terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Oficina de Sonhos – Um pesadelo




Sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014.
Para os leitores mais desavisados, tive alta da clínica de drogados no começo de dezembro (época em que meus irmãos, seus consortes e prole vieram passar o final de ano e comecinho deste ano aqui em Pasárgada). Após a partida deles comecei no dia seguinte a freqüentar o CAPS de Casa Forte (a.k.a. Espaço Rizoma), de segunda a sexta das 9 às 15h30h. Lá há varias oficinas diariamente, desde dança, ioga, bioenergética, até grupos de arte terapia, de dependentes (no caso dos que são, de fato, dependentes de alguma droga) e, inclusive, este de sonhos, o último da sexta-feira. Pois bem, relatarei o que ocorreu nesta oficina, pois achei que deveria repartir com meu melhor amigo, que foi um dos personagens principais do sonho/pesadelo que tive, o conteúdo deste e o resultado final da oficina.
- Começo da oficina: momento de relaxamento e tentativa de relembrar um sonho com o maior número de detalhes possível. Cada um que conseguiu neste exercício lembrar algum sonho é então convidado a reparti-lo com o resto do grupo.
- Meu sonho: estou numa sala de estar, que sinto como sendo a daqui onde moro, mas com móveis diferentes, várias poltronas e sofás de couro escuro (aparentemente muito caras), chão branco e dois níveis da sala com dois grandes degraus (na largura) que vão de um canto a outro da parede. Lá, estou eu e uma garota e, embora estejamos distantes dentro do espaço da sala (ela na parte superior, eu na parte inferior), nós estamos tendo uma conversa cheia de insinuações, um jogo de sedução, no qual os dois eu e ela, eu sinto no sonho, estamos bastante envolvidos, motivados, interessados, entregues. O sonho corta para um close lateral do rosto da cabeça da garota, quando me aproximo para cochichar algo bem saliente e provocativo para ela. Quando me dou conta, ela é a mulher do meu melhor amigo e o está beijando ao mesmo tempo em que vou tentar falar isso ao seu ouvido. Percebo, então que, desde de o começo, ela era a garota com quem travara todo o jogo de insinuações. Sou tomado por um sentimento de culpa, arrependimento, repulsa, asco e vergonha e me acordo perturbado, sem entender o porquê daquele sonho, posto que  a esposa do meu amigo não faz meu tipo e que nunca suportaria conviver/namorar com ela, pois ela fala demais é muito demandante/mandona e acomodada para o meu gosto.
- Segunda parte da Oficina: assumir o papel de outro personagem do sonho e escrever o que se imagina que ele/ela falaria ou como agiria diante do ocorrido no sonho. Escolhi assumir o papel do meu amigo. Aqui transcrevo o que me veio nesta parte da oficina:
“Esta tentativa de sedução de Mário sobre minha própria mulher foi a gota d’água, o gatilho, o estopim; desencadeia em mim toda a raiva, todo o rancor, toda a mágoa de ter sido explorado e usado por ele a vida toda, da forma mais egoísta e mesquinha possível, de ter que aguentar toda a sua desorganização no quarto em que dormíamos, de ele sempre fazer um monte de merda e mesmo assim continuar ser sempre o centro das atenções, enquanto eu, por mais que me esforçasse e esforce para ser bom e virtuoso, sempre fico em segundo plano. Não aguento, perco o controle e começo a espancá-lo com toda a minha força e fúria. O filho da puta ainda diz para mim; ‘obrigado, irmão, eu sempre precisei e mereci que você fizesse isso comigo. Muito obrigado. Desconte tudo, tudo que tem guardado aí em você.’
Aquilo me deixa perplexo e, mesmo assim, mais puto, pois ele sempre teve consciência do mal que me fez, de toda a exploração, todo o desrespeito e incoveniência. Bato e chuto até só restar um cadáver todo quebrado e desfigurado.”
- Fechamento da Oficina: a psicóloga pergunta como foi assumir esse outro papel e eu respondo que foi algo cartático, aliviante e que senti em mim toda a raiva dele. Ela falou qualquer coisa como cada personagem do sonho ser uma faceta do ego, mas confesso que não prestei muita atenção tão mexido estava com o sonho e com o desdobramento que este tomou quando assumi o papel do meu melhor amigo.
É isso. É muito pessoal, mas eu senti uma necessidade enorme de repartir isso com meu amigo. Ainda não decidi se publico ou mando por e-mail, diretamente para ele. Mas algo sussurra em mim que o blog é o lugar para este texto. Não sei bem o quê, nem o porquê. Como estou sem internet no meu computador, terei tempo para ponderar sobre o assunto, anyway.


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