domingo, 17 de junho de 2018

DIVERSOS VI OU PRÉ CASA ASTRAL


Vamos ver se ainda tenho alguma mágica disponível. Se a torrente de inspiração que me tomou nos últimos dias ainda reside em mim. Acordei na hora que queria acordar, 14h00, mais ou menos, são 14h18. Dormi o quanto o meu corpo pediu. Tive sonhos, meu irmão estava em algum deles, lembro da sua presença e é tudo o que me lembro. Deve ter sido em decorrência da belíssima carta que escreveu para papai e distribuiu no Facebook. Ela me impressionou bastante. Sinto saudades de perguntar as coisas a papai e obter as respostas corretas ou sensatas, mas sinto que ele vive em mim como uma persona repressora. Uma parte de mim que me descredita e me ofende. Não sei realmente se a parte que faz isso comigo é de mim e já era de mim, mas sinto uma forte influência do meu pai na descrença nos meus mirabolantes sonhos. Nesse momento não acredito em nenhum. É um saco isso, quando esse lado aflora.

14h51. Fui à cozinha fazer alguns dos meus deveres domésticos e mamãe falou que está com tanta dor no joelho que mal pode falar. Quero ver isso na viagem. Embora vá fazer uma infiltração às vésperas do evento. Espero que ajude. Muito. Ontem, o “DIVERSOS V” foi para o Vate, pois resolvi soltar os bichos mais sem rédeas do que aqui. Foi bom. Eu acho que eu aprendi, com tantas mudanças geográficas, a não me apegar as pessoas e por isso não sinto tanta saudade quando das suas partidas definitivas. Vejo como uma etapa desagradável e essencial à vida. Não acredito no além. Acabou, acabou. Preciso responder à minha amiga do ateliê chinês. Para ser sincero fiquei um pouco desapontado com os olhos e com o cabelo sem variações de tom da Asuka na moto. Mas a base é linda e todo o resto fico perfeito. Não vou pedir alterações das quais possa me arrepender como da última vez. Estou tomando o café requentado da quinta-feira. Está de bom tamanho, já tomei toda qualidade de café nos meus internamentos. Café é outro item valioso nas internações. Café e cigarros. Tinha um dos perenes que estava tomando a água do cinzeiro que improvisávamos com um copo de plástico e água ou café para apagar as cinzas. Não sei como ele conseguia e o que o motivava a fazer aquilo. Sem dúvida não tem lá muito paladar. Sei lá. É inescrutável sem uma boa conversa o que vai na cabeça das pessoas e ele não era muito afeito a diálogos. Aliás era uma pessoa solitária, rejeitado por quase todos os outros, sãos, não tão sãos e afins. Vivia a cismar com o cigarro que tinha em mãos e com a sua chinela e a pedir góias. Insistentemente, irritantemente, pedir góias, no que era mais bem-sucedido que mal, por incrível que pareça. Pelo menos comigo. Eu sempre fui muito mão aberta em relação a cigarros. Talvez a minha contribuição aos seus pedidos não sirva de parâmetro. Mas era o ser mais chato do Manicômio, por isso repudiado pelos demais. Deveria ter feito esse tipo de descrição quando do internamento. Até tentei em alguns momentos, mas são breves. Deveria haver mais disso no livro. Mas o livro já está caudaloso demais, a missão é enxugá-lo no que não for pertinente, no que for irrelevante. Eu só consegui eliminar duas páginas de Word.

15h19. Mandei uma mensagem de e-mail para a incrível revisora avisando da minha viagem. Parte da magia que possuía já se perdeu, mas não posso desanimar. Eu sinto que fiz uma conexão mais íntima comigo mesmo, ao mesmo tempo que mais abrangente. Encompassando percepções que antes não me saltavam às sensibilidades. Vou ligar o ar.

15h25. Não estou com saco de ir para a Casa Astral hoje. O máximo que posso fazer é descer para a piscina. Não quero socializações demandantes. Acho que vou fazer o panfleto do meu amigo da piscina. Quero me distrair com algo outro que as palavras.

16h08. Interessante, nos momentos de desalento, descrença, busco as palavras. Fiz o volante para o meu amigo da piscina, sem muito esforço, mas dentro dos conformes e mandei para ele.

16h23. Ele já demanda alterações, mas eu acho que hoje vou para Casa Astral, se achar astral dentro de mim para tanto. Há muitos conhecidos num nível de conhecimento que me incomoda. Muito superficial e cheio de oba-oba, com os organizadores e funcionários da casa. Mas talvez me arme de um pouco de ousadia e vá, nem que seja para observar as beldades, se beldades do quilate que aprecio houver. Afora os amigos que podem ir. Meu primo-irmão já se manifestou a respeito. Talvez o meu amigo cervejeiro.

16h32. Sinto, percebo que essa limitação de três páginas, por mais que produza mais posts por dia, faz, afora outros elementos, com que me conecte mais profundamente com a minha alma, comigo mesmo. Mergulhe um pouquinho mais fundo. Pode ser impressão apenas. E impressões podem ser ilusórias quando se tratam das minhas. Gostaria de ter um gráfico estatístico de quantas das minhas impressões condizem com a realidade, não me surpreenderia que a maioria não condissesse. Gostaria que algumas não condissessem mesmo e outras desejaria do tamanho da minha alma que fossem plausíveis, compatíveis com a realidade. Factíveis. Mas são tudo impressões apenas e, como disse, me impressiono de forma equivocada, geralmente.

16h44. Olhando o meu blogspot. Vi a palavra-chave AT. É um assunto que tem me gerado um rebuliço ruim na alma.

16h52. Pensando sobre cigarros, no prazer de fumar quando me apetece, que não tenho, acendi automaticamente um, foi sem perceber, só me dei conta quando do primeiro trago. Enquanto degustava o cigarro, pensei no caso AT. E só vejo duas alternativas de pessoas que me fariam bem a companhia. Terei que dizer isso a Ju, por mais que me pareça uma tarefa difícil, por mais que banal. O que imagino que uma AT pode me proporcionar? Companhia que me agrade, não me intimide e que haja uma conexão. Vou enumerar as duas únicas alternativas que visualizo e ver o que Ju pode fazer e o que acha. E a tentativa da AT vai ficar para depois da viagem.

17h03. Acabei de mandar um WhatsApp para Ju, acerca do pagamento e do recibo. Eu tenho que aprender a revisar o que escrevo pelo WhatsApp. Sempre, sempre passa um erro. Vergonhoso. A realidade me agrada ao passo que me agride. Achei a frase bonita e significativa de mim e escrevi. Estou com minha alma já alinhada para a Casa Astral.

17h24. Já comuniquei ao meu amigo da piscina do meu destino hoje, já firmei parceria com meu primo-irmão para ir, só falta a minha mãe despertar para iniciar o movimento de partida. Estou com refluxo quando durmo. Talvez por comer justamente perto da hora do sono. Aliás, eu como e vou dormir. E como bastante. Acho o verbo comer tão animal, tão coisa de bicho, mas eu sou um bicho e preciso comer como todos eles. Só faço isso na hora mais inadequada para os ditames médicos. Estou bem, com saúde, então, afora os refluxos, nenhuma reza de médico vai mudar o meu horário de alimentação. Empaquei. Não sei o que dizer. Vou pegar água com gelo.

17h32. Os bonecos do meu quarto-ilha, os abertos, pegam poeira, por isso a proteção de vidro é essencial, por mais que os quisesse menos confinados e mais tangíveis, os prefiro sem poeira. Vidro, então. A incrível revisora me respondeu o e-mail, dizendo que já está terminando a segunda leitura do livro, sugerindo algumas mudanças da edição e que quer conversar comigo na semana que vem. Disse-lhe que estava intimidado para um a conversa presencial pela grande carga emocional que coloquei nesse projeto ao mesmo tempo que tenho várias perguntas a fazer para ela. Pedi que ela decidisse entre o diálogo se dar presencialmente ou pela internet. Mas acho que deveria ter investido no presencial. Algo em mim diz isso.

17h52. Ela me respondeu e repliquei dizendo que estou mais inclinado para o presencial, mas que precisava de uma dose de terapia para enfrentar e que segunda ou terça dou a resposta a ela. Se estivesse com a AT, uma das duas, me fazendo companhia, eu encararia muito mais de boa.

17h55. Cadê mamãe que não acorda? Acho que estou me permitindo ser mais eu nesses textos, por mais que mais concisos. Eita, já estou na terceira página, perdido em pensamentos mil com essa história da incrível revisora estar acabando a revisão e da fase quatro do projeto poder ser engatilhada. Isso me assusta. O contato com o meu tio que poderá ser a via para a publicação do livro me põe muito empulhado. A vontade que eclode primeiro é a de desistir de tudo, mas isso é o choque da novidade, da transformação da minha realidade de forma significativa. Fundamental. É um passo que dou para a concretização do meu sonho. E para a possível reverberação negativa que terá, se publicado. Nossa, como queria que o meu tio fosse o meu anjo, que viabilizasse a publicação da obra. Estou excitado com a notícia do final da revisão, mas ainda não a degluti, a ficha ainda não caiu.

18h19. Minha mãe ainda não acordou. Ozzy. Mas, se a véia precisa descansar, que seja. Não tenho pressa nenhuma de ir para a Casa Astral.

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