Acabei de assistir o DVD de Biophilia pela primeira vez. Para mim, é o disco mais hermético de Björk (embora nunca tenha mexido no aplicativo que dá todo sentido ao disco). E confesso abestalhado que estou deslumbrado. Quem não curte Björk não vai passar a gostar, mas, se não passar a respeitá-la como artista, tem preconceito na jogada. Tô até pensando em botar para minha mãe ver. Logo ela que odeia declaradamente Björk. Para ver se ela entende um pouco do meu encanto sem tamanho por esse ser humano e suas realizações. Acho que não vai surtir efeito, devido – lá vem a palavra novamente – ao preconceito. Vai achar muito doido, o figurino muito feio, isso sem mencionar as músicas (que até eu tenho que admitir que nesse disco são muito inacessíveis).
De toda sorte, ganhei minha noite, que havia perdido ao saber que o evento especial para pessoas acima dos trinta (é infelizmente me insiro na faixa etária) havia sido cancelado, talvez em luto ao ataque de ódio ocorrido na França. Sei lá, o cara do restaurante não me deu maiores explicações nem eu as pedi, posto que a informação que me interessava já havia sido recebida. Quem sabe semana que vem, né? Quem sabe num evento para pessoas na faixa dos 30 não role uma mulher interessante que se interesse por mim. E mais: quem sabe não role música da minha época: Cure, New Order, Smiths, Echo & The Bunnymen, The Clash, Rick Astley mesmo e eu possa, enfim, dançar de verdade, com alma; fechar os olhos e deixar o corpo ir naquelas melodia e batidas que já fazem parte de mim.
Fiquei supercurioso, pois nunca vi dessas festas com faixa etária em Recife, mesmo porque, até os 50 (por baixo), todo mundo é adolescente ou alternativo e frequenta os mesmos lugares. Já numa festa que é para pessoas na faixa de 30 acredito que dê gente dos 27 aos 43, o que faz o jogo de sedução ficar menos disputado para mim, acho. Além de dar muita gente solteira. Pelo menos é assim que a situação se afigura na minha imaginação.
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Estação da Marienplatz |
Munique, para mim, tem muito do que se gostar e muito pouco do que se desgostar. Descobri hoje uma coisa da qual gosto muito em Munique e que não tenho em Recife – até porque só andei uma vez nesse meio de transporte por aí – : cheiro de metrô.
Caminhando pela calçada da minha irmã, rumo ao supermercado, passo por cima de um respiradouro do metrô e o cheiro que sobre lá de baixo me agrada deveras. É uma mistura de graxa, com borracha metal e eletricidade que para mim é sinônimo de liberdade, de deslocamento com conforto, de estar solto no mundo, na Europa, com o fio de Teseu para me guiar de volta à entrada do labirinto do Minotauro. E é um lugar organizado, limpo, com um monte de gente indo e vindo sabe-se de onde e indo para os destinos que a vida os atraia.
E eu compro sempre o ticket que vale por um dia inteiro em toda a rede de transporte público de Munique (dentro do cinturão interno da cidade apenas, o que é mais do que suficiente, pois tudo de interessante está contido nele. Da casa da minha irmã num oposto a Allianz Arena no outro extremo. Então é mamão com açúcar, como diria meu amigo Serjão, navegar pela cidade tendo um tíquete deste em mãos. Não aceito outro. Até porque o uso dos outros é deveras complicado para uma pessoa com o cérebro de Dory de Procurando Nemo, como eu.
Pois é, cheiro de metrô... quem diria...
- “Quem diria...”, quem diria isso só pode ser alguém que não tem o que dizer né, idiota?
- Ô autocrítica e baixa auto-estima porque vocês não pegam um metrô e vão à merda por alguns instantes?
- E por que você não fala o que você pensou dos seus, dos nossos peidos europeus, já que quer descer de nível e gosta tanto de subsolo?
- Duvidam que eu fale?
- Vai ser pior para você e uma festança para nós!
- Pois bem, algo que tem me incomodado bastante são os cheiros fecais que produzo aqui na Europa. Como mudei radicalmente de dieta em relação a Recife, obviamente o resultado olfativo do produto alimentício processado pelo organismo também mudou e me incomoda isso porque eu consigo identificar nos odores fecais aquilo que me parecia - e era (e é!!) – tão saboroso antes da digestão, tornando esses odores particularmente ofensivos, pois me geram momentaneamente uma certa aversão ao que havia comido. Mas passa rápido, desaparece no ar como os cheiros. Pronto. Falei!
- Otário, só fez se humilhar, falar mais besteira ainda que a babaquice pseudo-poética do “cheiro de metrô”. Bem feito pra tu que caiu na nossa e meteu por cima do “cheiro de metrô” o cheiro do cocô! Hahahahahahaha! Tudo uma merda, otário. Você é otário.
- Eu sei, pode olhar no meu Facebook, foi lá que me formei, foram vocês que devem ter feito esta alteração no meu perfil, por que ela surgiu do nada. Ou então foi aquela... deixa pra lá, isso é caixa-preta mesmo.
- Fala! Fala! Fala!
- Não mesmo. Vocês não me afetam tanto assim. Otários.
- A gente pode contar por você.
- Não podem, que eu ativei o superego para bloquear.
- Aí jogou pesado.
- Com vocês tem que se jogar assim, senão só levo canelada e dedo no olho.
- Chamou o juiz foi? Covarde.
- Ninguém morreu de prudência, que eu saiba. Só se foi por azar.
- Você nem acredita em azar.
- Ok. Caos agindo negativamente do ponto de vista de alguém em dada situação. Melhorou?
- Nem entendi. Menos ainda eu. Será que demos sorte dessa vez? O cara alucinou de vez e a gente é quem vai dominar a área para sempre?
- Ha, ha, ha... tô muito lúcido. Por falar em doideira...
- Olhaí que ele perdeu o senso!!
- Continuando: por falar em doideira, Björk, mesmo sem saber – ou sabendo, sei lá – na introdução de Biophilia (narrada por aquela voz massa do cara dos documentários da BBC) fala exatamente do surgimento da Singularidade. Isso já me deixou de cara logo nos primeiros segundos do vídeo. Eu tenho que mandar o Kooyanisqatsi remix para ela de qualquer jeito. Tenho certeza de que ela vai gostar. Principalmente depois de eu ter visto este DVD.
- Pirou! Pirô-ou! Tá em surto de mania! Mandar merda que tu faz para uma cantora famosa? Tu acha que ela vai perder tempo com as tuas besteiras? Tá em surto. Surtou. É só questão de tempo até a gente tirar o superego da área e botar pra torar de verdade! Pegar essa hipomania e fazer a festa!
- Vão pensando. Ando treinando meu superego.
- Sabemos. Posso contar da boneca?
- Não!
- E da outra boneca, podemos?
- Não!
- Porque não contam do boneco que não comprei e que era um sonho meu?
- Porque não tem graça, nem te faz parecer um descontrolado, oras.
- É exatamente isso. Estou treinado o meu superego.
- Mas você tirou o boneco da cabeça? Desistiu mesmo dele?
- Claro que não!
- Hahahahahahahahaha! Uahahahahahahaha! Belo treino. Continue assim Karatê Kid.
- Se eu arrumar dinheiro de alguma forma eu compro mesmo. Ele, o outro e a outra boneca, sem pestanejar.
- E o computador vai comprar quando? Hahahahahahahahaha...
- Porra, preciso da porra de um computador. Não sei quanto tempo mais esse bichinho vai aguentar... tenho que fazer logo o backup quando chegar a Recife.
- Tá vendo otário? Cadê tuas prioridades? Cadê teu senso? Cadê teu superego? Buahahahahahaha!
- Calma. Tô trabalhando nisso. Primeira parte é pagar o cartão.
- E já tem dinheiro para isso, Mondrongo?
- Estou trabalhando na situação. Tenho mais algumas bonecas da minha coleção para vender. Vocês sabem que tem uma que resolve toda a minha situação.
- Mas tu tem coragem de vender? Tem nada!
- Tenho mesmo não, e aí? Vocês têm solução melhor?
- O problema é teu, te vira companheiro, que agente se vira daqui e dá as costas pros teus problemas! Hahahahahahaha! Que daí tu pira de vez e faz merda e a gente faz a festa!
- Caralho, como odeio vocês, pedaços de mim.
- A recíproca é mais do que verdadeira, parte saudável. A gente te odeia até mais que uqer te destruir.
- Considerem o ódio à altura, então!
- Ui!!! Que medo!!
- Ainda bem que por um fio de cabelo estou ganhando de vocês.
- Tá mais para 1/3 de fio de cabelo, babaca. Vacilou, a casa cai.
- Meu irmão cansei de dar minhas palavras, meu espaço e meus pensamentos para vocês. Ligando o superego no máximo e acabando este post idiota. Afinal, estou em Munique, vi um DVD massa de Björk, tenho Cherry Coke e bateria demais no meu vaporizador. Uma família linda dormindo aqui pertinho. Só não tenho dinheiro. Pronto. Simples assim. E fodam-se vocês!
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