domingo, 9 de março de 2014

Dia da Mulher (atrasado...)




Estou um pouco atrasado na data (problemas com a internet ontem, além de ter dormido até as 20h50!), mas é sempre tempo de celebrar a mulher e contar um pouco de como foi o meu passado recente. Na noite do dia 7, fomos meu primo-irmão e eu para a Bodega do Eduardo no dia do “Melodia na Bodega”, quando o DJ Pós traz um alguns (um bocado, embora que parte ínfima) da sua extremamente eclética coleção de vinis para tocar em frente a dita bodega. Lá reúne-se gente interessante, na mesma “vibe” que a nossa. É no Torreão, uma vez por mês, numa rua supertranqüila perto do Portal da Picanha e vale a pena conferir. Eu recomendo. Bom, a noite começou com um senhor tocando violão e cantando, depois um jovem mexicano trouxe sua coleção de singles em vinil de música latina (não sei se eram cúmbias ou rumbas ou sei lá, só sei que me mostrou o quanto eu sou ignorante em música). Todas me pareciam iguais, então ativei meu modo autista ligando o meu agora inseparável iPod. A primeira garota lindíssima que eu vi estava – e ficou – muito próxima a nós. Tomei coragem (que a cada nova tentativa me vem mais fácil/espontânea) e fui falar com ela. Propus um jogo: ela me diria a primeira letra de seu nome e eu teria três chances para tentar adivinhar. A letra era “L”. De - e pela - cara, tinha absoluta certeza que não se chamava Luciana. Ficamos eu e meu primo elocubrando as opções de nome. Fechamos em cinco: Lilian(e), Lívia, Luana, Laura e Luísa. Novamente, cheguei à ela e pedi uma dica: se a segunda letra era ou não “i”. Ela disse que não, eliminando duas das possibilidades, falei então as três que restaram e ela disse que “eu tinha passado longe” e que, portanto, não tinha o “direito” de saber seu nome (tudo em tom de brincadeira, era uma garota bastante simpática). Quando voltei ao meu primo com os dados coletados, ele falou de estalo: “Laís”. Na minha cabeça bateu na hora: “esse é o nome!”. Eis que ela entra na bodega (estávamos ao lado da porta) e eu grito “Laís!”. Porém ela não se vira. Descartamos então, esta opção. E ficamos sem nenhuma. Não resisto (a curiosidade matou o gato) e chego até ela uma terceira vez e peço, “pelamordedeus” que ela elucide o mistério para mim, ela ri e diz: “Laís”. Digo que meu primo tinha acertado e desejo um feliz dia da mulher, afinal já passara da meia-noite e saio (antes disso, precisamente à 0h12 , eu peguei o microfone e entre uma cúmbia e outra, desejei a todas as damas presentes um feliz dia da mulher (pois é, estou ficando cara-dura mesmo!). O mexicano deu lugar ao DJ Pós e finalmente conseguir reconhecer algumas músicas (Chico, Mutantes, Caetano, Cartola, Reginaldo Rossi...), mas confesso que, ao contrário do meu primo, desconhecia a maioria. Meu primo engatou uma conversa com uma garota e me deu oportunidade de entrar no modo autista de novo. Nesse ínterim, descobri que a bodega estava vendendo Coca de 1 litro (de garrafa de vidro vale muito salientar) a R$ 3,00. Foi o paraíso. Gelo à vontade e Coca, da mais deliciosa, baratíssima. Quis logo comprar duas para me garantir, mas o Eduardo disse pra eu relaxar que tinha mais. Relaxei então e fiquei no meu autismo observando as pessoas. Ah, compartilhei com meu primo um incômodo que tenho e que não tinha tido consciência plena até então: que eu acho feia/desagradável a visão de uma mulher que usa uma roupa com as costas nuas, mas bota aqueles sutiãs de plástico ou silicone (sei lá). É como se quebrasse todo o encanto que há (e há muito encanto ali) da visão das costas nuas de uma mulher. Meu primo, por outro lado, não via nada de mais no tal do sutiã. Bom, mais sobre isso, em alguns parágrafos.

 Já tinha avistado uma loura platinada e bastante estilosa que já havia encontrado em diversas outras saídas (numa delas, quando houve essa minha época, até cheguei a entregar um papel com o endereço deste blog). Passei a observá-la e uma curiosidade me surgiu: que tipo de profissão ela exercia? No meu autismo auditivo, a dúvida foi crescendo e me consumindo. Assumi que certamente era algo da área de humanas, se fosse chutar, algo relacionado a moda, arquitetura ou design. A dúvida se tornou coragem e fui até ela perguntar. Quando cheguei dizendo que já havia a visto em vários cantos e que sempre tive uma dúvida em relação a ela, ela me interrompeu e disse “não, a cor do meu cabelo não é natural”. Repliquei que eu já havia percebido isso e acresci que tinha percebido que o cabelo dela estava ainda mais claro que no ano passado, no que ela concordou. Perguntei então qual era o seu ofício: e ela respondeu que era figurinista de cinema. Mencionei as alternativas que tinham me passado à mente e elogiei seu visual por conseguir ser único/diferenciado, porém não ao ponto de ser aberrante e destoar negativamente das demais pessoas, o que eu achava uma tarefa extremamente difícil, posta a linha tênue que há entre ter um estilo único e parecer estranha ou espalhafatosa. Ela gostou do meu elogio, desejei feliz Dia da Mulher e voltei para o meu canto e para o meu autismo auditivo, sentado ao lado do meu primo que matinha a conversa bem engrenada com a sua garota. Pedi outra Coca de 1 litro e me entreguei a observar o movimento e escutar minhas músicas uma vez mais. Eis que, faltando 1/3 da Coca, meu primo me convida para irmos ao Empório Nordestino ou algo assim (é aquele bar no espinheiro que é um dos últimos a fechar, onde todo mundo vai tomar suas saideiras e que, de frente, tem outro bar minúsculo - Urupema ou coisa que valha -, que só toca Chico e que abre quando o outro fecha. Bom quem já foi sabe de onde estou falando). Enfim, concordei em ir, afinal tinha curiosidade de conhecer este tão falado local, apesar de meu desejo íntimo ser estar na cama dormindo. Antes de pegarmos o táxi, não resisti e voltei à loura estilosa e perguntei sobre a história das costas nuas com sutiã de plástico/silicone. Ela disse que era mau, feio, brega. Fiquei superfeliz com a resposta de uma entendida em moda dando respaldo ao meu incômodo! Acho que, pela receptividade dela, da próxima vez que nos cruzarmos (o que julgo inevitável), perguntarei seu nome e tentarei manter uma conversa mais consistente/longa. Acho que já conquistei o mínimo de intimidade requerida para isso.

Bom, fomos para o tal do bar. Sentamos e passei de uma Coca de 1 litro (de vidro!) a 3 reais para uma lata por 4 e alguma coisa. Ainda bem que meu primo bancou a primeira (e única). Enquanto ele e a menina conversavam, eu ativei meu modo autista uma vez mais e tentei detectar os cocainômanos presentes (ouvi dizer que rola muito cheirador por lá, o que acho verdadeiro, posto que só quem aguenta beber a noite toda e raiar o dia bebendo é alguém muito resistente ou alguém que tenha usado estimulantes). Na minha cabeça, identifiquei (pelo movimento de sair da mesa, de coçar o nariz ao vir do banheiro, pelos gestos irrequietos ou olhar esbugalhado) cerca 7 ou 8 usuários. Não que eu tenha faro especial para isso, aliás não tenho nenhum, poucas vezes vi alguém cheirado, então posso ter tido uma visão completamente equivocada das pessoas. De qualquer forma foi um bom passatempo. Me ocupou até que avistei “ela”, a dama da noite para mim. A vi primeiro de costas e seu porte, seus cabelos, a cor da pele e a roupa me encantaram. Esperava uma decepção, como geralmente ocorre, quando conseguisse ver seu rosto. Não poderia estar mais enganado, parecia um anjo. Linda, linda, linda. Pedi ao garçom papel e guardanapo para escrever-lhe um bilhete. Demorei tanto na elaboração do dito que ela sumiu do bar. Não acreditei. Olhei, olhei, olhei. Me levantei, olhei e reolhei e nada. Até que, do outro lado da rua, a vi dentro do outro bar (Urupema, sei lá)! Como um robô fui lá, toquei seu ombro ela se virou, se espantou com o súbito aparecimento de um estranho às suas costas, entreguei o papel em suas mãos, dei meia volta e sem uma palavra nem um segundo a mais, voltei para a minha mesa do outro lado da rua. No papel tinham todos os meus contatos (Face, telefone, blog), mesmo que soubesse que não ia dar em nada. Garanti no bilhete que ela seria mencionada no post do dia seguinte, infelizmente o post o dia seguinte só veio hoje. Então não deu/dará em nada mesmo. De qualquer forma se ela/você ler, me adiciona pelo menos no Facebook! :)

Depois de pouco tempo voltamos para a casa e para o começo desse post onde dormi o dia inteiro até as 20h50 e não tinha internet para postar nada, o que me desmotivou a escrever.

-X-X-X-

Dia da mulher (afinal acho que este será o título do post). Não falei nada especificamente sobre isso. Bom, proporcionar as condições necessárias para a existência da mulher é para mim a melhor razão de ser do universo (não é a causa ou fenômeno inicial, mas o motivo mais sublime para justificar a existência dessa coisa toda). Pois é, para mim, a mulher me basta como motivo de existência de todas as outras coisas. Por mais que ame a lua e as estrelas, a natureza selvagem, tigres albinos, pores-do-sol, nébulas, vaga-lumes, Coca-Cola e cigarro. Eu amo muito mais as mulheres. Elas me encantam, me hipnotizam, me trazem uma catarse que nada, nenhuma outra droga ou coisa é capaz de produzir. Nem o PS3! A paixão. Ah, a paixão... que delírio mais sublime, que sensação mais envolvente, enlouquecedora e totalmente maravilhosa! Mulher é indissociável de paixão para mim. Me apaixono todos os dias, mais de uma vez por dia até. Faço planos, elaboro sonhos e os faço desvanecer assim que a mulher vai embora. Nem chego a trocar palavra na maioria das vezes, só pasmo admirando aquele ser desfilar sua maravilha encantada pela vida. As mulheres são tão mais que os homens, pois podem ser mães e por mais que conheça vários pais prestativos, quem tem o leite e o seio é a mulher. É dela que a cria precisa mais, é dela que aquele pequeno eu precisa para sobreviver.

Eu amo todas as mulheres. E agradeço pela existência de cada uma por abrandar e encher de beleza e feminilidade, de coragem os meus dias geralmente covardes, de afoitas agruras e insosos. Queria uma de vocês só pra mim. Ou várias, se me fosse possível. Pois sou capaz de amar várias. Sou capaz de amar. E isso eu acho bom, principalmente no mundo repleto de mulheres. Obrigado por serem. Hoje e todos os dias e sempre.

Pronto, falei da mulher. Nem sei o que saiu, pois saiu assim, meu que de enxurrada, sem eira nem beira, sem rédeas ou esporas. Saiu. Espero que tenha saído amor, pois foi o que senti fluir em mim. Uma amor e gratidão imensos por um mundo com mulheres. Por mais que eu saiba que essa é uma preferência darwinística e sócio-cultural, nenhuma dessas cientificidades rouba sua beleza-poema. Toda mulher é musa, flor em botão e merece todo apreço e carinho do mundo. Sei mais não. É isso. Vou postar para dormir um pouquinho.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Vontade/Necessidade/Vontade

Você tem fome de quê? Você tem sede de quê?



Vontade. De palavras, de escrever, dessa coisa que não existe que é liberdade. Vontade. Vontade? Tudo o que fazemos fazemos por vontade, mesmo que não pareça, mesmo que pareça o oposto, contrário a ela, mas o fato é que a vontade de agir “contra a vontade” em determinadas ocasiões - geralmente por pressões externas - acontece porque toca em algum ponto das nossas motivações e crenças internas (senão não lhes daríamos atenção/relevância). Há aqueles, como Freud, eu creio, que não acreditam nessa coisa de vontade própria, livre-arbítrio. De certa forma ele está certo, porque acredito que haja o tal do inconsciente, que com sua mão invisível, guia, orienta sorrateiramente nossa parte consciente. Além disso, há o conjunto de regras e normas que introjetamos ao longo de nossas vidas e que, voltando novamente a Freud, o superego nos impele implacavelmente. Mas há também a dúvida, que escapa ao determinismo de Freud. Como pode o cérebro já ter tudo decidido, mesmo que em nível subliminar, oscilar entre duas (ou mais) opções? Talvez seja porque o cérebro esteja encontrando uma situação ou paradigma nunca antes visto/experimentado e, portanto, sobre o qual não tenha tido oportunidade de formar/sedimentar um juízo de valor. Ou talvez sejam escolhas cuja variação é tão pequena (a cor de um vestido, por exemplo) que o mesmo grupo de julgamentos e preconceitos, desejos e instintos se aplique a todas as opções. Ou quem sabe seja uma escolha tão gigantesca, tão desestabilizadora do status quo ao qual o indivíduo está acostumado (uma separação, por exemplo) que o medo de romper com o antigo e abraçar a nova condição implique num dilema. Não sou psicólogo, tampouco filósofo ou qualquer coisa do gênero. Sou apenas mais um babaca com Word que decidiu escrever sobre vontade porque deu vontade. Nada do que mencionei é relevante ou tem o mínimo de embasamento teórico/acadêmico. Acho apenas que sempre agimos de acordo com as nossas vontades, ou seja, remetendo a antiquada nomenclatura de Freud uma vez mais, buscando a melhor relação custo/benefício entre id e superego, entre instinto/desejo e regras/normas, entre o querer e o poder (e o dever).

Por sinal, acho que as pessoas mais felizes são aquelas que conseguem uma relação equilibrada entre o que querem e o que podem. Desejam o que podem. E, se desejarem algo mais alto, sabem que terão de se esforçar um pouco mais, trabalhar/se doar um pouco mais para/ao mundo para realizar tal desejo. Eu sou uma pessoa que geralmente, modéstia à parte, vem conseguindo manter um equilíbrio satisfatório entre o que eu quero e o que eu posso (embora nos últimos quinzes dias tenha extrapolado e realizado dois desejos além das minhas possibilidades, tanto psicológicas, quanto materiais [que afora as necessidades básicas são psicológicas – para satisfação do ego – também] e, por isso, estou passando o Carnaval em casa escrevendo essas besteiras. Também por isso não entro mais no eBay, nem na Amazon, nem em nenhum site de compras). Mas contive estes descontroles e já tenho um plano, arriscado, mas, para o mundo todo, sadio e virtuoso para repor a parte material que devo a meu irmão. Estranho que me arrependo do descontrole material, mas não me arrependo de ter feito a compra, afinal era um objeto que eu desejava muito e que comprei cerca de 50 dólares mais barato do que o próprio fabricante oferecia. Tenho para mim que fiz um ótimo negócio que não podia fazer (por não ter dinheiro). Fiz às custas do dos outros e isso me faz sentir muito mal. Vou tirar um cochilo que me deu vontade. :) (16h10)

20h29. Voltei. Por pouco tempo. Minha atração agora é pelo PS3, meu filho, meu companheirão, meu bem mais precioso. Ele é algo além de um objeto, ele me transporta e me transforma em pessoas e lugares fantásticos, mágicos, bizarros e até doentios, mas sempre divertidos e emocionantes. É mais que um objeto, não apenas pelo software (embora sem os softwares o PS3 não seja nada), mas pela afeição que desenvolvi por ele, é quase um objeto de culto/devoção para mim. Acho as horas que passo jogando superiores, sublimes, acima do normal em contentamento/preenchimento da alma, talvez da mesma forma que alguém que acredita do fundo do coração em Deus se sente quando entra “em contato” com “Ele”. Só me sinto mais preenchido que jogando PS3 quando amo uma paixão-pessoa-garota-linda-e-legal, mas faz tanto tempo que não tenho uma paixão recíproca que nem me lembro direito do sentimento. Mentira! Lembro sim! Cada detalhe, cada nuance, as cores fortes, o desejo intenso, a adrenalina a mil, a saudade boa, pois se pode matá-la com beijos e abraços e tudo o mais, a maravilha que é admirar a pessoa existindo, como se desfilasse pela vida. Tudo na pessoa é belo aos olhos de um apaixonado. Eu sei, eu  me lembro e quase sinto enquanto escrevo. Mas isso que sinto agora é mera emulação da coisa em si. E me falta a coisa em si. Falta desesperadamente a coisa em si. Faminto por paixão estou como a criança somali por um prato de comida. Pobre criança, já nasceu conhecendo a fome e a tendo como companheira diária. Tomara que por ser assim tão natural e persistente, seja um pouco menos fome ou que sua fome seja um pouco menos faminta, uma fome conformada e mais tranquila frente à impossibilidade de ser saciada. Seria melhor, eu creio, embora de um niilismo absurdo desejar isso, mas é o que eu queria que a mim acontecesse, fosse eu uma criança somali faminta, que a fome doesse menos pelo costume e hábito de carregá-la.

Como do PS3 fui chegar à Somália é bastante curioso, essa coisa de sair emendando uma coisa com a outra, sem olhar para trás é bem divertida, eu nunca sei onde vai dar. Quando fumava unzinho então... mas deixa isso para lá, que é papo de ativa e ativa agora só a minha vontade pelo PS3. Vou postar e me entregar ao meu pequenino e rubro Deus.