quarta-feira, 30 de maio de 2018

AMORES PASSADOS E AMOR QUE NÃO VAI VIR


19h26. Já estou aqui embaixo com o meu amigo da piscina. Ele comenta da situação, da crise, que se fala em guerra, que milhares de galinhas já morreram por falta de alimento. Ele é o meu atualizador sobre a realidade, uma parte interessante dela, as pegadinhas de João Kleber são só um exemplo. Ele está tomando Coca e vendo o celular enquanto escrevo. Quem sabe não me mostre mais um vídeo interessante hoje.

19h47. Meu amigo da piscina explora os meus amigos de Facebook agora que ele está no aplicativo.

19h58. O que você ensina ao papagaio ele nunca esquece. 70 milhões de aves morreram por falta de ração (segundo o Facebook) e o governo não está nem aí, que se foda (segundo o meu amigo da piscina). Uma pontuação interessante. Contei do meu sonho. Meu amigo da piscina pesquisou na internet. Mas não lembro o resultado, eu tive para mim que brigar com o pai e fazer as pazes significa pouco esforço para alcançar o objetivo e o objetivo que tenho mais imediato é o livro.

20h50. Fiz um breve histórico da minha vida e como o tempo com a Gatinha foi uma ilha de tranquilidade, alegria, intimidade, felicidade no caos que era a minha existência, agora para o meu amigo da piscina.

Um saco plástico dura milhares ou milhões de anos, será que haverá arqueólogos especializados em plásticos no futuro? O que iam pensar de um coroa ouvindo “Firework” de Kate Perry sozinho na piscina? Acho que me teriam por gay, não como assexuado como me afiguro. Um assexuado ouviria “Bastards” de Björk. Que é o que rola aqui agora, depois de Kate Perry. Estou digitando só com uma mão pois estou fumando o último que tenho aqui embaixo. Passei por uma experiência diferente do meu cotidiano, ir à farmácia. Tirei até uma foto.




O que me impressionou mais no passeio? As ruas vazias e principalmente a enorme burocracia digital para efetivar a compra dos remédios. Não sei se porque remédios controlados, só sei que demorou, passei mais de dez minutos no balcão até me dirigir ao caixa. A Coca estava muito refrescante. Há pouca. Mais dois copos e meio, eu acho. É o suficiente. Nossa, me coloquei como assexuado. Vou me colocar como o quê? Punheteiro? Nem a isso chego, pois não há coisa mais esporádica que a masturbação na minha vida, às vezes passa mais de semana sem que o faça. Não nego a sexualidade, mais não a busco com a voracidade dos demais e, por falta de interesse e competência, não a pratico. Depois de tanto tempo encalhado passei a quase que temer o intercurso sexual. Não acho isso saudável do ponto de vista social, mas me sinto tranquilo e favorável desta forma. Me falta muito mais a intimidade de casal, o namoro, a companhia, as conversas, se pudesse ficar nisso e esporadicamente ser necessário sexo estaria de ótimo tamanho para mim. Se bem que por mim poderia chupar a garota todos os dias se ela quisesse. O faria com prazer e, acredito, competência, além de sincero desejo. É a atividade mais erótica que acho. Minha segunda namorada, quando se viu farta de mim, me tratou como lixo, me usou como objeto sexual uma vez. E me fez de palhaço outras tantas. Quando me lembro que ficou dando em cima de outro cara na minha frente enquanto dançava bêbado Depeche Mode no Downtown... eu bebia desbragadamente nessa época, bebia para me embebedar valendo, de vomitar. Como vomitei nesse dia perto da cabine telefônica inglesa que havia lá, em cima de uma grade de bebidas vermelha, possivelmente cerveja. Ela trocou telefones com o cara e disse que era só por amizade. E eu aceitei isso. Curioso, hoje em dia acho que ficaria muito mais puto com a pessoa, foi um comportamento promíscuo, vulgar e passei por um papel constrangedor como namorado. Mas passou. Houve muitos momentos bonitos. Como termos perdido a virgindade juntos e apaixonados. Mas eu fui muito canalha com ela também. Eu mereci todos os seus atos de vingança e mereceria mais, se bem que soube depois que até gaia eu levei. É a vida. Eu ter transformado aquele ser tão inocente e puro numa pessoa capaz de fazer isso, é muita crueldade da minha parte. Ela não merecia se transformar, espero que momentaneamente, naquilo que se transformou para descontar em mim todas as frustrações que lhe causei. Se eu teria uma coisa para dizer a ela? Sim, e sempre tive, me desculpe por tudo o que lhe fiz, todo o mal que lhe causei, eu mereço ir para o inferno pelo que fiz na sua vida. Sei que você nunca vai me perdoar, mas eu precisava pelo menos pedir perdão. Era isso o que eu diria. Não digo que ela não agiu de forma incorreta comigo, mas se o fez foi motivada e corrompida pelo que fiz, ademais eu sei das minhas culpas, e essa era a forma de lidar com elas, a forma que eu sinto mais válida. Ficção. Eu digo isso para ela e acrescento, se você carregar alguma culpa saiba que eu te perdoo do fundo do meu coração. Acho que ambos precisamos disso. Ela me abraça e fala no meu ouvido “eu sempre te amei e sempre vou te amar”. Eu respondo, e eu acho que nunca te amei de verdade. Mas fui feliz com você, tivemos nossa intimidade e nossa felicidade, isso é o que vale, as dores não importam. Eu perdi minha virgindade com você, foi um momento belo, pois estávamos apaixonados e em paz um com o outro, foi a realização de um sonho para mim. Um dos maiores sonhos, perder a virgindade não com uma puta, sem sentido outro que perder a virgindade em si, mas algo muito maior, com afeto, sentimento, insegurança, desejo, curiosidade, descoberta, cuidado, paixão, felicidade, ainda éramos felizes nessa época e adorava transar contigo, foi a mulher com quem mais desejei transar e que mais prazer sexual me deu na vida. E a com quem mais transei, no meu auge físico, muito bom. A mais erótica foi a com quem te traí e não houve penetração só sarro, aprendi um monte. Foi ardente demais, ela era uma mulher ardente, pelo menos à época. Espero que continue sendo, para a felicidade de seu marido. Vocês duas casadas, com filhos, ao que me consta, e eu aqui sozinho escrevendo na piscina do prédio onde a maior parte dessa história se desenrolou. Onde a maior parte da minha vida se desenrolou e onde deixarei ainda grande parte, eu espero. Aí contam os votos de longevidade da minha mãe. Estava vaporando o Vaporfi e pensando no meu amigo da piscina. É uma das únicas pessoas que indaga de mim, que quer ouvir as minhas histórias, usa a mesma estratégia que usa com as mulheres, joga o papo e me deixa discorrer e ouve, com atenção. É ótimo. E me mostra coisas novas. Me lembrei do Manicômio, do que narrei no “Diário do Manicômio”, pois é, o trato como obra, o que eu disse ser o ápice da narrativa para o meu primo urbano. Estava me lembrando, mas confesso que não me lembro muito, lembro mais porque discorri sobre aquilo do que porque vivenciei. Mas que seja, a minha memória não é das melhores e embora seja um episódio marcante, não o marcaria como um dos ápices da minha existência, pelo contrário, talvez esteja entre os pontos mais baixos, mas essa competição é difícil, já estive muito baixo na minha vida, a verdade é essa. Por isso que está no nível médio, sem grandes felicidades, grandes emoções, mas fazendo o que gosto, às vezes nesse momento especial com o meu amigo da piscina, às vezes apreciando como um matuto-cibernético uma farmácia, seguro dentro do meu verdejante condomínio. Ouvindo Björk, tomando o restinho de Coca-Cola, o que posso eu pedir mais da existência? Eu sei. E posso. E peço. Um livro e um grande amor. Um amor tão grande que impossível. Que não há realidade que se equivalha, nem provavelmente a sonhada. Sei lá, sei que estou feliz porque as duas são mães felizes, com avós felizes, por estar aqui me lembrando delas, duas mulheres que marcaram de forma indelével a minha vida, duas mulheres excepcionais. Eu já tive muita sorte no amor. A última cartada que guardo para o sentimento, jamais darei ou foi esta, apostar no impossível e viver de impossível. Não me incomoda o impossível agora. Ele até me conforta. Pois permanecerá desejável e amável até o final da minha vida. Isso se a Singularidade não se der. Me entregarei ao que acontecer primeiro. E aposto minhas fichas na Singularidade. Hahaha. Ainda bem que mamãe me permite ficar aqui até altas horas agora. O texto está fluindo tão bem e tão profundo, estou gostando. Pelo menos não estou descrevendo as ações, embora tenha colocado o último copo de Coca e vá dar umas baforadas no Vaporfi. Antes coloquei o título no post, gostaria muito de postá-lo no Profeta, pelo menos uma parte. Acho que não ofendo ninguém com isso, só se a mim mesmo.





22h38. Tirei umas fotos das cadeiras para ilustrar o post, mas me lembrei que a foto que vai aparecer primeiro é a da farmácia, mas talvez isso cause um estranhamento positivo no leitor. Como é que uma coisa tem a ver ou vai dar na outra? Eu realmente não sei. O que sei é que sem medicamentos eu acho que já teria caído em depressão há muito tempo. Sou dependente de alguns, o de dormir pelo menos eu sou. Dalmadorm. Talvez se houvesse um desmame eu não tivesse insônia. Não sei e pouco se me dá. A pena é que acho que eles afetam a minha memória e não lembro dos sonhos, só se dormir demais, o que nunca é possível, pois durmo tarde. Mas falando de amores. Amei demais, de me sentir 100% feliz, três vezes, com a minha primeira namorada, com a Gatinha, no começo da paixão era enlouquecido por ela, achava a coisa mais linda do mundo. Me encantavam profundamente as duas. A terceira, você vai ter que ler o “Diário do Manicômio”. Hahaha. Será que em publicando um livro se torna mais fácil publicar o segundo? Tenho um projeto que talvez dê um livro. Se eu me tornasse bem vendido, pode ser que se concretizasse, mas não acho que serei bem vendido. Não acho nem que conseguirei ser publicado. Meu sonho último com esse livro? Ser publicado, com prefácio ou orelha de Raimundo Carrero, ser vendido com destaque na Cultura na área de lançamentos, com as cintas provocantes em volta do livro ou dos livros. Ou dos primeiros deles. Quem sabe uma resenha na Veja ou qualquer lugar mais nobre. E que vendesse bem, a ponto de desejarem um segundo. Aí, este poderia ser o meu projeto. Seria um desfecho interessante para a minha história literária. Não sei se alcançaria o sucesso do anterior, mas seria curiosíssimo vê-lo concretizado. Com as ilustrações que imagino para a frente e o verso. Seria uma coisa muito peculiar de se acontecer. Minha vida seria coroada como uma das mais abençoadas da existência. Mas tudo isso é ficção, estou viajando muito longe. Nada disso vai acontecer. Valeria todas as penas se acontecesse. Só não valeria perder a curatela, só se o livro vendesse tão bem que eu pudesse fazer o meu pé de meia. O que não ocorrerá. Novamente sonhando. Não me custa nada e nesse momento nem incomoda. Estou na piscina do meu prédio ouvindo Björk enquanto crianças sentem medo numa zona de guerra. E eu querendo mais que isso, para quê? Para me sentir válido como pessoa? Não é muito pouco diante de tudo o que possuo? É tão ou mais importante do que tudo o que possuo, tanto que estou disposto a abrir mão de uma parte importantíssima de tudo isso para realizar o meu sonho. Talvez a parte mais preciosa. O respeito das pessoas, a aceitação das pessoas, inclusive das mais queridas. Só me sobrará a Gatinha, talvez os meus amigos mais chegados. Seria como uma bomba para a minha família. Principalmente materna. Nossa, mesmo assim eu queria muito me sentir realizado comigo mesmo, válido como pessoa, a despeito do que todos os que lerem o livro ou ouvirem falar pensem de mim. Eu sei o que sou. Eu saberei que sou válido. Que não fracassei como ser humano. Por mais que disso decorra um fracasso social sem tamanho. Eu comigo mesmo me sentirei satisfeito. Nossa, como espero que a revisão ajude a dar uma cara mais de livro ao que foi relatado. Mas se estiver meia-boca e vender, não tem problema. Hahaha. Isso se for publicado. Mas como posso pedir tanto enquanto há pessoas trocando tiros, gente sendo torturada, gente fazendo o que não quer fazer, gente se humilhando, gente passando fome, gente sentido dor, dor aguda, do corpo ou da alma. E eu aqui na maior tranquilidade do mundo. Sem Coca, é verdade, mas com verde, ao ar livre. Num recanto de paz cravado no meio do cimento da cidade. Eu sou muito abençoado como disse à fantástica faxineira e ela concordou. Eu sou comprovadamente abençoado. A própria existência se manifestou dizendo isso para mim hoje. Eu o percebo, todas as benesses. E mesmo assim acho a vida incompleta sem deixar realização alguma. Por isso preciso desesperadamente que o livro seja publicado. Para dizer a mim mesmo que fiz a minha parte, eu contribuí com o que tinha de mais sincero para o mundo. Eu não queria fazer lançamento, comigo assinando livros, mas encararia essa empreitada.

23h25. Mamãe fica me mandando mensagens, isso me desconcentra completamente. Mas é uma boa mudança. Daqui a pouco o computador vai alertar que está com a baixa bateria. Este post eu tenho que colocar no Profeta. Estou achando diferenciado. Estou tratando as coisas de peito mais aberto, eu diria. Me entretém bastante. Não sei se ao leitor. Creio que coloquei um título chamativo, falar de amor sempre atrai a atenção. Eu creio. Principalmente a feminina. Novamente, eu creio. Não sei nada das estatísticas do amor, sei senti-lo apenas. De uma forma totalmente minha, mas o sinto. Por ser tão minha vai causar estranhamento nos demais. Pelo menos essa é a minha expectativa. E ela é de uma recepção negativa. Mas, repito, prefiro me sentir válido como pessoa. Queria muito me sentir válido como escritor. Mas isso dependeria de Seu Raimundo ou de ser aceito por alguma editora. Já repeti isso demais aqui. Cansei. Acho que vou mandar o link desse post para Seu Raimundo. Mostrar a ele o que escrevo cotidianamente. Sem falsa modéstia, estou achando esse post interessante. E dá uma dimensão da importância do livro. Da forma mais clara possível. Tenho tempo para pensar. Se mando ou não. Sobre o que mais poderia dizer? O vigia da noite passou agora por trás de mim. Poderia se fosse um pouco mais ousado pedir para tirar um selfie com ele. Mas nesse caso minha ousadia não vai tão longe. Ou vai? Não sei se ele gostaria de ter a foto divulgada na internet. Não sei, talvez não se incomodasse. Não descobrirei. Não me sinto inclinado a isso.

23h41. Fui e ele concordou. Algo tão impossível para mim realizado! Tanto é que começou a chover. Hahaha. Estou feliz comigo mesmo por ter tirado essa foto. Eu não, ele, pois minha unha não permitia que eu fotografasse, não consegui. Ele deixou eu colocar no meu blog! Liberado, então. Acho que ele se sentiu prestigiado, é um dos funcionários mais antigos do condomínio. Nós temos uma história mesmo que distantes, cada um em seu papel, mas, ao mesmo tempo, muito próxima e, principalmente, uma relação muito duradoura. Conheço ele há mais tempo que a maioria das pessoas do meu círculo social. Nunca tinha parado para me dar conta disso. Sem dúvida um post interessante. Ainda chuvisca. Já daria para eu ir para casa, mas esperarei um pouco mais. Tenho medo que a inspiração desapareça se interromper o fluxo. O mais curioso dessa nossa relação é que eu nem mesmo sei o seu nome. Isso é quase um desacato com uma pessoa que faz parte da minha vida há tanto tempo. Preciso perguntar à minha mãe, acho que seja Edimilson, mas não sei de onde esse nome me veio. Acho que não é. Mas para mim é algo que começa com “e” e termina como “on”. Vou tentar ver com mamãe. A bateria vai chiar dentro em breve. Ou com o meu amigo da piscina.





23h52. Estou dando umas baforadas no Vaporfi ouvindo “Hyperballad”. Computador chiou. Vou subir.

0h31. Estou aqui em cima de volta ao quarto-ilha. Acho que o nome dele é Nivaldo! Tenho quase certeza. Mas não confio muito nas minhas certezas. Principalmente quando dizem respeito a nomes. Escrevi um parágrafo no meu outro projeto, o do segundo livro que não vai haver. Já coloquei e tomei os remédios, falta só o de dormir que vou segurar um pouco, pois quero aproveitar esse agora. Eu estou completamente satisfeito com a vida nesse momento. Isso é tão raro em mim. Fico desconfiando se não estou tendo um leve surto de mania. Mas a pessoa estar bem consigo uma vez na vida não significa toda vez isso. Acho tolice perder meu tempo pensando isso. O melhor é aproveitar que estou assim e me dizer assim. Há um problema, só tenho cinco cigarros para amanhã e meu amigo vai muito provavelmente pedir um. Será ozzy. Não sei o que faça, é me virar com o que tenho e fumar Vaporfi. Estou em dúvida sobre mandar esse texto ou não para o escritor. Algo em mim agora diz que não, que não devo importunar ele. Algo me diz que sim, que agora tanto faz, visto que ele não vai ler o livro mesmo. Não vou redundar sobre esse assunto e ficar cheio de “ e se”. Amanhã decido depois que revisar o outro texto e postar. É, esse já é o segundo que produzo hoje, o anterior não está de todo ruim, mas estou achando esse mais legal. Nossa tomei um copo de Coca gelada num gole só agora, que delícia, que alívio. Estava com a goela seca.

0h44. Peguei o Vaporfi e me enviei a foto da farmácia que havia esquecido.

0h45. O que posso mais dizer? Que tenho vontade de tomar banho com o chuveiro a 42 graus? Que preciso tomar o Dalmadorm e que o farei assim que acabar esse parágrafo? Que ainda não comi hoje? Minto. Comi duas almôndegas do almoço e mais comerei quando a fome dos remédios se der. Tudo isso são futilidades. E acho que me fazem passar meio que por doente mental. Eu tenho uma doença. Transtorno bipolar. Os remédios a controlam. Ou assim quero crer. Gostaria que a minha vida fosse sempre com o astral de hoje, mas hoje é um dia sui generis. Por isso a suspeita de mania. Mas todos merecem dias felizes. Principalmente aqueles que raramente os têm. Mas não sou uma dessas pessoas, minha existência é agradável. Penso em um ser humano que nada comeu hoje e nada terá para comer e que não sabe se comerá amanhã. Isso é a condição de mais gente do que é justo no mundo. Não deveria haver ninguém em tal situação. A humanidade tem suas bizarrias mesmo. Isso me machuca. Ter tanto por mera obra do acaso-destino, sem merecimento, sem necessidade. Eu não passo por necessidades. As necessidades que eu passo são fúteis. E tenho como supri-las todas. A necessidade mais imperiosa sem dúvida é a de cigarros. Mas até para isso eu tenho paliativo, o Vaporfi. Foi muito bom o encontro com o meu amigo da piscina hoje, é muito raro ter alguém para me escutar. Aos poucos ele vai conhecendo a minha história e o que me tornei. Ele me perguntou se eu já tomei remédios para me lombrar. Eu contei-lhe do dia que me deram por engano um Neosine de 100 mg, remédio que nunca havia tomado na vida e que passei três dias de cama, tive ataques de sonambulismo, não conseguia andar em linha reta, não conseguia levar o copo de leite até a boca de tão tonto que estava, ele perguntou se foi legal. Eu disse que foi horrível. Não queria passar pela experiência de novo. Não foi a pior das experiências que já passei, mas certamente não foi uma lombra legal. Não sei nem porque conto isso aqui, parece que quero me gabar de algo que não tem valor intrínseco nenhum, se muito faz é me desmerecer. Parece que voltando ao quarto-ilha o eu crítico começa novamente a emergir. O mundo cor de rosa onde teria dois livros publicados parece cada vez mais distante. Não importa, se sonhei, sonhei. E sonho e continuarei sonhando, enquanto esperança houver. Morta essa, mata-se o sonho. Serão perdas dolorosas as dos meus dois maiores sonhos. Mas não morrerei por conta disso. O menino que tem os pais fuzilados na sua frente não morre, por que eu haverei de morrer? Ou pior, o pai que tem os filhos assassinados. Isso sim é frustração e dor de verdade. Eu falo de um prazer meramente do espírito que não se realizará. Não me realizarei como pessoa e pode-se sobreviver com isso. É uma existência mais sofrida e medíocre, mas suportável. Que curioso, acabo de receber uma mensagem que diz, “De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer apressar as coisas. Tudo vem a seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto. Mas a natureza humana não é muito paciente...” o texto é grande e espírita, agora que cliquei no link li ele todo. E me deixou na dúvida quando tratou de sinais. Como saberei interpretá-los? Será que isso é um sinal para não repartir este texto com Raimundo Carrero? Ou é um sinal de que devo reparti-lo? Não sei interpretar sinais. Ele termina com, “Lembre-se que o universo sempre conspira a seu favor, quando você possui um objetivo claro e disponibilidade para o crescimento. Joanna de Ângelis”. O que intuo é que ainda não seja o momento, como respondi à pessoa que me mandou a mensagem. Quando receber o texto revisado, eu envio. Com um link para esse post específico, pois acho que dá uma dimensão bem clara da importância da apreciação da obra pelo velho escritor. Simplesmente quero me sentir um ser humano válido pelos padrões do meu pai. E ele só me julgaria escritor, eu só me julgaria escritor, se alguém que julgasse meritório considerasse o que escrevi com qualidade para ser publicado. Não sei o que a incrível revisora vai dizer, mas a sensação que tive é que ela vai dizer que tem boas e más notícias. Mas não vou entrar numa expectativa infundada a respeito disso. Nossa, como queria que ainda houvesse bolo, é a fome batendo. Não vai haver, tenho quase certeza. Vou ver e tomar o Dalmadorm.

1h25. Havia uma diminuta fatia de bolo que me foi mais do que o suficiente, tomei o Dalmadorm. Vou fumar o meu último cigarro da noite e botar o boiler para 42 graus para tomar um logo banho quente enquanto os recursos hídricos da Terra ainda o permitem.

1h35. Fumei o cigarro e botei mais um copo de Coca para mim, o banho pode esperar um pouco. Estão falando em racionamento do gás do prédio devido à greve dos caminhoneiros. E minha mãe disse que cortarão o gás à noite. É preciso aproveitar. Há pessoas com visão de mundo tão diferente da minha. Isso é fascinante e, às vezes, chocante. Mas geralmente fascinante. A pluralidade da humanidade talvez seja sua característica mais marcante. A pluralidade da Natureza. Nenhum ser é completamente igual ao outro, inclusive os de mesma espécie, mas o homem por ser o bicho mais complexo do ecossistema e ter um cérebro mais evoluído é plural de forma mais integral. Ou não. Fico na dúvida. Acho que, pensando melhor, não, pois cada aranha escolhe onde vai tecer a sua teia, por exemplo. Nossa, isso parece até ditado japonês! Hahaha. Estou me divertindo muito desenvolvendo esse post, por isso ele seja tão original perante os outros. Ademais conto coisas mais interessantes que de costume e outras as coloco da forma mais clara de que sou capaz. Ou do que me é devido no momento. O Dalmadorm acho que já começa a surtir os seus efeitos, pode ser psicológico, mas me sinto mais esvaziado e sonolento. Acho que vou botar um som para ouvir. Coloquei os remix de Björk para “Dull Flame of Desire”, confesso que não está me agradando tanto quanto a original. É uma desconstrução completa da música. Agora entrou um pouco da melodia. Aposto que já-já pira de novo. Não disse? A bateria já carregou. A desconectei. Aumentar a vida útil dela me interessa muito. Principalmente para essas minhas peregrinações à piscina. Quando a Coca acabar, vou tomar o banho. Sétima página já, tenho que terminar nela, como é o meu padrão atual. E preciso dormir. E me alimentar. Um pedacinho de bolo não foi suficiente. Vou primeiro jantar, depois tomo o banho.

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