Recife, 18 de maio de 2012
O que tenho para dizer hoje? É sexta-feira, o albergue está
tranqüilo, amanhã estarei em casa para o final de semana. Penso em mostrar este
texto, como o anterior, para a minha mãe. Foi uma experiência muito positiva
para nós dois, creio. Esta semana cometi três vezes a mesma transgressão de
fumar após o fechamento da casa, no que fui repreendido de forma relativamente
severa. Começo a me cansar de estar aqui, muito embora tenha ido a mais grupos
nesta semana que na anterior. O saco é que pensar na vida lá fora me enche de
insegurança. Estou muito fresco, hipersensível demais. É uma das conseqüências
do internamento, ficar superprotegido faz o mundo desprotegido parecer mais
intimidante do que é. Escrevi minha carta de compromisso, uma das etapas do
tratamento, com três ou quatro semanas de atraso, achei que finalmente estava
preparado para assumir tais compromissos (abstinência, mais disciplina, foco,
dar passos proporcionais a minha atual condição, pintar, escrever). Confesso
que, depois de lida a carta, achei que não seria capaz de nada disso, meu
instinto de auto-sabotagem aflorou voraz, o que me chateou deveras (e chateia
pois ele ainda não foi totalmente arrefecido, neurótico de merda que sou).
Apesar disso, estou racionalmente confiante. Ouvindo Balão Mágico. Cortou
completamente minha linha de raciocínio. Bom.
XXXXX
Estou com saudades de postar no blog. Postarei amanhã o
texto da semana passada e, quem sabe, este e, quem sabe ainda, um novo post no
domingo se sair com meu primo-amigo-irmão, se esta saída gerar algo de
interessante e se a ressaca permitir.
“Gerar algo de interessante”. Quanta pretensão.
Hahahahahaha!
XXXXX
Tatá está especialmente bela hoje. Os ombros nus muito me
agradam. E há um brilho diferente nela, gostoso de observar. Obrigado, existência,
por todas as mulheres lindas e jovens que você esporadicamente põe para
desfilar diante dos meus olhos. Não conseguiria por mim mesmo imaginá-las tão
variadas e belas. Teve uma que encontrei no estacionamento do Plaza no final de
semana retrasado que me deixou literalmente mesmerizado, meu olhar foi dragado
por aquela aparição e tudo desapareceu ao meu redor, como se a razão da minha
existência fosse adorar aquele ser, apreender da forma mais completa que meus
sentidos permitem ela desfilar seu natural e ofuscante esplendor. Sublime. Uma
gota de felicidade pura e cristalina. (Que depois foi substituída por súbita
depressão ao constatar que ela estava com um namorado jovem e sarado que
dirigia um carro esportivo importado, ou seja, que era o meu inverso). Ela
lembrava a Branca de Neve de Espelho,
Espelho Meu, um pouco mais alta e mais sexy (longe de ser vulgar [mulheres
vulgares me causam repulsa]). Um anjo, enfim. Novamente obrigado, existência.
Não apenas pelas belas garotas do universo, mas, principalmente pela propriedade
que você me deu de ficar embevecido por elas.
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