas ninguém conhece o próprio ego a contento. Acho que o que escrevo é um exibicionismo ao qual nem todas as pessoas estariam dispostas a se passar. Eu não ligo. Quanto menos a esconder tanto melhor para mim, me têm pelo peso certo. Nem mais, nem menos. Já sabem o que esperar da minha pessoa. Pode ser até que se surpreendam com uma coisa ou outra para o bem ou para o mal, mas pinto o retrato mais fiel que posso de mim.

16h56. Não vou mais cortar o cabelo, agora só amanhã. A noite já desperta faminta e engole os restos de dia. Não sei porque tenho essa mania de tentar dizer que está anoitecendo sempre de uma forma diferente. É um desafio que me coloco acho que para me divertir e exercer um pouco da minha veia poética. Minha mãe disse que gostava das minhas poesias. Eu que sou tão seco de poesia nos dias de hoje. O Vaporfi já começa a ficar com gosto de queimado, o que significa que em breve vou ter que trocar o atomizer (filtro e resistência, por assim dizer). Acho que vou fumar um cigarro. Sem cafeína meu dia fica tão mais sem graça. Eu fico tão mais sem graça. Escrever fica tão mais sem graça. Mas é o que tenho, é com isso que vou seguir.

17h14. Minha mãe estava acordada, disse que já estava desde às quatro e pouca da tarde o que não acho que seja verdade, pois não a vi nas minhas peregrinações para a cozinha em busca de suco. Sem café eu fico mais deprê. Isso é um saco. E, para a minha mãe, já está tarde demais para tomar café. Senão faria uma jarra para mim e me sentiria mais vivo, por conseguinte. Não é uma opção. A opção que tenho é comprar Coca quando o meu padrasto acordar. Acho que é o que farei. O mosquito inconveniente ainda habita o meu quarto e está bastante mais gordo do que era. Minha mãe veio me perguntar uma futilidade agora, não poderia ter vindo me dar o dinheiro para cortar o cabelo? Veio mais uma vez para me perguntar se eu não iria no supermercado para comprar Coca e iogurte. Disse-lhe que iria, mas não agora. Nossa, sinto um vazio existencial tão grande nesse momento. É o tédio me acossando. Como fugir dele? Só conheço o caminho das palavras. Bem que alguma boa notícia poderia se dar hoje. Qualquer coisa boa que me roubasse um pouco de mim. Será que essa ida ao Bompreço não seria bem-vinda? Vou me preparar para isso. A vontade que tenho é de dormir. Mas não farei isso obviamente senão vou virar a noite acordado. O negócio é ir ao Bompreço e depois tomar um banho quente. Mas só depois que o meu padrasto acordar. Não acho justo mamãe importunar o descanso dele para pegar a bolsa.

17h47. Estava respondendo uma pesquisa do PayPal imensa e desisti no meio, negócio mais chato e grande e demorado. Estou sem paciência. Sem cafeína eu não sou ninguém. Já estou com vontade de fumar outro cigarro. Tenho que segurar a minha onda. Eu não sei o que fazer. A disposição é de não fazer nada, por isso a vontade de fumar, para passar o tempo. Será que Coca me animaria? É uma possibilidade. Me sinto um verme. Um inseto de Kafka. Acho que este post não caberá no Profeta. Ou caberá? Acho que sim, não vejo problemas. É apenas um post chato de uma pessoa chata.

18h00. Estava deitado um pouco na cama a cismar. Pensando em pedir para mamãe me fazer um café da máquina mesmo e em lavar os meus óculos. Nossa, que tédio.  

18h11. Fui dar uma olhada no site da Sideshow, sempre me distrai um pouco.

18h26. Pedi a mamãe para fazer um café da máquina e, que diferença, já me sinto mais animado, coloquei os pratos na máquina, limpei os meus óculos e estou de volta com um astral superior. Pode ser só efeito placebo e que seja, espantando o tédio está de bom tamanho para mim. Minha mãe disse que eu adoro uma dependência química. Mas de café realmente a cada dia me vejo mais convicto de que sou dependente. Dos males, o menor, eu creio. Ele me dá uma sensação de bem-estar, me sinto mais alegre, mais vivo. Menos, muito menos entediado. A vontade de beber mais me toma, mas agora vou ter que a suprir com Coca. Quando o meu padrasto acordar eu vou ao supermercado e depois tomo um bom banho. Vou até botar um som para me animar, U2.

18h36. Coloquei. Estou com vontade de ir ao Bompreço. Não muita, mas estou. Este post está muito vazio, eu creio. Espero que agora com essa dose de cafeína, eu melhore. Meu padrasto acordou. Bom momento para ir ao Bompreço. Acho que entrou no quarto de novo. Toda vez que cruzo minha perna sobre a outra ela fica dormente, é uma sensação... diferente. E me preocupa um pouco por achar que possa estar com algum problema circulatório. Eu vou falar com a minha mãe para ir comprar as Cocas e o iogurte. Seria melhor esperar até as 20h00? Não, acho que não me incomodaria muito em pegar fila hoje. Se tivesse pelo menos o iPod. Mas tenho o Spotify no celular. Posso ir ouvindo a lista 6. É uma boa ideia. E voltar e tomar o tal do banho. Essa semana se passou e nem fui ao oculista. Preciso ver se vou na semana que vem. Esse post está muito inútil, só trago trivialidades, narro as pouquíssimas coisas que acontecem ao meu redor, o que poderia fazer para melhoras as coisas por aqui? Era bom ter perguntas para responder. Em que eu acredito? Acredito na natureza humana e mais ainda na Natureza. Se estivermos destinados à extinção, certamente a vida subsistirá de alguma maneira. Acredito no desenvolvimento das tecnologias de forma exponencial. O que me preocupa? O atual estado da minha mãe, ela me parece deprimida, além do problema do seu joelho. Está desleixada, largada. Parece até comigo. Hahaha. Me preocupa o resultado do livro, se publicado ou não. Ambas as alternativas me são motivo de preocupação. Mas prometi não tocar nesse assunto aqui, hoje, neste post. O meu maior medo? Dor. Física e emocional. Ficar paraplégico ou tetraplégico. O que mais queria? No momento, já ter voltado do Bompreço e estar me preparando para entrar no banho. Isso eu posso realizar. O que realmente queria não vou enunciar aqui, pois me prometi não mencionar o assunto. Mas seria um e-mail. Quem acompanha o blog sabe muito bem de quem. Estou vazio de perguntas. Quem sou eu? Eu sou a espera de duas ou três coisas.

19h50. Voltei, enfim do supermercado, já estou com um copo de Coca com muito gelo ao meu lado. Vou esfriar um pouco no ar para tomar banho quente.

19h55. Mamãe me alerta que a paralisação dos caminhoneiros é algo muito sério. Acredito na seriedade da situação como acredito no direito deles de fazer a paralisação. Há pegadinhas no português que resolvo no chute. Se chutei errado na conjugação do verbo “fazer” na frase anterior me perdoem, achei que ele concordava com a palavra “direito”. Posso ter me equivocado. Estou com vergonha desse post. Está uma porcaria. Tudo culpa do café! Hahaha. Mas acho que tem a ver. E o fato de estar me reprimindo para não falar do que realmente quero falar, tento ficar escapando da questão e só me surgem trivialidades para narrar.

20h11. Procurei perguntas íntimas para se responder e vieram sugestões de perguntas de cunho sexual às quais não estou disposto a responder porque praticamente não tenho vida sexual. Aliás, não tenho vida sexual, me masturbo esporadicamente. Não sou muito afeito a sexo. A dimensão da sexualidade em mim é pouco explorada e desejada. Não sei por que me tornei assim, mas acho que foi devido a tantos anos de solidão e por consequência celibato. Some-se a isso que não tenho preparo físico para tal ato. Se a pessoa ficasse por cima eu até encararia com mais tranquilidade, seria a forma que o meu sedentarismo permitiria. Mas nem adianta sonhar. Não tenho cara de colocar o Tinder e ir atrás de sexo. Não me agrada essa ideia, não estou aqui para isso. Não estou subindo pelas paredes querendo transar. Pelo contrário me intimidaria se eu soubesse que iria transar hoje. Estaria cabreiro para dizer o mínimo. Meu receio? Não satisfazer a parceira, não me interessa gozar, mas fazê-la gozar. De todas as poucas modalidades de sexo que há, prefiro sexo oral. Fazer mais do que ser feito em mim. Daqui a pouco chega a hora do banho. Acho que vou pegar mais Coca e fumar um cigarro. Incrível que só haja sete na carteira. Não fumei 13 cigarros de ontem para hoje. Não que eu me lembre. Isso é estranho. Vejo que a Coca também espanta o meu tédio, não de forma tão eficaz quanto o café, mas suficientemente eficaz.

20h31. Peguei Coca, mas não fumei. E estou sem assunto. O que posso mais eu contar da vida? A existência como ser humano é singularmente interessante e repleta de prazeres, tantos mais quanto mais alto na escala social se esteja. Sexo e companhia são de graça, quase sempre. Drogas são um prazer também, mas são prazeres tão bons que se corre o risco de ficar viciado. Eu fiquei, na cola de sapateiro, na cafeína e na nicotina. Acredito ter abandonado a primeira, mas uma vez viciado, sempre viciado. Não vou me botar em testes desnecessários para pôr à prova a minha resolução acerca desse assunto. Afinal o segundo dia mais feliz da minha vida se deu devido ao uso da substância. Mas não narrarei aqui. Acho até que já narrei em algum momento, mas nunca havia o eleito como o segundo melhor dia da minha vida até escrever o assunto do qual não vou tratar hoje. Não foi difícil escolher os dois melhores dias da minha vida, eles me saltaram logo à cabeça por estarem tão longe dos demais. O pior dia da minha vida? Acho que foi quando a minha segunda namorada me deu um bolo. Nunca chorei tanto na vida. Só houve outro dia em que chorei o mesmo tanto que foi quando fiquei em recuperação pela primeira vez. Foi outro dia horrível. Outro também bastante frustrante foi o dia em que dei o meu melhor, fui além das minhas capacidades, fiz o máximo que podia e não foi o suficiente para ser o primeiro. Numa aula de natação. O danado do japonês fez duas piscinas na minha frente e nem de perto estava tão exausto quanto eu. Fiquei me sentindo um merda e desisti do esporte. O dia da morte do meu pai foi um dia péssimo também. Mas sou bem resolvido em relação a ele. Ainda bem. Vi tudo pela perspectiva mais saudável senão poderia carregar uma culpa que não é minha. Se eu daria a minha vida por alguém? Só duas pessoas, mas prefiro não as nomear aqui. Ambas merecem estar no mundo muito mais do que eu. Aliás, acho que a imensa maioria das pessoas mereçam estar no mundo mais do que eu. Eu tenho uma péssima impressão de mim. Isso eu tenho que trabalhar na terapia. Eu sei que me foi outorgado o direito de viver sem que eu o pedisse e que tenho o mesmo direito de estar no mundo como qualquer ser vivo. Mas me acho tão pouco, tão reles, insignificante, tão desnecessário ao grande esquema das coisas que não sei porque a existência me concede tanto. Eu acho que eu mereço o desprezo e o escárnio. Eu me desprezo e faço pouco de mim. Eu definitivamente não gosto de quem eu sou. Ainda. Sempre resta uma esperança. A deposito ora numa coisa, ora em outra, mas a verdade é que não me conformo em ser tão conformado com a minha mediocridade. Blogueiro de meia tigela é o que sou. E apenas isso. Acho tão miúda essa classificação, tão pouca. E se for acrescentar adjetivos a coisa só tende a piorar, por isso nem o farei. Não quero ficar tão de mal de mim assim. Minha autoestima é quase nula, não fosse esse exercício de exibicionismo e humilhação pública que é o blog. Interessante que quando fazia autossugestão, eu cheguei a acreditar de fato que gostava de mim. E era um sentimento bom, embora meio vazio de significado além da frase. Eu estava de bem comigo, com o que sou, com esse apenas isso que me considero e me afiguro. Eu me aceitei enquanto usei da autossugestão. Por algum motivo, eu deixei o hábito de lado e essa aceitação desapareceu. A Coca ataca o meu estômago. Percebo com mais clareza agora que voltei a tomar ela. 20h59. Pegar mais um copo, comer uns Bono de morango e fumar um cigarro.

21h10. Fiz tudo o que me propus e ainda vi que São Paulo proibiu rojões que produzam barulho. Fiquei estarrecido com a notícia. Não que goste do barulho de rojões, bombas e todos os correlatos, na verdade nutro até certa fobia, acho desagradável, mas daí a tolher a liberdade do indivíduo que se diverte com isso é uma invasão muito grande da privacidade do cidadão. Se o cara quer ser chato, se se diverte soltando rojões e bombas, deixa ele, incomoda, mas não está fazendo mal a ninguém. Daqui a pouco vão inventar leis sobre a forma de cada um limpar a própria bunda. Acho isso uma ofensa. Um cerceamento de direitos totalmente desnecessária. Eu que odeio rojões sou contra essa lei absurda. E tenho dito.

21h15. Acho que a Coca me é estimulante também, sinto a escrita correr bem mais frouxa e fácil, que ótimo, assim aprecio a vida sobremaneira. Foi porque fiquei no suco de ontem para hoje e só tomei três xícaras de café ao longo do dia que o marasmo me abateu. Agora que tenho Coca me sinto revigorado, como outro ânimo, outro pique. E já entro na sexta página, o que significa que estou muito mais perto do fim do que gostaria de estar. Se me limitar realmente a sete páginas hoje. Como não vou divulgar este post em nenhum grupo, posso me sentir mais livre e me exceder um pouquinho mais. O cheiro de sovaqueira me lembra o de cominho, não sei por quê. Sempre achei em verdade, mas nunca havia enunciado ou anunciado isso a ninguém. Pronto fica dito aqui nesse post que ninguém vai ler.

21h29. Me perdi pela internet. A vida segue mais macia, acho que devido à Coca. Eu não queria que fosse assim, mas é. Foi tanto café e tanta Coca tomados na vida que eu fiquei dependente, simples assim. Não sei o que fazer para mamãe no aniversário dela. Não comprei nada, não bolei nada e estou sem ideias. Mas penso em tentar fazer um poema. É a única ideia que me vem, porém estou sem inspiração nenhuma agora.

Mãe

Metade da minha alma é sua
Meu braço forte, minha guia
Guerreira, sofrida, mulher
Conquistadora vitoriosa
Mãe acima e antes de todas as coisas
Mais um ano de caminhada
Mais um presente da existência
Para você e para todos
Que têm o dom da sua companhia
Dádiva maior que a vida me deu
Que me acolhe, me protege até se ferir
Não há gratidão que caiba em palavras
Não há dimensão que quantifique esse amor
Eterno, materno, singular
No seu peito encontro alento
No seu sorriso encontro graça e paz
Quando você está em paz meu coração serena
Quando turbulenta, toda a minha alma agita
Mas é de lágrimas e sorrisos essa caminhada
E é bela, sempre bela
Que continue assim por mais um ciclo
E mais outros e outros e outros

21h48. Pronto. Acabou que fiz, postarei no seu WhatsApp dela precisamente às 0h00 do dia 26. Espero que ela não leia o meu blog amanhã. Senão estragará a surpresa. Não sei se ficou bom, nunca sei. Sei que lancei mão da minha principal arma, a sinceridade.

21h54. Nossa, como admiro o meu Hulk, como ele me deixa contente e satisfeito. É uma coisa absolutamente inútil do ponto de vista prático, mas o encaro como uma obra de pop art.

22h03. Me perdi novamente no Facebook. Estou a fim de pegar mais Coca, mas acho que o meu padrasto está matando a fome na cozinha. Vou dar um tempo. Não estou mais com saco de escrever aqui. Acho que vou para o Vate. Ele botou algo para ver na TV, acho que vou aproveitar e pegar Coca.

22h09. Acho que vou mesmo para o Vate, sinto necessidade disso. E já entrei na sétima folha aqui, está de bom tamanho.


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13h52. Como ninguém comentou no post anterior, não vou mandar o e-mail para Seu Raimundo. Deixarei o que tiver que ser se dar.

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